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Célia Regina Diniz, Secretária Executiva do CONDEFI - Conselho Municipal para Assuntos
das Pessoas Deficientes de Santos - vítima de poliomelite aos dois anos de idade, tinha um
sonho que julgava impossível: dançar. Participando, em 1993, de um Congresso Internacional de Acessibilidade ao Meio Físico, no Rio de Janeiro, conheçeu a dança sobre rodas e descobriu que seu sonho não era impossível Como dividia o mesmo espaço de trabalho com a Fisioterapeuta e Bailarina Gláucia Magalhães, juntas, resolveram iniciar essa experiência de uma dança sobre rodas.
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A princípio, ocupavam o Ginásio de Fisioterapia, afastando as barras
paralelas, nos poucos horários disponíveis, na hora de almoço. E iniciaram
o trabalho, frente ao espelho, de mãos dadas, música escolhida. Então
surgiu a pergunta: "O que faremos?" De repente, quase que involuntariamente, os movimentos foram fluindo ao som de "All I ask of you" de Cliff Richard e Sarah Brightman. Várias tentativas foram realizadas na procura das mais diferentes possibilidades de equilíbrio, harmonia e suavidade... Assim nasceu uma coreografia feita de sonhos e de ideais mais do que de técnicas específicas de dança. Deram a esse trabalho original o nome de "O Início", duo de dança livre, com a duração de pouco mais de quatro minutos. A sua primeira apresentação ao público foi em agosto de 1996, dois meses depois de iniciada a experiência, e aconteceu em Peruíbe, na Primeira Semana de Prevenção às Deficiências. Foi efetivamente um marco para as duas bailarinas que, depois disso, começaram a receber convites de vários pontos do Estado. Realizaram até agora mais de quarenta apresentações, tendo recebido vários Troféus e Prêmios. Profundamente felizes, é claro, com o resultado de seu trabalho, somou-se a isso a conscientização que, aos poucos foram tendo, de como o que faziam poderia servir como exemplo para outras pessoas que, como Célia, pensavam que apenas podiam sonhar. Como conseguiram ambas, uma, deficiente física e outra, profissional da Fisioterapia, ter tantos momentos de sucesso em tão pouco tempo, passaram as bailarinas a ter como um de seus objetivos partir para uma luta com vistas a que, aqueles que ficam somente sonhando, por julgarem impossível atingir seu ideal pelo fato de serem deficientes, sintam que tudo é possível, quando se usa de perseverança, garra e força de vontade. Elas que conseguiram competir, em pé de igualdade, com outros profissionais da dança, esperam de coração que, somando forças, quer em atividades individuais, quer em atividades de grupo, resgatem os deficientes seus sonhos e sentimentos e, sem preconceitos e sem auto-piedade, façam os outros, aparentemente perfeitos, pensar: "Será que é tão difícil a Arte de Viver?".
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