Jota R. |
Eu faço parte de uma família muito grande, são sete filhos, eu sou o do meio,
quando peguei poliomielite,
estive perto de morrer, mas eu sobrevivi e recebi sempre muito carinho e apoio,
talvez pelo fato da minha
família ser muito bem humorada, eu desenvolvi uma certa veia cômica.
E sempre encarei a deficiência com
coragem e muito bom humor, as vezes as pessoas que não tinham muito
contato comigo, se assustavam,
achando que fosse um tabu falar de deficiência perto de mim. Palavras
que muitas vezes pareciam pesadas
ou ofensivas, eu as transformava em gozação ou ironia. Lembro até hoje,
eu fazia parte da equipe de desporto
em cadeira de rodas aqui do Espírito Santo (fui inclusive campeão de
tênis de mesa em 87), aí eu estava
contando as aventuras vividas na viagem, quando de repente eu soltei
minha celebre frase "era uma
cambada de aleijados invadindo os bares da cidade..." minha mãe ficou
estática, até então, ninguém
da minha família havia falado o termo "aleijado" e ouvi-lo de mim,
em um diálogo normal, foi um choque!
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Eu acho sinceramente que ser deficiente não é a melhor coisa do mundo,
nem nunca ouvi dizer de um
pai cujo sonho seja ter um filho neste estado, mas não é por que isso
aconteceu, que se deve escondê-lo
ou se esconder, o apoio da família e dos amigos é de suma importância
para uma recuperação social e
psicológica, mas se nós não tivermos a iniciativa de enfrentar e vencer,
de nada adiantaria. Eu sou um
homem feliz, tenho 28 anos, sou respeitado e querido, mas,
o mais importante, continuo com a capacidade de sonhar.
E meu objetivo é levar um pouco desta energia boa para os outros,
por isso que fico feliz quando sinto que o
trabalho que desenvolvo com meu personagem Gazoo consegue tirar
um sorriso ou encorajar as pessoas,
independente de serem deficientes ou não. Email - oguia@oguia.com.br
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