Reflexões sobre o Décimo Primeiro Trabalho
Este décimo primeiro Trabalho nos apresenta a fraternidade. E o mito mostra o maior obstáculo para a sua aplicação e desenvolvimento: o senso de propriedade evidenciado pelo temor demostrado pelo rei de que seu trono seja roubado.
Esse apego faz também com que o rei não acredite que o herói possa executar um trabalho em suas terras de forma gratuita, desinteressada. E, quando Hércules executa a tarefa, o rei se volta contra ele, e nesta situação, duas evidências são reveladas:
1. Que é necessário que aqueles que avançam em consciência se voltem para auxiliar na purificação de todos.
2. Que o serviço desinteressado será questionado e confrontado pelos que ainda não atingiram esse estágio de desenvolvimento de consciência.
Além disso, o confronto também ocorre pelo receio do rei ser considerado imbecil pelos seus súditos, ou seja, pelos que também pensam como ele. Porém a essa altura do desenvolvimento o ser que esteja no nível do décimo primeiro Trabalho não espera recompensas no plano material.
É interessante perceber a relação entre o nono Trabalho, onde a meta espiritual é claramente visualizada, identificada; o décimo, onde depois de visualizada, se é alcançada, o que possibilita a limpeza do subconsciente coletivo; e agora neste décimo primeiro, onde o buscador "volta" ao plano material para colaborar com sua purificação. Hércules desce da montanha que havia subido, simbolicamente representada pelo signo de Capricórnio, e vai limpar estábulos.
Devemos nos atentar que apesar de ter que limpar os estábulos que jamais foram limpos, o herói o executa sem se contaminar com os dejetos, mas sim encontrando uma solução intuitiva que o faz aproveitar os rios para a lavagem dos estábulos malcheirosos. São dois os rios utilizados mostrando a união pelas polaridades com o objetivo de purificação.
Alice Bailey nos ensina que a fraternidade aquariana aqui proposta ainda não existe entre nós. Ela permitiria que cooperássemos sem a utilização de comunicações que existem no plano material como cartas, panfletos ou livros. Porém ela será futuramente alcançada quando automatizarmos inteligentemente o nosso mental. Mantendo as devidas proporções, essa comunicação cooperativa já existe entre as abelhas e as formigas.
O signo de Aquário simboliza a fraternidade e a genialidade entendida como o aspecto novo, original. São dois os rios do Mito, assim como são duas as vertentes do vaso invertido no signo de Aquário. O rio do amor está relacionado com a fraternidade interna e o rio da vida é a genialidade que se consegue quando os limites são dissolvidos, ou seja, quando nada pode impedir a manifestação da Vida.
A sugestão para aplicação cotidiana objetiva aperfeiçoar a harmonia entre as pessoas por meio da quebra dos limites identificando e transformação dos confrontos e aperfeiçoamento do serviço. Serviço que já foi amplamente praticado nos Trabalhos anteriores, mas que aqui adquire uma nova sutileza. Buscar o que há de melhor nos outros requererá uma grande abnegação e amor ao próximo e uma conseqüente união.
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