CINCO HORAS DE AULA PODEM DESFAZER-SE EM 15 MINUTOS DE MÁ TV |
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"Aquilo que uma escola ensina em 5 horas pode ser destruído em 15 minutos, por um mau programa de televisão", são palavras do professor José Luís Garcia Garrido, catedrático de Educação Comparada e perito em política educativa. | |
1.Não
deixe nunca os filhos sozinhos diante da televisão. 2.Estabeleça
um limite diário de tempo (meia a uma hora) de televisão na sua casa e,
mais importante, cumpra-o. 3. Nunca deixe
a TV ligada durante as refeições. 4. Não
utilize a proibição de ver TV como castigo 5. Poise o
comando à distância 6. Não deixe as
crianças a estudar, ou fazer os deveres, diante da televisão ligada. 7.
Nunca tenha TV no quarto dos filhos. 8. Deixe de ver
TV nas férias 9. Procure
actividades que substituam a TV com vantagem: ir ao museu, à biblioteca,
fazer desporto, passear. 10. Dê exemplo
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As televisões, queiram ou não, educam quem as ouve e quem as vê. Resta saber se as mães e os pais conhecem quem está a educar os seus filhos (na sua própria sala-de-jantar, lá em casa); se concordam com os valores que estão a ser propostos na televisão, dentro das suas portas; se querem que os filhos se comportem como aqueles personagens (que até podem ser de desenhos animados) que estão "a dar" na televisão. Educar é um direito, e dever, da família, em primeiro lugar. Dever e direito que não pode ser delegado em outros. Muito menos na "caixa louca" que é o aparelho televisão. Um estudo sobre os programas da televisão francesa mostrou que, numa semana, se emitiram 670 homicídios, 849 agressões, 419 cenas de tiros, 14 sequestros de menores, 11 roubos, 8 suicídios, 27 casos de tortura, 32 casos de reféns, 18 imagens de droga, 9 pessoas atiradas pela janela, 13 tentativas de estrangulamento, 11 episódios de guerra, 11 strip-tease’s, 20 cenas de sexo explícito. Cabe às famílias interrogarem-se se são estas as companhias que pretendem para os seus filhos. Se vão continuar a abrir a porta de casa a estes personagens? Não se trata simplesmente de desligar o televisor (embora, por vezes, seja boa ideia) mas de "pô-lo com dono". Nesta matéria só a decisão de toda a família é produtiva. A principal dificuldade é o (mau) hábito de ter a "torneira" sempre aberta. Isto é, não nos passa pela cabeça ter as torneiras da água sempre abertas, ou as luzes sempre acesas. Só utilizamos o que é necessário e fechamos a torneira ou desligamos a luz, logo que terminamos. Mas a TV, porque fica ligada? É aqui que se nota o valor que a família atribui a si própria: na escolha dos programas que se vão ver. Escolha antecipada, tentando equilibrar todos os gostos da casa. Difícil? É um bom exercício de liberdade; se numa coisa tão simples, em família, não somos capaz de assumir escolhas, como vamos fazê-lo fora de casa? A TV é má? Possivelmente. Mas pior é não sabermos escolher os programas que queremos para toda a família. Toda, sim, porque o que suja uma criança, também suja um adulto. E se nos queixamos de que os filhos vêem demasiada televisão ou não falam connosco, talvez seja altura de dar exemplo: deixar de ligar a "caixa", logo que chegamos a casa; comer as refeições a olhar para as pessoas da casa, em vez do vidro da TV; poupar dinheiro comprando um único aparelho para todos, em vez de ter um aparelho em cada quarto. Os anunciantes e os patrocinadores dos programas estudaram bem o assunto. O seu objectivo é vender: vender coisas, vender imagens, vender ideias. Para vender é preciso que fiquemos colados ao aparelho. Nós que somos tão ciosos do nosso nariz, da nossa liberdade, deixamos que uma caixa de plástico e uns senhores vendedores nos impinjam o que lhes apetecer. A qualquer hora. Que simples é a felicidade televisiva: basta comprar um champô da marca X para ser feliz; umas calças ou um carro igual ao do anúncio, são sinónimo de sucesso. Não tem dinheiro? Não faz mal, vai ao concurso Y e ganha, sem esforço. Se os mais jovens, que estão na idade de arriscar e experimentar, caírem na asneira de acreditar, o que acontece? Se os mais velhos se comportam como se acreditassem nisto, de que servem os "bons conselhos"? Constantino Santos |
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O jornal italiano Avvenire sugere o seguinte aos seus leitores: 1. Não deixe nunca os filhos sozinhos diante da televisão A presença dos adultos permite que os mais novos façam perguntas. Pode estar-se na mesma sala ocupado em outras tarefas: a ler, a passar a ferro, a organizar papeis, conversar com outros, etc. 2. Estabeleça um limite diário de tempo (meia a uma hora) de televisão na sua casa e, mais importante, cumpra-o. Evidentemente será necessário, no início, alguma criatividade para ocupar de modo útil e divertido os tempos livres. 3. Nunca deixe a TV ligada durante as refeições. 4. Não utilize a proibição de ver TV como castigo. Ao fazê-lo estaria a dizer-lhe que a TV é uma coisa boa e importante. 5. Poise o comando à distância. O hábito de saltar entre canais ("zapping") impede a escolha de programas, porque mantém todas as alternativas em aberto. Não permite exercer a capacidade de concentração e estimula uma visão desordenada da realidade. 6. Não deixe as crianças a estudar, ou a fazer os deveres, diante da televisão ligada. A televisão impede a aprendizagem. De facto os maus alunos vêem sempre muita televisão. 7. Nunca tenha TV no quarto dos filhos. Este tipo de atitude tem criado uma verdadeira dependência da televisão, com efeitos parecidos ao da dependência de drogas. Inclusive com danos para a saúde e perturbações do sono e da capacidade de aprender. Claro que não é possível conseguir que os filhos aceitem isto, se os pais adultos não derem o exemplo. 8. Deixe de ver TV nas férias. É o período ideal para descobrir as conversas com os filhos e os amigos. Sem a concorrência desleal da caixa falante. 9. Procure actividades que substituam a TV com vantagem: ir ao museu, à biblioteca, fazer desporto, passear. 10. Dê exemplo. Os mais novos imitam os adultos. Se os pais mostrarem que, eles próprios, domesticaram a televisão, então os filhos entendem como usá-la com vantagem.
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Constantino
Santos
Médico Assistente Graduado em Medicina Geral e Familiar 08-01-2001 |
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Publicado no jornal "Sementes de Esperança" |