Fisiologia |
A influência dos hormônios no desempenho atlético |
As diferenças hormonais entre homens e
mulheres certamente dão conta de grande parte, se não da maioria, das diferenças no
desempenho atlético. A testosterona secretada pelos testículos do homem tem efeito
anabólico poderoso, o que significa que leva à deposição muito aumentada de proteína
de todas as partes do corpo, especialmente nos músculos. De fato, mesmo o indivíduo do
sexo masculino que participe muito pouco de atividades esportivas mas que, apesar de tudo,
tenha boa produção de testosterona, terá músculos mais desenvolvidos em até 40% ou
mais que seu equivalente feminino, com aumento correspondente de força. Assim o homem que
começa a treinar para atividades esportivas já tem importante vantagem sobre a mulher.
O estrogênio, hormônio sexual feminino secretado pelos ovários, provavelmente também
é responsável por parte da diferença entre o desempenho feminino e o masculino, embora
esse não seja nem de perto tão grande quanto o da testosterona. Sabe-se que o
estrogênio aumenta a deposição de gordura nas mulheres, especialmente em certos tecidos
como seios, quadris e tecido subcutâneo. Pelo menos isso é parte da razão para que a
mulher não-atlética média tenha % de gordura em sua composição corporal, em constante
com o homem não-atlético que tem apenas 15%. Em corredores de maratona treinados a ponto
de terem o mínimo de gordura em excesso, o atleta masculino tem cerca de 4% do seu peso
corporal correspondente a gordura, enquanto a mulher tem 6% .
Assim, tanto no estado de treinamento
como de não treinamento, a mulher em geral tem, em média, cerca de 50% a mais de gordura
a mais que o homem. Isto obviamente, é fator de detrimento a níveis mais altos de
desempenho atlético no eventos extenuantes onde o desempenho dependa da da força ou
velocidade do corpo; mas, por outro lado, seria de ajuda na resistência em eventos
atléticos que exigem mais gordura para energia.
O estrogênio desempenha outro papel insidioso no esporte, porque é ele que torna a
estatura feminina menor que a masculina. Imediatamente depois da puberdade, o aumento da
secreção estrogênica provoca rápido surto de crescimento que, em geral, faz com que a
mulher pós-púberdade cresça mais rapidamente que o homem da mesma idade. Por outro
lado, esse crescimento dura pouco tempo, porque as cartilagens epifisárias dos ossos
longos, onde ocorre o crescimento, rapidamente deixem de existir e, de fato, desaparecem,
permitindo que as apífises ósseas se unam com as diáfises dos ossos longos - portanto,
não havendo mais crescimento. Como resultado, a mulher freqüentemente atinge sua
estatura máxima e completa entre os 15 e 17 anos, enquanto o homem pode continuar o
crescimento até a idade de 19 a 21 anos.
Finalmente, não se pode esquecer do efeito destes hormônios sobre o temperamento. Não
há dúvida de que a testosterona promove mais agressividade que o estrogênio, o qual,
por sua vez, se associa com o temperamento mais moderado. Certamente boa parte dos
esportes competitivos exige espírito de agressividade que leva o indivíduo ao máximo de
esforço que pode desempenhar, mesmo excedendo, com freqüência, uma restrição que
seria de melhor alvitre.