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       “Considerações sobre a experiência psicanalítica”(1)

  Sonia Leite (2)

  

Nossa intenção neste trabalho é delinear alguns aspectos fundamentais da chamada experiência psicanalítica procurando caracterizar, por esta via,  uma especifidade própria ao campo psicanalítico.

Partimos da premissa que a noção de experiência psicanalítica se sobrepõe  à de clinica(3), caracterizando o que há de essencial na prática psicanalítica e simultâneamente diferenciando-a de qualquer outra clínica.  Nos pautamos, para tal, na própria definição freudiana sobre o que é psicanálise, expressa no texto  intitulado Dois verbetes de enciclopédia(1923[1922]):

 

-       “Psicanálise é um nome de (a) um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo; (b) um método (baseado nesta investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos e (c) uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas e que gradualmente se acumula numa nova disciplina científica.”(p.287)

 

As três definições compõem no seu conjunto a chamada análise original(4) (O.Mannoni, 1969) que inclui,  irremediavelmente, a denominada auto-análise (5) de Freud, assim como sua transferência-resistência  com Fliess (Masson, 1986) expressa nas Correspondências. Na carta 66 (1897), este processo é claramente delineado por Freud:

 

-“Ainda não sei o que andou acontecendo comigo. Algo proveniente das profundezas de minha neurose insurgiu-se contra qualquer avanço na minha compreensão das neuroses, e você, de algum modo, esteve envolvido nisso. Pois minha paralisia da escrita me parece destinada a impedir nossas comunicações. Não estou nada seguro disso; são apenas sentimentos de uma natureza muito obscura...”

  

A experiência psicanalítica pensada a partir de um momento mítico originário representaria, fundamentalmente, o rompimento com o campo médico-psiquiátrico cujas instituições e discursos se constituíram tendo como premissa a detenção do saber e da verdade sobre a loucura, transformada  em doença mental(Foucault, 1972).

Deste modo a rejeição sofrida por Freud no meio médico universitário, deveu-se ao fato dele proferir teorias que contrariavam os saberes oficiais sobre a loucura e que atingiam a moralidade instituída da época. A partir disso, podemos destacar que  a chamada experiência psicanalítica original seria marcada por uma dada posição de marginalidade no que diz respeito às instituições (ao instituído) tornando, inclusive,  delicada  a própria idéia de uma instituição psicanalítica devido aos riscos sempre presentes de uma institucionalização da experiência  e, consequentemente, de uma impossibilidade de produção da singularidade nos espaços institucionais.

Freud sempre destacou nos seus textos sobre técnica (Freud, 1911-1915) a importância da  preservação das diferenças quanto ao modo de práticar a psicanálise. Afirma, por outro lado, que  “...A única condição para uma colaboração frutífera {entre pares] é que ninguém abandone o terreno comum dos pressupostos [Voraussetzungen] psicanalíticos...” (Birman, 1989, p. 71). Os pressupostos básicos aqui são,  a sexualidade infantil, a teoria da libido, a teoria do recalque e o complexo de Édipo regulados na experiência psicanalítica pela transferência e pela resistência. Ou seja, a manutenção das diferenças é possível desde que os pressupostos teóricos sejam preservados.

Apesar do nosso interesse não se circunscrever, aqui,  à uma discussão sobre a instituição psicanalítica consideramos fundamental deixar registrada a relação básica entre a experiência psicanalítica e seu modo de transmissão.  Este ponto é fundamental pois a convivência com as diferenças nos contextos  institucionais seria o correlato do reconhecimento da singularidade no espaço da experiência psicanalítica (Birman, 1989)

 Consideramos que o fenômeno da institucionalização da psicanálise, ou seja, seu afastamento progressivo da experiência de singularidade expressa na análise original, representaria  uma espécie de retorno ao modelo médico-psiquiátrico do qual Freud progressivamente se separou. E por outro lado isto indicaria a perda  da dimensão mítica e ficcional característica do saber freudiano sobre o  psíquico.

O. Mannoni(1997), ao escrever a biografia de Freud procura destacar a articulação  entre a vida do criador e a construção de sua obra, não no intuito de  buscar uma espécie de via explicativa que justificasse esta última, mas para destacar a presença de algo mais viceral presente nas origens da criação do campo psicanalítico  e que se constituiria, a partir daí, numa marca  própria ao campo criado. Afirma:

 

-       “...O que nos atrairá é a verdade do próprio Freud, o modo como chegou às perguntas que formulou, depois às respostas que deu. Tanto quanto possível, trata-se de dar uma idéia do trabalho tal como ele se fez, de mostrar Freud fazendo-o ...(p.19).

 

Mais adiante considera:

        

 

-“...Sua biografia só assume sentido, portanto, em sua relação com a psicanálise. Quando o próprio Freud escrevia: Minha vida só tem interesse em sua relação com a psicanálise, isto não era uma fórmula banal nem subterfúgio...”(p.23)

 

Isto significa dizer que a prática psicanalítica não admite a idéia de exterioridade do psicanalista na relação com seu campo e desse modo cada processo pessoal de efetivação de uma prática psicanalítica, carrega, o modo  singular de construção da experiência original.

Sublinhamos com isso que a experiência psicanalítica do lado do analisante, ou seja, o encontro com sua verdade, depende do modo como o analista se posicione nesta experiência. De outro modo, isto significa dizer que o encontro com o sujeito desejante, aponta fundamentalmente a necessidade de desconstrução dos ideais previamente estabelecidos, das formas que se coloquem como absolutas, sendo a criação freudiana o próprio distanciamento de uma dada lógica presente no campo médico e, consequentemente, com uma dada moral presente no campo cultural de sua época.   Em outros termos, toda sua obra é um verdadeiro testemunho de um constante refazer das  verdades instituídas e da busca de manutenção do desejo.

É com este espírito que Freud opta por chamar de “Recomendações” (1912;1913), algumas das regras básicas àqueles que exercem à psicanálise.

A divulgação dos escritos técnicos foi protelada por Freud durante um longo período e, além dos principais textos sobre o assunto compilados entre 1911-1915,  houve uma relativa escassez de trabalhos de Freud sobre técnica. Isto porque a psicanálise envolve uma modalidade de transmissão muito específica que não se limita a mera aquisição de uma teoria ou de uma técnica, mas  revela a relação do saber com o inconsciente. Freud, aliás, nunca deixou de insistir que a aquisição de um conhecimento sobre o assunto só poderia ser adquirido pela experiência e não pelos livros ou por algum tipo de manual. Aqui trata-se tanto da experiência com os pacientes quanto e, acima de tudo, pela experiência oriunda da própria análise do analista.

No trabalho intitulado As perspectivas futuras da terapêutica psicanalítica (1910a) ao discutir as variações no entusiasmo com relação aos resultados  terapêuticos na prática psicanalítica descreve o que era feito antes, isto é, “...O doente tinha de dizer tudo de si e a atividade do médico consistia em pressioná-lo incessantemente...”e o que ocorre hoje, “...o médico infere e diz ao doente e este elabora aquilo que ouviu...”(p.127), isto é, o analista fornece uma idéia antecipadora e o paciente acha a idéia inconsciente. O que se revela é uma mudança cada vez mais radical na chamada posição do analista na condução do tratamento. Ou seja, se num primeiro momento o que existe é pressão (sugestão) da parte do analista, o que vemos a seguir é a cena ser ocupada, fundamentalmente,  pelo discurso do paciente.

Continuando a discorrer a respeito das inovações atuais na técnica afirma que os objetivos são tanto poupar esforços do médico quanto dar ao paciente o mais irrestrito acesso ao inconsciente(p.130). Descreve, aqui, as transformações na técnica que tem, paulatinamente, afastado-se dos sintomas, partindo, cada vez mais, para o desvendamento dos complexos e a seguir para uma proposta de sobrepujar as resistências.  

Lacan (1975) na Conferência en Ginebra sobre el sintoma, deixará evidenciado o fato de que no processo psicanalítico quem trabalha é o analisante, ou seja, a pessoa que chega de fato a dar forma a uma demanda de análise. Mais adiante considera de uma maneira primorosa, que a condição para que isso aconteça  “...é que você não a tenha colocado de imediato no divã,  pois neste caso a coisa estará arruinada.”(p.119). Ou seja, o fazer do psicanalista não deve envolver um esforço no sentido do trabalhar ou moldar o paciente, mas sim de possibilitar que algo prossiga seu caminho.

Consideramos que não é por uma mera coincidência que no mesmo texto freudiano(1910 a), numa de suas raras considerações, Freud chama atenção para a idéia de  contratransferência:

 

-       As outras inovações na técnica relacionam-se com o próprio médico. Tornamo-nos cientes da ‘contratransferência’ que nele surge como resultado da influência do paciente sobre os seus sentimentos inconscientes e estamos quase inclinados a insistir que ele reconhecerá a contratransferência, em si mesmo, e a sobrepujará.”  Pois, “...nenhum psicanalista avança além do quanto permitem seus próprios complexos e resistências internas..” (p.130)

 

Podemos concluir, aqui, que a contratransferência seria, fundamentalmente,  aquilo que no analista dificulta ou impede o trabalho do analisante.

Esta indicação fica claramente colocada no texto de 1912 Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise, onde Freud afirma que para que o analista faça uso do seu inconsciente (atenção flutuante) durante o processo analítico do paciente, “...Ele(analista) não pode tolerar quaisquer resistências em si próprio que ocultem de sua consciência o que foi percebido pelo inconsciente; doutra maneira, introduziria na análise nova espécie de seleção e deformação..”(p.154) e, mais adiante, “...Não pode haver dúvida sobre o efeito desqualificante de tais defeitos no médico; todo recalque não solucionado nele constitui o que foi apropriadamente descrito por Stekel como um ‘ponto cego’em sua percepção analítica..”(p.155).

Se no campo da prática psicanalítica, o lugar ocupado pelo analista é fundamental para o encaminhamento do processo, ou seja, não se trata de uma simples aplicação da teoria, cabe-nos interrogar qual o estatuto da teoria na experiência psicanalítica.

 Como Freud discute no texto  (1910b), Psicanálise Selvagem seria um erro técnico supor que o analisante sofre de uma espécie de ignorância e que caberia ao analista, portador de um saber, informá-lo sobre aquilo que  desconhece. A ignorância relaciona-se, aqui, não a um vazio mas ao próprio saber inconsciente(Lacan, 1971) e, portanto, uma informação dada ao paciente só faz sentido se ele próprio estiver próximo do material inconsciente, des-coberto, a partir de um trabalho já realizado sob transferência.

O Mannoni (1969) ao se referir a análise original expressa-se a este respeito afirmando que Freud, ao longo de sua obra, nos dá um testemunho do encontro com dois tipos de saber: o adquirido junto aos mestres (Charcot, Breuer,etc) e pacientes, fundamentado na curiosidade médica e na observação clínica, e um outro saber, que não se comunica da mesma maneira, dirigido menos pelo desejo consciente que pelas vicissitudes do desejo inconsciente.

Os dois tipos de saber se complementam e se sustentam um ao outro acabando por se articular na formulação de uma teoria. Porém, em certos momentos também entram em conflito impedindo-se  mutuamente (O . Mannoni, 1969, p.115). O fato é que aquilo que se adquire como saber sofre uma modificação dependendo da maneira como está colocado como objeto no campo do desejo. Ou seja, o que destacamos aqui é o modo como o sujeito se vincula ao saber como objeto e as vicissitudes na prática psicanalítica daí decorrentes.

O seminário A Relação de objeto (1995) de J. .Lacan, parece-nos bastante interessante para pensarmos as possibilidades do saber ser tomado como objeto de investimento libidinal pelo psicanalista e com isso produzir diferentes efeitos no campo da prática psicanalítica.

Um ponto inicialmente levantado por Lacan, e que situa-se como um verdadeiro dispositivo na produção do seminário, é uma crítica por ele elaborada em torno do modo como a psicanálise vinha sendo praticada pelas chamadas escolas inglesa e americana de psicanálise. Vai afirmar:

 

-“A teoria e a prática, sempre se disse, não podem se dissociar uma da outra e, a partir do momento em que se conceba(teoricamente) a experiência (psicanalítica) num certo sentido, é inevitável que se a conduza igualmente nesse sentido.”(p.11)

 

Mais adiante, vai criticar o conceito de objeto visto como simples correspondente da noção de sujeito. Trata-se, aqui, de uma perpectiva platônica, onde o que prevaleceria seria um modo pré-formado de concepção da realidade; ou seja, a existência de um objeto capaz de promover a harmonização sujeito-mundo.

A conseqüência desta perspectiva seria uma teoria desenvolvimentista do sujeito que conduziria, em última instância, a uma normatização dos comportamentos. A prática psicanalítica, neste sentido, tenderia a descaracterizar seus fundamentos ao objetivar alcançar um ideal de normalidade e, além disso, colocaria o analista no lugar de modelo identificatório portador da verdade.

Lacan, retomando o discurso freudiano, vai mostrar a impossibilidade de tal encontro harmônico e definitivo, visto que o objeto para a psicanálise é , deste sempre, perdido. Este fato impõe ao sujeito uma busca de reencontro sempre reiniciada ao longo de sua trajetória existencial, busca simultaneamente fundamental para a manutenção do sujeito desejante.

Em contraposição a uma visão platônica, ele vai resgatar a idéia de Kierkegaard de uma repetição impossível de ser saciada, que traria  a marca da tensão e de conflito na chamada relação de objeto. O objeto vai ser tomado, então, como noção funcional, espécie de encobrimento do fundo de angústia sempre presente na relação do homem com a existência.

Voltando ao dispositivo do seminário, ou seja, a especificidade da prática psicanalítica, o que se coloca como questão a partir desses pontos é a necessidade de que o psicanalista ocupe um lugar, neste processo, facilitador de uma paulatina desmontagem das vias identificatórias, do encontro com a falta de objeto e, em última instância, com um processo de vir-a-ser que deve ser a marca do sujeito atravessado pela angústia fundamental.

É nesse sentido, que o lugar do analista na condução do tratamento diferencia-se de um lugar de sugestão onde se tomaria partido por um dos termos do conflito inconsciente, assumindo-se com isso o papel de mentor do paciente. Como afirma Freud (1919[1918]):

 

-“...Recusamo-nos, da maneira mais enfática, a transformar um paciente que se coloca em nossas mãos em busca de auxílio, em nossa propriedade privada, a decidir por ele o seu destino, a impor-lhe os nossos próprios ideais e, com o orgulho de um Criador, formá-lo à nossa própria imagem...”(p.207)

 

No ensino de Lacan, esta questão é tomada pela via do desejo do analista, intrinsecamente ligado ao processo do analisante e dependente de uma posição que, no dizer de S. Cottet(1993), não tem nada de natural. Esta posição – que não se adquire de uma vez por todas a partir, por exemplo, de um título de psicanalista – deve ser uma conquista com cada analisante no seu processo singular sendo dependente, ainda, dos caminhos trilhados pelo analista na sua formação(permanente).

M. Mannoni(1979) a partir disso vai enfatizar que na prática psicanalítica a teoria deve ser tomada como ficção ou, como o próprio Lacan vai dizer como  construção mítica , cuja função é possibilitar a produção de sentido ao longo do processo analítico.

Esta idéia de que a experiência psicanalítica se caracteriza fundamentalmente pela idéia de uma construção ficará muito bem delineada no texto freudiano (1937b) Construções em análise. As chamadas construções dependem fundamentalmente de um campo (inter)subjetivo que envolve analista e analisante, onde a função do primeiro será colocar a disposição do segundo um fragmento de sua história para que o trabalho analítico possa ser realizado. Neste importante texto, Freud,  relativizando a idéia de verdade vai mostrar que o erro, neste processo, não causa verdadeiro prejuízo ao paciente, apenas não o mobiliza no prosseguimento desta tarefa. Por outro lado, deve-se condicionar tanto o sim quanto o não da parte do paciente em análise aguardando seu exame, confirmação ou rejeição, pois  tudo tenderá se tornar claro no decorrer dos futuros desenvolvimentos (p.300).

A equivalência que Freud estabelece entre o delírio e as construções que surgem no processo analítico revela a idéia de que a teoria no campo psicanalítico tem uma função ficcional, ou seja, que o que se constrói enquanto conhecimento depende de uma linguagem que circule entre analisante e analista, onde o primeiro é, verdadeiramente, quem ensina. Neste sentido podemos pensar  numa especificidade própria à experiência psicanalítica que designa um processo de deslocamento da ídéia do saber como algo em si mesmo portador de uma verdade  para, o que denominaríamos,  a verdade do dizer.  

Apesar de Lacan no seu seminário Relação de objeto dirigir suas críticas às escolas inglesa e americana de psicanálise, apontando uma carência conceitual que conduziria à práticas alienantes, podemos a partir da leitura do seminário, refletir que a posse de uma teoria lacaniana , por sua vez, também não é garantia, por si só, da efetivação do fundamental da experiência psicanalítica. Pois como vimos, o saber estando vinculado ao desejo inconsciente, sofre as vicissitudes a ele inerentes, e a conquista do lugar do analista, sendo da ordem da singularidade do encontro analítico, situa-se numa espécie de limiar de uma utopia mobilizadora do processo analítico.

Consideramos que a importância de uma reflexão em torno desses pontos tem como função produzir no analista um certo desconforto fundamental para que ele não se “acomode em sua poltrona” como certa vez afirmou Freud(1937a), que não deixou de considerar a presença de algo da ordem do impossível como constitutivo da prática psicanalítica. Este algo ele o expressa numa carta dirigida a Biswanger (cf.Cottet, 1993, p.17):

 

- “Na verdade, não há coisa alguma para a qual o homem, por sua organização, seria menos apto do que a psicanálise”.

 

Notas:

 

(1)  Este trabalho foi publicado na revista eletrônica Acheronta, número 9 julio 1999; http://www.acheronta.org

 

(2)  Psicanalista; doutoranda da PUC/RJ.

 

(3)  É interessante ressaltar que a palavra clínica, usualmente empregada, tem as seguintes definições (Dicionário Aurélio Eletrônico): a) a prática da medicina; b) a clientela de um médico; c) lugar aonde vão os doentes consultar um médico. Nenhuma dessas definições, mesmo que acrescentássemos no lugar da palavra medicina, a denominação psicanálise , seria capaz de expressar as três características da psicanálise elaboradas por Freud (1922). Além disso em nenhum texto freudiano encontramos uma “definição escolástica para este problema”, assim como nos dicionários de psicanálise (Birman, 1989, p.132).

(4)  Podemos sublinhar que o modo como a palavra original é utilizada pelo autor, refere-se mais a algo da ordem do inédito, do novo e do singular do que algo inicial ou  primitivo como de imediato pareceria.

(5)  Na carta de 14 de novembro de 1897, Freud escreve “...só posso me (auto)analisar com auxílio de conhecimentos objetivamente adquiridos, como se eu fosse um outro.” Ou seja, a auto-análise é possível, porque se analisa como um outro, diante de um Outro e pela mesma razão, deduz-se que ela não é, de fato, uma auto-análise.

 

Sonia Leite

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Referências Bibliográficas

 

. Birman, J, : Freud e a experiência psicanalítica, RJ, Timbre-Taurus, 1989.

 

. Cottet, S : Freud e o   desejo do psicanalista, RJ, Jorge Zahar Ed., 1993.

 

. Foucault, M: Histoire de la folie à l’âge classique, Paris, Gallimard, 1972.

 

. Freud, S. : Edição standart das obras psicológicas completas de S. Freud, RJ,  Imago Ed, 1977.

 

._________  Perspectivas futuras da terapêutica psicanalítica (1910a), ESB, vol.XI

 

._________ Psicanálise selvagem (1910b), ESB, vol. XI

 

._________ Artigos sobre técnica (1911-1915[1914]), ESB, vol. XII

 

._________ Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise (1912), ESB, vol. XII

 

._________Novas recomendações sobre a técnica da psicanálise (1913),ESB, vol.XII

 

._________Dois verbetes de enciclopédia(1923 [1922]), ESB, vol. XVIII

 

._________Análise terminável e interminável (1937a), ESB, vol. XXIII

 

._________Construções em análise (1937b), ESB, vol. XXIII

 

.Lacan, J.:   Le savoir du psychanalyste, Entretiens à Sainte Anne 1971-1972, Biblioteca Lacan, 4  novembre 1971; http://www.org/lacan/textos

 

. _______.: Conferencia en Ginebra sobre el sintoma, Intervenciones y textos, 1993, vol 2, p.115-144, Argentina, Manancial.

 

. _______ A relação de objeto, RJ, Jorge Zahar Ed., 1995.

 

. Mannoni, M.: La théorie comme fiction, Éditions du Seuil, Paris, 1979.

 

. Mannoni, O.: Clefs pour l’imaginaire ou l’autre scène, Éditions du Seuil, Paris, 1969.

 

.__________: Freud uma biografia ilustrada, RJ, Jorge Zahar Ed.1997.

 

. Masson, J.F.: A correspondência completa de S. Freud para W.Fliess 1887-1904, RJ, Imago Ed., 1986.


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