PROCEDIMENTOS ANESTÉSICOS
PARA O TRATAMENTO E PROFILAXIA DA DOR NEUROPÁTICA
INTRODUÇÃO
Todos os profissionais da saúde envolvidos no tratamento da dor devem ter amplos conhecimentos sobre a natureza das síndromes dolorosas sobre procedimentos da avaliação e sobre as vantagens, desvantagens, complicações, limitações e custos de cada modalidade de tratamento, para poder selecionar a melhor terapia para cada paciente55. Além disto, aqueles encarregados da executação dos bloqueios nervosos que devem conhecer profundamente a anatomia da região onde são realizados tais procedimentos, ter noções avançadas sobre a farmacologia dos anestésicos locais, sobre as possíveis complicações e sobre as medidas destinadas a seu controle10. Os doentes devem ser informados sobre a natureza dos procedimentos e da duração dos efeitos e sobre a necessidade ou não de sua repetição e sobre as perspectivas do quadro álgico. Os resultados observados devem ser documentados e os doentes devem ser informados 6,21,22.
Os bloqueios anestésicos interrompem as vias nervosas sensitivas e nociceptivas e aliviam a dor por impedir a aferência sensitiva ao sistema nervoso central (SNC). Modificam também a vasoatividade, relaxam a musculatura estriada e reduzem o tônus neurovegetativo, melhorando perfusão tecidual63. Utilizados em doses pequenas e em concentrações baixas os anestésicos locais, podem bloquear as fibras mielínicas finas Ad e amielínicas C sem modificar significantemente atividade motora. Muitas vezes, o alívio da dor mantém-se durante dias e semanas51.
INDICAÇÕES
Os bloqueio anestésico dos troncos, plexos nervosos e raízes nervosas e da cadeia simpática podem estabelecer o diagnóstico, o prognóstico, sugerir a terapêutica e serem profiláticos de várias condições dolorosas56.
Os bloqueios possibilitam o diagnóstico de etiologia da dor. Distinguem, por exemplo, a dor nociceptiva somática da visceral e esta, da neuropática. Permitem também precisar quais vias conduzem as informações nociceptivas de determinadas estruturas. O resultado da infiltração dos pontos-gatilhos musculares é critério diagnóstico das síndromes dolorosas miofasciais6,43.
Os bloqueios permitem prever o resultado de procedimentos neuroablativos e aferir as possíveis complicações resultantes da interrupção de vias nervosas periféricas. O valor prognóstico não é absoluto. Muitos doentes apresentam recidiva da dor após rizotomias baseadas nas possibilidades prognósticas dos bloqueios anestésicos devidos a operações incompletas, regeneração de troncos nervosos e ao desenvolvimento de outras vias de consução sensitiva6,43.
Os bloqueios terapêuticos são úteis para o tratamento da dor intensa e de curta duração, enquanto outras medidas são instituídas6,29,43. São também úteis para analgesia temporária durante procedimentos operatórios, manipulações, execução de medidas de medicina física e para induzir melhora da perfusão tecidual em casos de isquemia6,29,31. O bloqueio dos nervos motores e dos pontos-gatilhos reduz o espasmo muscular e controla a dor da síndrome dolorosa31. O bloqueio anestésico dos nervos periféricos mistos e das vias neurovegetativas simpáticas é útil para o tratamento da dor de algumas condições neuropáticas periféricas10,53,54. Bloqueios anestésicos das vias somáticas e neurovegetativas em casos de dor fantasma, dor no coto de amputação49 de dor resultante de avulsão de raízes nervosas32,65 ou dor por lesões encefálicas1,33, usualmente proporcionam benefício transitório, mas não a longo prazo. Bloqueios anestésicos da cadeia neurovegetativa simpática e/ou simpatectomia não melhoram a síndrome álgica mielopática13,62. Apesar da instabilidade neurovegetativa ocorrer em doentes com neuralgia pós-herpética, o bloqueio do sistema nervoso simpático é usualmente ineficaz nestas eventualidades3. É também questionável e eficácia dos bloqueios de nervos periféricos em doentes com neuralgia pós-herpética pelo ultra-som28,44. Entretanto, o bloqueio da cadeia neurovegetativa simpática é instrumento útil para alívio prolongado da dor, especialmente quando praticado logo após a instalação da distrofia simpático-reflexa e da causalgia síndrome complexa de dor regional31,61. Proporciona melhora da circulação tecidual, acelera o processo cicatricial, reduz o edema e previne a cronificação destes quadros26. Bloqueios repetidos podem proporcionar a cura de alguns doentes, especialmente quando são instituídos precocemente. A duração e a freqüência da melhora aos bloqueios subseqüentes é geralmente inferior à do bloqueio inicial61. São mais eficazes nas fases aguda e distrófica destas síndromes7. Embora, freqüentemente, os bloqueios anestésicos do gânglio estrelado não apresentem eficácia terapêutica duradoura, a melhora, mesmo durante poucas horas ou dias, permite a realização da terapia fisiátrica42. O bloqueio contínuo da cadeia simpática com catéteres implantados junto às estruturas da cadeia simpática é alternativa para os bloqueios repetidos em casos da SCDR5. O bloqueio interescalênico do plexo braquial é útil para o tratamento da dor crônica dos membros superiores incluíndo a síndrome complexa de dor regional (SCDR)24.
Os bloqueios anestésicos reduzem a sensibilização das vias e centros nociceptivos e deste modo, previnem a cronificação da dor29. Abreviam a duração da internação e proporcionam recuperação mais precoce de doentes submetidos a traumatismos operatórios10,29. O bloqueio do plexo celíaco reduz a morbidade e a mortalidade de doentes com infecções viscerais inflamatórias, incluíndo a pancreatite aguda40 e o bloqueio do glânglio estrelado, proporciona melhor evolução de doentes com angina do peito2. É controversa a afirmação de que os bloqueios bloqueios prévios às amputações reduzam a ocorrência da dor fantasma54. O bloqueio peridural durante a amputação reduz a freqüência da dor fantasma4. É também controversa a afirmação de que os bloqueios reduzam a freqüência de neuralgia pós-herpética54. Há quem afirme que previne a dor da neuralgia pós-herpética quando realizado nas primeiras 4 semanas após a erupção28.
A lidocaína e a bupivacaína são, entre outros, os agentes mais utilizados em nosso meio para os bloqueios (Tabela 1). Substâncias vasoconstrictoras como a adrenalina e agentes morfínicos podem ser adicionados aos anestésicos locais para prolongar a analgesia. Os vasoconstrictores devem ser evitados nos bloqueios distais dos membros e no pênis devido ao risco de isquemia20.
Tabela 1. Anestésicos locais mais utilizados no Brasil.
Nome farmacológico | Gânglio
estrelado |
Plexo celíaco | IV
Regional |
Espinal | Epidural | Pleural | Dose máxima
individual |
Curta duração | |||||||
cloroprocaína | 50-100mg | bolo
200-750mg (1,5-2mg/kg) 10-25ml/ 2% infusão 20-30ml/h (20mg/kg) |
1000mg
s/adr (12mg/kg) c/adr (15mg/kg) |
||||
duração | 0,5-1h | 0,5-1h | |||||
Média duração | |||||||
lidocaína | 10-20ml/1% | 20-25ml/ 1% | MMSS
200-300mg (40-60ml / 2%) MMII 250-300mg (100-120ml/ 0,25%) |
50-100mg | bolo
20-30ml/1% 200-400mg (7-9mg/kg) infusão 6-12ml/h (0,2-0,25ml/kg)/1-2%/h |
800mg
(7mg/kg) |
|
duração | 1-2h | 0,5-1h | 1-3h | ||||
ropivacaína | bolo10-20ml
0,2%
infusão 4-14ml/h |
epidural 40mg
nervo perférico 200mg |
|||||
0,5-1,5h | |||||||
|
MMSS
200-250mg (40-50ml/0,5%) MMII 250-300mg (100-120ml/0,25%) |
200-300mg
(6-9mg/kg)/1-2% |
600mg
(8,5mg/kg) |
||||
duração | 1-2h | 1-3h | |||||
Longa duração | |||||||
tetracaína | 5-20mg
(0,4mg/kg) |
3mg/kg | |||||
duração | 0,5-3h | ||||||
bupivacaína | 25-50mg
10-20ml/0,25% |
25-50mg
(0,4-1ml/kg) |
75-250mg
(0,5-0,75ml/kg) |
10-20ml
(0,25-0,5mg/kg) |
50-150mg
(1,5-2,5mg/kg) 20-25ml/0,25%-0,5% |
bolo 100mg (0,4ml/kg) | 225mg
(2-3,5mg/kg) |
duração | 2-4h | 1,5-5h | 3-10h |
Ao contrário dos anestésicos locais, o álcool e o fenol proporcionam alívio prolongado da dor devida à destruição das vias nervosas sensitivas. Devido à elevada freqüência de complicações, à exceção das simpatectomias, o álcool e o fenol foram abandonados como agentes neurolíticos53.
A existência de receptores morfínicos no sistema nervoso central e periférico, justifica a administração de agentes morfínicos para analgesia por via espinal e para os bloqueios do sistema nervoso periférico em associação com anestésios locais34,56 (Tabela 2).
Tabela 2. Agentes morfínicos
habitualmente associados aos agentes anestésicos locais para a realização
dos bloqueios.
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Agonistas fracos | ||||
cloridrato de tramadol | Espinal 10-40mg/dia | 0,5-1,5h | 4-6h | |
Agonistas potentes | ||||
cloridrato de morfina | Epidural
bolo 2-5mg (40-100m g/kg) infusão 0,1-1mg/kg (2-20m g/kg) /h Espinal 0,1-1mg (2-20m g/kg) ACP-Epidural bolo 0,1mg (2m g/kg) Infusão 0,4mg/kg (8m g/kg)/h "lock out" 10min |
Epidural/ Espinal min |
Epidural/
Espinal min |
Epidural/ Espinal 6-24h
|
meperidina / petidina |
Epidural bolo 50-100mg (1-2mg/kg) infusão 10-20mg (0,2-0,4mg/kg)/h Espinal bolo 10-50mg 0,2-1mg (4-20m g/kg) infusão 5-10mg (0,1-0,2mg/kg)/h |
Epidural/ Espinal min |
Epidural/ Espinal 30min
|
Epidural/ Espinal h
|
metadona | Epidural
bolo 1-5mg (0,02-0,1mg/kg) |
Epidural
min |
Epidural 1-4h | Epidural
6-10h
|
citrato de
fentanila
+++; d + |
Epidural
bolo 50-100ug (1-2m g /kg) infusão 25-60m g (0,5-1m g /kg)h Espinal g (0,1-0,4m g/kg) |
Epidural l
min Espinal 4-10min |
Epidural/ Espinal
<30min
|
Epidural/
Espinal 1-2h
|
cloridrato
de alfentanila
|
Epidural
bolo 500-1000m g (10-20m g /kg) infusão 100-250m g (2-5m g/kg)/h |
Epidural
5-15min |
Epidural
min |
Epidural
4-8h |
citrato de sufentanila | Epidural
bolo 10-50m g (0,2-1m g/kg) infusão 5-30m g (0,1-0,6m g/kg)/h Espinal 0,02-0,08m g |
Epidural/
Espinal min |
Epidural/
Espinal < 30 min |
Epidural/
Espinal 2-4h |
Agonistas parciais | ||||
cloridrato
de buprenorfina
|
Epidural 0,15-0,30mg | Epidural
30min |
Epidural
60min |
Epidural/Espinal
4-10h |
Agonistas- antagonistas | ||||
cloridrato de nalbufina | Epidural
2-5mg
(40-100m g/kg)
Espinal 1mg (4-20m g/kg) |
Epidural/
Espinal 6-24h |
O bloqueio regional intravenoso com guanetidina25, reserpina16 ou bretílio23 eficaz para o tratamento da síndrome complexa da dor regional (SCDR). A inibição do gânglio estrelado pelo ultrassom31 é também eficaz para tratar estas entidades. A administração epidural contínua de anestésicos locais é útil para tratamento da SCDR dos membros inferiores17.
Calcitonina, clonidina e somatostatina podem também ser administradas por via intratecal e subaracnóidea para o tratamento da dor56. O baclofeno por via intratecal é éficaz para o tratamento da dor paroxística e da dor associada à espasticidade56.
Recomendações
Os profissionais que realizam bloqueios devem ser aptos para cuidar dos doentes antes, durante e após os bloqueios e conhecer as indicações específicas e as limitações e as possíveis complicações inerentes a tais procedimentos6,10, incluíndo a entubação traqueal e a realização das manobras de ressucitação cardiorrespiratória.
Para a execução dos bloqueios, é necessário, muitas vezes, o emprego de equipamentos radiológicos ou de ressonância magnética e o uso de agentes contrastantes para permitir localizar precisamente os pontos anatômicos a serem acessados. Com exceção dos procedimentos destinados à infiltração de pequenos volumes de anestésicos locais em estruturas superficiais, os bloqueios devem ser realizados em ambientes onde seja possível o atendimento dos doentes caso ocorram efeitos adversos. Bloqueios de grande porte devem ser realizados após período mínimo de jejum de 6 horas6,10.
O uso de pequenas doses de anestésicos locais, permite ação focalizada dos agentes e evita o bloqueio de estruturas nervosas vizinhas e previne interpretações errôneas sobre sua eficácia. Muitas vezes, é necessária a repetição dos bloqueios para que respostas mais consistentes sejam observadas. O uso de anestésicos com diferentes períodos de ação permite início precoce e duração prolongada de analgesia29.
Complicações
Os anestésicos locais podem causar adversidades sistêmicas devido aos efeitos tóxicos e reações alérgicas ou ao uso de doses elevadas ou da via intravenosa. Lesões nervosas e bloqueios em áreas amplas, além das programadas, ocorrem quando doses elevadas são empregadas ou quando administraddos no compartimento espinal10.
Nas doses recomendadas, os níveis séricos dos agentes anestésicos locais permanecem abaixo das concentrações tóxicas, a menos que ocorra injeção intravascular acidental ou absorção rápida dos fármacos58. O bloqueio em áreas próximas a grandes vasos, implica na necessidade da realização de aspirações repetidas, para descartar a possibilidade da perfuração, pela agulha, de veias ou artérias. A absorção rápida geralmente ocorre quando o anestésico local é depositado em áreas intensamente vascularizadas, particularmente durante a execução de bloqueios cervicais, intercostais e caudais20. As injeções rápidas e sob elevada pressão devem ser evitadas durante a execução dos bloqueios cervicais para que não haja inversão do fluxo arterial e a ocorrência de síncopes, caso haja punção das artérias cervicais ou braquiais. Por via intravenosa, quando administrados em grande quantidade ou absorvidos rapidamente, os anestésicos locais podem atingir concentrações sangüíneas capazes de desencadear anormalidades funcionais no sistema nervoso central e periférico e no aparelho cardiocirculatório, muitas vezes, com graves implicações20,58. A magnitude destas alterações é dependente da dose e do agente empregado10.
Admite-se que 6,4 mg/Kg de lidocaína e 1,6 mg/Kg de bupivacaína, desencadeiam inicialmente, sintomas neurológicos20. As reações tóxicas leves aos anestésicos compreendem as palpitações, zumbidos, tonturas, nistagmo, sensação de gosto metálico, agitação, confusão mental, sialosquese e turvação visual. Quadros moderados compreendem, calafrios, tremores intenso, confusão mental e fala pastosa. Quadros mais graves caracterizam-se por convulsões tônico-clônicas, depressão intensa do SNC, bradicardia, hipotensão arterial e colapso cárdio-circulatório. Estas complicações são mais intensas quanto mais potentes forem os agentes. Dentre os mais tóxicos, destaca-se a bupivacaína. Pacientes grávidas são mais suscetíveis aos efeitos cardiotóxicos dos anestésicos locais. Os efeitos cardiovasculares graves, manifestam-se geralmente quando a dose ultrapassa 3 ou 4 vezes aquela que provoca anormalidades neurológicas graves20.
As complicações são prevenidas com o uso de anestésicos em concentrações e volumes pequenos, com a adição de adrenalina, para retardar sua absorção, com aspirações repetidas durante a injeção para avaliar a possibilidade de penetração vascular e com a realização de bloqueios prévios com doses pequenas dos agentes. Via venosa cateterizada deve estar disponível sempre que se empregam doses elevadas de anestésicos locais10.
Quando as complicações são de pouca expressão, a observação dos pacientes e as medidas para a correção da hipóxia, incluíndo o uso de cateteres de oxigênio devem ser adotadas. Havendo convulsões, a administração de barbitúricos como o tiopental (1-2mg/kg IV) ou o diazepan, (5-10 mg/IV) é recomendada. Quando há hipertonia muscular que limita a respiração, a administração de bloqueadores musculares despolarizantes como a succinilcolina ( 0,5-1 mg/IV) pode ser necessária para a execução da entubação traqueal. A entubação está indicada quando ocorrem convulsões rebeldes ou grande agitação, para a execusão de ventilação pulmonar e para evitar a aspiração de secreções para as vias respiratórias. Complicações graves requerem hidratação intravenosa, uso de vasopressores, medicamentos sintomáticos e a instituição de respiração artificial10,20.
Os anestésicos locais do tipo amida raramente provocam as reações de hipersensibilidade caracterizadas por eritema, sibilos, edema, taquicardia, sudorese e cefaléia. Os derivados do tipo éster, como a procaína e a tetracaína, são mais propensos a causá-las. Quando há histórico de alergia aos anestésicos locais, testes de sensibilidade devem ser realizados. O tratamento consiste da manutenção da permeabilidade das vias aéreas, da manutenção da atividade cardiovascular com vasopressores, da hidratação e do uso de antialérgicos e corticosteróides10.
A raquianestesia rostral ou total ocorre durante a executação de bloqueios paravertebrais ou anestesia raquidiana4,5. Caracteriza-se pela paralisia respiratória, analgesia bilateral e hipotensão arterial. O paciente torna-se inquieto, sonolento, incapaz de falar, dispnéico e perde a consciência. O tratamento consiste da entubação traqueal, ventilação artificial, manutenção da pressão arterial com vasopressores e hidratação. A imediata remoção de cerca de 10-15 ml de líquido cefalorraquidiano permite retirar parcialmente os agentes, antes da ocorrência do bloqueio maciço. Na maioria das vezes, a reversão do quadro é rápida. Este acidente é prevenido pelas aspirações repetidas. O reposicionamento da agulha é indicado quando há aspiração de líquido cefalorraquidiano11,12.
Pneumotórax e infecções também são descritos. O pneumotórax ocorre em decorrência de bloqueios dos nervos intercostais, do plexo braquial e dos gânglios simpáticos paravertebrais torácicos. Freqüentemente é subclínico. O diagnóstico é realizado pelo exame radiológico do tórax e pela ausculta. Quando de pequena magnitude, a recuperação é expontânea. Quando há insuficiência respiratória, a drenagem do tórax, o uso de analgésicos e a assistência ventilatória podem ser necessários. Quando há suspeita de pneumotórax, é aconselhável o repouso no leito, por, pelo menos, 24 horas14,35.
As complicações neurológicas podem decorrer da lesão das estruturas nervosas pelas agulhas ou pela ação dos anestésicos locais. Manifestam-se em menos de 0,5% dos casos20. As disfunções nervosas podem perdurar durante uma a três semanas, na maioria dos casos. Em alguns casos, podem manter-se durante 2 ou 3 meses. Para minimizar esta ocorrência, deve ser evitado o uso de agulhas muito afiadas e a técnica de localização das estruturas nervosas pela estimulação mecânica. O uso de estimuladores de nervos periféricos e de anestésicos em concentrações adequadas reduz expressivamente múmero de casos de neuropatias acidentais.
Procedimentos de bloqueios nervosos
Bloqueio do nervo occipital maior. O nervo occipital maior origina-se da 2ª raíz cervical e de algumas fibras da 3ª raiz cervical. É responsável pela sensibilidade da região occiptal, parietal e temporal. Além das finalidades diagnósticas e prognósticas é utilizado para o tratamento das neuralgias occipitais e das síndromes dolorosas miofasiais regionais. É realizado com os pacientes sentados e com a cabeça levemente rodada para o lado do bloqueio. Em um ponto situado cerca de 2,5 a 3 cm lateralmente à protuberância occipital, palpa-se a artéria occiptal localizada junto ao nervo occipital. Uma agulha 30x7 é introduzida perpendicularmente à pele e medialmente à artéria, até ocorrerem parestesias ou haver contacto com a estrutura óssea. A agulha é recuada e 5 ml de anestésico local são injetados36.
Bloqueio do gânglio de Gasser. O gânglio de Gasser é formado pela fusão das 3 divisões do nervo trigêmeo, a oftálmica, a mandibular e a maxilar. Continua-se, proximalmente, como raiz trigeminal que penetra na ponte. Localiza-se no cavo de Meckel e é envolvido por 2 envelopes durais resultantes da invaginações da dura-máter. A primeira divisão do nervo trigêmeo cruza a fissura orbitária superior e inerva a região frontal, o dorso do nariz, a pálpebra superior, a órbita, a córnea e a dura-máter. A segunda divisão emerge do forâmen redondo e inerva o lábio superior, a asa do nariz, a região molar e geniana, a arcada dentária superior, o vestíbulo oral superior e o pálato duro. A terceira divisão emerge através do forâmem oval e inerva a região temporal e mandibular, a arcada dentária inferior, o vestíbulo oral inferior, as porções anteriores da língua e parte do conduto da orelha externa. O bloqueio do gânglio de Gasser com anestésico local está indicado para o diagnóstico e prognóstico de pacientes com neuralgia trigeminal essencial e atípica, para o tratamento da dor facial e oral resultante de câncer e para a realização de procedimentos operatórios na face e cavidade oral15,36,52.
A técnica de bloqueio mais difundida é a de Labat. Consiste de manutenção do doente em decúbito dorsal com a cabeça levemente elevada. Através da punção do tegumento em um ponto situado 2,5 a 3 cm lateralmente à comissura labial com uma agulha calibre 22 e com 10 cm de comprimento, com o ápice dirigido para o ponto resultante do cruzamento do plano coronal que passa a 1 cm à frente da porção média do arco zigomático, com o plano sagital que passa pela pupila e do plano horizontal que passa pelo arco zigomático, o forâmem oval é alcançado e parestesias no território do nervo mandibular são geradas. O bloqueio é realizado com 0,5 a 1 ml de solução anestésica. O uso de intensificador de imagens é recomendado15,52.
Injeção subaracnóidea acidental do anestésico local resulta em perda da consciência, paralisia dos nervos cranianos e cervicais, parada respiratória e colapso cardiovascular. Hemorragia meníngea, hematomas intracranianas, ressecamento ocular, úlcera de córnea e hematomas faciais são também complicações descritas com o método15,36,52.
Bloqueio do plexo cervical. O plexo cervical é formado pelas 4 primeiras raízes cervicais. Inerva os músculos cervicais, o diafragma e o tegumento da região occiptal e cervical e parte do ombro. A 1ª raíz cervical é predominantemente motora. As outras 3 raízes emergem pelos forâmens de conjugação, acompanham a apófise transversa das vértebras cervicais até suas extremidades e se dividem em ramos rostrais e caudais. São interligados por colaterais nervosos na região das apófises transversas e entre os músculos escalenos anterior e médio36,59.
O bloqueio do plexo cervical é indicado para o diagnóstico e para o tratamento das síndromes dolorosas miofasciais cervicais, das algias por neoplasias da faringe, dos soluços, etc. É contraindicado quando há infecção e anormalidades anatômicas regionais59.
Originalmente, os bloqueios do plexo cervical eram realizados com 3 agulhas nos planos da 2ª,3ª e 4ª vértebras cervicais e na linha que liga o processo mastóideo ao tubérculo de Chassaignac (apófise transversa da 6° vértebra cervical). A posição da 4° vértebra corresponde à intersecção desta linha com a que acompanha o bordo inferior da mandíbula. Observou-se, entretanto, que uma única injeção de 10-20 ml de anestésico local na região da 4ª vértebra cervical é suficiente para proporcionar bloqueio satisfatório do plexo cervical. O procedimento consiste da manutenção do doente com a cabeça rodada para o lado oposto ao do bloqueio e com a porção superior do tórax apoiada sobre um coxim para facilitar a palpação das apófises transversas e o bordo posterior do músculo esternocleidomastóideo. No plano da 4ª vertebra cervical, introduz-se uma agulha 30x7, perpendicular à pele. Esta é penetrada 2,5 a 3cm até tocar o processo transverso daquela estrutura. Em seguida, a agulha é recuada na extensão de 2 mm. Após aspiração, 2 ml da solução anestésica, como teste, são injetados. Não havendo sinais de injeção no compartimento vascular, espaço peridural ou subaracnóideo, o restante do agente é infundido. A técnica simplificada consiste da punção, através do espaço interescalênico, em um ponto situado logo acima do ponto do bloqueio do plexo braquial e da injeção de anestésicos locais concomitantemente com a execução de pressão digital abaixo do ponto da inserção da agulha, de modo a forçar a migração do agente em direção cranial36,59. Quando se objetiva analgesia cervical tegumentar, o bloqueio do plexo cervical superficial é suficiente. Consiste da injeção superficial de 10 a 15 ml de anestésico local na região do terço médio do bordo posterior do músculo esternocleidomastóideo. Disto resulta analgesia do 2º, 3º e 4º dermatômeros cervicais36,59.
São complicações do procedimento: injeção do anestésico na artéria vertebral, injeção subaracnóidea, hematomas localizados, bloqueio da cadeia simpática e do nervo frênico etc. A maioria das complicações pode ser evitada com o uso de agulhas finas e curtas e com a administração dos agentes em volumes e em concentrações adequadas59.
Bloqueio do plexo braquial. O plexo braquial é formado pelas 5ª, 6ª, 7ª e 8ª raízes cervicais, primeira raiz torácica e por colaterais da 4ª raiz cervical e da 2ª torácica. A junção das raízes forma três troncos, que por sua vez, se subdividem nas divisões anteriores e posteriores. Estas formam os fascículos posterior, lateral e medial que se juntam sobre a primeira costela, onde entram em contato íntimo com a artéria subclávia e penetram na região axilar. As estruturas do plexo braquial, desde a sua origem, até o terço médio do antebraço, estão envolvidas por uma bainha músculo-aponeurótica, denominada de espaço perivascular interescalênico, no segmento situado entre a emergência das raízes e a primeira costela; espaço perivascular subclávio, localizado no segmento entre a 1ª costela e a clavícula; espaço perivascular axilar, no segmento entre a clavícula e o terço médio do braço. Esta bainha assemelha-se a um tubo, onde estão contidas as estruturas nervosas do plexo braquial e a artéria e veia subclávia. O bloqueio do plexo braquial pode ser realizado em qualquer ponto destes compartimentos, desde que o anestésico seja injetado em seu interior. Dependendo do volume administrado, pode ocorrer bloqueio associado do plexo cervical, pois esta bainha também envolve as estruturas nervosas mais rostrais8,60.
O bloqueio do plexo braquial está indicado para o diagnóstico e prognóstico dos pacientes com causalgia, distrofia simpático-reflexa e outras afecções álgicas que acometem os membros superiores, como para anestesia durante a realização de cirurgias e para a prevenção da dor pós-operatória nos membros superiores. O bloqueio contínuo do plexo braquial, proporcionado pela introdução de um cateter no interior da bainha que envolve as estruturas nervosas é indicado para melhorar a perfusão vascular em casos de isquemia e de reimplante de braços ou dedos. O bloqueio diagnóstico e prognóstico, com duração de 2 e 4 horas, é realizado com 30 a 40ml de lidocaína a 1%. Para os bloqueios, terapêuticos, com duração de 8 a 12 horas, são recomendadas 30 a 40ml de bupivucaína a 0,25% com adrenalina. Para os bloqueios contínuos devem-se injetar 20 a 25ml de bupivucaína a cada 6 ou 8 horas ou realizar a infusão contínua de 6 a 10ml/h deste agente. As técnicas mais comumente empregadas são a interescalênica, a supraclavicular e a axilar8,60.
O bloqueio interescalênico do plexo braquial é realizado mantendo o paciente em decúbito dorsal e com a cabeça discretamente girada para o lado oposto ao do bloqueio e discretamente elevada, para facilitar a palpação dos músculos escalenos anterior e médio. Sobre uma linha imaginária que cruza a cartilagem cricóide e que alcança a apófise transversa da 6ª vértebra cervical, palpa-se o bordo posterior do músculo esternocleidomastóideo entre o dedo indicador e médio e localiza-se a fenda interescalênica, onde é introduzida perpendicularmente à pele, uma agulha 30x7. Em um ponto situado na profundidade de 1,5 a 2 cm, a punção gera parestesias ou clique, resultante da perfuração da bainha músculo-aponeurótica. O anestésico, aí injetado, desloca-se tanto cranial, como caudalmente. Dependendo do volume empregado, pode ocorrer bloqueio do plexo cervical. A complicação mais temida deste acesso é a injeção do anestésico no espaço peridural ou subaracnóideo cervical, resultando em raquianestesia rostral ou total8. O bloqueio supraclaviculardo plexo braquial ou técnica de Kuhlenkampf, é realizado com o paciente com a cabeça girada discretamente para o lado oposto ao do bloqueio. Em um ponto situado 1 a 1,5 cm acima do ponto médio clavicular, sobre a primeira costela, é inserida uma agulha, perpendicularmente à pele e até serem geradas parestesias no membro superior ou ocorrer contato com primeira costela. Neste último caso, a agulha deve ser deslocada no sentido ântero-posterior, até a geração de parestesias. Nos pacientes magros, é possível a palpação da artéria subclávia. Os troncos nervosos estão situados póstero-superiormente a esta artéria. Recomenda-se localizar os três fascículos principais do plexo, o que é comprovado pela ocorrência de parestesias no braço, antebraço e mão durante a punção. Injetam-se 10 a 15 ml de anestésico em cada fascículo. Este procedimento bloqueia o membro superior, com exceção do nervo intercostobraquial. O bloqueio completo é mais tardio que o observado com a técnica interescalênica60. Para o procedimento perivascular subclávio, o acesso é feito pela fenda interescalênica, no plano da 6ª vértebra cervical ( tubérculo de Chassaignac ). Nesse ponto, a agulha é introduzida e dirigida caudalmente, mantendo o canhão sempre em contato com a superfície do pescoço. A ocorrência de parestesias na região inferior do ombro, significa contato da agulha com o espaço perivascular. Esta ténica pode, devido à punção da cúpula pleural, gerar pneumotórax, descrito em 1% das vezes. Acredita-se que casos subclínicos de pneumotórax sejam mais freqüentes37. Quando o pneumotórax é volumoso, há necessidade da drenagem torácica. Não é recomendável o bloqueio bilateral do plexo braquial, devido ao risco de pneumotórax e do bloqueio bilateral do nervo frênico8.
Bloqueio axilar. Estando o doente em decúbito dorsal, com o membro a ser bloqueado em abdução de 90º e o antebraço e mão supinos e apoiados sobre um suporte, palpa-se a porção proximal da artéria axilar. O bloqueio pode também ser realizado com a mão apoiada sobre a cabeça. Mantendo a artéria fixa entre os dedos indicadores e médio, uma agulha 30x7 é introduzida tangencialmente à artéria, sob ângulo de 15º em relação à superfície do braço. Quando a bainha é penetrada, ocorrem parestesias no membro superior e a agulha pulsa, acompanhando os batimentos cardíacos. A perfuração acidental da artéria deve ser seguida do recuo da agulha até que cesse o refluxo de sangue8. O bloqueio-teste é realizado com 2 a 3ml de solução anestésica, contendo ou não epinefrina na concentração de 1:200.000. A epinefrina causa aumento quase imediato da freqüência cardíaca quando a extremidade da agulha está localizada no compartimento vascular20,58. Estando corretamente posicionada a agulha, 20 a 40ml de anestésico são injetados. A bainha perivascular acompanha os nervos e a artéria até a porção média do braço, razão pela qual é recomendável a pressão digital sobre ela, distalmente ao ponto de bloqueio ou aplicar um garrote, para evitar o extravasamento distal do anestésico e forçar o seu deslocamento proximal, para bloquear o nervo músculo-cutâneo, responsável pela inervação da face interna do braço. O manguito deve ser mantido durante cerca de 10 minutos. O tempo de latência pode ser de até 30 minutos. A grande vantagem deste bloqueio é a não ocorrência do pneumotórax. Hematomas podem ser conseqüentes desta técnica8.
Bloqueio supraescapular. O nervo supraescapular é um ramo do plexo braquial que penetra na região escapular através da chanfradura supraescapular localizada no bordo cefálico da escápula. Inerva a articulação escápulo-umeral e os músculos supra e infraclaviculares. Seu bloqueio está indicado para o tratamento da dor aguda resultante de bursites, artrites e periartrites do ombro e para o diagnóstico da origem da dor do ombro8.
É realizado com os doentes sentados, e com os braços descansando sobre as coxas. Em um ponto situado 1cm acima e 1cm fora do ponto correspondente à intersecção da linha vertical paralela à coluna vertebral e passando pela espinha da escápula até o seu ângulo inferior e a linha ao longo da espinha do omoplata, introduz-se uma agulha perpendicularmente à superfície cutânea até tocar o omoplata. A agulha, então é deslocada ao longo da superfície dorsal do omoplata, até encontrar a chanfradura supra-escapular, após o que, é discretamente recuada. Segue-se a injeção de 5ml de solução anestésica. Do bloqueio resulta paralisia dos músculos supra e infraespinhosos e dificuldade para a movimentação do ombro. Pneumotórax pode ocorrer quando a agulha ultrapassa o bordo superior da escápula e penetra na cavidade torácica, entre as costelas8.
Bloqueio intercostal. As raízes dorsais ao emergirem pelos forâmes intervertebrais, dividem-se em ramo posterior que inerva as articulações, periósteo, músculos e tegumento paravertebrais e em ramo anterior que inerva os músculos intercostais e o tegumento da caixa torácica (nervo intercostal). Há 11 nervos intercostais localizados nos espaços intercostais e um nervo sub-costal situado abaixo da 12ª costela. Os ramos anteriores dos dois primeiros nervos intercostais suprem o plexo braquial do lado correspondente com algumas fibras. Na linha axilar anterior, o nervo intercostal se divide em ramo cutâneo lateral e ramo cutâneo anterior. O ramo cutâneo lateral inerva a parede lateral do tórax e o ramo cutâneo anterior, a parede anterior do tórax. O ramo cutâneo lateral do 2° nervo intercostal ou nervo intercostobraquial inerva a face medial do braço. Os seis primeiros nervos intercostais inervam o tegumento da região situada acima do apêndice xifóide, incluíndo a musculatura intercostal correspondente. Os cinco nervos intercostais caudais e o nervo subcostal inervam o tegumento situado entre o apêndice xifóide e o pube, incluíndo os músculos intercostais e os músculos da parede abdominal. Os nervos intercostais, no seu trajeto inicial, estão em íntimo contato com a pleura parietal e localizam-se entre os músculos intercostais externos e a lâmina fibrosa que se prolonga dos corpos vertebrais até os músculos intercostais internos. Ao alcançarem os arcos costais, afastam-se da pleura, juntam-se com a artéria e a veia intercostal e localizam-se nos canais costais das 7 primeiras costelas. À medida que os nervos se anteriorizam, afastam-se destes canais. O mesmo ocorre com os nervos mais caudais, onde se localizam em trajetos mais distantes do bordo inferior das costelas correspondentes que os seus similares rostrais14,35.
O bloqueio intercostal é indicado para o alívio da dor aguda que ocorre durante e após fraturas de costelas e do esterno, disjunções costocondrais, cirurgias para colecistectomias, gastrectomias, esternotomias e toracotomias e infecções da parede torácica e abdominal incluíndo a erupção pelo vírus do herpes zoster. Além de aliviar a dor, eliminam os espasmos musculares reflexos que agravam o sofrimento e comprometem a ventilação pulmonar14.
Os nervos intercostais podem ser bloqueados em qualquer ponto do seu trajeto. As costelas inserem-se nas vértebras e tornam-se palpáveis na região situada 7 a 8 cm da linha média. O melhor ponto para o bloqueio é o angulo da costela, porque nesta situação, os nervos são mais superficiais, as costelas mais espessas e os canais costais mais largos e evidentes. Recomenda-se injetar 3 a 5ml de anestésico por nervo intercostal. Podem também ser implantados cateteres para bloqueios repetidos. O bloqueio intercostal geralmente é realizado no ângulo costal ou na linha axilar média. Os bloqueios na linha axilar anterior ou posterior são mais difíceis.
O bloqueio intercostal na linha axilar média não é indicado quando o 1º, 11º e 12º nervos intercostais são os alvos do procedimento. Estando o doente em decúbito dorsal, com o membro superior em abdução ou com a mão sobre a cabeça (nas mulheres é necessária a tração da mama para o lado oposto), palpa-se a 2ª costela e introduz-se perpendicularmente à superfície cutânea uma agulha 30x7 ou 30x8, até tocar a superfície óssea. A seguir, esta é deslocada caudalmente até alcançar o bordo inferior da costela, momento em que é dirigida cranialmente, de modo que a sua extremidade coloque-se no interior do canal costal. A seguir, 3 a 4 ml de solução anestésica (bupivacaína a 0,25% com adrenalina, por exemplo) são injetados. Depois da retirada da agulha, o dedo é mantido sobre a costela, para facilitar a identificação da costela caudal. Cumpre ressaltar que para anestesiar um dermatômero, é necessário o bloqueio de, pelo menos, três nervos intercostais14,35.
Para realizar o bloqueio nos ângulos costais, o paciente deve ser colocado em decúbito ventral, com o braço ipsolateral em abudção e com a mão acima da cabeça, para afastar o omoplata da coluna vertebral e expor os ângulos costais. Procede-se do mesmo modo que o descrito para o bloqueio na linha axilar média14.
O bloqueio intercostal posterior é realizado com o paciente em decúbito lateral e com o braço para diante e com a mão acima da cabeça. Na altura da espinha do omoplata e a 7,5cm da linha média posterior, correspondendo ao ângulo da costela, é introduzida uma agulha 30x7 ou 30x8 perpendicularmente à superfície cutânea até tocar o periósteo. Conecta-se uma seringa com ar no seu interior e procura-se penetrar o canal costal exercendo leve pressão sobre o êmbolo da seringa. Quando há perda subta da resistência à injeção do ar, realiza-se aspiração. Não havendo refluxo de sangue, injeta-se 20ml do agente anestésico (bupivacaína a 0,25% com adrenalina por exemplo). Como o volume da injeção é elevado, o anestésico ultrapassa o limite anterior do espaço intercostal, desloca a pleura e alcança os nervos intercostais vizinhos. A anestesia pode atingir portanto, vários dermatômeros35.
O bloqueio intrapleural consiste da infusão de anestésicos no espaço pelural. Estando o paciente com o lado a ser tratado para cima, identifica-se o 8º espaço intercostal e realiza-se a punção com uma agulha de Tuohy de calibre 16 ou 18 com o bisel virado para cima, de um ponto situado 8 a 10cm da linha axilar posterior e imediatamente acima do bordo superior da costela, para evitar a lesão nervosa e vascular. A extremidade deve ser dirigida para a linha média, até atingir a membrana intercostal interna. Após a conexão de uma seringa com ar no seu interior, a agulha é avançada, exercendo-se leve pressão sobre o seu êmbolo. Ao perfurar a pleura parietal, ocorre um clique e subta queda da resistência à injeção de ar. Pela agulha, introduz-se um cateter que deve progredir 5 cm além da sua extremidade. Durante esta manobra, solicita-se do paciente a suspenção da respiração para evitar aspiração de ar. Retira-se a agulha, fixa-se o cateter com um ponto cirúrgico e injetam-se 20ml de bupivacaína à 0,5%. A injeção é repetida a cada 8 a 12 horas ou o anestésico é perfundido continuadamente por bomba de infusão. Este procedimento proporciona boa analgesia pós-operatória em casos de cirurgias abdominais rostrais, mas não de toracotomias, porque os drenos torácicos eliminam, do espaço pleural, grande quantidade dos anestésicos35.
Os bloqueios intercostais podem resultar em elevação significante dos níveis sanguíneos de anestésicos locais, devido à rica vascularização local e à intensa atividade dos músculos intercostais. Para reduzir a velocidade de absorção, devem-se utilizar soluções com adrenalina, na proporção de 1:200.00058. O risco de pneumotórax também é elevado. Pacientes ansiosos não suportam múltiplas injeções. Para estes casos, recomenda-se sedação com benzodiazepínicos20.
Bloqueios anestésicos das raízes lombares. Os doentes são mantidos em decúbito ventral, apoiados sob o lado oposto ao da infiltração e sobre um coxim situado entre a cristailíaca e o rebordo costal. As apófises, espinhosas das vértebras lombares são palpadas. Sobre uma linha situada 3 a 4cm da linha média, agulhas com 8 a 10cm de comprimento são introduzidas perpendicularmente à superfície cutânea até ter contato com a hipófise transversa das vértebras. São a seguir, recuadas e deslocadas na direção cefálica e medial. Freqüentemente, parestesias são induzidas nos membros inferiores. Administram-se então 8 a 10ml de anestésico local41.
Bloqueio inguinal paravascular. Estando o doente em decúbito dorsal é realizada a palpação da artéria femoral logo abaixo do ligamento inguinal. Uma agulha calibre 22 é introduzida lateralmente à artéria femoral até que haja geração de parestesias. Aproximadamente 25 a 30ml de anestésico local são, a seguir, injetados9. A compressão digital distal ao ponto de injeção permite que o agente anestésico desloque-se proximalmente em direção ao plexo lombar.
Bloqueio do plexo sacral. O plexo sacral consiste da união das primeiras três raízes sacrais e do 4º e 5º nervos lombares. Recebe contribuição da 4ª raiz sacral. Localiza-se na face anterior do sacro e é separado dessa estrutura pelo músculo pré-vertebral64.
Com o doente em decúbito ventral apoiado sobre um travesseiro colocado sob o quadril, a espinha ilíaca posterior e superior e protuberância sacral são palpadas. Em uma linha situada na trajetória que vai de um ponto situado 1cm medial à espinha ilíaca posterior e superior e dirigida para a protuberância sacral são localizados os forâmens sacrais. Através de uma punção perpendicular ao tegumento uma agulha com calibre 22 é introduzida até tocar a estrutura óssea. A seguir é dirigida medialmente até penetrar no orifício trans-sacral. A agulha é então deslocada 2 a 3cm até que ocorram parestesias. Aproximadamente 5 a 7ml de de solução anestésica são administrados9,64.
Bloqueio do nervo ciático. Com o doente em decúbito lateral com o lado do corpo objeto do tratamento voltado para cima, estando o membro inferior ipsolateral flétido e o oposto extendido realiza-se a palpação do trocânter maior e da espinha ilíaca posterior e superior. No ponto situado 3cm abaixo da linha que une as duas estruturas, introduz-se agulha com 10 a 12 cm de comprimento perpendicularmente à superfície cutânea até entrar em contado com a superfície óssea. Parestesias podem ser geradas com esta manobra. Administram-se, então, 10 a 20ml de solução anestésica9.
Bloqueio regional intravenoso. Consiste da administração intravenosa regionalmente em um segmento do corpo de analgésicos, depletores de noradrenalilna e anestésicos locais27. Após punção de uma via distal, o segmento a ser tratado é elevado. A exanguinação é completada pela aplicação de uma faixa de Esmarch. Segue-se a aplicação de manguito de pressão arterial insuflado com pressão acima da pressão sistólica, proximalmente no membro a ser tratado. Pela veia puncionada, as soluções são administradas. Dentre dos anestésicos locais, a lidocaína, a prilocaína e a bipuvacaína são as mais utilizadas. Os volumes variam de 20 a 50ml e as doses dos agentes anestésicos variam de acordo com a sua natureza. Para a lidocaína recomenda-se a dose de 1,5 a 3mg/Kg, para a prilocaína, 3 a 4mg/Kg e, para a bipuvacaína, 0,75 a 1,5mg/Kg.
As complicações fatais raras quando cuidados são adotados. As adversidades mais comuns são as relacionadas com os efeitos sistêmicos dos agentes anestésicos caracterizados por tonturas, zumbidos, hipotensão arterial e metahemoglobinemia. Na maioria das vezes, cedem naturalmente sem a necessidade de medidas especiais. Há descrições de complicações relacionadas com a isquemia do membro e com o agravamento da neuropatia pré-existente.
Bloqueios do sistema nervoso neurovegetativo simpático. O sistema nervoso neurovegetativo é dividido didaticamente em sistema nervoso simpático e parassimpático. Cada uma destas divisões apresenta nervos pré e pós-ganglionares. As vias periféricas pré-ganglionares do sistema nervoso simpático emergem dos segmentos torácicos e lombares da medula espinhal entre o 2º segmento torácico e o 2º segmento lombar. Há também nervos pré-ganglionares emergindo do 7º segmento cervical e do 3º e 4º segmentos lombares. As fibras pré-ganglionares parassimpáticas emergem do tronco encefálico e da medula sacral. Algumas estruturas como as glândulas sudoríparas e vasos sanguíneos apresentam inervação única50.
O sistema nervoso simpático apresenta dupla cadeia de gânglios situada ao longo da superfície ventrolateral dos corpos vertebrais onde terminam ou trafegam os neurônios simpáticos pré-ganglionares e onde estão situados os corpos celulares dos neurônios pós-ganglionares. Os gânglios simpáticos cervicais, torácicos, lombares, sacrais e coccígeos são unidos entre si. Os neurônios pré-ganglionares têm os corpos celulares localizados na substância cinzenta da coluna intermédio-lateral da medula espinal. Através das raízes nervosas anteriores, as fibras dirigem-se para os gânglios simpáticos, onde fazem sinapses com os neurônios pós-ganglionares. Os cordões nervosos pré-ganglionares são denominados ramos comunicantes brancos e, os pós-ganglionares, ramos comunicantes cinzentos38,50.
Bloqueio do gânglio estrelado. Os bloqueios do gânglio estrelado são realizados após jejum de quatro horas, sob monitorização da freqüência cardíaca e da pressão arterial e com os doentes posicionados em decúbito dorsal horizontal com discreta extensão do pescoço. Após assepsia regional, é localizada, por palpação, a face anterior da apófise transversa da 7a vértebra cervical. Utiliza-se como referência, o ponto situado 1 cm abaixo da cartilagem cricóide e medial à borda interna do músculo esternocleidomastóideo. Uma agulha 30 x 7 é introduzida perpendicularmente ao tegumento até tocar a apófise transversa da 7a vértebra cervical, entre o espaço paratraqueal e o feixe vásculo-nervoso carotídeo-jugular. Através dela, 2 ml de solução anestésica são administrados no compartimento cervical profundo. Não havendo reações adversas, 8 ml da solução são injetados adicionalmente19,39. A ocorrência do sinal de Claude Bernard-Horner (ptose, miose, enolftamia) ipsolateral à injeção e vasodilatação e aumento da temperatura do membro superior ipsolateral indicam que o bloqueio foi satisfatório. A adição de morfina ou fentanila melhora o resultado da analgesia62.
Inibição do gânglio estrelado pelo ultrassom (US). A inibição da atividade do gânglio estrelado simpático pelo ultrassom consiste da aplicação de um feixe de vibrações ultrassônicas de freqüência superior a 17000 Hz com a intensidade de 2w/cm2 durante 7 minutos, segundo modalidade contínua, gerado por cabeçote aplicado sobre o tegumento da fossa supraclavicular, junto ao bordo externo do músculo esternocleidomastóideo e com o eixo dirigido para a apófise transversa da 7a vértebra cervical. O cabeçode é deslisado com excursões de aproximadamente 1 cm sobre o mesmo ponto31. O bloqueio ultrassônico está indicado nos doentes sem condições clínicas ou locais para o tratamento pelo bloqueio regional intravenoso com guanetidina ou com bloqueios anestésicos da cadeia simpática31.
Bloqueio da cadeia simpática lombar. A cadeia simpática lombar situa-se no plano ântero-lateral dos corpos da 3ª e 4ª vértebras lombares. É separada dos nervos somáticos pela fáscia dos músculo íleo-psoas.
Para realização do bloqueio, palpam-se as apófises espinhosas da 1ª a 4ª vértebras lombares. Em pontos situados 8 a 10cm da linha mediana, realizam-se punções com agulhas calibre 20 e com 12 cm de comprimento dirigidas 45º cranialmente ou caudamente. Após tocar as apófises transversas e alcançar o espaço entre elas, são dirigidas medialmente. Aproximadamente, 25 ml de anestésico são a seguir injetados8.
Bloqueio regional intravenoso do SNNS. Os bloqueios regionais intravenosos do SNNS com guanetidina são realizados com os doentes posicionados em decúbito dorsal horizontal e sob monitorização cardíaca e da pressão arterial. Punciona-se uma veia distal do membro afetado. Este é a seguir elevado durante 1 minuto para promover drenagem venosa. Aplica-se, então, uma faixa de compressão no segmento distal e insufla-se proximalmente o manguito de pressão arterial até atingir 50 mmHg acima da pressão sistólica. Com o membro posicionado na posição horizontal, injetam-se, por via intravenosa 25 ml de solução fisiológica a 0,9% contendo 20 a 30 mg de guanetidina e 500 UI de heparina. Após dez minutos, o garroteamento é lentamente desfeito e os doentes são mantidos sob observação durante duas horas. O procedimento gera aumento da temperatura e da perfusão cutânea da extremidade afetada25. O bloqueio regional intravenoso está indicado em doentes que temem os bloqueios anestésicos do gânglio estrelado ou que apresentam discrasias sangüíneas31.
Bloqueio do plexo celíaco. Na cavidade abdominal há conglomerado de neurônios pré-vertebrais que constituem o plexo celíaco. O plexo celíaco é constituído por 3 pares de gânglios, os celíacos, os aorticorrenais e os mesentéricos. O plexo celíaco recebe fibras eferentes pré-ganglionares dos nervos esplâncnicos maior, menor e mínimo, fibras pós-ganglionares lombares rostrais e fibras parassimpáticas do nervo vago. O plexo celíaco situa-se anteriormente à artéria aorta, no plano que passa pela metade inferior da 12ª vértebra torácica, pela 1ª vértebra lombar e, eventualmente, na porção rostral da 2ª vértebra lombar. A maioria das fibras pós-ganglionares do plexo celíaco acompanha os pedículos vasculares viscerais e supre o diafragma, artéria aorta, mesentério, baço, fígado, vesícula biliar, estômago, duodeno, pâncreas, intestino delgado, cólon ascendente e parte do cólon transverso2,35,40.
O bloqueio do plexo celíaco é indicado para o tratamento da dor originada no esôfago caudal, no retroperitônio e nas vísceras do abdômen rostral2.
Bloqueio do plexo celíaco é realizado com o doente em decúbito ventral horizontal sobre um travesseiro colocado sobre o quadril, para retificar a coluna vertebral. Palpam-se as apófises espinhosas da 12ª vértebra dorsal e da 1ª lombar e o bordo inferior da 12ª costela de ambos os lados. Bilateralmente, através de punção de um ponto situado 5 a 8 cm da linha média e na linha que cruza o bordo inferior da 12° costela, agulha com calibre 20 ou 22 e com 12 a 20 cm de comprimento, com a extremidade dirigida para o terço médio do corpo da 1ª vértebra lombar e sob ângulo de 45º em relação à superfície do tegumento é introduzida até tocar o corpo vertebral. O ângulo de penetração é corrido até a agulha alcançar uma região sem resistência. Avançando-se 1 ou 2 cm, alcança-se o plexo celíaco. O uso de intensificador de imagem, facilita o procedimento e evita a punção do canal raquidiano. A injeção de agente de contraste permite identifiar punção dos vasos sanguíneos. Os bloqueios anestésicos são reservados para o prognóstico da neurólise do plexo2,35,53. A neurólise é realizada com a injeção de 20 a 30ml de álcool 50-95% de cada lado. Para sua realização é indicada anestesia geral porque há dor durante a injeção53. Caso a anestesia geral seja contraindicada, deve-se usar álcool a 50%, diluído em solução de bupivacaína a 0,5%35,40,53.
Várias são as complicações, geralmente temporárias, da neurólise do plexo celíaco. Dor sub-diafragmática é a principal adversidade da neurólise do plexo celíaco. Resulta do traumatismo da musculatura lombar e do diafragma pelo álcool e pela agulha. A diarréia resulta da desnervação simpática e do favorecimento da atividade parassimpática, ativadora do peristaltismo. A hipotensão arterial resulta da vasodilatação esplâncnica e do seqüestro sanguíneo. A síncope decorre de hipotensão ortostática. A infunsão intravenosa de fluidos, vasopressores, meias elásticas e o repouso no leito podem ser necessários até que a pressão arterial seja controlada2,35,40,58.
Bloqueio do plexo hipogástrico superior. O plexo hipogástrico superior ou nervo pré-sacro, localiza-se no retroperitôneo, sobre a região pré-vertebral, entre o terço inferior do corpo da 5ª vértebra lombar e o terço superior do corpo da 1ª vértebra sacral, na região do promontório, posteriormente aos vasos ilíacos. É constituído, principalmente, por fibras pós-ganglionares simpáticas, pré-ganglionares parassimpáticas e fibras aferentes viscerais, envolvidas na inervação da metade esquerda do cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide, reto, útero, ovários, bexiga, uretra, próstata e testículos. O plexo hipogástrico origina ramos direitos e esquerdos que se dirigem para a pelve e constituem o plexo hipogástrico inferior, que origina o plexo pélvico, o plexo retal, o plexo prostástico, o plexo vesical e o plexo uterovaginal38,48.
A principal indicação para o bloqueio neurolítico do plexo hipogástrico superior é a dor intensa pélvica ou perineal, resultante de comprometimento visceral em casos de doenças inflamatórias ou câncer ginecológico, colorretal e genitourinário30,38.
O bloqueio percutâneo pré-sacral é realizado com o paciente em decúbito ventral, apoiando a pelve sobre um coxim para retificar a coluna lombar. Mediante controle radiológico, identifica-se o interespaço de L4-L5. Em um ponto situado 7 cm da linha média, introduz-se uma agulha 15x22, que dirigida caudal e medialmente, sob ângulo de 45° em relação à superfície cutânea, alcança a região ventral à face anterior da transição entre a 5ª vértebra lombar e a 1ª sacral, em um ponto situado 1 cm anterior à linha ventral destas vértebras. Quando o processo transverso da 5ª vértebra lombar impede a progressão da agulha, a punção pode ser realizada no interespaço entre a 3ª e 4ª vértebras lombares. A injeção de 3 a 4 ml de agente de contraste hidrossolúvel identifica a injeção intravascular. Pode-se também utilizar a tomografia computadorizada para auxiliar o procedimento. Para o bloqueio diagnóstico ou prognóstico, recomenda-se injetar 8 a 10 ml de bupivacaína a 0,25% em cada lado e para os bloqueios neurolíticos, 8 a 10 ml de álcool absoluto ou fenol à 10% em solução aquosa.
São complicações do procedimento11: injeção epidural e subaracnóidea e lesão muscular, ureteral e de nervos somáticos pelas agulhas ou pelos agentes. Para os bloqueios neurolíticos, recomenda-se anestesia peridural prévia com 8-15 ml de lidocaína a 1%, ou anestesia geral30,46.
Bloqueios epidurais e subaracnóideos com agentes morfínicos. Agentes morfínicos (cloridrato ou sulfato de morfina, meperidina, fentanila, tramadol, sufentanila, alfentanila, buprenorfina, nalbufina) dissolvidos em solução inerte ou nos agentes anestésicos locais administrados no compartimento liquórico, peridural ligam-se aos receptores de morfina do SNC e do sistema nervoso periférico e proporcionam analgesia de longa duração sem os inconvenientes dos bloqueios anestésicos. Catéteres epidurais aos implantados no compartimento liquórico permitem que o procedimento seja realizado periodicamente sem desconforto para os doentes45,62. A administração peridural ou sub-aracnóidea espinal contínua ou prolongada da medicação narcótica está indicada para o tratamento da dor abdominal, pelviperineal e nos membros inferiores, em casos em que ocorreu melhora significante, mas parcial, da dor com tais agentes por via sistêmica ou impossibilidade do uso da via oral ou parenteral devido aos efeitos adversos destes fármacos11,12,34. Em casos da dor no segmento cefálio, região cervical, membros superiores e na região torácica rostral, a instilação de agentes morfínicos no interior dos ventrículos encefálicos através de câmaras ou bombas de infusão está indicada18.
A analgesia observada com a administração de morfínicos por via epidural, intratecal ou nos nervos periféricos é de qualidade superior à observada com a via parenteral. Mantém-se durante muitas horas e, muitas vezes, durante muitos dias. A possibilidade de sedação e de obstipação é menor que com a via sistêmica. A principal vantagem da analgesia morfínica espinhal é a ausência do bloqueio das vias sensitivas, simpáticas neurovegetativas e motoras que limitam a deambulação62. Causam menos hipotensão ortostática e retenção urinária, que os anestésicos locais. A intensidade e a duração da analgesia variam consideravelmente, na dependência da solubilidade, ligação com os receptores, atividade agonista intrínseca, eliminação pela circulação, lipofilia etc. A difusão dos morfínicos é condicionada pela lopossubilidade. Quanto mais lipossolúveis mais rapidamente penetram na medula espinal, mais rapidamente são absorvidos e mais precoces seus efeitos. Os agentes lipofílicos (fentanila, alfentanila, sufentanila) promovem analgesia segmentar e são indicados para o tratamento da dor torácica. Pelo fato de serem absorvidos rapidamente, necessitam ser injetados mais freqüentemente. Raramente provocam depressão respiratória tardia. Entretanto, a depressão respiratória e precoce é mais freqüente. A sulfentanila é muito lipossolúvel. Administrada por via epidural lombar, induz analgesia após 5 a 10 minutos e com duração máxima de 6 horas, em parte devido à ação sistêmica. Agentes hidrofílicos como a morfina causam mais efeitos colaterais devido ao fato de terem absorção lenta. São mais utilizados para analgesia de longa duração, que às vezes mantém-se durante mais de 24 horas. A duração da analgesia depende também da dose empregada e da intensidade do estímulo doloroso. As doses por via subaracnóidea, devem ser inferiores a 10% das doses usadas por via epidural. Em idosos e em mau estado geral, deve-se iniciar o tratmento com doses menores. Em doentes que usam morfínicos por outras vias há mais tolerância e menos efeitos colaterais62.
Apesar das imensas vantagens do uso de agentes morfínicos por via espinhal, alguns efeitos ou complicações e falhas operacionais do equipamento utilizado para a infusão podem ser observados. Os cateteres usados para a administração podem romper-se ou deslocar-se ou sofrer obstruções, acotovelamentos. Os filtros bacterianos podem fraturar-se45. A manipulação e o implante prolongado aumenta o risco de infecção. A freqüência de obstrução reduz-se com o uso de cateteres com abertura ampla na extremidade, ao invés dos pequenos orifícios laterais. O deslocamento do cateter pode ser minimizado pela tunelização subcutânea e pela fixação tegumentar com pontos. O acotovelamento e a fratura do cateter são evitados com o uso de cateteres flexíveis providos de microespiral de aço. As infecções são prevenidas quanto a assepsia e a manipulação do equipamento são adequados. As infecções ocorrem geralmente no local da exteriorização do cateter. Podem ser prevenidas com antibióticos tópicos e com a associação de anestésicos locais com os agentes morfínicos45. O implante de câmaras ou de bombas de infusão recarregáveis no tecido celular subcutâneo do tórax ou do abdômen está indicado para o tratamento prolongado porque reduz o custo operacional do tratamento, as complicações e torna os doentes independentes18,57.
Retenção urinária,
náuseas e vômitos, prurido, tremores, hipotensão arterial,
retenção urinária, sedação, confusão
mental, sonolência e depressão respiratória são
complições possíveis com estas vias de administração.
Tolerância e dependência também podem ocorrer45,62.
A redução da dose permite controle parcial destas adversidades.
Muitos destes eventos manifestam-se quando os morfínicos deslocam-se
rostralmente. Estes efeitos colaterais são dose-dependentes e, em
parte, devidos à ação sistêmica devida à
absorção pela circulação. São mais comuns
quando são administrados por via epidural. O prurido é comum
quando os agentes alcançam a região cervical. Geralmente
localiza-se no rosto. Pode ocorrer também na região cervical
e tórax ou ser generalizado, especialmente quando a dose é
elevada e a via é a subaracnóidea. A freqüência
de ocorrência de prurido é bastante variável. Manifesta-se
em 0 a 100% dos casos. A razão desta variação é
que muitos pacientes não se queixam de sua ocorrência porque
freqüentemente é pouco expressivo. Em 10% dos doentes tratados
pela administração de doses elevadas de morfina (5mg ou mais)
no compartimento epidural ocorre prurido. Em 1% deles é grave e
doloroso. Ocorre mais freqüentemente em doentes jovens. As gestantes
são particularmente propensas a apresentá-lo. Devem-se a
alterações nos mecanismos de modulação sensitiva
da medula espinhal que resultam na ativação das fibras eferentes
e na liberação tecidual de histamina45,62. Os
antihistamínicos e a naloxona (5-10 m
g/kg/h IV) são utilizados para seu tratamento. Cloridrato de nalbufina
(1 mg 4/4h IV) é também útil. Os vômitos manifestam-se
quando é ativada a zona quimioreceptora no tronco encefálico.
Os anti-eméticos por via sistêmica (metoclopramida, haloperidol,
droperidol, clorpromazina, ondasentron) ou intratecal (droperidol) reduzem
a intensidade das náuseas. A retenção urinária
de ocorrência é variável. É mais freqüente
no sexo masculino, nas doentes obstétricas e quando a administração
é mais caudal. A retenção decorre da diminuição
da força de contração do músculo detrusor da
bexiga e do aumento do tônus do esfíncter vesical. Estas anormalidades
estabelecem-se 15 a 30 minutos após a injeção do agente
morfínico e mantém-se, em média, durante cerca de
15 horas. Não se relacionam com a dose utilizada. Visto que por
outras vias não ocorre esta manifestação, supõe-se
que a retenção urinária seja devida à ação
espinal dos fármacos. O tratamento consiste da sondagem vesical
e do uso de naloxona (0,4 a 0,8 mg IV) do que pode ocorrer abolição
da analgesia e não necessariamente micção espontânea62.
A depressão respiratória, ocorre quando os agentes morfínicos
alcançam o centro respiratório. É a complicação
mais temida. É dose dependente. Após a injeção
de morfina no compartimento epidural dorsal a depressão respiratória
pode ocorrer após cerca de 1 hora. Quando são utilizados
agentes lipofílicos, pode ocorrer manifestar-se após poucos
minutos. A depressão respiratória pode dever-se à
ação sistêmica do fármaco. A depressão
tardia deve-se à difusão rostral do agente no líquido
céfalo-raquidiano pois manifesta-se entre 6 e 12 horas após
a administração. Além disto as concentrações
liquóricas dos agentes morfínicos administrados por via epidural,
são infinitamente superiores aos níveis plasmáticos.
Esta última complicação é mais comum com a
morfina e rara com os agentes lipofílicos. O uso de depressores
do SNC ou de agentes morfínicos por outras vias, o mau estado geral
e o aumento da pressão abdominal, aumentam o risco de depressão
respiratória. Por via subaracnóidea, o risco é maior
que quando a via epidural é empregada. Quando esta última
via é usada, as concentrações devem ser maiores e
os volumes menores. Pacientes que manifestaram intolerância por outras
vias, são mais susceptíveis à depressão respiratória45,62.
A depressão respiratória instala-se lentamente. A diminuição
da freqüência respiratória não é bom parâmetro
para a avaliação, pois a hipóxia e a hipercarbia podem
ocorrer mesmo quando a freqüência respiratória é
normal. A sedação e a sonolência, podem ser devidos
à hipóxia e a hipercarbia. A comprovação da
depressão respiratória é realizada com o uso de oxímetros
digitais ou com gesimetria sanguínea. O tratamento consiste da administração
de oxigênio através de máscaras ou cateteres nasais
e da correção de eventuais fatores que possam agravá-la,
como a hipotensão arterial, hipovolemia, decúbito elevado
etc. Naloxona (1 a 2 mcg/kg IV, seguida de 1 a 5 mcg/kg/h em infusão
contínua) reverte o quadro, sem contudo reverter a analgesia. A
tolerância aos agentes competitivos é habitual. Normalmente,
há necessidade do aumento da dose dos morfínicos, até
a terceira semana, para a seguir estabilizar-se. O uso de agonistas alfa-2
adrenérgicos (clonidina) por via intratecal permite resgatar ou
melhorar a analgesia pré-existente56. Os efeitos adversos
dependem do tipo do agente, da dose, do local da administração
e da via de administração47.
Key Words: pain, neuropathic pain,
anesthetic blocks
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Manoel Jacobsen Teixeira
** Professor Doutor do Departamento de Neurologia
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, FMUSP. Diretor
da Liga de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo, HC/FMUSP.
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