CONSTRUTIVISMO    

1 - Introdução 
2 - Piaget 
3 - Estágio da Evolução do Raciocínio Segundo Jean Piaget 
4 - Construtivismo 
5 - Conhecimento e Inteligência Segundo Piaget  
6 - Como se Constrói o Conhecimento na Criança  
7 - Teorio das Inteligências Múltiplas  
8 - Novas Tendências 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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1) INTRODUÇÃO 

Existem basicamente 3 correntes para explicar o desenvolvimento da inteligência.

1º)  EMPIRISMO -   é a teoria que afirma que o desenvolvimento intelectual é determinado pelo  meio ambiente, ou seja, pela força do meio e não depende do sujeito é de fora para dentro. O indivíduo não nasce inteligente e é submetido a estímulos externos que desencadeiam reações que são assimilados ou não. O desenvolvimento da inteligência estaria nestes estímulos e não no ser humano.

2º) RACIONALISMO -  é a teoria que afirma que o desenvolvimento intelectual é determinado pelo sujeito e não pelo meio, ou seja, de dentro para fora. Afirma que o indivíduo nasce inteligente e com o passar do tempo reorganiza a inteligência pelas percepções do meio ambiente. A capacidade de cada ser humano determina como ele percebe a realidade e isto independe de estímulos externos.

3º) CONSTRUTIVISMO -  é a teoria que afirma que o desenvolvimento intelectual é determinado pela relação do sujeito com o meio. A teoria se baseia em que o ser humano não nasce inteligente mas também não é totalmente dependente da força do meio. Pelo contrário, interage com o meio ambiente respondendo aos estímulos externos, analisando, organizando e construindo seu conhecimento. A teoria apregoa que a partir do ERRO é possível construir o conhecimento através de um processo contínuo de fazer e refazer.



2) PIAGET 

 Jean Piaget, psicológico suíço, estudou o desenvolvimento da inteligência, do nascimento à maturidade do ser humano, analisando o evolução do raciocínio.  É tido como o pai do CONSTRUTISMO, a linha pedagógica mais difundida entre os professores que defendem a "Escola Ativa" em detrimento da " Escola Tradicional".
 Sua teoria é formalmente chamada de EPISTEMOLOGIA GENÉTICA. A partir dela surgiu o construtivismo que possue 3 princípios básicos que auxiliam o professor frente ao aluno. São eles:

a) Respeito à produção do aluno.

b) Espaço para o aluno testar suas hipóteses.

c) Trabalho em grupo para facilitar o aprendizado.

Piaget através de suas pesquisas concluiu que "o conhecimento se forma e evolui através de um processo de construção". A partir das conclusões de Piaget  os educadores encontraram explicação para o processo de aprendizagem. Estava estabelecida a ponte entre a  psicogenética piagetiana e  a criança. É possível, então,  verificar que: "a criança aprende por si, construindo e reconstruindo suas próprias hipóteses sobre a realidade que a cerca, e que o erro em vez de denunciar uma não aptidão, é uma etapa necessária do processo de construção do conhecimento".
Piaget criou a Teoria dos Estágios a partir da observação contínua das crianças e seus erros. Esta teoria mostra os estágios do desenvolvimento da inteligência.
 


3) ESTÁGIOS  DA  EVOLUÇÃO  DO RACIOCÍNIO SEGUNDO JEAN PIAGET 

 Piaget achava que o desenvolvimento da inteligência se processa para que o sujeito consiga manter o equilíbrio com o meio ambiente. Quando este se rompe o indivíduo atua sobre o que lhe afetou  e busca o equilíbrio através da adaptaçãoorganização. A adaptação inclui assimilação e acomodação. A assimilação faz com que o sujeito use as estruturas psíquicas que possui e se não forem suficientes é preciso construir novas estruturas e isso se constituí na acomodação.
A organização estabelece um equilíbrio entre estruturas existentes e as novas, ou seja, reorganiza todo o conjunto, construindo e reconstruindo as estruturas num processo contínuo. Estas construções obedecem um padrão que estabelece os estágios de desenvolvimento da inteligência segundo a idade:

Estágio 1)  - SENSÓRIO  - MOTOR -  ( 0  - 2 anos ) é o estágio desde o nascimento até a aquisição da linguagem. O bebê assimila mentalmente o meio ambiente através dos reflexos neurológicos. A noção de espaço e tempo é criado pela ação. A inteligência é prática. Por reflexo o bebê "mama" o que ele coloca na boca, "pega" tudo o que está ao seu alcance e "vê" o que está na sua frente, até que seja capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo à boca.

Estágio 2)  - PRÉ- OPERATÓRIA -  ( 2 - 7 anos ) é o estágio no qual a criança se torna capaz de representar mentalmente o que ocorre no meio, priorizando alguns aspectos e outros não, numa percepção global. Não consegue estabelecer relações é centrada em si mesma.

Estágio 3)  - OPERATÓRIO - CONCRETO -  ( 7  - 11 anos ) é o estágio em que a criança já é capaz de executar operações concretas, consegue fazer relações e abstrair  dados da realidade. Apresenta sinais de lógica, peculiar dos alunos e começa a pensar de forma organizada e sistemática.

Estágio 4)  - LÓGICO - FORMAL -  ( 11  - 15 anos ) é o estágio no qual a criança consegue abstrair totalmente, realiza operações  formais. É capaz de pensar em todas as relações logicamente possíveis.


4) CONSTRUTIVISMO 

 É uma preocupação para o homem a questão de como se dá o conhecimento e de como o Sujeito aprende.
 A corrente empiricista, ao procurar responder a questão, argumenta que o homem, ao nascer,  é uma folha em branco e que a fonte do conhecimento é o mundo exterior. O conhecimento é, portanto, adquirido através da experiência, logo, se o meio é de melhor qualidade o sujeito é mais inteligente.

A corrente racionalista, ao contrário, responde a questão a partir do pressuposto de que a fonte do conhecimento é a razão e que ela é inata, ou seja,  que ela nasce com o sujeito e o que resta é a sua descoberta ou desenvolvimento
Piaget, por sua vez, nega a forma  absoluta como essas teorias explicam a questão do conhecimento. Ele considera a experiência física ou empírica (Empiricismo) mas defende que a inteligência não depende só dela.  Acredita  na  razão  (Racionalismo) mas não que ela é inata.
Piaget aborda a inteligência como algo dinâmico, decorrente da construção de estruturas de conhecimento que, à medida que vão sendo construídas, vão se alojando no cérebro.
A inteligência, portanto, não aumenta por acréscimo e sim por reorganização.
Essa construção tem a sua base biológica, mas vai se dando na medida em que ocorra interação,  trocas recíprocas de ação  com o objeto do conhecimento, onde a ação intelectual sobre esse objeto refere-se a retirar dele qualidades que a ação e a coordenação das ações do sujeito colocaram neles. A experiência lógica-matemática ( inteligência ) provém da abstração sobre a sua própria ação.

Os fatores de desenvolvimento para Piaget são:

Este último ponto é o que contrabalança os outros três, ou seja,  equilibra uma nova descoberta com todo o conhecimento até então construído pelo sujeito. Os mecanismos de equilibrio são: - a ASSIMILAÇÃO e a ACOMODAÇÃO.
Todas as idéias tendem a ser ASSIMILADAS às possibilidades de entendimento até então construídas pelo sujeito. Se ele já construiu as estruturas necessárias, a aprendizagem tem o significado real a que se propôs. Se, ao contrário, ele não possui essas estruturas construídas, a assimilação é deformante, resultando no ERRO CONSTRUTIVO. Diante disso, havendo o desafio, o sujeito faz um esforço contrário ao da assimilação. Ele modifica suas hipóteses e concepções anteriores ajustando-as  às experiências impostas pela novidade que não foi possível de assimilação. É o que Piaget chama de ACOMODAÇÃO: onde o sujeito age no sentido de transformar-se em função das resistências impostas pelo objeto.
O desequilíbrio, portanto, é fundamental para que haja a falha, a fim de que o sujeito sinta a necessidade de buscar o reequilíbrio, o que se dará a partir da ação intelectual desencadeada diante do obstáculo: a ABSTRAÇÃO REFLEXIVA. É  aí, na abstração reflexiva que se dá a construção do conhecimento lógico-matemático (inteligência), resultando num equilíbrio superior e na  conseqüente satisfação da necessidade.

Piaget afirma, então, que a criança conhece como o cientista, ou seja:

- OBSERVANDO A REALIDADE;
- INTERROGANDO-SE SOBRE ELA;
- INVESTIGANDO;                                                                                EPISTEMOLOGIA
- LEVANTANDO HIPÓTESES;
- ELABORANDO UMA TEORIA, que ele chamou de  estudo crítico da ciência. O aluno é o sujeito construtor do seu conhecimento e as deficiências ocorrem quando há falhas na troca de ação entre o sujeito e o objeto do conhecimento.
 
4.1) PAPEL DO PROFESSOR:

 Tendo  por base os princípios construtivistas, o professor redimensiona o seu trabalho. É agora, o mediador da relação entre o sujeito que aprende e o objeto do conhecimento. Mediação, que nada mais é do que a intervenção planejada para favorecer a ação do aprendiz sobre o objeto. Ação essa que se encontra na origem da aprendizagem.
 Para o exercício da mediação, o professor precisa ter instrumentos para detectar com clareza o que seus alunos já sabem e o que eles não sabem. Para isso necessita de um conhecimento consistente do conteúdo, o objeto do conhecimento e de informações sobre o processo de construção, que lhe permite favorecer, antecipar o caminho através do qual o aluno vai se apropriar desse conhecimento.
 "Um mediador é alguém que, em cada momento, em cada circunstância, toma decisões pedagógicas conscientes: nunca está limitado a corrigir ou deixar errada, pois além de informar  e respeitar o erro quando construtivo, ele pode problematizar, questionar, ajudar a pensar. "(Telma Weisz)
 

 Numa proposta pedagógica embasada na teoria construtivista, o professor VÊ, OLHA e ESCUTA o aluno. INTERROGA-SE sobre ele, sobre o processo que está percorrendo e aí DEFINE A AÇÃO. Essa ação é a expressão da hipótese formulada por ele através da leitura que faz da sua turma.
 "É preciso ter presente que ao aprendiz como sujeito de sua prática de aprendizagem corresponde, necessariamente, um professor sujeito da sua prática docente e, para construir a sua competência, o único caminho é o da reflexão sobre a sua prática."
 
4.2) ATIVIDADES:

 Segundo Telma Weisz, pode-se caracterizar uma atividade como uma boa situação de aprendizagem quando:

4.3) POSTURAS DIANTE DE SUGESTÕES DE ATIVIDADES:

Quando a tarefa do professor é de mediação e não de transmissão, um banco de sugestões de atividades pode ser muito bem utilizado por quem já construiu as bases de sua competência para planejar situações produtivas de aprendizagem e pode ser muito mal usado por quem não tem claro o seu papel de mediador pois, provavelmente, vai utilizar as sugestões na falsa convicção de que é a atividade  e não o aprendiz que produz a  aprendizagem.
 Em resumo, uma situação de aprendizagem produtiva é aquela que favorece, desencadeia a ação/reflexão do aprendiz sobre o objeto do conhecimento. Ação esta que o leva a buscar informações e a rever suas hipóteses.
 
4.4) AVALIAÇÃO:

 Nesta perspectiva de trabalho, a avaliação caracteriza-se por um momento de reflexão crítica e tomada de decisão para o professor mediador. Ela serve para desvelar o processo para conhecer. Sem avaliar não se conhece e sem conhecer não se pode confiar.
Para se trabalhar de acordo com a realidade  é preciso saber ler esta realidade. Conhecê-la, portanto,  é fator desencadeador de uma decisão consciente  e uma organização dos novos rumos da intervenção do professor. Assim, é necessário não um ou outro instrumento específico, mas sim é preciso ter um controle sob o ponto de vista da história do aluno e isso requer muitas informações sobre a caminhada dele.
O conhecimento decorrente da avaliação nesta proposta é, necessariamente, gerador de confiança no processo - pois acreditam que o medo de avaliar decorre da falta de conhecimento desse processo e das decisões adequadas que precisam ser tomadas - gerador de envolvimento e do conseqüente compromisso diante do ato pedagógico.
Pode-se dizer, então, que a avaliação serve para conhecer, diagnosticar a verdade, o avanço, através do confronto entre os objetivos a serem alcançados, sobre os quais o professor tem que ter MUITA clareza e, da trajetória já percorrida pelo aluno. Tudo isso intermediado pelo fator tempo presente na vida escolar.
 
4.5) META MAIOR DA EDUCAÇÃO: AUTONOMIA:

 A proposta construtivista não é sinônimo de espontaneismo, liberalismo.  É uma proposta que tem objetivos a serem alcançados. E o maior deles é reverter, transformar o processo educacional que contribui  para a formação do homem heterônomo de hoje. A meta que se busca é ajudar na construção da autonomia que, ao contrário de interpretações tendenciosas, não é pregar.
 AUTONOMIA, pressupõe a capacidade de transformar, de tomar decisões próprias, de buscar novas soluções para os problemas que enfrenta, pela coordenação interna do seu ponto de vista com as demais pessoas envolvidas no processo de decisão.
 

INDIVIDUALISMO COMPETIÇÃO SOLIDARIEDADE  è CRESCIMENTO
AUTONOMIA MORAL       Capacidade de modificar julgamento e normas sociais, decidindo o que é melhor para o grupo e para si, considerando e coordenando o seu ponto de vista com o de todas as pessoas implicadas no processo de decisão.
                OBEDIÊNCIA          è         JUSTIÇA
            ê
                         AUTONOMIA  INTELECTUAL        Capacidade de exprimir suas idéias e defendê-las, expondo-se ao ERRO de maneira positiva, VIVÊNCIA DE COOPERAÇÕES;
Coragem de modificar suas idéias por novas, mais abrangentes por melhor explicarem ou solucionarem uma situação vivenciada.
 
SUBSTITUIÇÃO DE… PARA…
- verdade absoluta - erro absoluto - aprender a fazer èèè- busca da
verdade ( construção ) - erro construtivo - conhecer ( reinvenção )

    AUTONOMIA  como  META  / COOPERAÇÃO como  MÉTODO
 

4.6) FUNDAMENTOS TEÓRICOS NUMA PROPOSTA CONSTRUTIVA:
 
TEORIAS  INTERIACIONISMO / CONSTRUTIVISMO

PROFESSOR     Mediador - Intervenção planejada

ALUNO   SUJEITO

CONTEÚDO   Ingrediente    Importante

ATIVIDADES    Problematizadoras  -  Desafiadoreas
 ê                      è Conflito AÇÃO  INTELECTUAL
ERRO          Evidencia uma Hipótese

OBJETIVOS        Amplos - PROCESSO
 
ÀVALIAÇÃO     Conseqüência do Processo  Responsabilidade dos Envolvidos
CONHECER    è    DECIDIR   è  ENVOLVER-SE
     î                ê                 í
                          COMPROMISSO
 EDUCAR  É …   Ajudar na Construção da  A  U  T  O  N  O  M  I A
 
 

4.7)  Alguns Princípios Básicos de uma Proposta construtivistas e que considera as descobertas Emília Ferreiro e Ana Teberoski

A criança é SUJEITO de sua aprendizagem, reflete sobre o objeto de seu conhecimento ( neste caso, a língua escrita), faz hipóteses sobre o que a escrita representa e como ela funciona.

O ERRO CONSTRUTIVO é uma hipótese lógica da criança, um exercício do uso da língua e que é necessário no seu processo de apropriação desse conhecimento.

A TROCA ENTRE IGUAIS, isto é, a interpretação entre as crianças, que pensam de maneira diferente é fundamental para que elas avancem nas suas concepções sobre a língua escrita. Neste sentido, a heterogeneidade de uma turma enriquece e apoia o trabalho da professora.

Os USOS que a nossa sociedade faz da nossa língua escrita devem estar presentes na sala de aula de forma viva e concreta. Ler e escrever precisam ter significado para a criança relacionar-se com o que se passa fora das paredes da escola.

O planejamento das situações de aprendizagem deve partir dos níveis da psicogênese da alfabetização em que se encontram as crianças, oportunizando a vivência de um contexto didático rico em atos de leitura e escrita. O CLIMA da sala de aula é de PESQUISA, onde as crianças testam suas hipóteses na busca de soluções para problemas que têm de resolver.

Na AVALIAÇÃO é preciso considerar o PROCESSO que o aluno está vivendo  e não apenas o produto da aprendizagem.


5) CONHECIMENTO e INTELIGÊNCIA SEGUNDO PIAGET 
 

  Segundo Piaget o desenvolvimento da inteligência é explicada pela relação reciproca existente com a gênese da inteligência e do conhecimento. Piaget criou um modelo epistemológico com base na interação sujeito - objeto. Pelo modelo epistemológico o conhecimento não está nem no sujeito, nem no objeto mas na interação entre ambos. A formação do conhecimento depende da ação simultânea do sujeito e objeto um sobre o outro e portanto é possível afirmar que o conhecimento se forma enquanto o sujeito e o objeto também vão se formando. A ação tem a função de estabelecer o equilíbrio rompido entre o sujeito e seu meio-ambiente, ou seja, é o elo entre o indivíduo e o mundo exterior. Este elo envolve o aspecto energético ( afetividade) e o estrutural ( cognição ), portanto, a formação do conhecimento, segundo Piaget envolve a vida cognitiva e afetiva que se completam no processo.
 Para Piaget existem duas formas de conhecimento:
 
             a) Conhecimento físico - consiste no sujeito explorando os objetos.

             b) Conhecimento lógico-matemático - consiste no sujeito estabelecendo novas relações com os objetos.
 

INTELIGÊNCIA para Piaget é o processo interacional entre o sujeito e o objeto, ou seja, inteligência é a capacidade do sujeito em adaptar-se à realidade num processo dinâmico no qual o sujeito modifica os objetos e é modificado por eles.
Sob o ponto de vista da Epistemologia Genética a inteligência é um processo dinâmico que surge no inicio de sua gênese, de processos orgânicos e aí inicia sua elaboração que evolui e passa a recorrer a funções cognitivas como memória, percepção, hábitos que formam os primeiros instrumentos de trocas funcionais. Essas trocas funcionais passam a integrar operações, ou seja, transformações que engendram pensamento e raciocínio.
Em síntese, inteligência é um processo ativo de interação entre sujeito e objeto, a partir de ações que iniciam no organismo biológico e chegam à operações reversíveis entre o sujeito e sua relação com os objetos, por tanto é algo construído e em permanente processo de transformação.
 


6) COMO SE CONSTRÓI O CONHECIMENTO NA CRIANÇA 
 

 O conhecimento é construído através da abstração que pode ser:

a) ABSTRAÇÃO EMPÍRICA ( ou simples):  quando a criança se concentra numa certa propriedade do OBJETO, ignorando as outras.
 
 b) ABSTRAÇÃO REFLEXIVA (ou construtiva): quando envolve relação ENTRE OBJETOS. Relações estas que não têm existência na realidade externa, está na mente do SUJEITO.
 
 Para construir conhecimento físico é necessário a existência de uma estrutura lógico-matemática, de modo a colocar novas observações em relação com o conhecimento que já existe.


7) TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 

 Howard Gardner, psicólogo americano é o autor da teoria das inteligências múltiplas. Howard definiu 7 inteligências a partir do conceito que o ser humano possui um conjunto de diferentes capacidades. São elas:

a) LÓGICA-MATEMÁTICA - está associada diretamente ao pensamento científico ao raciocínio lógico e dedutivo.

b) LINGÜISTICA - está associada à habilidade de se expressar por meio da linguagem verbal, escrita e oral.

c) ESPACIAL - está associada ao sentimento de direção, à capacidade de formar um modelo mental e utilizá-lo para se orientar.

d) CORPORAL-CINESTÉSICA - está associada aos movimentos do corpo que pode ser um instrumento de expressão .

e) INTERPESSOAL - está associada à capacidade de se relacionar com as pessoas.

f) INTRAPESSOAL - está associada à capacidade de se estar bem consigo mesmo, de conseguir administrar os próprios sentimentos.

g) MUSICAL - está associado à capacidade de se expressar por meio da música, ou seja, dos sons organizando-os de forma criativa a partir dos tons e timbres.
 
Howard atualmente estuda numa oitava inteligência, chamada NATURALISTA, que está associada à capacidade humana de reconhecer objetos na natureza.
A partir da teoria de Howard Gardner, o professor Nílson José Machado, da USP, propõe a inteligência PICTÓRICA que está associada à capacidade  de desenhar. O desenho é uma forma importante de se expressar e é a primeira utilizada pela criança.
Na verdade o fundamental não é quantas inteligências temos, mas o desenvolvimento de todas elas segundo nossas aptidões. Na escola o professor deve propor o estudo de um tema de mais de uma maneira, como por exemplo: com histórias, trabalhos de arte, experiências práticas, projetos em grupo, fixação dos conteúdos via softwares educacionais específicos etc. e posteriormente o aluno deve ser avaliado por todas suas capacidades, por inteiro.
Os novos paradigmas para a educação determinam que os alunos são os construtores do seu conhecimento. Neste processo a intuição e a descoberta são elementos fundamentais para a construção do conhecimento. Neste novo modelo educacional o aluno deve ser considerado como um ser total que possui outras inteligências além da lingüística e da lógica-matemática, que devem ser desenvolvidas e o professor deve ser um facilitador do processo de aprendizagem, e não mero transmissor de informações prontas.
 
OBS.: INTELIGÊNCIA EMOCIONAL -  Daniel Goleman, psicólogo americano afirma que o controle das emoções é o fator essencial para o desenvolvimento da inteligência do indivíduo.  Inteligência Emocional é uma teoria que redefine o que é ser inteligente e o quanto a emoção interfere no desenvolvimento da inteligência. É um novo caminho em busca do equilíbrio entre o intelectual e o emocional a fim de garantir um futuro mais promissor e uma sociedade mais feliz.



 8) NOVAS TENDÊNCIAS 

 Urie Bronfenbrenner, psicólogo russo, radicalizado nos EE.UU. é o autor da teoria que atualmente é um dos principais referenciais teóricos para o estudo do desenvolvimento da criança.  A obra "A Ecologia do Desenvolvimento Humano: experimentos naturais e planejados " é o estudo científico de uma progressiva e mútua acomodação, através do curso da vida entre um ativo ser humano em crescimento e as propriedades em mudanças nos ambientes imediatos nos quais a pessoa em desenvolvimento vive; como este processo é afetado pelas relações entre esses ambientes e num contexto maior pelos ambientes  nos quais estão inseridos (Bronfenbrenner, 1992, p.188).
A  teoria pressupõe que o homem vive continuamente em desenvolvimento e este depende diretamente dos microssistemas  com os quais o indivíduo interage.
 A relação entre dois ou mais microssistemas onde a pessoa em desenvolvimento interage é chamada de mesossistemas.
 Existe mais um nível,  o do exossistemas que envolve a ligação e os processos entre dois ou mais ambientes, onde a pessoa em desenvolvimento atua. Finalmente Bronfenbrenner apresenta o macrossistema  que envolve todos os outros.
Esta teoria com o modelo envolvendo diversos sistemas propõe a discussão das questões referentes ao desenvolvimento humano e oferece possibilidades  para futuras pesquisas.



 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

 LIMA, Lauro  -  Piaget para principiantes

 DOMINGUEZ, Dominique - A Formação do conhecimento físico.

 FERREIRO, Emilia - Reflexões sobre alfabetização

TEBEROSKY, Ana - Construccion de escrituras através de la intercacción grupal

 FLAVELL, John - A psicologia do desenvolvimento de Jean Piaget
 
PIAGET, Jean - Bibliografia e conhecimento: ensaio sobre as relações entre as regulações orgânicas e os processos cognitivos.

BRONFENBRENNER, Urie - A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados.

KREBS, Ruy Jornada - Urie Bronfenbrenner e a Ecologia do desenvolvimento Humano.

Notas da professora Carmem Luísa Mello Pereira.    



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