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Piper Music - �ndios Fulni-�

m�sica tradicional dos �ndios fulni-�  

Os Fulni-� (o povo que vive ao lado do rio, em portugu�s) t�m seu local de moradia no munic�pio de �guas Belas, junto � cidade de mesmo nome, a uma dist�ncia de 237 km, do Recife.                                                            A reserva ind�gena, com uma �rea de aproximadamente 11,000 hectares tem particularidades que a distinguem das outras existentes no Estado. Enquanto as demais comunidades vivem no meio rural, a reserva Fulni-� tem no seu centro geogr�fico a cidade de �guas Belas, sede municipal, com uma popula��o de aproximadamente 8 000 habitantes. A reserva � ainda cortada por uma rodovia federal, a BR 423.                                              Somente a partir do s�culo passado pode-se falar com seguran�a da hist�ria dos Fulni-� e em particular no que se refere �s terras que ocupam. De como viviam em �pocas anteriores, sabe-se, ou apenas pode se presumir, atrav�s dos estudos sobre os �ndios nordestinos em particular na pesquisa de Olympio Costa Junior.Segundo este autor, os �ndios Fulni-�, tamb�m conhecido por Carnij� ou Carij�, seriam possivelmente remenascentes de uma tribo cuja denomina��o mais antiga era a de Carapat�. N�o teria sido este o �nico grupo ind�gena a ter seu nome mudado, e com esta primeira identifica��o ocupavam terras na Serra do Comunati, no munic�pio de �guas Belas, onde foram catequizados de 1681 a 1685. Tamb�m se estabeleceram por longos per�odos nos locais onde posteriamente se desenvolveram as cidades de Caruaru, Gravat�, Taquaritinga e Brejo da Madre de Deus.Referencias mais detalhadas sobre estes �ndios, j� denominados Carnij�, surgirem a partir de seu aldeamento num �nico local, em �guas Belas. Com direito a duas l�guas em quadro, concedidos por Carta R�gia de 5 de junho de 1706, a aldeia de �guas Belas ou de Ipanema reunia, em 1749, 322 �ndios, havendo entre eles um mission�rio do h�bito de S�o Pedro.Pouco mais que um s�culo depois, em 1855, a popula��o da aldeia era de 738 indiv�duos em cujas terras viviam tamb�m arrendat�rios brancos ocupando as melhores �reas das f�rteis terras ind�genas.J� anteriormente os mesmos �ndios haviam cedido ilegalmente parte de sua propriedade ao patrim�nio da igreja, sendo os terrenos arrendados pelo p�roco a uma popula��o branca que construiu suas casas no entorno da igreja e a partir de onde se desenvolveu a cidade de �guas Belas. Foi tamb�m na mesma �poca que surgiram os primeiros incidentes entre �ndios e invasores de suas terras.                                         Com o crescimento do povoado dentro de terras ind�genas e as crescentes investidas dos brancos culminaram, no ano de 1860, em conflitos t�o graves que o governo imperial, por aviso de 4 de novembro de 1861, determinou a extin��o da aldeia. Esta medida, entretanto, n�o teve execu��o, e no ano seguinte, novas orienta��es foram dadas ao governo provincial para a distribui��o de lotes de terras aos ind�genas.Somente a partir de 1877 foi efetivada a demarca��o das terras. Dados existentes no Arquivo P�blico de Pernambuco confirmam, com aproximadamente, os 11 000 ha. De superf�cie da atual reserva, que foram, naquela �poca, divididos em 427 lotes sendo 320 de aproximadamente 30ha e 107 de tamanhos diversos. Dos primeiros, uns n�meros de 140 foram distribu�dos �s fam�lias ind�genas e demarcou-se tamb�m a �rea de aproximadamente 80ha pertencentes � igreja e localizada quase no meio da reserva.                                                                  N�o cessaram, entretanto, os conflitos e por volta de 1916, era t�o grande a hostilidade entre os Fulni-� e a popula��o de �guas Belas que cresceu em redor da igreja, que os �ndios foram compelidos a se afastarem para um quilometro adiante do antigo aldeamento onde est�o instalados at� hoje.N�o existe escritura das terras, mas a forma como foi dividida permanece inalterada segundo planta existente no Posto Ind�gena localizado na aldeia. Do mesmo modo, os �ndios mantiveram o costume de arrendar suas terras, o que permitiu a perman�ncia das mesmas fam�lias, durante anos, na �rea de dom�nio ind�gena. Afora o relacionamento pouco amistoso entre os �ndios e a popula��o de �guas Belas, a presen�a dos arrentad�rios parece come�ar a se constituir em fonte de atritos. Entre muitos das fam�lias ind�genas entrevistadas, sente-se o desejo de tornar a ocupar os lotes arrendados, o que tudo indica, n�o � do interesse dos civilizados. A aldeia, que abriga uma popula��o de aproximadamente 4 000 �ndios, tem car�ter essencialmente urbano e � praticamente ligada � cidade, servindo-se inclusive dos seus sistemas de abastecimento de �gua e eletricidade. N�o existem cercas ou qualquer outra forma de delimita��o da aldeia, e apenas um riacho a separa da malha urbana de �guas Belas.                      At� a d�cada dos trinta, os Fulni-� faziam uso exclusivo da palha de ouricuri na feitura de suas casas. A partir da interven��o do Servi�o de Prote��o ao �ndio � SPI, com a funda��o do Posto Ind�gena Dantas Barreto, a aldeia ganhou o tra�ado urban�stico atual, e certamente perdeu qualquer tra�o cultural por ventura naquela �poca ainda existente quanto ao modo de habitar. Al�m do material empregado, os entrevistados nada sabiam a respeito da forma das antigas moradias. Atualmente, nenhum tra�o resta nas edifica��es que se possa identificar como fruto de uma civiliza��o ind�gena. A aldeia � composta de habita��es individuais de taipa ou alvenaria semelhantes as das popula��es pobres do Nordeste, tanto no tamanho quanto no programa, nos materiais empregados e na apar�ncia.                                                                                                                                                     A disposi��o das casas e o tra�ado das ruas fazem da aldeia uma vila popular anexa � cidade de �guas Belas. O seu centro, um grande espa�o retangular desprovido de qualquer tratamento urban�stico � n�o h� meio-fio, pavimenta��o ou arboriza��o � � definido longitudinalmente por dois alinhamentos de casas e limitado nos extremos, por tr�s edifica��es de porte: ao sul, uma igreja cat�lica, e ao norte, o Posto Ind�gena e a escola local. Nestas ruas principais, nota-se que a maior parte das casas foram ampliadass, e novas materiais, em substitui��o � taipa e � palha, foram empregados conforme as posses do morador.  A maioria � de alvenaria com piso de cimento, mas � medida que se afasta do centro aparece com mais freq��ncia pequenas casas de taipa de ch�o batido e quase sempre em p�ssimo estado de conserva��o.                                                       Na maior parte das casas, segue-se o modelo tradicional popular de planta retangular com os quartos alinhados de um lado e, no lado oposto, dispondo-se a sala e cozinha atrav�s dos quais � feita a circula��o desde o terreiro at� o quintal. A descri��o � de uma edifica��o estritamente residencial, mas � neste mesmo espa�o que se desenvolve o trabalho artesanal que ocupa a maior parte dos membros das fam�lias. Apenas duas casas visitadas tinham sido reformadas para a cria��o de local de trabalho de trabalho e venda dos produtos. Nas demais, o trabalho � desempenhado na sala ou na cozinha. N�o h� local espec�fico para o armazenamento do material de trabalho, e a secagem da palha usada � feita no terreiro de ch�o varrido.                                                     N�o existem estabelecimentos comerciais na aldeia com a exce��o de uma pequena mercearia e das lojas de artesanato. O com�rcio e a feira semanal de �guas Belas atendem aos moradores da aldeia. Al�m da aldeia, a comunidade tem ainda na reserva um segundo local de moradia, no qual permanece durante os tr�s meses dedicados aos rituais do Ouricuri. Esta povoa��o, de uso tempor�ria e tamb�m chamada Ouricuri, dista cerca de 6 km da aldeia, sendo ligada a esta por prec�ria estrada de terra. Dado o seu car�ter de moradia tempor�ria, at� alguns anos atr�s toda a comunidade se abrigava em pequenas casas de palha de ouricuri refeitas a cada ano. Segundo observa��es do cacique, o consumo da palha � no artesanato e na feitura das casas tanto na aldeia quanto o Ouricuri � fez com que o material se tornasse raro nas imedia��es, obrigando os ind�genas a caminhadas cada vez mais longas em busca das palmeiras hoje praticamente inexistentes na reserva.             Por conta da escassez e da pequena durabilidade da palha, as casas passaram a ser constru�das em taipa. Esta � a t�cnica construtiva predominantemente usada at� oito anos atr�s, sendo agora feitas por alvenaria. Aparentemente nenhum plano ou hierarquia determinou a disposi��o das moradias no local; n�o h� uma rua principal, e o local de reuni�o da comunidade est� situado na periferia do povoado. Extremamente zelosos quanto aos segredos que envolvem o Ouricuri, os ind�genas n�o deram esclarecimentos sobre a forma inusitada, semelhante a um labirinto, do povoado. Sabe-se, entretanto, por informa��es vagas, que o tra�ado urbano do Ouricuri e a localiza��o das moradias � rigidamente determinado pelos cl�s a que pertencem as fam�lias. O ajuntamento de casas e o tra�ado das ruas pare�am funcionar como uma barreira � penetra��o de estranhos no local dos rituais, este a pr�pria raz�o da exist�ncia do povoado. Trate-se de um espa�o aberto relativamente pequeno, onde existem dois galp�es toscos com cobertura de telhas montada em paus fincados no ch�o. Entre os dois abrigos est� o juazeiro sagrado do ritual do  Ouricuri. As habita��es s�o extremamente prec�rias e de dimens�es reduzidas. Sup�e-se que divis�es internas s�o poucas ou inexistentes, como o s�o tamb�m as aberturas para ventila��o e ilumina��o. N�o disp�em de quintal e t�m apenas um acesso e uma ou duas janelas na fachada principal; as paredes s�o quase sempre desprovidas de reboco e os pisos s�o de terra. Considerando-se o n�mero de pessoas a serem abrigadas, o espa�o dispon�vel, al�m de inadequado, e insuficiente. Entretanto, durante o tempo de perman�ncia no povoado, pelo menos uma parte da popula��o masculina dorme em torno do juazeiro sagrado, nos dois galp�es existentes ou ao relento. Sup�e-se, ent�o, que as casas s�o ocupadas apenas pelas mulheres e crian�as.                                                                              A economia da comunidade Fulni-� baseia-se quase que exclusivamente na agricultura embora a �rea da reserva ind�gena n�o seja extensivamente explorada.                                                                                                  A terra e o seu uso pelo Fulni-� t�m significados bastantes distintos das outras comunidades ind�genas de Pernambuco. Em primeiro lugar, esta � a �nica reserva demarcada pelo S.P.I. cujas terras foram divididos e doados � fam�lias ind�genas sob a forma de lotes individuais, com cerca de 30 hectares cada. Entretanto, como n�o foi adotado nenhum sistema de redistribui��o que acompanhasse a din�mica do crescimento familiar, a simples passagem da posse do lote, de pai para filho, gerou a exist�ncia, hoje, de �ndios sem terra, em detrimento de outros com posse de v�rios lotes.                                                                                             A maior parte dos propriet�rios de lotes n�o cultiva a �rea de que disp�e, preferindo arrenda-la a terceiros inclusive a outros �ndios da mesma comunidade. O sistema de arrendamento foi institu�do pelo antigo S.P.I sendo ainda hoje feito legalmente e por tempo determinado com o controle da Chefia do Posto Ind�gena.                     Os lotes arrendados se prestam tanto para o plantio de ro�ados como para pastagem do gado. A maior parte dos posseiros est� instalada no local h� muitos anos pela renova��o sistem�tica do contrato de arrendamento. Desta forma, uma popula��o de aproximadamente 6 000 civilizados vive em terras ind�genas implantando infra-estrutura e benfeitorias que sugerem um n�tido car�ter de perman�ncia por tempo indeterminado. Este fato permite antever um grave problema entre os �ndios e estes brancos, desde que j� se faz sentir faz na comunidade ind�gena, o desejo de retomar a posse das suas terras. Os lotes arrendados aos civilizados s�o aqueles localizados na regi�o mais f�rtil da reserva, especialmente onde a �gua � perene. As culturas principais s�o feij�o, milho, macaxeira e uma variedade consider�vel de frutas, podendo ser observada ainda alguma atividade pecu�ria. Pelo arrendamento desses lotes, o propriet�rio da terra recebe anualmente a quantia de R$ 150,00 por ha. Enquanto os lotes usados para pastagem s�o arrendados a R$ 100,00. Pelo exposto, deduz-se que uma fam�lia ind�gena percebe cerca de R$ 312,50 mensais por lote agricult�vel de 30 ha. (pre�os de janeiro de 2002). Como a distribui��o da terra � atualmente bastante irregular tanto em rela��o ao n�mero de lotes por fam�lia como na qualidade do solo e ainda considerando que nem todos os �ndios t�m lotes arrendados, conclui-se que a renda familiar � tamb�m desigual. Isto se torna mais evidente quando se observa a qualidade das habita��es, m�veis e utens�lios dom�sticos e outros par�metros relacionados com a renda familiar.                  As terras f�rteis sendo usadas preferencialmente para arrendamento, restam aos ind�genas as �reas mais �ridas que s� possibilitam uma agricultura de subsist�ncia. Vale ressaltar que a express�o �terra f�rtil� � usada aqui para nomear as por��es de terra mais pr�ximas aos mananciais d��gua e em particular � faixa de terra na periferia norte da cidade de �guas Belas, no �p� de serra�. Fatores como condi��es clim�ticas desfavor�veis, t�cnicas rudimentares e uma aparente inaptid�o para o trabalho agr�cola, al�m da falta de assist�ncia sistem�tica para o desenvolvimento da agricultura, est�o entre as causas mais evidentes para a ociosidade de grande parte das terras ind�genas.                                                                                                              Informa��es obtidas atrav�s contatos na aldeia e na chefia do Posto n�o foram suficientes para se ter uma id�ia da import�ncia da produ��o agr�cola, embora se saiba que h� uma comercializa��o incipiente dos produtos pelos ind�genas. Pequenos projetos agr�colas s�o tentados pela FUNAI quando h� perspectivas de chuvas na regi�o e, segundo informa��es dos �ndios, a substitui��o de v�rios arados de tra��o animal por um �nico trator, numa tentativa da FUNAI de dinamizar a agricultura, nenhum melhoria proporcionou � atividade agr�cola.                    Uma s�rie de atividades de baixa remunera��o s�o tamb�m desempenhadas pelos �ndios para complementar, a declarada baixa renda familiar. Entre estas atividades o artesanato tem grande destaque. Embora n�o tenha sido poss�vel uma avalia��o incipiente dos produtos, a import�ncia da atividade � evidente pelo n�mero consider�vel da popula��o que a ela se dedica. O artesanato desenvolvido pelos Fulni-� se restringe basicamente ao uso da palha de ouricuri, como j� foi referido, � atualmente escassa, sendo sua aquisi��o, cada dia mais dif�cil e onerosa, freq�entemente atrav�s de fornecedores do Estado de Alagoas.                                                         A participa��o masculina no trabalho � mais restrita � coleta da mat�ria prima, enquanto as mulheres se ocupam do tratamento do material a da elabora��o dos objetos. N�o existe local espec�fico para o desempenho do trabalho; tanto a cozinha como a sala ou a cal�ada � usada como oficina, notadamente por adultos sentados no ch�o. Entre outros coment�rios, alguns artes�es citaram a falta de interesse atual dos jovens pela atividade artesanal, como tamb�m a necessidade de um esquema que possibilite um melhor escoamento da produ��o. A comercializa��o � feita na feira de �guas Belas, nos s�bados, ou na pr�pria aldeia na resid�ncia dos artes�es, dos quais pelo menos quatro tiveram as salas transformadas em pequenas lojas. Atende-se tamb�m a encomendas volumosos as mas espor�dicas de compradores do sul do Pa�s, ou tenta-se a venda quando alguns caboclos v�o ao Recife. Quanto � qualidade dessa produ��o artesanal, pouco diversificada e pouca criativa, destaca-se apenas o tran�ado de palha ou de fibra em alguns tipos mais elaborados de esteiras e tapetes. Entretanto, das comunidades ind�genas visitadas, � sem d�vida entre os Fulni-� que o artesanato tem maior express�o. Embora n�o tenha sido poss�vel uma avalia��o do valor de produ��o, a import�ncia da atividade � evidente pelo n�mero consider�vel de pessoas que a ela se dedica. O artesanato � a principal fonte de complementa��o da renda familiar que, apoiando-se nas declara��es obtidas, � fundamentada no arrendamento das terras. Mesmo sem um conhecimento preciso da capacidade aquisitiva atual dos Fulni-�, pode-se afirmar com certa seguran�a que nas duas �ltimas d�cadas houve uma melhoria sens�vel na qualidade de vida da comunidade. Esta afirmativa � apoiada na an�lise de pelo menos um levantamento realizado entre os ind�genas na d�cada dos sessenta. Segunda esta fonte, em 90% das habita��es, o mobili�rio era o que havia mais rudimentar, constando apenas de um banco, de uma ou duas camas de vara, esteiras de palha e um pil�o. Para v�rias moradias, hoje, esta descri��o de extrema pobreza ainda � v�lida; no entanto, para a maioria, pode-se observar uma melhoria consider�vel, destacando-se um pequeno grupo com um padr�o de vida acima da m�dia da aldeia. Nas casas desta minoria s�o encontradas com freq��ncia m�veis de f�rmica e estofadas de pl�stico nas salas, camas do tipo patente nos dormit�rios e raras geladeiras. Nas cozinhas, o fog�o rudimentar de trempe perde para o de alvenaria, usando-se lenha ou carv�o como combust�vel.                                                        A aldeia possui at� mesmo alguns aparelhos de televis�o como sinais de ascens�o econ�mica de algumas fam�lias. Entretanto, observa-se um nivelamento quanto aos aspectos de higiene e sa�de, determinando principalmente pela precariedade do abastecimento de �gua � popula��o tanto na aldeia quanto no Ouricuri.                            A aldeia � ligada ao sistema p�blico de capta��o e distribui��o de �gua que serve � cidade de �guas Belas. Este sistema, entretanto, n�o atende satisfatoriamente sequer a cidade, e a aldeia, aparentemente pro conta da topografia local, � um das partes mais afetadas. Apesar desta infra-estrutura, de fato, n�o existe atualmente �gua na aldeia, estando o �nico chafariz p�blico desativado h� muito tempo. Aliando-se a falta de �gua ao baixo poder aquisitivo da popula��o e, possivelmente, a um fator puramente cultural, raras s�o as casas que disp�em de instala��es hidr�ulicas e sanit�rias.                                                                                                           Existem alguns sanit�rios instalados pela FUSAM, prec�rios e pouco utilizados pela popula��o, e a �gua pot�vel consumida � coletada em qualquer torneira dispon�vel na cidade e transportada em latas na cabe�a at� a aldeia. Para higiene corporal e lavagem de roupa, a comunidade utiliza-se do riacho que separa a aldeia da cidade. A �gua, entretanto, � altamente polu�da, pois ao atravessar a cidade, o riacho recebe detritos urbanos de toda ordem. No Ouricuri, mesmo desconhecendo-se o comportamento da popula��o durante sua perman�ncia no povoado, � evidente a precariedade das condi��es sanit�rias. Este per�odo anual compromete seriamente a sa�de da comunidade que, segundo um declarante, �volta tudo doente para a aldeia�. O maior foco de doen�as parece estar situado na �nica fonte de abastecimento de �gua local � um barreiro polu�do de pequena capacidade de armazenamento � que obriga a popula��o a levar �gua em latas desde a cidade, utilizando-se qualquer meio de transporte dispon�vel. Embora apontado pela popula��o como sendo o seu problema mais grave, � qualidade da �gua pode-se acrescentar as condi��es prec�rias das moradias como motivo para as doen�as que acometem quase todos � gripe, doen�as da pele e dos olhos e verminoses. Apesar de classificada como uma �comunidade urbana� e, portanto mais vulner�vel � perda dos tra�os da sua cultura, os Fulni-� surpreendem o visitante exatamente pela manuten��o de elementos importantes do seu patrim�nio cultural, ao contr�rio do que ocorre em outras comunidades visitadas                                                                              Al�m da convic��o de serem �ndios, fato comum a todos os remanescentes ind�genas de Pernambuco, os Fulni-� mant�m o Yaath� como dialeto falado. Sendo bil�ng�es, reservam o idioma portugu�s mais para a comunica��o com estranhos, e quando entrevistados em grupo, freq�entemente pareciam esquecer a presen�a dos pesquisadores e conversavam entre si na l�ngua tribal, emitindo opini�o somente ap�s a tradu��o ou coment�rio feito por outro ind�gena presente. Algumas crian�as, entretanto, para desagrado dos pais, atualmente reagem ao uso da l�ngua tribal. Por este motivo, os adultos demonstravam entusiasmo com a ado��o da l�ngua Yaath� no curr�culo escolar.                                                                                                                                        Os Fulni-� mant�m-se fies ao culto do Juazeiro Sagrado, e toda a comunidade se desloca para o povoado chamada Ouricuri onde permanece durante os meses de setembro, outubro e novembro, cercados inclusive de certo aparato de seguran�a para evitar a presen�a de brancos curiosos, respons�veis por relatos fantasiosos na regi�o a respeito dos rituais. Ao contr�rio dos desprendimentos com que demonstram o uso da l�ngua nativa, os ind�genas s�o extremamente reservados quanto ao cerimonial. Informaram apenas sobre a participa��o exclusiva da popula��o masculina, n�o sendo permitida a presen�a das mulheres, em qualquer �poca do ano, no local dos rituais, isto �, o terreiro em torno do Juazeiro Sagrado. O culto tem tal import�ncia para os Fulni-� que, segundo declara��es do Cacique, at� mesmo alguns ind�genas n�o mais residentes na aldeia deslocam-se desde o Recife ou S�o Paulo por ocasi�o do cerimonial.                                                                                                     Outros elementos culturais podem ser observados ou meramente citados � falta de conhecimento mais aprofundado dos usos e costumes dos Fulni-�. O sincretismo religioso originado do trabalho de catequese por mission�rios e da ado��o de cren�as comuns na cultura brasileira fazem parte dos Fulni-�, cat�licos praticantes, que n�o raro adornam suas casas com estampas e imagens de lemanj� e S�o Jorge, enquanto cultuam o Juazeiro Sagrado.                                                                                                                                          Sabe-se, por refer�ncias bibliogr�ficas, que a popula��o � dividida em cl�s hierarquizados, mas de sua organiza��o pol�tico-social sobressaem apenas as figuras do cacique e do paj� cuja atua��o, sup�e-se, � mais forte nos cerimoniais. Ao n�vel da comunidade e de suas rela��es com a sociedade envolvente, aquelas autoridades tradicionais assumem hoje a fun��o de meros intermedi�rios entre a comunidade e o chefe do posto da FUNAI.          

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