Maria das
Graças Leal Lara
Salvador
BA
O
MACHÃO
Desde que Florinda veio para a cidade
grande que sua vida virou um inferno. Edgard seu marido, foi
promovido e transferido para a matriz. Sua firma era grande,
iria ocupar um bom cargo. Seu padrão de vida tinha mudado, e a
sua “cabeça” também. Seu amado estava cada dia mudando mais,
depois então que conheceu Jorge... Era “happy hour” todos os
dias. A 5ª feira, então, nem se falava. Era o dia da semana
dedicada ao homem “casado”. Sim, do casado, pois final de
semana era com a “matriz”, “dona encrenca...” “a
esposa”segundo o descarado do Jorge, se é que ele tinha
matriz, pois trocava de mulher como se trocava de roupa. Já
estava no seu trigésimo casamento. Mulher para ele passou dos
trinta “era coroa”, “bofe”, “chupa molho”. Teria que ser
trocada. “Capim
novo” sim é que dava tesão. Ah!... cocotinha ,“avião”,
“filet”, e o pior é que no escritório era o líder. Todos
estavam trocando suas mulheres de 40 por duas de 20. É,
segundo o idiota só mulher é que envelhecia, com celulite,
flacidez. Não via que ele estava pior do que as mulheres da
sua idade, todo pregueado, com aquela barriga imensa de
“chop”. As coisas que falava e fazia só serviam para deixá-lo
ainda mais feio. Sua feiúra interna, espiritual estava se
exteriorizando a cada dia que passava, pela sua falta de
respeito, deboche, que tinha pelo “sexo frágil”. Parecia até
que o infeliz não possuía mãe. Mas Florinda sentia pena. Não
era culpa só do Jorge não. A mídia estava aí, permitindo que
entrevistas, contos, crônicas imbecis fossem publicadas. Tinha
até lido no outro dia em um jornal de bastante circulação na
cidade, uma crônica em que o autor, crente que estava abafando
escreveu: “Homem de 50 era charmoso e que mulher de 50 não,
era velha mesmo” Pois é, o Jorge com aquela personalidade
fraca, vendo e ouvindo tantas “baboseiras” e “futilidades”, só
podia ficar assim. Os veículos de comunicação por aí
invertendo valores. Segundo o machão do Jorge, “pobre” de
espírito, só dinheiro, poder, mulheres jovens e lindíssimas é
que tinham valor. Soube até que ele tinha dado uns tapas no
filho que morava com ele, por pedir-lhe para deixar a
escolinha de futebol, alegando que queria fazer Letras, que
estava gostando muito de Literatura. Jorge ficou furioso e
falou: “E logo Professor? Por acaso você sabe quanto ganha um?
O que adianta ter um diploma e estar aí passando fome? Quero o
melhor para você: dinheiro, poder, mulheres lindas, carrões,
mansões... Ah! Mulheres lindas! Você pensa que eu não vi seu
olhar de “galinha quando vê minhoca” em cima daquela loura?
Fiquei todo alegre... puxou ao pai... E agora você vem com
esta...? Tem que ser jogador de futebol”!
Florinda acidentalmente ficava sabendo de tudo o que
acontecia naquele escritório. Ficou até sabendo que a última
mulher do Jorge, com a separação tinha caído em uma bruta
depressão. Já estava com quase 35, teria que ser trocada, e o
micróbio ainda ficava “tirando onda” no trabalho, dizendo que
a mãe tinha passado açúcar em lugar do talco, quando ele era
pequeno. Por isto era tão gostoso!
É...
mas Florinda não iria permitir que aquele “germe” viesse
destruir sua longa união com seu querido Edgard. Ela ainda o
amava muito, e aquela amizade malévola não iria tirar sua
harmonia conjugal, isto não. O Edgard estava mudado, achava
até que ele já estava também trocando-a por uma mais nova.
Mas... Com ela não! O “bem” sempre venceu o “mal” não iria ser
agora que ela deixaria inverter estes valores. Iria á luta,
salvaria Edgard nem que tivesse de ir ao inferno para
resgatá-lo... Teria até que tirar passaporte falso, pois seu
passaporte não daria acesso ao referido lugar, aquela cidade
“sem luz”, devido seu elevado nível espiritual.
Precisaria ser rápida e começou a traçar toda a estratégia.
Seria naquele dia. Já tinha arrumado tudo. Mandou as crianças
para casa de Lucinha, sua irmã, e começou a preparar o
ambiente.
Quando
Edgard chegou nem reparou que ela estava diferente, sedutora,
toda produzida. Foi logo perguntando pelas
crianças...
Seu
vaporoso “peignoir” escondia com todo requinte peças
íntimas de extremo bom gosto, e cautelosamente escondidas. No
quarto, cama arrumada com todo esmero, lençóis lindíssimos de
uma seda nunca vista, almofadas luxuosas por todos os lados,
aromas, elaboradas especialmente para aquela ocasião.
Climatização perfeita. Cestas de flores com vinhos, iluminação
suave, até pétalas de rosas rubras acabavam de dar um toque
todo romântico à alcova. Pois é. Tudo, tudo imitando a novela
das oito. Ostentação de riqueza, luxúria. Uma voz interna a
criticava: “Até você...? E ela calmamente respondia: Fique na
sua. Ou eu acompanho o ritmo da música do momento ou eu
“danço”, e deixe “a atriz” entrar. Tenho que trazer o
Edgard...
Edgard
mal escondia seu espanto. Depois de demorado banho
com sais aromáticos de função relaxante, uma massagem
antiestressante e suavemente sexy estava quase complementando
aquela etapa...
Conduziu-o
até à cama e com o ar de extrema naturalidade tirou o
“peignoir”. Tamanho não foi o susto do Edgard. O “lingerie”
era quase que a mesma à daquela artista da TV que os homens
ficavam babando, só com um detalhe: um poucochinho mais
discreto. Também assim já era demais, né? Vulgar,
não...
Puxou-o
para si e com a voz rouca e sensual (igual a da referida
artista citada acima), falou: Vem Edgard deixe-me
“come-lo”!
Edgard com os
olhos esbugalhados, mal conseguia falar. A voz não saia,
estava sonhando.
Não, aquela
não era a “sua” Florinda, tão tímida, pura, meiga, pacata e de
repente seduzindo-o daquela maneira...
Finalmente
conseguiu falar:
-“Querida
você está bem...? Colocou a mão na sua testa, para sentir a
temperatura. “Será que ela está
delirando...?”
Mas
Florinda não queria acordo e continuou repetindo:
-Vem amor, quero “comê-lo...”
Ainda
assustado, falou para “seus botões”: Bem... Se for sonho mesmo
vou curti-lo... Só queria ver se fosse o Jorjão que estivesse
ali se iria perder aquela...?
-
Florinda... hum!... Florinda, desde quando mulher
“come” homem?
-Hoje vou mostrar-lhe que “come”. Acho um absurdo estes
“machões de carteirinha” chegarem em plena televisão e, sem o
menor pudor dizerem que já “comeram”
várias...
Diga-me uma
coisa com sinceridade: Jorge, nunca falou isto não... ? Pois é
amor, até nosso próprio filho, que orientamos com todo cuidado
chegou dizendo no outro dia que Carlos, seu colega, tinha
“comido sua primeira galinha...” Desde que o mundo foi mundo
sempre a mulher “comeu” o homem...
Algumas já
estão até conscientes. No outro dia mesmo
encontrei com uma ex-colega e falando sobre frutos do mar, ela
disse que já tinha comido todos e que o único fruto do mar que
ela não tinha ainda “comido” era marinheiro, pois a profissão
do seu marido é outra. Agora, responda-me, quem possui:
Vagina-cavidade, abertura, canal musculomembranoso pelo qual
“se ingere” (boca). Grandes e pequenos lábios. Clitóris
(língua), glândulas, produção de secreção (glândulas
salivares, saliva). E aí... Vai dar logo a “calabresa”? Já
estou com água na boca, salivando.
-
“Florinda, Florinda, você está muito sabida, mas uma coisa
devo admitir, você tem toda razão”.
-
“Agora me diga: como é que o Jorge, casado trinta vezes tem
realmente condições de conhecer verdadeiramente uma
mulher?”.
Isto é prova
da sua incompetência masculina de prender e conhecer
profundamente uma mulher. É por isto que ele desrespeita tanto
suas mulheres, o erro está nele mesmo...
É... Naquele
dia celebraram o amor como nunca. Mas, virou-se várias vezes
na cama, sem parar de coçar a cabeça. Será que a Florinda
estava dando-lhe “chifre”? Pois segundo Jorjão, alto
conhecedor de mulheres, mulher vai ficando sabidinha, estava
aprontando!
Com ele não,
mulher era ali no “eixo”, nenhuma lhe botaria um chifre.
“Encucado”, Edgard estava chegando mais cedo do trabalho. De
vez em quando chegava fora de hora. Será que não era medo de
encontrá-la com outro???
Não.
Ela não o estava traindo. Ele sentiu medo de perdê-la,
percebeu que só se dá valor ao que tem quando está preste a
perder. Passou a chegar sempre no horário e com um olhar
cúmplice dizia:
-
“Querida, a calabresa está no
ponto...”
-
Uau! “Não fala assim não amor... hum! Já estou
babando...”
E...Edgard
voltou para seu grande amor!!! Certa noite chegou preocupada
com Jorge, pois todos no escritório estavam fazendo chacotas
com o coitado: Seu filho com a louríssima de olhos azuis. É
que ele não parava de gabar. Nasceu! só que em vez de ser “um
caleguinho de olhos azuis”, era “um neguinho de olhos
castanhos”. Mas Jorge todo satisfeito com o rebento, falava
que ele tinha “puxado” a seu tataravô que era negro, raízes
africanas...
Enfim sua
cocotinha, seu “filet”, lhe confessou que o filho não era seu
e sim de um negão famoso jogador de futebol. Seu “avião” era
uma “Maria chuteira” e foi viver com o pai endinheirado de seu
filho...
Pois bem o
Jorjão “se lascou”, “se lenhou”, “se fu...”, vocábulos
pertencentes ao seu próprio repertório. É, já era sua descida
do pedestal...
Florinda
e Edgard solidários continuaram juntos ao pobre coitado,
chifrudo...
Em plena
madrugada receberam um telefonema. Era Jorginho pedindo
socorro, pois estava com dores alucinantes. Lá se foram, e
depois de inúmeros exames, foi constatado um sério problema da
próstata e que ele teria que ser submetido a uma delicada
intervenção cirúrgica. Pois é, sempre relutou em fazer o
preventivo, e todo arrogante falava aos colegas:
- O
meu é “virgem”... Nunca vou “tomar” não... Sabia-se que algum
colega fazia o tal preventivo, caia de gozação em cima do
coitado...
É... Agora
estava ali...
E Florinda
sem maldade só para relaxar um pouco o coitado,
falou:
-
Calma Jorge “agora vai tomar”. Mas, tudo vai dar certo... Você
ainda irá ser “comido” por muitas... Jorge e Edgard olharam
surpresos, e com um sorriso amarelo, Jorge
acrescentou:
- É,
Florinda agora quero ser “comido” só por uma, madura e
compreensiva. E olhando para uma “ex” que tinha ido
prestar-lhe solidariedade... Piscou o
olho...
Finalmente “o
machão” aprendeu a lição... Até o linguajar tinha
mudado...
Mulher
madura... E não “capim
velho...”
É isto
aí... A Florinda salvou seu
casamento e resgatou uma alma do inferno.
É...
Florinda, mulher “retada”. Mostrou o que é que a baiana
tem...!
A baiana não
“sacode” só “bumbum”, mas “cabeça” também.
CAROS
LEITORES: Para aqueles mais moralistas que não compreenderam a
Florinda, que a criticaram, só uma observação: Lembrem-se que
ela estava disposta a ir até o inferno para salvar o seu amor!
E foi por justa causa resgatar valor perdido! Era o amor,
sentimento tão nobre, tão sublime que estava em jogo, teria
que resgatá-lo, não poderia deixar de jeito algum que jogassem
lama nele. E lá se foi Florinda no ritmo do momento, junto com
a mídia, na “boquinha da garrafa”, sacudindo o “bumbum”, mas,
não esquecendo de sacudir sua intelectualidade, sua
“cabecinha”.
*
REVOLTA E MUDANÇA DE
AMÉLIA
“Amélia
não tinha a menor vaidade, Amélia é que era a mulher de
verdade!”.
Será mesmo? Ou era
apenas um protótipo da “mulher submissa” criado pelo homem
“machão” simplesmente para servi-lo?
Trancafiada dentro
de casa com as mais tradicionais desculpas como: lugar de
mulher é dentro de casa, “a rainha do lar”, cozinhando,
lavando, passando, costurando...
Sexo?
Sim, ela tinha, claro, o “seu homem” cumpria com “seus deveres
maritais”, mas, ai da mulher que por descuido deixasse
escapulir um “gritinho” de prazer; receberia um “tapa na cara”
sob alegação de que vagabunda, escolada (cheia de experiência)
é que reagia assim a este prazer carnal, mundano! E também,
sexo, só debaixo dos lençóis, às escondidas. Amélia era a
mulher ideal, mulher de verdade, a puritana, sem vaidade,
filha de família, feita para ser a mãe dos seus filhos, a
tímida, a séria, a mulher direita, a matriz segundo eles; sim,
“matriz”, porque as “nigrinhas”, as “muquiranas”, as
“quengas”, as “fáceis”, as “putas”, estas, só serviam como
“filiais” para as “vadiagens”, as orgias! “PUTO”, masculino de
“PUTA”, não existia; este predicado era só da mulher devassa!
O homem não! É bígamo por natureza! Possui mais hormônios...
Pode ser devasso e, existem várias desculpas esfarrapadas para
inocentá-los!
Um
pai machão quando educava um filho (macho) dizia: “Caiu na
rede é peixe”, filho; “quem tiver suas cabras que as prenda,
pois o meu bode está solto!” “Come todas!” Solta toda a “gala”
(esperma) represada!
Já os descarados,
que por “castigo” só tivessem filhas (fêmeas)... Ah! Ficavam
neuróticos, com medo de que fizessem com as deles o que eles
tinham feito com as do outros! “Bode” nenhum “paparia”,
“comeria” suas inocentes “cabritinhas”! As suas não! As do
vizinho tudo bem, mas as suas não!
O “sexo
todo poderoso” podia freqüentar os cafés, os teatros, os meios
intelectualizados, mas, sua “esposinha” não! Ela não entendia
de cultura, era um ser medíocre, inferior e, através de
inúmeras piadinhas, ridicularizava as pobres filhas de Eva,
que possuíam cérebro de macaca, sem juízo, irracionais, cabeça
vazia ou preenchida com “titica” de
galinha...
Altas
rodas intelectualizadas, só para homem! “Clube do Bolinha:
menina não entra!” Aliás, mulheres podiam freqüentar sim,
a
serviço, os puteiros, castelos, zonas, bregas, cabarés,
“maison de rendez-vous”, usadas como objetos de prazer por
muitos coronéis ricaços, grandes cacauicultores prepotentes
que viviam com sofistificação exagerada,
sem pensarem no futuro...É...Que também seriam
“comidos”, depois, por uma poderosa “puta bruxa velha”
conhecida como: “Vassoura-de-bruxa” que de bela, chique e
gostosa nada tinha!
Bem,
vamos logo conhecer a história do Dr. Stanislaw e da
Amélia.
O Dr. Stanislaw era
um conceituadíssimo advogado; bigodão austero, óculos
(italiano), pasta também importada de pelica, davam-lhe ainda
mais um ar de puro poder e intelectualidade!
Amélia, sua esposa,
prendada e dedicada, a “mulher de verdade” tinha feito
magistério; o máximo a que uma moça casadoira podia chegar!
Carreira científica? Há! Há! Há! Às Mulheres, só prendas
domésticas (culinária, corte e costura...). A esposa do Dr.
Stanislaw era uma exímia cozinheira (forno e fogão), pois,
segundo a cultura da época, homem “se pegava”, se segurava,
“se prendia” pela boca!
A
Amelinha tocava piano divinamente bem! As moças bem dotadas
daquela época tinham que dominar o teclado se quisessem
impressionar e não ficar para “titias”, “solteironas”,
“moças-velhas”, “encalhadas”; corrida do ouro! Atrás das
presas! Era preferível mil vezes ficar “solteirona”; era mais
digno, mais honesto, menos estressante! “Antes só que mal
acompanhada”, se bem que muitas preferiam ficar mal
acompanhadas...Bem, não vamos discutir, só “o divã do Dr.
Freud” é que pode analisá-las!
O nosso
casal possuía dois frutos desta calma união: o Gervásio, o
nanico, vírus sacaninha, pequeno em todos os aspectos, tinha
puxado à avó paterna Célia, uma cobra peçonhenta,
“verruguenta”, que alfinetava todo mundo, fofocando,
intrigando sempre-destilando seu veneno; depois, com um cara
de santa, “saia de baixo”, deixando “o circo pegar fogo!” Que
mulher amarga, tóxica, bactéria patogênica! Nestas alturas já
estava assessorando, como vice-diretora o Dr. Satanás,
“Satânico”, como ela o chamava
carinhosamente! A vovó do Gervasinho possuía as duas
modalidades de feiúra: a interna (espiritual) e a externa
(física)! É, queridos leitores, quando se possui uma beleza
física e uma feiúra interna, por ser interna, espiritual,
domina mais e começa a exteriorizar-se e, a beleza física, que
é efêmera, desaparece e a pessoa através de atos e ações
começa a se revelar, mostrar como é feia por dentro e por
fora! Quando ocorre o contrário, quando se é feio fisicamente
e belo espiritualmente, aí a beleza interna (espiritual) vem à
tona e a pessoa torna-se linda por dentro e por fora! É,
amigo, a beleza externa é efêmera; a interna é
perene!
O
Gervásio era “vagal” (vagabundo, preguiçoso); conseguiu depois
de muito, passar em Direito nos “cafundós dos Judas”, mas
logo, logo, graças às “costas largas” do papai, as suas
grandes amizades, influência jurídica e política (pistolão),
conseguiu transferência para a capital, “golpe das liminares”
formando-se “sub judice”; mas, agora não interessa mais; o
bichinho era “Doutor”, e... “A lei não retroage para
prejudicar...”. Porque, senão o baixinho ou voltaria para os
cafundós, ou enfrentaria novo
vestibular!
Sua irmã e oposto
seu, a Maria da Glória, menina teimosa, mesmo contra pai,
irmão e mídia, insistia em fazer a bela e divina carreira
profissional Farmácia-Bioquímica, seguindo sua vocação e a voz
do coração! Os dois caiam-lhe sempre em cima, fazendo gozação
dizendo que somente eles é que eram chamados de “doutores”...
E a Glorinha, que não tinha papas na língua, peitava-os e
calmamente respondia:
-Claro, na concepção
de vocês sim, “um” interiorano metido à besta do 3º mundo e
“outro” “janeleiro” diplomado nas “coxas”! Segundo “uma”
própria colega de vocês, a Cristiane, aquela “loura esnobe de
farmácia”, é óbvio que pensem assim, caros “doutores!” E como
por intuição, já sabendo de alguma coisa dizia:
-Vou abrir um grande
laboratório, de alta tecnologia, “de ponta” para fazer
gratuitamente “teste de paternidade” (DNA) e a Conceição,
amigona de infância, que está fazendo Direito, por amor e
vocação, dará assistência jurídica sem nenhum ônus para
“cobrança de pensão alimentícia!” Vamos “frear” homens machões
descarados, que andam por aí distribuindo espermatozóides, sem
consciência, sem responsabilidade, sem educação! Vai ser
“cadeia”, “xadrez”, “gaiola”, “xilindró”!
-Ah!
Já ia me esquecendo... Pai, a esposa do seu colega,
aquele fútil do Dr. Dilton, ontem apareceu de novo na “coluna
social daquele jornal” anunciando suas temporadas
“novayorquinas”, mais “enfeitada que jegue na Lavagem do
Bonfim!” Há!Há!Há! Pai olha aqui o recorte do jornal:
“...Iraci madrinha do Hospital Infantil...” só que ela gasta
mais com propagandas anunciando suas doações do que as
migalhas que realmente dá!”.
-É, o que tem de
“estrelas colunáveis”, cantores, etc. dizendo serem madrinhas
e padrinhos de tais e tais instituições de caridade... Aí
tem... Estou sentindo um cheiro de coisa podre no ar; vai ver
que é mais um golpe para enganar o “leão” (imposto de renda);
você já viu quem quer ajudar mesmo, com coração puro, sair por
aí fazendo “propaganda”?
É, Castro Alves,
concordo com você: “Quem dá aos pobres, empresta a Deus!”.
Castro Alves,
defensor dos pobres e oprimidos, poeta dos escravos
(excluídos, sem-teto, trabalhadores assalariados,
injustiçados...), grande poeta, “a pobreza e os conflitos
continuam...”.
-Ah! Antes que me
esqueça pai, diga à “perua” da D. Iraci que: “OUT” é dar aos
pobres e doentes com alarde! “IN” é doar com amor,
silenciosamente, sem “marketing”! Esta esnobe adora “importar
vocábulos”, igual á você também pai, que fica por aí só
falando em: “merchandising”, “marketing”, “bluesman”,
“business”, “workshop”, etc. Nossa
língua Portuguesa, tão linda e rica, agora ficam alguns
“metidos à besta”, desrespeitando-a! Mas, eles não vão
conseguir que o nosso idioma perca a sua nacionalidade, sua
identidade!
Eles odiavam a Maria da
Gloria, cujo apelido era “olho de microscópio”, em virtude de
ela andar dizendo que já estava acostumada com microrganismos
e também porque já conhecia muito bem homem descarado,
“macrorganismo patogênico!”
Mas... Vamos voltar
ao nosso casal feliz “de marido e de mulher...” Carnaval
chegando... Alegria, alegria! O Dr.
Stanislaw já tinha até raspado o “bigodão”, com a mesma
mentira de todos os carnavais: o barbeiro tinha lhe aleijado o
bigode. É que o sem-vergonha do Laulau saia escondido naquele
bloco carnavalesco onde só saiam homens fantasiados de mulher,
“as mariquinhas”, debochando e desrespeitando o
mulherio!
Sob a minissaia do
Laulau, nada! Nem sunga, nem cueca, nu, “purinho”, já saia
“armado”, “pronto” para a grande putaria, como o diabo gosta!
Mas, o Dr. Antônio, colega e amigo de farras, sob a minissaia,
usava uma calcinha preta de seda importada, cheia de plumas,
expressando assim os seus mais secretos e camuflados desejos,
era a “mulata Toinha” como era conhecido nos meios
jurídicos!
Mas, naquela
antepenúltima noite do início da folia momesca, algo estava
para acontecer...
Chegou pontualmente
e foi logo tomar um banho relaxante; estranhou a Amélia
deitada àquela hora! Cadê sua comidinha? Seu jantar? Ela não
estava na cozinha... Quando ia perguntar-lhe, esta, saltou-lhe
à frente com uma minúscula calcinha vermelha, cheia de
“babadinhos” e um diminuto sutiã super sexy, igual à da
protagonista daquele seriado obsceno! Olha aí a televisão
doutrinando erradamente Amélia! Cadê o “papel civilizador dos
meios de comunicação?” Pois é, atualmente “certos veículos” só
estão ensinando sacanagens, imoralidades!
Pois bem, aí então,
Amélia como uma grande atriz foi logo desempenhando seu
papel:
- “Tomei uma cachaça
na tua intenção!” Hoje vai ser “à luz” e nada por baixo dos
lençóis! A “ousadia”, a “putaria” vai rolar solta! E tem mais,
quem dita as ordens hoje sou eu! Vou “comer” e não mais ser
“comida”! Basta! Chega!
Dr. Stanislaw ficou
pálido, atordoado, parecia até que ia infartar, mas teve tempo
para pensar rapidamente:
-
Será que a Amélia está tendo algum transtorno mental
decorrente já da menopausa? Nesta fase “o campo fica fértil” e
a incidência de transtornos afetivos bi-polares, de humor...
São mais freqüentes e ocorrem mais no sexo feminino, sexo
frágil; acho também que por elas serem mais sensíveis,
românticas, possuírem alma de poetisas, deixam facilmente as
emoções virem à tona! É... Meus conterrâneos, os matutos, têm
razão quando falam: “algumas mulheres quando ‘amarram o facão’
(cessam de menstruar)”, sobe para a cabeça!”
“A síndrome de médico e monstro, o Dr. Jeckll e o Mr.
Hilde” sorteiam algumas filhas de Eva, desequilibrando
escandalosamente seus hormônios na menopausa, provocando
sérios estragos, levando até algumas pobres coitadas a serem
“seladas”, “rotuladas” de “psicótica” “maluca beleza”,
“pinel”, “tan-tan!”
Coitadinhas, nem na
maturidade têm sossego, também, quem mandou elas incitarem,
provocarem Adão no Paraíso, oferecendo-o o “fruto do pecado, a
maçã?” Viu aí, Eva? Mas com a Amelinha não!
Amanhã mesmo, vou procurar o melhor especialista em
Psiconeuroendocrinologia dos EEUU; se ele não resolver, vou
para o Espiritismo; deve ser a cascavel da minha sogra ou quem
sabe o meu sogro, Dr. Durval, “moral de jegue” (falso
moralista), querendo encarnar na filha para me tirar à paz!
Ele enganou minha sogra a vida toda e ninguém desconfiou de
nada, também, sempre pontual, nunca atrasou sequer um dia...
É, o sonso “batia o ponto” na casa da Lucimar, no horário do
cafezinho, do “coffee break” e, para não perder tempo, ainda
instalou a amante no caminho do
escritório...
Rápido, ainda tonto
de espanto, saindo do estado de reflexão em que se encontrava
falou:
-
Amélia,
meu amor, a menstruação já veio este mês?
E Amélia “retada”
(furiosa) respondeu-lhe:
-
Menopausada está a “puta-que-te-pariu!”.
Fiz meu perfil
hormonal, a Glorinha dosou-os, já estou fazendo terapia de
reposição hormonal (TRH), e também estou tendo suporte
psicoterapêutico... Está tudo sobre controle, até minha libido
aumentou! E vá logo me dando... Hoje você vai conhecer a
“Amélia de verdade”, a “gostosona do pedaço”, a “popuzuda”, e
aproveite, porque vai sentir o sabor do mel e ficar sem ele,
vai ser a 1ª e última vez...Vou no capricho..., Depois vou te
descartar e dar um chute na bunda!
Sacana, descarado...
10 (dez) anos tendo um caso extraconjugal, hem? Conhece a
Celeste? E o Joãozinho?
E não venhas me
dizer que o filho não é teu, o garoto é tua cara! Quando bati
os olhos nele, vi você pequeno... É castigo! Nenhum dos nossos
filhos é tão parecido fisicamente com você quanto ele! Assuma!
Celeste contou-me tudo, com tua lábia, tua astúcia de
advogadozinho tinhoso, brincastes com os sentimentos alheios!
Sem-vergonha, enganando a coitada dizendo que era
solteiro!
E não venhas com
desculpas “fora de moda” como:
Celeste “armou” para
cima de mim, engravidou propositalmente! Aquela puta! Este
garoto não é meu não! Eu não tinha mais nada com ela, só
apareci um dia em que estava “doidão”, você tinha feito
cauterização, e como não estava podendo “me dar...” e aí você
já viu né... Sabe homem como é que é,
foi necessidade fisiológica, deixei sair por baixo antes que
subisse para cabeça... Mas, aquela “quenga” miserável se
aproveitou da minha fraqueza e, sabendo que estava ovulando,
“armou” para meu lado! Vagabunda!
Muito me admira
você, Dr. Stanislaw, representante da Justiça, dono da
Verdade, seguidor das “Ciências Humanas”, todo poderoso com a
“Balança Justiceira”nas mãos, cometer uma infração tão vil
como esta!
Mas já sei, você fez
Direito porque a mídia estava anunciando como “de ponta”,
dando dinheiro, fama e poder!
Fez Direito sem
vocação, sem amor, se diplomou “nas coxas” e agora quer jogar
lama nesta sagrada profissão da Justiça e dos Direitos
Humanos, da Verdade!
Bem... Você escolheu
o caminho! Foi “livre arbítrio!” Agora “se pique”, “se mande”,
“vá embora!” Cumpra-se à lei!
Faça-se a Justiça!
Rua, traidor! E vai ser “no grito”; litigioso; nada de
separação amigável!
Mas agora você vai
me pagar... Antes de sair, retire a cuequinha que quero ver “o
pênis infalível”, como soube que é conhecido nos meios
jurídicos... “Gostosão”, “matador”,... Mas, ponha a
“camisinha”, seu promíscuo!
Safado, depois
ficava por aí dizendo que a “Justiça é vagarosa,
morosa!”.
Corrupto! Marginal
de nível superior! Deixando os processos arquivarem para
vadiar e jogando a culpa na Justiça!
O quê? Porque é que
esta “madeira”, este “pau” está aí mole? “Brochou?” “A
madeira” (pênis) apodreceu?
Uma “voz interior”
gritava mais alto do que ela:
-
Chega, chega, Amélia, já não basta? Olha o que ficou
reduzido o homem... Até “brocha” (impotente) ficou!
E Amélia mais
revoltada gritava:
-
Calma uma...! Estou ferida, fui humilhada, traída,
“corneada”, “chifrada” estes anos todos, e você me pede
calma?
-
Mas, Deus é mais! Não vou cair na depressão não!
-
“Vou levantar, sacudir a poeira e dar a volta por
cima!”.
ABAIXO o homem
infiel, o agressor físico e mental, o debochado que se
aproveita de “alguns veículos de comunicação enfraquecidos
culturalmente”, para transmitir piadas “sem graça”, insípidas,
desrespeitando a mulher, parecendo até que este cafajeste esta
bicha enrustida, não foi fruto de um ventre materno, não
possui mãe!
VIVA o homem
autêntico, sincero, verdadeiro, criado por Deus para servir de
companheiro à mulher!
Aquele homem, com
quem a mulher se sente segura, protegida e respeitada ao seu
lado, junto “a sua costela e ao seu coração!”.
Ambos, lado a lado,
e nenhum com o passo à frente do outro! Iguais!
“Amando-se e
respeitando-se até o fim de suas vidas”, suavizando assim as
fases difíceis e efêmeras da caminhada terrestre!
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Maria das Graças Leal
Lara |