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Tânia Martia de Castro Costa e Costa

Promissão - SP

vapolinario@ig.com.br

 

O Ladrão  ©

   

Estávamos tranqüilos e de bem com a vida, tanto que resolvemos ir ao clube, eu e meu marido, a fim de desfrutarmos de algumas atividades oferecidas no local.

Na saída, ao retirarmos nossos pertences no “guarda-volumes”, constatei que minha bolsa havia desaparecido.

Embora fizéssemos um grande reboliço naquele clube, na tentativa de solucionar o problema, nada nos fez recuperar minha bolsa, nem ao menos descobrir o responsável por tal ato ilícito.

Chegando em nosso apartamento foi que a situação ficou ainda pior, porque nos lembramos que dentro da bolsa furtada, além de documentos importantes, lá estavam todas as chaves de acesso ao nosso apartamento.

A sorte foi, que estavam em casa nossa empregada e as crianças, as quais abriram a porta e logo ficaram sabendo do ocorrido.

Era um domingo, descansamos o resto do dia, mas... Quando chegou a noite, a preocupação recomeçou e nos perturbou por muito tempo, porque nossa memória nos fez lembrar o fato de que o ladrão estava com as nossas chaves.

Como poderíamos dormir tranqüilos naquela noite, imaginando que o ladrão podería de alguma maneira ter descoberto nosso endereço???

A partir daí, eu, meu marido, as crianças e a empregada passamos a tentar elaborar uma “tramóia”, a fim de nos livrarmos do ladrão, caso ele aparecesse, já que a idéia de chamar a polícia nem sequer passou pelas nossas mentes, talvez por não sabermos  a identidade do indivíduo ou por medo, ou por qualquer outro motivo...

A primeira atitude foi trancar todas as portas rapidamente.

Mas, que idiotice...”ele tem as chaves...”

Então, eu, muito corajosa... tive a idéia de descer ao andar térreo para observar se havia alguém suspeito observando o prédio.

E, sendo assim, deixei todos trancados e assustados dentro do apartamento, dizendo a meu marido que ele deveria ficar para proteger as crianças.

Resolví descer pelas escadas para observar todos os andares. Quando cheguei ao térreo, saí no “hall” de entrada e percebí que um homem acabava de adentrar no prédio e se dirigia justamente para as escadas aonde eu estava. Meu coração, naquele momento, parecia que ia saltar pela boca. Porém, num ímpeto de coragem, me arvorei em retornar pelo caminho de onde surgí, na esperança que tal homem não tivesse me observado alí, tão insignificante...

Subí aquelas escadas, que pareciam infinitas, tão “esbaforida”, que nem sei como cheguei ao meu andar!

Era um apartamento grande que ocupava todo o décimo andar daquele antigo prédio. Haviam várias portas, sendo inclusive, uma de vidro, daquele vidro dito “canelado”, pelo qual não se pode enxergar nitidamente quem está do outro lado.

Comecei a tentar abrir a primeira porta, passei pela porta de vidro, e foi somente pela última, a que dá acesso à cozinha, que consegui entrar, pois era lá que todos me aguardavam. E foi por sorte ou sei lá o quê, que aquele homem evaporara naqueles corredores escuros e ninguém me alcançou naquela minha trajetória.

Permanecemos todos ali, quietos naquela cozinha, até que meu filho mais velho se levantou e foi até a área de serviço. Resolvi seguí-lo e ficamos ali parados, mas, de repente, olhei para a esquerda e percebi que ali havia um portãozinho fechado há tantos anos, que ninguém nem dava mais importância para ele, o qual nos parecia desnecessário, já que recebemos o apartamento por herança e nunca antes vimos qualquer pessoa utilizá-lo.

Tentei abrí-lo e, por incrível que possa parecer, eu consegui e logo percebi que havia uma rampa, por onde prossegui, sempre acompanhada de meu filho.

Num determinado ponto, nos deparamos com um terraço, o qual tinha vista para a rua, do lado esquerdo da rampa, para o qual se tinha acesso através de um outro portão, porém bem mais largo, mas que, ao contrário do outro, estava completamente escancarado, e por isso, mais que depressa, me pus a fechá-lo, embora o vento forte quisesse  me impedir.

Parados alí naquele ponto da rampa, pudemos observar que logo abaixo estava a garagem do prédio, aonde finalizava o trajeto, e dalí mesmo avistamos um homem, que se encontrava em pé na entrada da garagem, e que conversava com o garagista, com um jeito de quem pedia alguma informação.

Naquele momento, mais que depressa, imaginamos que poderia ser o tal homem, o inesperado e tão esperado ao mesmo tempo.

E o que fazer para agarrá-lo de uma vez por todas?!...

Foi então que meu filho teve a idéia de entrevistá-lo, como se estivesse fazendo uma pesquisa para a escola, já que a ele o estranho talvez não conhecesse, uma vez que não fora ao clube naquele dia.

Parecia-me muito arriscado, mas não tínhamos outra opção para tentar descobrir dados sobre aquela pessoa. Pois, enfim, teríamos que ter alguma coisa concreta antes de incriminá-lo.

Meu filho voltou ao apartamento, pegou lápis, papel e uma prancheta que tinha e se dirigiu ao referido homem, enquanto eu fiquei escondida numa curva da rampa. Não dissemos a nenhum dos nossos para não criar alvoroço.

Minhas pernas tremiam enquanto assistia o meu menino conversar com aquele homem, mas, em menos de dez minutos meu filho voltou e mais que depressa nos dirigimos ao apartamento, onde pude ler a respeito daquela pessoa e do que fazia por ali, podendo constatar que aquele poderia ser o homem que procurávamos.

Lembrei que tinha uma amiga na polícia, peguei o telefone e passei os dados a ela, pedindo-lhe informações sobre o suspeito e explicando-lhe rapidamente o que havia acontecido. Então ela me disse que eu deveria ter ligado há mais tempo, e que, independentemente de qualquer informação a respeito dele, pois, suspeitava que talvez ele tivesse fornecido dados falsos, pediria para que uma viatura fosse ao local averiguar tal pessoa.

Daquele momento em diante, quase não falávamos, ou, nem tenho certeza, se respirávamos satisfatoriamente. Só sei que nos dirigimos à sala de estar e ali passamos a noite, todos juntos, esperando  por qualquer notícia.

“Triiiiiiiiiiiiiimmmmmmmm!!!!!!!!!!!!!!!”

Tocou o telefone insistentemente e demos um salto, todos ao mesmo tempo para atendê-lo!

Peguei o fone e então ouvi a voz de minha amiga: “Bom dia, querida, tudo resolvido, sua bolsa está aqui, passe para retirá-la assim que puder. Olha, o cara é bandido mesmo. Descobrimos pelas características que você me apresentou, pois ele já havia cometido esse tipo de furto antes, e também roubos, “y otras cositas más...” Escuta, abriu um concurso para a Polícia, você não gostaria...”

Só consegui dizer... “Obrigada”.

 

*

 

 

PRESENTE DE MARIA   ©

 

De uma Flor

 nasceu Maria,

presente à Maria,

 plena de amor.

 

 

Maria Flor cresceu, cresceu,

e dela veio Maria,

e depois, outra Maria nasceu.

 

 

Assim, com nome de santa,

foi escolhida um dia,

como presente à Maria

que, com suprema força, cuidou dela com amor.

 

*

 

 

SER MULHER   ©

                                                                                                                       

Ser mulher.

Ser fraca, ser forte.

No Sul e no Norte.

Ser uma qualquer.

 

Render-se, cozer, varrer.

Fazer.

Ser.

Vencer.

 

Mover-se sempre.

A todo instante.

Seguir em frente.

Ser gente.

 

  

Gerar gente.

Criar gente.

Virar gente.

Amar gente.

 

Conflito interior.

Forte, meiga, flor.

Lábios de mel.

Sabor de fel...

 

Sólida, perfeita.

Beleza feita.

Plenitude criada por Deus.

 

 *

Tânia Martia de Castro Costa e Costa

 

 

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