No começo
do mês de novembro, um oficial de protocolo da côrte do duque
d'Elbeuf foi com a filha à minha manufatura para comprar-lhe um
vestido para o dia de suas núpcias.
Fiquei
deslumbrado com sua beleza.
Ela escolheu
uma peça de cetim muito brilhante, e seu belo rosto animou-se com
todo fogo do prazer, quando ela viu que o pai estava contente com o preço.
Porém seu pesar foi grande quando ouviu o vendedor dizer ao pai
que era preciso comprar a peça inteira, pois não vendia a
varejo.
Eu não
podia resistir à sua mágoa, e para não ser forçado
a fazer uma exceção em seu favor, apressei-me a entrar no
meu gabinete. Seria uma infelicidade ter tido uma inspiração
de sair de casa, pois teria poupado muito dinheiro! Mas tambem, de que
prazer, de que satisfações me teria privado!
No seu desespêro,
a encantadora menina pediu ao vendedor que a conduzisse ao meu encontro,
e êste não ousou recusar-se. Ela entrou; duas grossas lágrimas
rolavam-lhe pelos olhos, e moderavam o ardor de sua expressão.
-Cavalheiro,-
disse-me ela, instantâneamente,- o senhor é bastante rico
e pode comprar esta peça, cedendo-me o necessário para o
vestido que me fará feliz.
Lancei os
olhos para o pai, e vi que êste parecia pedir perdão pela
audácia de sua filha.
-Gosto de
sua franqueza, senhorita, e já que esta complacência fará
sua felicidade, terá o vestido.
Ela me saltou
ao pescoço e beijou-me com gratidão, .......... |