Queda D'Água
Flora I
Cumulus Nimbus
Flora II

 
 

 
Queda d'Água

Não importa o teu volume.
Nem a altura que tens a vencer.
Aqui, teu fascínio é tua força.
A força com que buscas o teu nascer.

Tornar ao ponto de partida
É o destino de tua longa viagem.
Viagem sem fim.
Pois ainda que alcances o mar 
Tornas ao ar,.
Para depois precipitar,
E a ele voltar.

Nada te intimida,
Nenhum obstáculo é a ti absoluto.
Rocha, mata, relevo,
Se não te deixam passar,
Rasgas na terra o seu conduto.

Como nós homens admiramos tua força.
Entre amedrontados de ti.
Entre desejosos de te dominar.
Teus mistérios não conseguimos decifrar.


 
Muros e Calçadas

Que segredos guardam
As pedras imperiais?
Poderiam seus canteiros
Imaginar que um dia,
Ao lado e por sobre elas
Eu passaria?

Sinto sob os meus pés
A alma de homens cansados.
Num tempo tão longe, explorados.
Explorados como os homens de hoje.

Sua arte não se discute
Tinham na paciência a grande virtude
Que permitiu criar coisas belas
Para o homem impaciente de hoje.

Que alheio aos queixume dos tempos,
Picha, estaciona, degrada e "moderniza".
 


 
 

 
Flora I

Meu destino é buscar a luz.
Respirar a água 
E firmar-me ao solo.
Não me importa as intempéries,
Fazemos parte de um todo.
A mim, só assustam
Os homens.


 
 
 
 
 
 
 
 
Eu e tudo

Tudo que penso,
Tudo que faço.
De tudo que sei.
Brota de mim 
E pertuba o cosmos.
Em ondulantes círculos concêntricos,
Como na superfície de um lago.
Embora, nem sempre
Tão calmo.......
 


 
 

Cumulus Nimbus

Cumulus de frieza
não percebermos tua beleza.
Ainda que assustadora,
Pela tua força.
Cumulus de insensatez, não percebermos a grandeza,
De que nos cerca a natureza.
No cumulus de pequenas coisas.

Nimbus dos deuses,
Aponta tua carga certeira.
Limpa os céus,
Lava a terra.
Dando forma às ribeiras.
Mas tenho uma reclamação!
Devias ignorar tua gênese
E visitar o sertão.
 


 

 
 
 
Flora II

Paciência não é o tributo ao seu uso,
Normalmente quem usa não semeou.
Sua firmeza sustenta nossas cargas.
Sua beleza sujeita-se aos nossos caprichos.
Quantas vezes sua sombra buscamos?
E os seus frutos, 
Quantas vezes dele nos alimentamos?
 

Gratidão, não é a nossa atitude.
Sabemos que vive ameaçada.
Ainda assim, quem se importa?
Amiúde, nossos hábitos fomentam a ameaça.
Gratidão, não é a nossa atitude.
Quantas vezes regamos a sua muda.
Quantas vezes escoramos o seu galho.
E adubo?
Já colocamos alguma vez a seus pés?

No entanto ela insiste.
Insiste em nos dar tempo, 
Tempo até demais.
Tempo para cuidá-la.
Tempo para deixá-la em paz.


 
 

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