O
que eu quero ser
Admiro os homens sábios,
Admiro os homens corajosos.
Rendo-me a todos os homens prudentes,
Como não reverenciar todos os homens honestos?
Quanto deve a humanidade aos bravos homens da
ciência?
E o que dizer dos homens santos?
Nunca canso de observar e idolatrar os artistas.
Quantos mestres encontro pela vida afora,
Quantos exemplos a seguir,
Quantos rumos e direções.
Oh! Mas quantas normas e dogmas!
Quanta exigência de fé!
Quanta disciplina!
Ah! Liberdade,
Como invejo o cachorro vadio,
O cachorro de sarjeta.
Amor, objeto
e valor
O amor nos acomete?
De onde surge tão poderoso senhor?
Que não me permite pensar.
Que não me permite questionar.
Que me submete.
Ah! o amor senhor.
Explode em meu peito.
Brilha em meus olhos.
Embota minha mente.
Mas exige um objeto de amor.
Tolo, pensei no amor igual.
Eu e tu vítimas do mesmo mal.
Hoje, percebi o amor final.
Hoje percebi o amor plural.
O meu é meu,
O teu é só teu.
Se há parceria no amor,
É só do espelho
Para o contínuo reflexo do meu interior.
Os botões
O primeiro botão de tua blusa foi parceiro,
Quando soltou-se suave e discreto.
Do meu posto de vigia eu espreito,
Na esperança de ter outros amigos em
teu peito.
Casa nova
Hoje sonhei com uma nova casa.
E já mal posso esperar.
Uma enorme casa sem paredes internas.
Prá que mais servem essas paredes,
Senão para confinar.
Talvez, pendurar a rede.
Mas não é de ócio minha
sede.
Quero o amplo, quero o livre.
Quero tudo o que sempre tive
Todo esse tempo dentro de mim.
Por quê tantas paredes?
Por quê tantas chaves,
Tantos botões e tantos controles?
Por que tem que haver lugares
Para todas as coisas?
Quero escrever vendo a noite e o dia.
Quero ler ouvindo o vento
E sentindo a chuva.
Serei livre em minha casa vadia.
De onde eu estiver
Nenhuma parede de tua presença me separará,
Nem da música, nem dos livros,
Nem da mesa, dos pratos, dos quadros,
Sequer deixarei de ver seu caminhar.
Quero descansar aqui,
Estando em todos os quadrantes.
Do canto do bar até a estante.
Da palmeira natural
Ao aquário tropical.
Quero um balanço pendurado,
Bem perto da geladeira.
A bicicleta sobre a esteira,
Debaixo da jardineira.
Nada será pela metade,
Nada terei aos pedaços.
Meu canto será o mundo
Quando eu feliz, abrir os meus braços.
Não quero os limites do mundo.
Minha porta será o portal da liberdade.
Quando estiveres em meu mundo.
Do mundo não sentirás saudade..
De que me serve a ordem do arquiteto?
Para que a precisão do engenheiro?
Para que quartos salas, cozinhas e banheiros?
O que eu quero é um teto.
Hoje, mais que dinheiro, mais que vizinhos,
Quero apenas um teto, cobrindo meus carinhos.
Apenas um teto, cobrindo meus caminhos.
Promessa
Quando olho para os teus olhos,
A vida se abre e para diante de mim.
E se olhas para mim, queimo!
Esse verde é cruel, me invade,
Me castiga e promete.
Cada olhar, castigo e promessa.
E meu coração vive explodindo,
Aceito o castigo, vivo a promessa.
Ah! Não quero parar de olhar para você.
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