CONSTATAÇÃO
Pois bem: eu te amo; real e concretamente, eu te amo! Mas, não passei a te amar assim, da forma voluntária e definida contida apenas na vontade e forjada no desejo. Não. |
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Não se trata também da figura do amor, imagem poética, na maneira de dizer, na insana inconsequência. Passei a te amar no dia a dia na convivência fugaz, eventual, na forma franca. Colhendo com os meus olhos as flores do teu sorriso, bebendo na tua boca a fala mansa adivinhando na conversa a pureza do teu espírito percebendo tua nobreza na sutileza dos teus gestos. Tal a força do sentimento que crescia que receoso tentei me afastar de ti pra não sentí-lo. Para afastar de mim a inquietude e a angústia de um amor tão atrevido. Temendo que minha vida fosse invadida pela tua presença e com ela, de uma forma definida, o amor crescente a se instalar na alma, me dividisse a alma, me dividindo a vida. Mas, afinal, capitulei vencido no convencimento da luta impraticável já que o meu próprio coração não reagia tomada que estava pela chama interminável. Mas, meu amor por ti, não é comum já que não é feito de juras e suspiros, já que não é tocado pela chama do desejo, já que não anseia por despir-te dos teus segredos, já que não sonha com a volúpia dos teus beijos. Não há tremor nas mãos quando te vejo mas meu coração se enche de alegria. Não há ansiedades no meu corpo, pelo calor do teu mas me emociona tua figura pequenina. Não há brilho de lágrimas nos meus olhos nas intermináveis partidas vespertinas, mas doem-me os acenos inúteis dia a dia numa sensação de adeus que não termina. E habitas meu coração perdidamente e reinas no meu peito com a certeza de que minha alma se torna radiante no palácio de cristal azul, do meu espírito, quando vens me visitar com teu sorriso. E afinal concluo que te amo real e concretamente: eu te amo! |