DEVOÇÃO

Ah, tuas mãos - carícia maior

a roçar as minhas ao acaso

no toque acidental de todo dia

Desprentensão tua, malícia minha

no fetiche singelo que inebria.

Ah! os teus olhos - janela aberta

a desvendar o céu da tua alma.

Que ao cruzarem com os meus que espreitam

parecem disfarçar meu desrespeito

embora demonstrem que suspeitam.

Ah! a tua boca - recôndito de beijos

aberta no sorriso que ilumina,

púrpura silhueta no teu rosto

tão próxima de mim que às vezes

por instantes lhe adivinho o gosto.

Ah! a tua voz - doce melodia

canto maior que aos meus ouvidos chega

na fala sem maldade e corriqueira

acabo por acender a chama

que a minha pobre alma incendeia.

Ah! o teu corpo - obra de arte

escultura grega de formas perfeitas

holocausto da minha razão

deusa de carne, fruto proibido

altar maior da minha devoção.

 

 

 

 

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