A TARDE CAI.....

A tarde morna, sensual, lânguida, no poente

vai descendo de manso, lentamente,

em dobras roxas pelos espaços...

- como a tua camisa quando te despes

displicente,

para a ansiedade dos meus braços...

A tarde,

presa naquele cume de montanha,

fugindo suavemente, silenciosa,

com a cautela de alguém que espreitasse o horizonte

cheia de receios,

- parece, no teu corpo acetinado e quente,

a camisa cor-de-rosa

e indolente

que encontrou ao cair a arrogância dos bicos

dos teus seios...

 

 

 

 

 

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  A tarde vai caindo, e vacila, e demora

naquele cimo de montanha

que esbatido no azul das distâncias, agora,

num forte tom de vermelho

se ruboriza,

- tal como a tua camisa

toda vez

que indiferente à minha sofreguidão,

roçando em teus quadris, parando em teu joelho,

vai descendo, descendo, em dobras, molemente,

em dobras suaves de seda a desmaiar plissês

sobre o chão....

A tarde morna, com seus tons dúbios de luz

fugidia,

tem esse calor distante,

esse vago perfume

e esse gesto indolente e cheio de torpor,

- da camisa ao soltar-se dos teus ombros nus

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