Peitos e Bundas ...


Outro dia (19/03/99) mandei um e-mail para o Affonso Romano de Sant'anna (santanna@novanet.com.br) ...

Sobre a coluna de 17/03/99 no O GLOBO.


Estava eu sentada na Van de sempre e ao meu lado uma estranha com headfone ouvindo rádio em uma altura que me tirou a concentração; e a minha dormidinha de todos os dias, na ida para o trabalho, se viu prejudicada, me deixando de tal maneira inconformada, que uma colega, de Van, gentilmente me ofereceu o seu jornal como num gesto de conforto, exclamando: Você não conhecia? É, acho que hoje você não vai poder fazer aquilo...
Concordei, acenando com a cabeça e agradeci o jornal. Não costumo ler enquanto estou andando de carro pois fico tonta e me dá dor de cabeça assim, comecei a folhear o jornal a esmo eis que parei em sua coluna e, quando vi, lá estava eu entretida com as bundas e os gingados já há muito apreciados pelo Mestre Cascudo.
Ao terminar de ler, confesso que estava meio zonza, me veio uma vontade enorme de escrever, de lhe escrever, então comecei a rabiscar em um pedaço de papel:

Bunda é bunda ! E, como tal, abunda desde os tempos de outrora nestas terras de tupis e guaranis seduzidos e catequizados - outros diriam domesticados, diferentemente dos selvagens pitbulls, hoje também sob a sina da extinção, mas que ainda permanecem à solta entre as bundas e por todas as bandas.
Enquanto isto, os enlatados americanos apregoam a cultuação ou melhor, a artificialização dos seios - os peitos bola - jamais de grande fartura por estes lados onde ainda são as bundas que fazem a festa: são machos, são fêmeas, se requebram, saculejam, insaciavelmente.
Mas, como bons consumidores que somos, tal qual as índias acolhiam os africanos fugitivos seduzidas pela ginga e sabe-se lá que outro bórógódó, os seios ou peitos, por assim dizer, viraram objeto de consumo, almejado e desejado pelas bundas mais carismáticas da atualidade ! Quem diria...
Bem, quem lê história sabe. Afinal, o capitalismo tem suas origens mais remotas na colonização e o que somos é o que éramos e não o que queríamos ser.

Bye, Bye.

Fernanda


Ele me respondeu em 19/03/1999:

Maria Fernanda, demonstrado está que o molejo da Van não é vão e quem lê, escreve, reescreve, descreve. Abraço, Affonso.

Em tempo: se tiver tempo entre em http://pagina.de/affonso que é uma página que um garoto de 16 anos, veja só, nem tudo está perdido, resolveu fazer como gentileza. Do Affonso.

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