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Ah ... a caixinha da mamãe. Era linda, um material diferente, rosado, toda trabalhada e tinha vindo da China ... Mas, onde é a China? Do outro lado do mundo? E se eu fizer um buraco bem grande, bem fundo, eu chego lá? Nos meus cinco ou seis anos, a imaginação voava. Afinal, a China devia ser um lugar onde só existiam coisas lindas - a a prova disso estava ali, ao alcance dos meus olhos.
Só dos olhos, pois éramos proibidas de mexer na caixinha da mamãe. Era a sua caixinha de jóias e com certeza tinha sido feita para guardar os mais preciosos tesouros. Eu sabia que estavam lá a minha pulseirinha de ouro, que ganhei quando nasci, o anel de brilhante que papai deu a mamãe quando ficaram noivos, o anel que Lígia tinha ganhado da madrinha e tantas outras coisas preciosas para todos nós.
A caixinha surgia, gloriosa, quando mamãe e papai tinham algum compromisso importante e ela a pegava para escolher o brinco de ouro e o anel que colocava junto da aliança. Lígia e eu ficávamos em volta, curiosas, cobiçando a caixinha.
De tanto eu pedir, mamãe prometeu que me daria a caixa quando eu crescesse. E isto foi um dos meus maiores consolos quando, antes que eu fosse suficientemente crescida para merecer a caixinha, um câncer a levou. Eu fui incumbida pelo meu pai de guardar a caixinha e ainda a tenho comigo. Já não é tão bonita, mas os olhos do meu coração a vêm sempre associada à figura da minha mãe, ao seu carinho e à sua alegria.
luisa (luisamor do Sam ... loislove de todos nós) - 13/07/99
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