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Um belo dia, uma bela noite, para ser mais exata... Dessas noites em que custamos a dormir e as horas não passam. Estava ouvindo Mozart, A Flauta Mágica, bem baixinho, sem pensar em nada em especial. Só observando as coisas que me vinham ao pensamento. Como quem não quer nada... Aí, um pensamento vai puxando outro, e eu comecei a refletir: como a musica mexe com nossos aspectos mais sutis...
E as pessoas, como se fossem personagens de um filme, são movidas a trilha sonora. A música mexe com a alma. Algumas relaxam, acalmam. Algumas deixam impacientes. Outras provocam agressividade, despertam a sensualidade, outras levam a outras eras e esferas. Quem sabe outro planos... E há as musicas que deixam os seres humanos em conexão direta com deus...
Muitas noites passaram desde aquele dia em que ouvia A Flauta Mágica... Hoje, ouço um outro disco, Unio Celestia e o assunto me volta à mente. Porque os seres humanos usam a musica, os sons em seus rituais religiosos?
A resposta me salta aos olhos e lembro que a musica se relaciona diretamente com a planificação divina... As musicas e as cores... São sete notas musicais, como são sete as cores do arco-iris... e são sete os corpos sutis do homem, sete planos de evolução, sete lokas ou planos das energias, sete chakras... Mas a relação é mais profunda.
A música, por si só, é tão mágica e sagrada que poucos se apercebem disto com clareza... São sete notas musicais... mas infinitas possibilidades de combinação e encadeamentos que nunca se repetem. Junte essas notas as sílabas formadas por consoantes e vogais, que também tem possibilidades infinitas. São mantras, canções, hinos, cânticos, ladainhas, louvações que nunca se repetem e acaba sendo a forma de segurar o paraiso no fundo do ser.
Tambores indígenas, mantras tibetanos, canto gregoriano, coro de crianças nas igrejas protestantes, seja lá qual for o ritmo, a melodia, a harmonia, ao cantar, no ambiente sagrado, o ser humano vai também fazendo uso de suas forças em domínio. A concentração na musica. O meditar sobre seu significado. A vibração do som no tempo-espaço. Percepção de níveis mais sutis de existência. Contemplação do divino até o estado de exaltação...
Ao cantar, tocar ou simplesmente ouvir músicas que vibram em certa freqüência, o ser humano deixa sua mente vazia de outros pensamentos, abre-se as portas da intuição e chega ao divino.
Cada religião ou sistema de crença tem seus próprios sons sagrados. Os mantas são um dos mais conhecidos. Especialmente o OM... esta sílaba sagrada considerada o nome mais antigo de Deus... As seitas cristãs tem um sistema de hinos mais elaborado.
Perigoso é o uso da musica como marketing religioso. Padre Marcelo Rossi, o bispo Marcelo Crivella, seja lá quem for, de que movimento ou crença, o objetivo é o mesmo: lotar missas e cultos. Ao ficar dançando em missa, os fieis podem perder a interiorização e a consciência dos sons que estão cantando. Significado bem diferente dos tambores, musicas e cantos de cultos primitivos, indígenas e africanos, onde musicas, palmas, danças são usadas para "chamar as divindades". Mais uma prova de que sonoridades são formas de ativar chakras, sutilizar a existência e atingir o divino.
M@ary - 06/11/1999 - Salvador, Bahia
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