AO ÓCIO

( Libações de Fernando da Rocha Peres )


Em Peres que na curva dos cinquenta

verdeja e, dedilhando o clavicórdio,

relumbra ao puro amor gregoriano,

não daquele inventor do calendário,

mas do nosso, mais santo e venerado,

que é como a gente trata o ser profano,

quero saudar com vinho e outros goles

a seara de estudo com que vinga

o passado de um nome tão presente

e mais do que isto esculpe pertinências

que Adão não foi capaz de nos legar.

E pelo Homem devoto de outra espécie

que é das Letras divino sarcerdócio

mui para sempre bebamos, pelo ócio.


Arembepe, Bahia, 27 novembro 86

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