Português - Clássicas

01. O Manuel entra para a Aeronáutica, na divisão de pára-quedismo. Recebe a primeira aula prática:
- Estamos a dois mil metros de altura. Seu equipamento foi todo checado. O senhor saltará por aquela porta. Ao puxar a primeira cordinha, o pára-quedas se abrirá. Se isso não acontecer, o que é pouco provável, puxe a segunda cordinha. Se ainda assim o pára-quedas não se abrir, o que é improbabilíssimo, puxe a terceira cordinha e ele se abrirá. Lá embaixo, haverá um jipe à sua espera, para levá-lo de volta ao quartel.
0 Manuel salta. puxa a primeira cordinha e o pára-quedas não se abre, puxa a segunda, nada. Puxa a terceira e nem assim o equipamento funciona. Ele começa a ficar preocupado.
- Ai. Jesus! Agora só falta o jipe não estar lá embaixo!
02. O amigo do Manuel o convida: - O gajô. Estou a lhe convidaire para a festa de quinze anos de minha filha.
- Está bem, patrício. eu irei. Mas ficarei no máximo uns dois anos.
03. Tinha um primo do Manuel que há muitos anos sofria de um mal singular. Era só tomar um gole de café e já sentia uma forte pontada no olho esquerdo. Não havia remédio que o curasse. E olha que ele adorava café. Até que um dia, um médico, amigo da família, o aconselhou:
- Ó, Joaquim! Por que não experimentas tirar a colherinha de dentro da xícara?
04. - E o cúmulo da sacanagem, você sabe?
- Não.
- Colocar um português numa sala redonda e pedir pra ele fazer xixi no canto.
05. Por que português usa caneta atrás da orelha?
- Pra fazer conta de cabeça.
06. - Por favor! O senhor viu alguém dobrando esta esquina, agora há pouco?
- Não, senhoire. Quando aqui cheguei, ela já estava dobrada...
07. Em Lisboa, após um incêndio no pequeno prédio, os bombeiros, verificando os destroços, encontram apenas um morto. E justamente o avô do Manuel, que estava de cabeça para baixo, com o dedo indicador apontando para um dos cantos do ambiente. Ao seu lado, um extintor de incêndio, com a seguinte instrução:
" Em caso de incêndio, vire de cabeça para baixo e aponte para a chama".
08. E o Manuel entra com tudo numa contramão. Da azar e é parado por um guarda, no ato:
- Onde o senhor pensa que vai?
- Bem, seu guarda, eu estava a ire ao cinema, mas parece que me atrasei. Está todo mundo a voltaire!
09. No elevador, estão o Manuel e um casal desconhecido. De repente, nosso amigo d'além-mar solta um estrondoso pum.
O outro, claro, chia:
- O senhor não tem vergonha?
Fazer isso na frente de minha mulher?
- Oh! Desculpe! Eu não sabia que era a vez dela.
10. O Manuel presenteia a filha moça com um casaco de pele de raposa prateada.
Satisfeitíssima, ela afaga o presente com as mãos comentando:
- Como pode uma coisa tão maravilhosa vir de um animal tão pequeno, sem aparência, totalmente insignificante...
- Alto lá! Se tu não queres me agradeceire, vá lá.
Mas também não precisa ofendeire!...
11. O Manuel vai visitar um velho navio de guerra. Em um dos compartimentos, tropeça numa placa de bronze, onde está escrito: " Aqui tombou o Almirante Barroso".
E comenta:
- Não é de admiraire. Eu também quase cai aqui!
12. - Comandante Joaquim! Estou a avistaire uma tropa que se encaminha diretamente ao nosso forte!
- São amigos ou inimigos, sentinela Manuel?
- Olha, eu acho que são amigos. Vem todos juntos...
13. - Você sabe por que português usa bigode?
- Não.
- Pra ficar parecido com a mãe.
14. O pneu do carro do Manuel fura diante de um hospício. Ele desce e tira as porcas da roda, mas elas escorregam para dentro de um bueiro. Um dos internos assiste a cena do lado de dentro das grades do manicômio e aconselha ao Manuel:
- Tire uma porca de cada uma das três rodas para segurar a que ficou solta, até chegar a um posto.
- Fenomenal! Muito boa idéia. Obrigado! Olhe, eu nem sei por que tu estas aí dentro.
- Eu estou aqui por que sou doido, não porque sou burro!
15. - Sabes Joaquim, o doutoire me disse para bebeire um pouco de suco de limão depois de um banho quente.
- E tu bebeste o suco de limão, Manuel?
- Que nada! Não consegui nem acabar de bebeire toda aquela água quente do banho!
16. O Manuel e a Maria vão ao jogo de futebol. Chegam super atrasados porque a Maria demorou séculos se arrumando. Quando entram no estádio, está para começar o segundo tempo. O Manuel pergunta a um dos torcedores:
- Como está o jogo?
- Zero a zero.
- E a Maria:
- Estas a veire? Chegamos a tempo!
17. O Manuel vai ao Rio de Janeiro. Os amigos o advertem que lá os motoristas de ônibus e táxi costumam voar com seus veículos. Chegando na Cidade Maravilhosa, Manuel pega um táxi:
- Avenida Brasil, por favoire.
- Que altura?
- Se tu fores a mais de dois metros, eu pulo desse troço, ó raios!
18. - Ó, Maria, estou a morrer de cansaço...
Vim correndo atrás do ônibus e, sem nunca o alcançaire, acabei chegando até aqui... meu consolo é que economizei R$ 0,85...
- Mas tu és burro mesmo, hein, Manuel?
Por que não correste atrás de um táxi?
Terias economizado muito mais!
19. O carro do Manuel enguiça e ele vai com o filho caçula no mecânico. Após verificar o motor do velho carro, o mecânico diz:
- O problema está no freio. Vou ter que mexer no burrinho.
O Manuel puxa o garoto para trás e se altera:
- Não, senhoire! No garoto ninguém mexe!
20. O Manuel chega em casa, numa tarde, e dá com um pinguim em seu jardim. Sem nunca ter visto um antes, ele fica todo atrapalhado, sem saber o que fazer, e pede ajuda para um vizinho, que o aconselha:
- Olha, Manuel, o melhor que você tem a fazer é levá-lo ao Jardim Zoológico.
No dia seguinte, o vizinho encontra com o Manuel passeando com o pinguim - levando-o rua abaixo por uma cordinha amarrada no pescoço - e se surpreende:
- O, Manuel! Aonde você vai com o bicho! Você não o levou ao zoológico ontem?
- Levei sim e ele adorou. Hoje, estou a levá-lo ao Playcenter.
21. O Manuel se emprega como ajudante numa oficina mecânica. O dono o chama para a primeira tarefa:
- To consertando o pisca-pisca deste carro. Vai lá atrás e me diz se tá funcionando.
E o Manuel, olhando com atenção para a lanterna traseira:
- Tá funcionando, não tá funcionando, tá funcionando, não tá funcionando...
22. Chega o assaltante, apontando uma arma por debaixo da roupa, e grita pro Manuel:
- Pare!
- Impare!
E o assaltante, sem entender nada:
- Mas eu estou te roubando...
- Ah! Então não brinco mais!
23. - Ora, pa, Manuel! Até que enfim o quilo do arroz baixou!
- Aje, Maria? E quantos gramas pesa agora?
24. O Manuel vai trabalhar de mordomo:
- Acorda, patrão! Acorda!
- O que foi? O que foi?
- Está na hora do senhoire tomar o remédio para durmire...
25. Ao vir para o Brasil, o Manuel fica fascinado com a caixa de fósforos e resolve mandar uma de presente para a Maria, em Portugal, junto com uma carta explicando o seu uso. Dias depois, recebe um telegrama de Maria: "Não funciona". Incrédulo, o Manuel comenta:
- Mas como? Eu testei um por um...
26. O Manuel vem dirigindo pela estrada. Uma viatura da polícia rodoviária o faz parar e o guarda lhe pede a carta.
- Carta? Ora, mas eu fiquei de lhe escreveire?
27. A Maria vai ao médico:
- Ai doutoire! Eu não consigo dormire. Se durmo virada pra cima, sou atacada por forte doire de cabeça. Se viro para um lado, atacam-me os rins. Se viro para o outro ataca-me uma doire no baço. O que é que eu faço, ó doutoire?
- Por que a senhora não experimenta dormir de bruços?
- Porque, ai , me ataca o Manuel!
28. O Manuel faz uma ligação telefônica:
- Alô? É da Varig? Por favoire, senhorita, eu queria sabeire o tempo de vôo São Paulo-Lisboa.
- Um minutinho...
- Ah! Está bem, muito obrigado!
E desliga o telefone.
29. - Então, Manuel, como se tem se sentido com os banhos que lhe receitei?
- Muito bem, doutoire. Só que sinto o corpo um pouco pegajoso.
- Pegajoso?
- É, eu acho que é por causa do açúcar...
- Açúcar?
- O senhoire não mandou tomaire banhos de água douce? Ora, pois...
30. O executivo já está atrasado para pegar o avião e toma um táxi que o Manuel dirige nas horas de folga. A certa altura, se impacienta:
- Não sei por que foram construir o aeroporto tão longe da cidade.
- É que queriam que ele ficasse bem perto dos aviões, doutoire.
31. O Manuel e a Maria resolvem ir ao Teatro Municipal. Percebendo estarem atrasados, o marido pede a mulher que se apresse. Após muitos retoques, a Maria termina de se arrumar e eles se dirigem as pressas para o teatro.
Ao entrarem, o apresentador está anunciando:
- Ouviremos a Quinta Sinfonia de Beethoven.
Irritado, o Manuel ralha com a Maria:
- Estas vendo, mulher? Por tua causa perdemos as outras quatro!
32. O Manuel chega no chaveiro e pede:
- Seria possível o senhoire abrir a porta do meu carro, pois travou-se com as chaves dentro?
- Pois não, senhor. Se puder aguardar um instante...
- Mas seja breve, por favoire. Parece que vai choveire e o meu carro não possui capota, ora pois!
33. A Maria trabalha como enfermeira, num hospital:
- Doutoire, o senhor pediu anestesia local, mas ca na caixinha está escrito que ela foi fabricada na Alemanha...
34. Você sabe que computador, em qualquer lugar do mundo, tem memória. Menos em Portugal. Lá, computador tem... uma vaga lembrança.
35. Pouca gente sabe, mas na época da Segunda Guerra os portugueses também construíram seus campos de concentração. Num desses campos, um homem é condenado a morte, por intermédio de gás. O condenado é levado à um quarto, com portas e janelas abertas.
- Como poderei morrer por intermédio de gás, se aqui tem tanta ventilação?
- Cale a boca e fique de pé em cima desse xis, marcado no chão.
O cara fica. Manuel, o algoz, corta uma corda, e um enorme botijão de gás se precipita do teto, em cima da cabeça do condenado.
36. - Você sabe quantos portugueses são necessários para trocar uma lâmpada? - Não.
- Cinco. Um sobe na mesa e segura a lâmpada e os outros quatro rodam a mesa.
37. O amigo do Manuel vai a sua casa e o encontra empurrando uma velha geladeira por toda a cozinha. Estranha e pergunta:
- Ó Manuel! Que diabo estás a fazeire?
- É que a danada está enguiçada e eu estou a veire se ela pega no tranco.
38. - Comandante Manuel, o inimigo mandou um avião de reconhecimento.
- Então, mande uma carta de agradecimento.
39. - Você é cego de nascença?
- Não, senhoire. Só da vista mesmo.

40. O português não agüenta mais ver o inglês contar tanta prosa a respeito das grandes invenções de seus compatriotas. Sir fulano inventou isso, Lord sicrano inventou aquilo. Até que o inglês mencionou o limpador de pára-brisa.
- Alto lá! O limpadoire de pára-brisa quem inventou foi um português!
E antes que o outro pudesse dizer qualquer coisa:
- O inglês apenas aperfeiçoou a invenção do patrício, botando o limpadoire pro lado de fora do vidro!
41. O Manuel compra um açougue. Um dia, chegam gritando em sua casa:
- Seu Manuel, Seu Manuel! O seu açougue pegou fogo!
- Ora, não tem importância. A carne está na geladeira...

42. Aí o Manuel vai no mecânico, de novo:
- Ó, gajô! Eu queria consertaire a buzina do meu carro...
- Tudo bem.
- ... porque o freio não está bom.
43. O Manuel vai a uma festa grã-fina. Ressabiado, com medo de dar algum fora, fica observando como os demais convidados se comportam. O jeito correto de beber, de comer. Observa alguém já satisfeito, palitando os dentes, com discrição...
Mais tarde, o anfitrião, vem cumprimentá-lo:
- E aí, Manuel? Está sendo bem servido?
- Olhe, pá? Eu nunca comi tão bem!
Só daqueles palitinhos, que as pessoas comem escondido, tapando a boca com as mãos, eu já comi uns quinze...
44. - Por que piscina de português tem água azul?
- Porque ele mergulha com a caneta.
45. O Manuel vai ao cinema, a tarde. Entra e não enxerga um palmo naquele escuro. Fica parado, de pé, esperando acostumar a vista. O lanterninha vem ajudá-lo. O Manuel vê aquela luz se aproximando, se aproximando... e pimba! Pula com tudo no colo de um casalzinho que comia pipocas.
Maior fuzuê, voa pipoca, todo mundo reclama aos berros.
- Me desculpe, gente! É que se eu não saio da frente, aquela bicicleta ia me atropelaire!
46. - Joaquim! Quando eu tiver pego no sono, faça o favor de vir apagar a luz.
- Pois não, patrão! É só o senhoire tocaire a campainha e eu virei correndo.
47. O freguês entra no bar do Manuel e lê o cartaz afixado na parede:
" Pão simples: R$ 0,10. Pão com manteiga: R$ 0,20. Pão sem manteiga: R$ 0,30.
Estranha e pergunta:
- Ó Manuel, por que o pão sem manteiga não custa o mesmo que o pão simples?
- Porque dá mais trabalho, ora! A gente tem que colocaire a manteiga depois tiraire!
48. Há 27 anos o Manuel só freqüentava aquele restaurante. De repente, começa a ir ao concorrente, do outro lado da rua. O dono do primeiro estranha e o aborda na rua:
- Ó Manuel, que foi que houve? Nossas refeições não lhe agradam mais?
- Não. Não há nada de errado com elas. Estou apenas a obedeceire as ordens do meu dentista.
- Dentista?
- Exatamente. Quando lhe mostrei os dentes que doíam, ele me mandou passar a comeire só do outro lado!
49. Naquele dia ensolarado, Manuel esquece as chaves dentro do carro, após travar a porta. Com um pedaço de arame, através do vão de uma das janelas, e com o auxílio de Maria, inicia a delicada operação. E a Maria vai dando as indicações:
- Mais à direita, Manuel... Um poquinho mais para a frente...
Falta pouco... Isso!
Após retirar as chaves finalmente o Manuel abre a porta do carro. E quando a Maria comenta:
- Ainda bem Manuel! Eu já não agüentava mais de caloire aqui dentro!
50. O Manuel vai pela primeira vez ao cinema. Chega na bilheteria e compra uma entrada. Dai a pouquinho, volta e pede mais uma. Não passam mais dois minutos, vem comprar outra. A bilheteira chia:
- Pô, meu! Por que você não compra todas de uma vez?
- Não me culpe, senhorita! É que tem um gajô ali na porta que, toda vez, me toma o bilhete e rasga!

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