GENEALOGIA
O meu nome Balbina é originário de uma estirpe ilustre (do latim Balbinus), possuidora de uma identidade e idiossincrasia muito próprias. Nós, os Balbinos, amamos o mistério e o desconhecido, estamos sempre preparados para mil e uma aventuras e desafios e somos possuidores de uma tenacidade alicerçada à nossa vontade inquebrantável de resistir às asperezas da Vida e da História; temos um instinto de conservação extremamente forte e não nos deixamos abalar facilmente; somos um reduto inexpugnável de firmeza e convicções; assumimos o exercício do poder como um sentimento e um hábito.
O antepassado mais remoto, possivelmente a primeira a utilizar o ilustre nome BALBINA, foi a minha ilustre e mui querida antepassada Santa Balbina, virgem e mártir, filha de S. Quirino, tribuno militar, barbaramente decapitada em 132, juntamente com seu pai. Os dois corpos foram sepultados na Via Ápia, no lugar que teve o nome de Cemitério de Santa Balbina.
Mas a senda Balbinica prossegue pois somos robustos como castanheiros e firmes como pinheiros patriarcas. Em 238, Décimo Célio Calvino Balbino, Imperador-soldado de origem patrícia, é eleito pelo Senado romano juntamente com o general M. Clódio Pupieno Máximo, para sucederem a Giordano I e seu filho e co-regente Giordano II. Era a primeira vez que o grande pontificado vinha a ser partilhado em igualdade de poderes. Porém, tanto um como outro dos Augustos, foram assassinados pelos pretorianos, tendo o seu "império" durado apenas três meses. Triste fim para tão ilustre antepassado.
Contudo o instinto de conservação Balbinico não foi abalado com a desventura da Santa e do Imperador. Adoptando um estilo low profile, os Balbinos dedicam-se nos séculos seguintes ao comércio internacional e doméstico, tornando-se mercadores de sucesso e notabilizando-se no estabelecimento de relações comerciais com todas as nações das quatros partidas do mundo. Graças à actividade mercantil, acumularam uma elevada fortuna que lhes permitiu o mecenato de actividades de exploração marítima. E foi assim que um Balbino Silvão (apelidado de Silvão devido ao seu carácter muito espinhoso, pois silvão é uma espécie de silva, também designada por silva-macho ou rosa-cão) do qual herdei directamente o meu nome, descobriu a ilha do Pepino no ano da graça de 1666. Apesar da glória da descoberta da Ilha do Pepino, a desventura abateu-se sobre o Balbino Silvão, sendo enforcado no mastro central do navio na sequência de um motim da tripulação devido a medidas de racionamento racionais das reservas de água.
Novamente remetidos ao seu low-profile, e numa tentativa de afastar o mau fado que atingia a casa Balbinica, retirou-se o I e o N de BALBINO, passando o nome a BALBO. E é assim que um antepassado mais recente vem a desempenhar elevadas funções em Itália. Foi o Italo Balbo, Marachal do ar e político afamado (1896-1940). Balbo, fez a Primeira Guerra como voluntário nos Alpinos, licenciando-se depois em Ciências Sociais e, dedicando-se à política, ajudou Mussolini a organizar os "Camisas Negras". Foi um dos quadrúnviros, comandante da milícia, subsecretário e, finalmente, em 1929, ministro da Aeronáutica. Grande aviador, organizou e comandou os voos Roma-Rio de Janeiro e Roma-Chicago-Roma. Foi Governador da Líbia, onde fez notável obra de colonização(1933-1940), morrendo em Tobruk quando o seu avião foi abatido por engano pela defesa antiaéria italiana. Perdeu-se um grande homem.
A conclusão foi evidente : o artifício do diminutivo não tinha resultado. Decididos a restabelecer o prestígio da mui ilustre e nobre casa Balbínica, o Conselho de Família decidiu que eu seria baptizada com o nome do afamado navegador Balbínico do Sec. XVII, Balbino Silvão. Claro está, que o nome foi adaptado para o feminino pois sou uma senhora!
Segundo os astros, o mau pressagio que paira sobre a família Balbinica terminou. Espera-nos um futuro radioso, cheio de glória. Está escrito nas estrelas que os Balbinos desempenharão um papel de relevo na Nova Ordem que se espera no próximo milénio.