A
a cabresto expr. Conduzido pelo cabresto. || Submetido.
à meia guampa expr. Meio embriagado, levemente ébrio.
abichornado adj. Aborrecido, triste, desanimado.
anca s. Quarto traseiro dos quadrúpedes. Garupa do cavalo. O traseiro do vacum.
arreios s. Conjunto de peças com que se arreia um cavalo para
montar.
B
bicheira s. Ferida nos animais, contendo vermes depositados pelas moscas
varejeiras. Para sua
cura, além de medicação, são largamente
utilizadas as simpatias e benzeduras.
bidê s. Mesinha de cabeceira. (Aportuguesado do francês bidet).
biriva s. Nome dado aos habitantes de Cima da Serra, descendentes de
bandeirantes, ou aos
tropeiros paulistas, os quais geralmente andavam em mulas e tinham
um sotaque especial diferente
do da fronteira ou da região baixa do Estado. Var.: beriva,
beriba, biriba.
bolicheiro s. Dono de bolicho.
bolicho s. Casa de negócio de pequeno sortimento e de pouca importância. Bodega. Taberninha.
bugio s. Pelego curtido e pintado, em geral forrado de pano.
C
cachaço s. Porco não castrado, barrasco, varrão.
calavera s. Indivíduo velhaco, caloteiro, caborteiro, vagabundo, tonto, tratante.
carreira s. Corrida de cavalos, em cancha reta. Quando participam da
carreira mais de dois
parelheiros, esta toma o nome de penca ou califórnia.
caudilho s. Chefe militar. || Manda-chuva.
chalana s. Lanchão chato.
china s. Descendente ou mulher de índio, ou pessoa do sexo feminino
que apresenta alguns dos
característicos étnicos das mulheres indígenas.
|| Cabocla, mulher morena. || Mulher de vida fácil. ||
(Parece provir do quíchua, xina, que significa aia).
chineiro s. Grande número de chinas, índias ou caboclas.
chorro s. Jorro.
cincha s. Peça dos arreios que serve para firmar o lombilho ou o serigote sobre o lombo do animal.
colhudo adj. e s. Cavalo inteiro, não castrado. Pastor. || Figuradamente,
diz-se do sujeito valente,
que enfrenta o perigo, que agüenta o repuxo.
corredor s. Estrada que atravessa campos de criação, deles
separada por cercas em ambos os
lados. Há, entre as cercas, regular extensão de terra,
onde, por vezes, se arrancham os que não têm
onde morar.
cuiudo adj. e s. O mesmo que colhudo.
cusco s. Cão pequeno, cão fraldeiro, cão de raça
ordinária. O mesmo que guaipeca.
E
embretado p. p. Encerrado no brete. || Metido em apertos, em apuros,
em dificuldades; enrascado,
emaranhado.
entrevero s. Mistura, desordem, confusão, de pessoas, animais
ou objetos. Recontro em que as
tropas combatentes, no ardor da luta, se misturam em desordem, brigando
individualmente, corpo a
corpo, sem mais obedecer a comando, usando predominantemente a arma
branca.
estribo s. Peça presa ao loro, de cada lado da sela, e na qual
o cavaleiro firma o pé.
G
ganiçar v. Ganir.
gaudério s. e adj. Pessoa que não tem ocupação
séria e vive à custa dos outros, andando de casa
em casa. Parasita, amigo de viver à custa alheia.
graxaim s. Guaraxaim, sorro, zorro. Pequeno animal semelhante ao cão,
que gosta de roer cordas,
principalmente de couro cru e engraxadas ou ensebadas, e de comer aves
domésticas. Sai,
geralmente, à noite. É muito comum em toda a campanha.
gringo s. Denominação dada ao estrangeiro em geral, com
exceção do português e do
hispano-americano.
guaiaca s. Cinto largo de couro macio, às vezes de couro de lontra
ou de camurça, ordinariamente
enfeitado com bordados ou com moedas de prata ou de ouro, que serve
para o porte de armas e
para guardar dinheiro e pequenos objetos.
guaipeca s. Cão pequeno, cusco, cachorrinho de pernas tortas,
cãozinho ordinário, vira-lata, sem
raça definida. || Adj. Pequeno, de minguada estatura. || Aplica-se,
também, às pessoas, com sentido
depreciativo.
guasqueaço s. Pancada, golpe dado com guasca. Relhaço,
relhada, chicotada, chibatada, correada,
açoite.
guri s. Criança, menino, piazinho, serviçal para trabalhos
leves nas estâncias.
J
joão-grande s. Pessoa alta.
L
lançante s. Descida. Forte declive num cerro ou coxilha; qualquer
terreno em declive.
M
mamona s. e adj. Diz-se de ou a terneira de sobreano que ainda mama.
mangueira s. Grande curral construído de pedra ou de madeira,
junto à casa da estância, destinado
a encerrar o gado para marcação, castração,
cura de bicheiras, aparte e outros trabalhos.
P
paisano adj. Do mesmo país. || Amigo, camarada.
palanque s. Esteio grosso e forte cravado no chão, com mais de
dois metros de altura e trinta
centímetros aproximadamente de diâmetro, localizado na
mangueira ou curral, no qual se atam os
animais, para doma, para cura de bicheiras ou outros serviços.
papudo s. e adj. Indivíduo que tem papo. Balaqueiro, jactancioso,
blasonador. O termo é
empregado para insultar, provocar, depreciar, menosprezar outra pessoa,
embora esta não tenha
papo.
pelea s. Peleja, pugilato, contenda, briga, rusga, disputa, combate, luta entre forças geligerantes.
pelear v. Brigar, lutar, combater, pelejar, teimar, disputar.
pereba s. Ferida de mau caráter, de crosta dura, que sai geralmente
no lombo dos animais. ||
Mazela, sarna, cicatriz. || Aplica-se, também, às feridas
que saem nas pessoas. || Figuradamente,
ponto fraco. || Var.: Pereva. || (Parece provir do tupi-guarani, perebi,
mancha de sarna).
petiço s. Cavalo pequeno, curto, baixo.
piá s. Menino, guri, caboclinho.
piquete s. Pequeno potreiro, ao lado da casa, onde se põe ao
pasto os animais utilizados
diariamente.
poncho s. Espécie de capa de pano de lã, de forma retangular,
ovalada ou redonda, com uma
abertura no centro, por onde se enfia a cabeça. É feito
geralmente de pano azul, com forro de baeta
vermelha. É o agasalho tradicional do gaúcho do campo.
Na cama de pelegos, serve de coberta. A
cavalo, resguarda o cavaleiro da chuva e do frio.
potrilho s. Animal cavalar durante o período de amamentação,
isto é, desde que nasce até dois anos
de idade. Potranco, potreco, potranquinho.
R
rebenque s. Chicote curto, com o cabo retovado, com uma palma de couro
na extremidade.
Pequeno relho.
repontar v. Tocar o gado por diante de um lugar para outro.
S
sanga s. Pequeno curso d'água menor que um regato ou arroio.
sarandi s. Terra maninha.
soga s. Corda feita de couro, ou de fibra vegetal, ou, ainda, de crina
de animal, utilizada para
prender o cavalo à estaca ou ao pau-de-arrasto, quando é
posto a pastar. || Corda de couro torcido
ou trançado, que liga entre si as pedras das boleadeiras. ||
O termo é usado também em sentido
figurado.
surungo s. Arrasta pé, baile de baixa classe, caroço.
T
taipa s. Represa de leivas, nas lavouras de arroz. || Cerca de pedra, na região serrana.
talho s. Ferimento.
tapera s. Casa de campo, rancho, qualquer habitação abandonada,
quase sempre em ruínas, com
algumas paredes de pé e algum arvoredo velho. || Adj. Diz-se
da morada deserta, inabitada, triste.
tirador s. Espécie de avental de couro macio, ou pelego, que
os laçadores usam pendente da
cintura, do lado esquerdo, para proteger e o corpo do atrito do laço.
Mesmo quando não está
fazendo serviços em que utilize o laço, o homem da fronteira
usa, freqüentemente, como parte da
vestimenta, o seu tirador que, por vezes, é de luxo, enfeitado
com franjas, bolsos e coldre para
revólver.
tosa s. Tosquia, toso, esquila.
tronqueira s. Cada um dos grossos esteios colocados nas porteiras, os
quais são providos de
buracos em que são passadas as varas que as fecham.
tropeiro s. Condutor de tropas, de gado, de éguas, de mulas,
ou de cargueiros. Pessoa que se
ocupa em comprar e vender tropas de gado, de éguas ou de mulas.
Peão que ajuda a conduzir a
tropa, que tem por profissão ajudar a conduzir tropas. O trabalho
do tropeiro é um dos mais
ásperos, pois, além das dificuldades normais da lida
com o gado, é feito ao relento, dia e noite, com
chuva, com neve, com minuano, com soalheiras inclementes, exigindo
sempre dedicação integral de
quem o realiza.
X
xucro adj. Diz-se do animal ainda não domado, chimarrão,
bravio, esquivo, arisco.