Ética e Cidadania

O alto custo para a população

     São Paulo está com medo. Na rua, no carro, num restaurante, num bar ou mesmo em casa, não há lugar estritamente seguro. Na maior cidade do País, mata-se por um relógio barato, por portar pouco dinheiro.

     Uma pesquisa do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (Ilanud) mostra que o medo da violência prejudica a qualidade de vida da população. O pai de família "isola-se" em casa. As crianças brincam em condomínios e desconhecem o lado exterior.

     A violência tem um custo alto. A estimativa do instituto chega a R$ 4,2 bilhões no Estado de São Paulo em 1998 - o que representa 0,46% do PIB nacional em fevereiro. O cálculo inclui itens como gastos com segurança privada, pagamento de seguros, cargas roubadas e até enterro de vítimas de homicídio.

     Índices da Secretaria da Segurança Pública do Estado mostram que a criminalidade tem crescido desde o início da década, desafiando vários governos. A partir de 1996, já no governo Mário Covas, houve aumento de alguns tipos de crimes, como roubos, furtos e ocorrências ligadas ao tráfico de drogas. Em outros itens, houve estabilidade, como o de seqüestros.

      O número de roubos na capital, por exemplo, passou de 63.890 em 1996 para 94.511 em 1998, um aumento de 48%. O mesmo ocorreu com os furtos. De 79.556 em 1996, chegaram a 101.995 em 1998, um aumento de 28%. O tráfico de drogas persiste em algumas áreas mesmo após várias batidas, como na vergonhosa Cracolândia.

     Há, porém, boas notícias. Houve redução, ainda que pequena, no número de homicídios - 7% desde 1996. Ainda é muito pouco para uma cidade na qual 5.748 pessoas perderam a vida de forma violenta no ano passado.

     Enquanto São Paulo e Rio mantêm a inútil disputa de cidade mais violenta - que importância tem qual é a pior das duas? -, algumas capitais apresentam bons resultados. Porto Alegre tem índices estáveis de criminalidade há cinco anos. E Curitiba, garante a Polícia Militar paranaense, está sob controle.

     Um levantamento feito pela NetEstado com 400 internautas revela que 77,8% foram vítimas de crime na cidade de São Paulo. Quase o mesmo porcentual afirmou não se sentir seguro em nenhuma região da capital.

     Este caderno especial do Estado mostra as características dos crimes, o perfil dos criminosos, a história de quem foi vítima e trata da complicada questão da violência policial. Também propõe medidas contra cada crime. E traz um guia da segurança, que reúne os conselhos das autoridades policiais para que o cidadão comum evite ser mais uma vítima da violência.

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