Principais peças da estrutura dos cascos metálicos

Ossada e chapeamento - A estrutura do casco dos navios consta da ossada, ou esqueleto, e do forro exterior (chapeamento, nos navios metálicos, ou tabuado, nos navios de madeira).

Podemos considerar as diferentes peças da estrutura dos de acordo com a resistência que devem apresentar aos esforços a que são submetidos os navios, os quais são exercidos da direção longitudinal, na direção transversal, ou são esforços locais. Diremos então que a ossada é constituída por uma combinação de dois sistemas de vigas, as vigas longitudinais e as vigas transversais, além dos reforços locais.

A continuidade das peças da estrutura, e particularmente das vigas longitudinais, é uma das principais considerações em qualquer projeto do navio. Assim, uma peça longitudinal para ser considerada uma viga da estrutura deve ser contínua num comprimento considerável do navio.

Vigas e chapas longitudinais - Contribuem, juntamente com o chapeamento exterior do casco e o chapeamento do convés para a resistência aos esforços longitudinais, que se exercem quando, por exemplo, pana o cavado ou a crista de uma vaga pelo meio do navio; são as seguintes:

  1. Quilha - Peça disposta em todo o comprimento do casco no plano diametral e na parte mais baixa do navio: constitui a "espinha dorsal" e é a parte mais importante do navio, qualquer que seja o seu tipo; nas docagens e nos encalhes, por exemplo, é a quilha que suporta os maiores esforços.
  2. Sobrequilha - Peça semelhante à quilha assentada sobre as cavernas.
  3. Longarinas, ou Longitudinais - Peças colocadas de pina a popa, na parte interna das cavernas, ligando-as entre si.
  4. Trincaniz - Fiada de chapas mais próximas aos costados, em cada pavimento, usualmente de maior espessura que as demais, e ligando os vaus entre si e as cavernas.
  5. Sicordas - Peças colocadas de proa a popa num convés ou numa coberta, ligando os vaus entre si.

Vigas e chapas transversais - Além de darem a forma exterior do casco, resistem, juntamente com as anteparas estruturais, à tendência a deformação do casco por ação dos esforços transversais; são as seguintes:

  1. Cavernas - Peças curvas que se fixam na quilha em direção perpendicular a ela e que servem para dar forma ao casco e sustentar o chapeamento exterior. Gigante é uma caverna reforçada. Caverna mestra é a caverna situada na seção mestra. Cavername é o conjunto das cavernas no casco. O intervalo entre duas cavernas contínuas, medido de centro a centro, chama-se espaçamento. Os braços das cavernas acima do bojo chamam-se balizas.
  2. Cavernas altas - São aquelas em que as hastilhas são mais altas que comumente, assemelhando-se a anteparas. São colocadas na proa e na popa, para reforço destas partes.
  3. Vaus - Vigas colocadas de BE a BB em cada caverna, servindo para sustentar os chapeamentos dos conveses e das cobertas, e também para atracar entre si as balizas das cavernas; os vaus tomam o nome do pavimento que sustentam.
  4. Hastilhas - Chapas colocadas verticalmente no fundo do navio, em cada caverna, aumentando a altura destas na parte que se estende da quilha ao bojo.
  5. Cambotas - São as cavernas que armam a popa do navio, determinando a configuração da almeida.

Reforços locais - Completam a estrutura, fazendo a ligação entre as demais peças ou servem de reforço a uma parte do casco.

  1. Roda de proa, ou simplesmente roda - Peça robusta que, em prolongamento da quilha, na direção vertical ou quase vertical, forma o extremo do navio a vante. Faz-se nela um rebaixo chamado alefriz, no qual é cravado o topo do chapeamento exterior. Nos navios de madeira, há também alefriz da quilha, para fixação das tábuas do resbordo.
  2. Cadaste - Peça semelhante à roda de proa, constituindo o extremo do navio a ré; possui também alefriz. Nos navios de um só hélice, há cadaste exterior e cadaste interior.
  3. Pés de carneiro - Colunas suportando os vau para aumentar a rigidez da estrutura, quando o espaço entre as anteparas estruturais é grande, ou para distribuir um esforço local por uma extensão maior do casco. Os pés de carneiro tomam o nome da coberta em que assentam.
  4. Vaus intermediários - São os de menores dimensões que os vaus propriamente ditos e colocados entre eles para ajudar a suportar o pavimento, em alguns lugares, quando o espaço, entre os vaus é maior que o usual.
  5. Vaus secos - São os vaus do porão, mais espaçados que os outros e que não recebem assoalho, servindo apenas para atracar as cavernas quando o porão é grande.
  6. Latas - Vaus que não são contínuos de BB a BE, colocados na altura de uma enora, ou de uma escotilha, entre os vaus propriamente ditos. Ligam entre si os chaços das escotilhas e as cavernas.
  7. Buçardas - Peças horizontais que se colocam no bico de proa ou na popa, contornando-as por dentro, de BB a BE; servem para dar maior resistência a essas partes do navio.
  8. Prumos - Ferros perfilados dispostos verticalmente nas anteparas, a fim de reforçá-las.
  9. Travessas - Ferros perfilados dispostos horizontalmente nas anteparas, a fim de reforçá-las.
  10. Borboletas ou esquadros - Pedaços de chapa, em forma de esquadro, que servem para ligação de dois perfis, duas peças quaisquer, ou duas superfícies que fazem ângulo entre si, a fim de manter invariável este ângulo. As borboletas tomam o nome do local que ocupam.

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