Xenotransplante é
o transplante de órgãos entre espécies diferentes de
seres vivos.
Parece fácil, mas é
uma prática extremamente perigosa para os humanos, pois ao tentar superar
as barreiras entre espécies, estamos igualmente quebrando as barreiras
virais...
O maior risco é sem dúvida
a transmissão de doenças e sabemos que na história da
humanidade, muitas doenças infecto-contagiosas foram originadas em
animais. Sendo assim, um indivíduo contaminado por alguma patologia
desconhecida (nova), pode igualmente contaminar uma população
inteira.
Segundo artigo na Revista “Prática
Hospitalar”, muito bem entendemos o perigo desta “idéia”:
(...) “Ao se considerar que espécie animal seria mais apropriada para a doação de órgãos, os primatas não-humanos foram considerados os mais adequados, inicialmente, por causa de sua proximidade fisiológica e imunológica com a raça humana. Entretanto, essa fonte de órgãos determina uma série de problemas: poucas espécies dos primatas possuem constituição física semelhante ao ser humano e, conseqüentemente, os seus órgãos não seriam capazes de suportar uma função fisiológica vital. Além disso, existe um risco significativo de transmissão de infecções ainda inexistentes na raça humana (zoonoses), bem como a existência de algumas civilizações que julgam esse tipo de doação inaceitável sob o ponto de vista ético.
Como potencial doador, o
porco pode superar alguns destes obstáculos: é fértil,
fisiologicamente semelhante ao ser humano, com dimensões apropriadas
dos órgãos, podendo ser criado em ambientes que diminuem o risco
de zoonoses, não existindo objeção ética e cultural
para a doação dos seus órgãos. Por isso, o modelo
de transplante porco-não-primata tornou-se o mais relevante modelo
pré-clínico para a avaliação do xenotransplante
porco-homem. Porém, o sucesso nesta experiência foi suplantado
pelo desencadeamento da rejeição hiperaguda: os anticorpos xenorreativos
causam ativação do complemento, com a conseqüente hemorragia
intersticial, trombose dos vasos e rápida perda do enxerto “.
Segue um texto que elucida bem
a questão, analisando fatos, não teorias:
"GRIPE
AVIÁRIA" UMA ADVERTÊNCIA PARA PARAR O TRANSPLANTE DE ORGÃOS
DE ANIMAIS
( por Dr. Murry J. Cohen
& Alix Fano – MRMC )
AA última erupção
da “gripe aviária” em Hong Kong – o resultado de
um vírus, A(H5N1), que pulou diretamente das galinhas para os humanos
– revela que as agências de saúde pública são
mal preparadas em lidar com epidemias virais globais.
Profissionais da saúde temem que este vírus aviário irá
se adaptar para permitir uma fácil transmissão de humanos para
humanos, ou se juntar com um das muitas conhecidas formas de influenza humana
para se tornar mais virulento. Em 1992, a “National Academy of Sciences”
advertiu os oficiais do governo, que um grande sistema de vigilância
seria necessário para se prevenir contra novas e emergentes doenças
infecciosas. Progressos para desenvolver um plano têm sido lentos, mas
“experts” dizem que mesmo um plano oficial “não irá
solucionar todos os problemas”.
Os exemplos de infecções
humanas e morte por vírus de animais, que são inofensivos aos
animais hospedeiros, continuam a crescer. Exemplos, Elizabeth Griffin,22,
uma atendente de laboratório no “Yerkes Regional Primate Research
Center” em Atlanta, morreu de “herpes B de macaco”, cerca
de 4 semanas após ter espirrado em seu olho fluido de um macaco ao
manuseá-lo na gaiola.
Menos de três semanas depois, uma segunda mulher em Yerkes foi exposta
ao vírus mortal, apesar de ter tomado todas as medidas de precaução.
Autoridades da Saúde foram incapazes de enfrentar a propagação
do HIV – um vírus que supostamente pulou a barreira das espécies
de macacos para humanos.
Autoridades da saúde foram incapazes de prevenir a disseminação
do Ebola no Sudão, Zaire (1976, 1979, 1995) e nos Estados Unidos (1989,1996).
Existem evidências que humanos ficaram doentes após consumirem
ou serem inoculados com substâncias animais, assim como a presença
do SV 40 (“simian vírus 40” - vírus símio
40) – encontrado em lotes antigos da vacina anti-pólio (“Salk
polio”) – em pessoas com câncer de pulmão, de cérebro
de ósseo; e a ameaça da doença de “Creutzfeldt-Jacob”
pelo consumo de “vacas loucas”.
Após estes exemplos, por
quem estaria sendo financiado o “National Institutes of Health”,
e o “Food and Drug Administration” aprovando, o transplante de
órgãos de animais vivos – de porcos aos primatas –
em humanos (conhecido como xenotransplante)? Pelo menos três hospitais
nos Estados Unidos, incluindo a Universidade de Duke na Carolina do Norte,
recebeu a aprovação do FDA para fazer experimentos com humanos
utilizando a engenharia genética de porcos vivos. Os doutores usaram
5 porcos transgênicos vivos para filtrar o sangue de uma pessoa de 22
anos até que um órgão humano pudesse ser encontrado.
Cada porco vivo foi rejeitado em horas. A condição do paciente
ficou desconhecida.
Todo humano que recebeu um completo órgão de animal (cerca de
55-60 pessoas desde 1905) morreram em horas, dias ou semanas após a
cirurgia – vítimas de severas infecções, hemorragia
interna, parada do órgão, toxidade devido altas doses de drogas
imunosupressivas, e outros efeitos provavelmente relacionados à rejeição
do órgão animal. Todavia, companhias de biotecnologia como a
“Imutran” no Reino Unido (de propriedade do “Sandoz Pharma”),
“Alexion Pharmaceuticals”, “Nextran” e “DNX
Corp.”, estão ocupados criando rebanhos de porcos transgênicos,
esperando que o mercado para transplante de órgãos de porcos
vai aumentar para U$ 500,000 anualmente até o ano de 2010.
Existem cerca de 25 doenças
conhecidas que podem ser adquiridas de porcos, incluindo influenza e leptospirose.
Nos últimos anos, cientistas descobriram vários retrovírus
endógenos novos em porcos – antes desconhecidos – que podem
afetar células humanas in vitro. Genes virais ativos foram encontrados
no coração, baço e rim de porcos – fazendo a tarefa
da criação do “sem vírus” (“virus-free”)
de animais, difícil se não, impossível. Os receptores
de órgãos de animais se tornariam um time de bombas virais,
infectando um grande número de pessoas com diversas zoonoses, particularmente
se o vírus fosse transmitido pelo ar. É muito improvável
que os departamentos de saúde pública pudessem responder adequadamente
a este cenário; ou pior, fosse um receptor de órgãos
de animais, para incubar um vírus e viajar para o exterior, sendo assim,
se tornaria virtualmente impossível de localizar a origem e a expansão
da infecção.
No interesse da saúde pública
humana, autoridades responsáveis pela saúde deveriam falar claramente
sobre “xenotransplantes”. Os “Centros de Controle de Doenças”
(“Centers for Disease Control”) declaram “desenvolver e
advogar a política de saúde pública” ”, “implantar
estratégias de prevenção” e “adotar meios
seguros e saudáveis”.
O tratamento de uma pandemia de
gripe disseminada pelo ar, e outros casos de doenças transmissíveis
de “animal para humano”, deveriam obrigar o órgão
competente em fazer legislação proibindo xenotransplantes.
O NIH deveria parar de usar os tributos americanos para financiar pesquisa
com esta perigosa e cara tecnologia. O órgão competente falhou
em conduzir declarações de impacto ambientais dentro das Normas
da Política do Meio Ambiente, a qual ordena que órgãos
competentes oficiais devem explorar alternativas de tecnologias perigosas
caso existam.
Para aliviar a escassez de órgãos,
defendemos o aumentando da doação de órgãos humanos
e promovemos a prevenção da saúde. Dando provas recentes
quanto o aumento perigoso de vírus de animais (muitos destes já
tendo sido descobertos), uma política de saúde responsável
dita que coloquemos um congelamento indefinido em todas as formas de experimentação
e aplicação clínica da tecnologia de xenotransplantes.
E AINDA SOBRE XENOTRANSPLANTES...
( BUAV, British Union for the Abolition of Vivisection )
Em 1999, a empresa americana Genzyme Corporation apresentou, na Inglaterra,
o primeiro pedido para realizar experiências com xenotransplante em
seres humanos.
A intenção da Genzyme,
de injetar células cerebrais de fetos abortados de porcos no cérebro
de doentes, com Mal de Parkinson, é altamente controversa, devido ao
medo de que vírus do animal passem para os seres humanos. Representantes
da empresa alegam, no entanto, que o procedimento pode ajudar os doentes,
porque as células do porco contêm dopamina, a substância
química cuja falta é considerada a causa da doença.
Pouco se conhece a respeito dessa
aplicação, além das experiências que já
estão sendo realizadas nos EUA, onde porcas utilizadas para produzir
os fetos são mantidas em ambientes estéreis e inseminadas artificialmente.
Durante uma experiência, a porca foi morta 27 dias após a inseminação,
o útero removido e transportado ao laboratório, "onde os
fetos foram decapitados e os cérebros cuidadosamente extraídos".(1)
Uma perturbadora notícia
da BBC revelou que o laboratório Huntingdon Life Sciences (que apareceu
nas manchetes em 1977, quando uma investigação sigilosa mostrou
o tratamento cruel dispensado pelos empregados a cães beagle) permitiu
que suas instalações fossem usadas para controvertidas experiências
com transplantes. Corações e rins de porcos, geneticamente criados,
foram transplantados em primatas, incluindo babuínos selvagens. Experimentos
desse tipo causam muito sofrimento - primatas que receberam órgãos
de porcos morreram devido à rejeição ou foram mortos
devido aos efeitos tóxicos provocados pelos altos níveis de
medicamentos anti-rejeição que receberam.(2)
A BBC revelou, também, que
a empresa de biotecnologia Imutran (que está na vanguarda da pesquisa
em xenotransplante na Inglaterra) exportou, para o resto do mundo, 95 porcos
geneticamente criados para uso em pesquisa e reprodução. Eles
foram mandados para os Países Baixos, Canadá, Estados Unidos,
Japão, Espanha e Itália. Estes animais receberam genes humanos,
pois a Imutran acredita que isso os torna mais adequados para o transplante
em seres humanos.
Como fator positivo, a Assembléia
Parlamentar do Conselho Europeu aprovou uma resolução pedindo
o cancelamento dos xenotransplantes, declarando que "existem enormes
problemas científicos, médicos, éticos, sociais e legais,
que precisam ser resolvidos antes do prosseguimento das experiências".
Esta resolução tem pouco peso legal, mas pode levar a um protocolo
legal a ser acrescentado à Convenção Européia
sobre Direitos Humanos e Biomedicina.
1. Deacon e outros (1997). Histological evidence of fetal pig neural cell
survival after transplantation into a patient with Parkinson's disease. Nature
Medicine 3:350-353.
2. Waterworth, P.D. e outros
(1997). Pig-to-primate cardiac xenotransplantation and cyclophosphamide therapy.
Transpl. Proc. 29:899-900.
CONTATOS :
e-mail : fbav_br@yahoo.com.br