Na sua forma actual, o Boxer é uma
raça relativamente recente, seleccionada a partir dos finais do século XIX. A sua origem
remonta a meados desse século, quando um grupo de cinófilos bávaros começou a cruzar
duas raças famosas nas lutas de cães e touros, o Buldog Inglês com um malosso alemão,
o Bullenbeisser.
A primeira vez que o boxer
foi esposto, foi em Munique, numa exposição do Clube do São Bernardo em 1895 e o seu
nome era Flocki, filho de Tom, um Bulldog e de Alt Sckeckin, uma cadela tipo Boxer. Flocki
foi registado em 1897 com o nº 1 do livro de origens do Boxer Klub Alemão sob o nome de
Muhlbauer's Flocki. Em 1904 foi publicado o primeiro livro de origens com os registos
geneológicos do Boxer e no mesmo ano o Boxer Klub iniciou a publicação regular do Boxer
Blatter. Com a 1º Grande Guerra, o Boxer foi uma das raças utilizadas pelo exército
alemão, o que levou à sua divulgação pela Europa e à sua posterior chegada ao
Continente Americano, nos anos 20.
É um cão de talhe
médio, compacto, de figura quadrada, com ossatura robusta e de pelagem curta. A
musculatura é seca, poderosamene desenvolvida, modelagem nitidamente definida.
A ligação e fidelidade
do Boxer para com o seu dono e o seu território, a sua vigilância, a sua intrépida
coragem como defensonr e guardião, são conhecidas há muito tempo. Dócil no meio
familiar, mas desconfiado para com os estranhos; de temperamento alegre e amistoso nas
brincadeiras, mas terrível quando desempenha uma missão. A sua docilidade, energia e
coragem, a sua mordacidade natural, a acuidade do seu olfato, fazem dele um cão fácil de
educar e de induzir. DE carácter franco, não reserva es+aço para a falsidade ou
traições mesmo em idade avançada.
Bem proporcionada ao
tronco, sem parecer leve nem muito pesada. Focinho o mais largo e poderoso possível.
Visto de qualquer ângulo, o focinho quarda uma proporção correcta com o crânio, isto
é, não pode parecer muito pequeno.
Nitidamente marcado,
formado pelo frontal e cana nasal. Esta não deve ser encurtada como no Bulldog, nem caida
para a frente. O frontal apresenta um sulco mediano, subtilmente profundo, especialmente
entre os olhos.
O boxer é naturalmente
prognata. A maxila é larga desde a raìz, mantendo essa largura em toda a sua extenção,
diminuindo muito pouco na direcção da ponta do queixo. Tanto a maxila como a mandíbula
são muito largas na ponta do focinho.
Castanho escuro, de
tamanho médio e inserção no plano da pele, com a orla das pálpebras escura. De
expresão enérgica e inteligente, sem parecer carrancudo, ameaçador, penetrante.
Com a nuca bem evidenciada
por uma curva elegante na sua linha superior; de secção redonda, comprimento e largura
médios, forte e musculado, pele ajustada em toda a sua extensão, sem ser exageradamente
lassa e sem barbela.
A altura medida na
cernelha, na vertical que passa pelo cotovelom deve ser de 57 a 63 cm nos machos e 53 a 59
nas fêmeas.
Os machos com altura
proxima dos 60 cm devem pesar acima dos 30 Kg; as fêmeas de cerca 56 cm deve ter aprox.
25 Kg.
CORES DOS
BOXERS
O padrão da
raça permite apenas duas cores: o dourado, que vai desde um tom bem claro ao mais forte, como o marrom, e o tigrado que se
desenha em listas transversais escuras sobre o fundo dourado. Ambas as cores podem ter
marcações brancas, desde que não ultrapassem um terço do corpo.
Provavelmente a imagem do Boxer, que vem em sua mente, tem marcas brancas extensas, muitas
vezes com um grande colar que se estende pelo peito e cujas pernas também apresentam uma
parte branca, assim como entre os olhos. É o que os criadores chamam de
"Marcado", pois o exemplar é bastante marcado de branco. Já o cão dito
"Tapado" é aquele que não apresenta branco (é muito raro) ou que tem apenas
um pouco, normalmente só em parte do peito e ponta dos pés. Sabe por que se diz tapado?
Porque ele é tapado, ou melhor coberto pela cor principal dourada ou tigrada.
O contraste das grandes áreas brancas, que se vê no marcado, o torna atraente e muito
admirado. Tanto que até o padrão comenta que marcações brancas podem ser muito
atrativas. "Eles tomaram conta do gosto das pessoas", comenta Regina Colonéri,
do Canil do Macorê, de São Paulo - SP. "Isso, de certa forma, prejudicou a
popularização do tapado, que, tanto como pet ou cão de exposição, levou desvantagem
na preferência por muitos anos."
Atualmente, a situação mudou e o tapado vem ganhando espaço, pois os criadores, ainda
que informalmente, fizeram um trabalho nesse sentido. Gilberto Rocha, do Canil Gama Grass,
de Sorocaba - SP, conta: " não houve um movimento, mas fomos levando com mais
freqüência esses exemplares em exposições e falando para as pessoas que eles eram tão
'bons' quanto os marcados". Além do mais, o tapado tem uma participação importante
na criação. "Apesar de não ser uma regra inquebrável", diz Beatriz
Dotorovici do Canil Lóriga, do Rio de Janeiro - RJ. "É bom usá-lo no cruzamento
com cães muito marcados, já que estes entre si podem, com maior probabilidade, gerar
filhotes com mais de um terço de branco, o que não é aceito." Uma curiosidade
sobre as grandes marcas brancas é que podem causar uma ilusão ótica, disfarçando ou
criando defeitos, como, por exemplo, deixar um peito com aparência mais forte ou alongar
ou engrossar demasiadamente um pescoço.
BRANCO
Mas, e quanto ao Boxer
branco, no qual se incluem também aqueles que têm apenas algumas pequeninas manchas
douradas ou tigradas, muitas vezes recobrindo um olho ou uma orelha? Eles não são
permitidos desde 1925, mas até hoje nascem nas ninhadas e não recebem pedigree. Há quem
diga que são albinos e livros estrangeiros da raça alegam que, mesmo não sendo albinos,
podem produzir filhotes com tal anomalia em duas ou três gerações, sendo esse o motivo
da proibição.
Tudo indica que isso não é verdadeiro, seja pelo que se sabe de teoria genética de cor
em cães, como por experiências práticas. Há, na realidade, uma certa confusão que
leva muita gente a achar que todo o animal branco é albino, já que todo albino é
branco. O albinismo é a ausência total de pigmento, traz também pele e mucosas
cor-de-rosa e olhos vermelhos, como os de ratos de laboratório. Segundo Clarence Little,
autor do livro The Inheritance of Coat Color on Dogs, não há nenhum indício nem de que
olhos azuis caracterizem o albinismo. O Boxer branco apesar da pele rosa, tem, na grande
maioria das vezes, todas as mucosas pigmentadas e os olhos escuros. Little vai mais longe,
além de afirmar que o fenômeno do albinismo é raríssimo em cães, no caso do Boxer ele
especifica o gene que causa o branco, chamando-o de "sw". Já o gene do
albinismo é o "ca". Os dois são completamente independentes. Portanto, não se
tem por que achar que cruzando várias gerações de brancos, ou seja exemplares que
portem o fator "sw", se chegará num cão albino, que necessariamente porta o
fator "ca". Beatriz Goldschmidt, geneticista animal da Universidade Federal
Fluminense, reafirma que o albinismo é raro em cães e que qualquer raça está
igualmente sujeita a ele, mesmo que de forma eventual. "O Boxer branco não é mais
prediposto ao problema que um outro cão", completa. Pela experiência prática,
Hilda Drumond cinóloga que já lecionou genética de cor em animais, atesta que fez mais
de 10 cruzamentos entre brancos e que misturou pelo menos três gerações consecutivas,
sem que nunca aparecesse um albino. Mas, há um caso ou outro de pessoas que contam já
terem visto um Boxer branco de olhos vermelhos. E daí, das duas uma. Ou o exemplar era
mesmo albino, pois como já dito qualquer raça de cão ou espécie animal pode
eventualmente sê-lo, o que nem de longe significa que seja uma característica do Boxer
branco. Ou quem viu se confundiu, pois a terceira pálpebra (membrana do canto interno do
olho) às vezes é rosada e pode até dar a falsa impressão de que a íris do olho é
vermelha.
Ainda assim, mesmo descartando a idéia do albinismo, alguns podem dizer que por ser o
"sw" um gene recessivo, poderia causar sensibilidade ao sol e doenças de pele.
Mas, nem isso é observado por quem conviveu com Boxers brancos. Hilda, que já teve
diversos, nunca teve qualquer problema. Regina, que tem uma fêmea branca, comenta, que
ela adora ficar exposta ao sol e também nunca manifestou nada de errado na pele.
Vale dizer que o branco existe na raça, pois ela nasceu - no final do século passado -
da mistura do pequeno Bullenbeisser, antigo cão de caça que imobilizava a presa, com um
Bulldog totalmente branco, cujo nome era Tom. Daí por diante a raça passou a ser
oficialmente o "Boxer" e inúmeros cães brancos nasceram e foram registrados,
inclusive a primeira grande reprodutora, chamada Meta, que tinha apenas uma mancha tigrada
na cabeça e uma pinta do lado esquerdo do corpo. O resto era branco como neve. Seria
então este o "outro" motivo para proibi-lo, ou seja uma tentativa de tirar a
influência do Bulldog? Não. Isso não é, em momento algum, alegado na bibliografia da
raça.
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