Bull Terrier e seu visual divertido.
...... O Bull Terrier chama a atenção, literalmente, de cara. Ao contrário de todas as demais raças caninas, a cabeça do Bull, em formato de ovo, é desprovida de qualquer ângulo com o focinho. Não bastasse esse detalhe, tem, ainda, os olhos triangulares pequenos, desproporcionais ao focinho muito comprido. Unam-se a isso as orelhas compridas e pontiagudas, e o Bull ganha uma aparência exótica e divertida a qual é impossível ficar indiferente. Foi essa feição caricata que conquistou Marco Bianchi, redator dos Sobrinhos do Ataíde - o conhecido trio humorístico da rádio e televisão brasileiros. "Eu queria um cachorro diferente e a cara do Bull é muito engraçada, tem um ar amalucado", acha Bianchi, que batizou seu cão de Wilber - nome de um personagem do programa, sucesso entre o público jovem.
...... Se a cara é engraçada, a conhecida capacidade de saltar do Bull surpreende os menos avisados. "O Bull está lá, parado, e de repente, dá um pulo incrível, parece que tem uma mola", fala Paulo Eduardo Costa, do Canil Zara Padraic, de São Vicente, SP, que cria a raça há 23 anos. "Quando vi pela primeira vez os meus saltando o muro de casa, com mais de 2 metros, me admirei de ver como caem de pe."
...... Impressionante também é a precisão do salto. "Se digo ´vem no colo´ e bato as mãos no joelho, ele dá um pulo e cai, se encaixando nos meus braços", descreve Mônica Voss, que há 13 anos cria a raça, no Canil Chantebled, na cidade de Júlio de Mesquita, SP. "Se o dono for desprevenido pode até cair, já que o Bull é pesado."
...... A boa disposição física torna o Bull ótima companhia para exercícios. "A raça é adequada tanto para caminhadas como para cooper e natação", diz o gaúcho Sindal Camargo, do Canil Ormandy Souperlative, de Porto Alegre, há 20 anos criando Bulls. "Corro cerca de 5 quilômetros com o Mogui no Parque do Ibirapuera e ele acompanha meu ritmo numa boa", garante Paulo Fasanella, de São Paulo, proprietário de uma Bull há cinco anos.
Aconchego ...... Descrito no padrão oficial como "particularmente amável com as pessoas", o Bull é dengoso e afetuoso. Agora, imagine um cão com a altura aproximada de um Cocker, mas duas vez mais massudo, instalado no aconchego do seu colo. "É duplamente engraçado: o Taigro, que cresceu vicendo comigo em um apartamento, se acostumou a dar saltos e a "aterrissar" no meu colo, me pegando de surpresa, e isso me força a fazer uma certa ginástica na hora de tirá-lo, de tão pesadão", descreve a dona, Fabíola Bumaruf, de São Paulo. "Os meus, mesmo com todo o tamanho deles, não dispensam um colo e adoram carinho", reforça Duncan McAllister, criador que tem quatro exemplares da raça há oito anos e diretor do North East Bull Terrier Club, em New Castle, Inglaterra.
...... Ativo como um bom Terrier, o Bull não é nada monótono. "Às vezes, o meu, sem mais nem menos, tem uns tiques de correr pela casa e subir nos móveis", comenta Fabíola. "Em compensação, há momentos em que fica parado me olhando por duas horas e, de repente, há um latido e pede colo", completa. O Bull é capaz de transmitir sentimentos sem fazer alarde. "Quando converso com alguém, e ele está por perto, apenas coloca a pata em cima do meu pé", comenta Sindal.
...... Mantém disposição para brincar, mesmo adulto. "Claro que o filhote é mais ativo, mas depois de crescido continua alegre, festeiro e participa das brincadeiras com entusiasmo", descreve Paulo Costa. "Tudo é motivo para brincar. Se eu pego os brinquedinhos dos meus, que têm quatro e cinco anos de idade, correm e pulam com excitação", conta Mônica. Nem o rigor dos frios invernos nevados detém o espírito brincalhão. "Até o mais velho, de oito anos, adora brincar. E todos divertem-se na neve, mergulhando e pulando como cangurus", ilustra McAllister.
Sempre Junto ...... O Bull adora o dono. "É amigo e companheiro 24 horas por dia", diz Mônica Voss. "Tenho um que anda atrás de mim o tempo todo", conta Paulo Costa, e acrescenta que, diferentemente dos Poodles, por exemplo, o Bull não costuma latir para atrair o dono. "Ele traz seus brinquedos, num convite à farra, insistentemente, até a pessoa ceder", explica ele. Fabíola que o diga: "Se estou no escritório, ele começa a levar para lá os seus brinquedinhos. Aí, quando vê que não dou bola, traz um objeto meu que ele sabe que não pode tocar. Fico brava e ele atinge seu objetivo: chamar minha atenção."
...... Aliás, a experiência indica que brinquedos de Bull têm vida curta diante de sua mandíbula poderosa. "Às vezes, se deixo, o meu detona os cabos de vassoura", revela Paulo Fasanella. "Ele gosta de destruir as bolinhas e bichinhos de pelúcia", conta Fabíola. Mas a sanha destruidora do Bull é controlável. "Dou muitos brinquedos aos filhotes e, por associação, estragam apenas aquilo que é deles", ensina Paulo Costa, que já usou essa técnica com cerca de 15 filhotes.
...... Ainda que o Bull escolha apenas um dono preferido, não é indiferente às demais pessoas da casa.
...... "Mostra-se especialmente fiel, amigo e protetor do dono, mas, em geral, se dá bem com todos na família", descreve Sindal. Com crianças, costuma ser carinhoso e cuidadoso. "O Bull mais velho, quando ouvia meu filho recém-nascido chorar, deitava-se ao lado dele, como para protegê-lo", lembra o inglês McAllister. "Ao brincar com uma criança, o Bull sabe medir sua força", reforça Paulo Costa. "Se a criança maltratá-lo, simplesmente vai para o seu canto", acrescenta Sindal.
Estilo Protetor ...... Quem conhece bem o Bull Terrier aposta no potencial dele como guardião. "Ainda que não seja tradicionalmente usado na guarda, é eficiente por ser corajoso, destemido e rápido", atesta Paulo Costa. Alerta, faz pequenas rondas e é atento a tudo o que ocorre. Até quando dorme é possível vê-lo com as orelhas em sinal de atenção, ao menor ruído. Mas não é barulhento. Raramente late. Simplesmente rosna e, se preciso, parte para o ataque. "Evitar o contato com estranhos reforça a atitude hostil do Bull Terrier para com os desconhecidos, que os encarará como ameaça", opina Mônica. "Mas quem prefere um Bull Terrier controlado, sem ser "fera", terá um bom guardião mesmo sem isolá-lo", pondera Paulo Costa. "Eu prefiro acostumá-lo aos estranhos, pois a sociabilização o torna mais disciplinado e controlado", opina.
...... O ataque de um Bull é rápido e certeiro. "Tem facilidade de saltar e de atingir o pescoço do invasor, mordendo-o com as fortes mandíbulas", observa Sindal. Suas iniciativas de defesa ao dono, mesmo quando não treinado para isso, podem surpreender. "Na rua, quando um amigo que não via há muito me cumprimentou com uns tapinhas nas costas, eu tive que segurar o Bull disposto a partir para cima dele por interpretar a atitude como inamistosa", lembra Paulo Costa. Paulo Fasanella viu o seu Mogui enlouquecido com um motoqueiro que parou ao lado do carro, para discutir. "Rosnava, querendo pegar o cara", conta.
...... O carro, para um Bull, é extensão do território, como se fosse sua casa. "É abrir a porta e já está lá dentro; se alguém se aproximar, rosna e, se insistir, ataca", diz Sindal. Paulo Costa anda com seus "seguranças": "No supermercado, ficam no carro, com os vidros abertos", conta. "Ninguém ousa se aproximar demais e os cães também não saem de lá."
Intolerância ...... Uma tendência natural da raça é a dificuldade de relacionamento com cães estranhos adultos. Mas o Bull pode ser acostumado desde filhote a aceitar outros cães e ser educado a não brigar. "Os meus quatro adultos não brigam entre eles, mas quando filhotes os acostumei ao convívio, reprimindo-os quando brigavam", conta McAllister.
...... "É interessante como o Bull Terrier respeita filhotes e não os ataca, mesmo se forem de outras raças", acrescenta. "A relação do meu macho de seis anos é a mais carinhosa possível com filhotes", testemunha Paulo Costa. "O Bull não é um cão de matilha, vive em pequenos grupos", diz Sindal.
...... Se a briga ocorrer, é difícil separar, pois o Bull trava a mandíbula. "Um dia, dois machos se pegaram pelo pescoço e ficaram atracados por mais de três horas até que consegui, com a ajuda de outra pessoa, jogá-los na piscina", recorda Mônica. "Mesmo assim, tivemos de trazer cada um para um lado porque queriam se pegar de novo." Ficaram muito machucados, mas não demonstraram dor, nem enquanto o veterinário os costurava. "Fiquei impressionada!"
...... Com outros animais, a situação é pior ainda. "Não tolera gatos, fica obcecado para pegá-los", diz Fabíola. "No parque, se o Bull vê um gato na árvore, fica azucrinando, tentando subir e mordendo o tronco, do qual até arranca pedaços", relata Paulo Fasanella. A raça enfrenta qualquer animal, mesmo maior que ela. "Uma vez, na fazenda, um dos meus Bulls, Philip, simplesmente "voou" para cima de um cavalo que corria enlouquecido em minha direção e mordeu-lhe a perna para tê-lo", ilustra Paulo Costa.
...... Outro traço marcante no Bull Terrier é o temperamento independente, forte e dominador. "Às vezes, até um Bull bastante obediente pode resolver fazer somente o que lhe der na telha", revela Paulo Costa. O Bull foi uma das raças caninas menos cotadas em obediência, numa classificação feita pelo estudioso Stanley Coren, comparando 133 raças, em seu livro A Inteligência dos Cães. Ocupou a 66º lugar em 79 posições.
É preciso paciência para educá-lo. "Antes de completar um ano e meio, é especialmente desobediente, exigindo comandos com energia para se impor", conta Mônica. "Eduque-se antes de ter um Bull; tenha pulso firme e conheça as características psico-físicas da raça, caso contrário ele vai mandar em você", reforça Sindal. "Tenho de ser firme e insistir para que eles me obedeçam, se não fingem que não me ouvem", acrescenta McAllister.
"É raridade encontrar um Bull que aprenda a obedecer rapidamente; já treinei mais de dez exemplares da raça e todos mostravam-se muito independentes e teimosos", diz Elias Teixeira de Oliveira, da Alternativa´s Dog Show, de Santo André. "A vontade própria e a argúcia do Bull exigem mostrar a ele a vantagem que terá ao cumprir a ordem dada; logo compreenderá e colaborará", diz Paulo Costa. "Tentar simplesmente se impor é contraproducente."...... O estilo independente torna o Bull Terrier bastante auto-suficiente. "Um Bull meu ficou sem água e não vacilou em pular as grades de dois metros de altura que separavam os dois canis vizinhos", conta Paulo Costa. "Matou a sede e voltou ao seu canto, sem problemas." Já Mônica Voss lembra uma triunfal atitude da sua Bull. "Ela latia querendo sair do canil e ao ver que ninguém a tirava, cavou um túnel sob o piso de terra", conta. "Quando percebi, sua cabeça saía pelo lado externo do túnel". Sindal lembra da esperteza do primeiro Bull dele. "Fechava-o fora, na área de serviço, mas ele aparecia em cima do sofá da sala. Descobri que pulava na alta maçaneta e empurrava a porta pesada", descreve.
Sensível ...... O Bull Terrier é resistente. Os males apontados como mais freqüentes estão relacionados aos exemplares de pelagem branca, e não diretamente à raça - podem ocorrer com qualquer cão branco. Trata-se da falta de melanina (pigmento escuro), comum em muitos cães de pelagem branca e facilmente percebida pela cor da pele - rosada, em vez de escura.
...... Do ponto de vista prático, a falta de pigmento torna o cão mais sensível a problemas corriqueiros. Em geral, não são graves. É o caso da dermatite solar, ou queimadura de sol. Ocorre na pele rosada mais aparente, em geral na ponta da orelha, no focinho e ao redor dos olhos. "Cerca de metade dos Bull Terriers brancos atendidos por mim já tiveram queimadura de pele", diz a veterinária Cristiane Milward, de Niterói, que cuidou de cerca de 30 Bulls. "Não permita que o cão fique exposto ao Sol das 10 às 15 horas", recomenda o veterinário Haroldo Maretto, de São Paulo, que já atendeu aproximadamente 35 Bulls e precisou internar um deles por esse motivo e tratá-lo com soro e cremes. "Se o cão precisar ocasionalmente ficar sob Sol forte, passe antes filtro solar na pele exposta", orienta Cristiane.
...... A pele despigmentada é mais sensível a alergias. Podem ser causadas por fatores como produtos de limpeza e contato com tecidos sintéticos. Cheiros fortes, como os de produtos de limpeza, podem favorecê-las. "Evite usar desinfetantes com cheiro forte de pinho ou eucalipto", indica o veterinário Claudio Leal Pellegrini, da Clínica Pellegrini, de Santos, que já teve entre os seus pacientes cerca de uma centena de Bull Terriers.
A coceira causada por alergias pode também favorecer a Piodermite.
"Pequenas feridas na pele, muitas vezes devido ao ato de se coçar insistentemente, são ambiente de proliferação para bactérias como as Streptococus e Staphilococus, causadoras da Piodermite", ensina Cristiane, que as observou em cerca de um quarto dos Bulls que atendeu. Os sintomas são, além da coceira, avermelhamento da pele e feridas úmidas. Trata-se com cremes e, se graves, com antibióticos.Padrão Oficial CBKC nº 11, de 20/4/1994.
FCI nº 11f, de 24/6/1987. País de origem: Grã-Bretanha.
Nome no país de origem: Bull Terrier.
Prova de trabalho: para o campeonato, independe.
Aparência geral: cão de constituição forte e sólida, musculoso e simétrico, com uma expressão viva, determinada e inteligente.
CARACTERÍSTICAS: o Bull Terrier é o gladiador das raças caninas, pleno em impetuosidade e coragem. É único em suas características de cana nasal descendente (downface) e cabeça ovóide, independente do tamanho, os machos devem ser notadamente másculos e as fêmeas bem femininas.
TEMPERAMENTO: equilibrado, talhado à disciplina, se bem que obstinado, é particularmente amável com as pessoas.
CABEÇA E CRÂNIO: cabeça longa, forte e profunda até o final do focinho, jamais grosseira. Visto de perfil a linha superior desde o topo do crânio até o focinho é arqueada. A trufa é preta com a ponta inclinada para baixo e as narinas bem desenvolvidas; o maxilar inferior é forte e profundo.
BOCA: dentes sadios, fortes, de bom tamanho e ortogonalmente inseridos. Apresentam uma mordedura em tesoura perfeita, completa com os incisivos alinhados, isto é, os incisivos superiores ultrapassam, pela frente, os inferiores, em contato justo e todos inseridos ortogonalmente aos maxilares. Lábios secos e ajustados.
OLHOS: de aspecto estreitos e triangulares, inserção oblíqua profunda, pretos ou marrom-escuros quase pretos, com expressão penetrante. A distância, desde os olhos até a ponta do nariz, deve ser, nitidamente, maior que a dos olhos ao topo do crânio. Olhos azuis ou parcialmente azuis são indesejáveis.
ORELHAS: inseridas relativamente próximas, pequenas, finas e portadas firmemente eretas.
PESCOÇO: bem musculoso, longo, arqueado, reduzindo a diâmetro da cernelha para a cabeça, sem barbelas.
ANTERIORES: ombros fortes e musculosos, sem serem carregados. A ponta dos ombros fica próxima à ponta do esterno com as escápulas planas, largas, com pronunciada angulação com os úmeros. Membros anteriores retos com ossatura de seção redonda, muito fortes e robustos de modo que o cão possa ficar, solidamente, plantado conferindo um paralelismo perfeito. Cotovelos fortes, firmes e bem ajustados, trabalhando rente ao tórax. No cão adulto os cotovelos ficam na metade da distância da altura na cernelha. Metacarpos verticais.
TRONCO: bem roliço, costelas muito bem arqueadas, dorso curto e forte. A lina superor é de nível desde a cernelha, lombo levemente arqueado, largo e bem musculoso. Peito, visto de frente, é largo; visto de perfil, com grande profundidade da cernelha ao esterno. A linha inferior, do esterno ao ventre sobe em graciosa curva.
POSTERIORES: visto por trás, os posteriores apresentam paralelismo. As coxas devem ser musculosas e as pernas bem desenvolvidas. Os metacarpos são curtos e retos, os joelhos e jarretes são bem angulados.
PATAS: redondas e compactas, com dedos bem arqueados.
CAUDA: curta, de inserção baixa, portada horizontalmente. Mais grossa na raíz, afinado, gradualmente, até a ponta.
PELAGEM: pêlo curto, assentado, denso e áspero ao toque e bem brilhante. O subpêlo é macio e pode estar presente no inverno. A pele é firmemente aderida ao corpo.
COR: nos brancos é branco puro. A pigmentação da pele ou marcações na cabeça não devem ser penalizados. Nos coloridos, a cor deve predominar em área sobre o branco. O rajado é preferido. Rajado escuro, vermelho, castanho claro e tricolor são aceitáveis. Marcas pequenas no pêlo branco são indesejáveis, azul e fígado são altamente indesejáveis.
TAMANHO: não há limites para a altura e o peso, mas o cão deve dar a impressão de máxima substância para seu tamanho, em coerência com as suas qualidades e sexo.
Bull Terrier Miniatura: neste caso a altura não pode exceder a 35,5 cm e não há limite para o peso desde que dê a impressão de substancioso e de proporções equilibradas.
MOVIMENTAÇÃO: através da cobertura de sola e do movimento característico ritmado, fácil e fluente, o cão transmite a sensação de ter todas as suas partes bem integradas. No trote os membros trabalham em planos paralelos. Quando a velocidade aumenta, as pegadas convergem para o eixo central. Os anteriores apresentam bom alcance de passadas e os posteriores fornecem bastante propulsão pela ação compassada das ancas e da garupa e pela flexão dos joelhos e jarretes.
FALTAS: qualquer desvio dos ítens deste padrão deve ser considerado como falta e penalizada na exata proporção de sua gravidade.
DESQUALIFICAÇÕES: gerais.
NOTA: os machos devem apresentar os dois testículos bem visíveis e normais, totalmente descidos na bolsa escrotal.