Possuir loris irá de cert deliciar o verdadeiro amante de psitacídeos. No entanto, ao contrário dos criadores de Amazonas, Cacatuas e Araras, bem sucedido comercialmente, os de Loris irão verificar que não são vendidos a altos preços, sendo ainda mais limitado o mercado para aves jovens. Mas as suas cores exuberantes, comportamento e personalidade proporcionarão uma infindável fonte de alegria e um prazer que desafia qualquer "moda", pois eles possuem um fascínio que nunca se desvanece. |
Comparados com os Amazonas, por exemplo, os Loris vivem a um ritmo
mais acelerado. São aves muito activas, sociáveis, irrequietas
e criosas. Possuí-las é um divertimento e vê-las é
um deleite. Porém não deixe levar-se pelo entusiasmo adquirindo
tantos casais que depois não tenha tempo disponível para
observar as suas bizarrias!
Se os quer manter em condições, para o prazer das aves e o seu próprio, não os aloje por sistema de pequenas gaiolas suspensas. Construa aviários com 3 metros de comprimento, no mínimo, e só assim poderá ver as cores brilhantes que muitas espécies apresentam sob as asas, proporcionando-lhes igualmente a melhor forma e alegria porque elas podem voar e perseguir-se na brincadeira. |
Os Loris, como grupo, estão entre as aves mais coloridas do
mundo, talvez apenas rivalizando com os faisões. É por isso
que algumas espécies são especialmente populares e largamente
reproduzidas. Criam com facilidade e os seus preços não são
elevados, sendo exactamente porque a sua plumagem apresenta uma exuberãncia
de cores que, em muitos casos, atraem os que nada percebem de Loris.
Este grupo de Psitacídeos reune 52 espécies, das quais apenas 38 são conhecidas pelos avicultores, e mesmo algumas destas raramente disponíveis. As mais comuns em cativeiro nos Estados Unidos pertencem a cinco géneros: Chalcopsitta, Eos, Pseudeos, Trichoglossus e Lorius. Os Loris mais vulgares no mercado são os Vermelhos, o Listrado de Azul, o de pescoço violeta, o Fusco, o de Nuca Verde, o de Goldie e o Chattering, todos eles muito coloridos e bons reprodutores. Os criados em cativeiro são vulgarmente anunciados para revistas de especialidade. Aconselha-se aos que procuram espécies mais raras que contactem com a International Lorinae Society. O seu secretário é o sr. Charles Martin, da Flórida (telef. 813 677-8904). |
Nos últimos anos, cada vez maior número de pessoas vem
descobrindo o prazer de possuir um Lori como ave de estimação.
Irei pois, abordar neste artigo o tema da reprodução dos
Loris.
Ao lado - Lory Vermelho
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Os casais podem ser mantidos em diversas condições: aviários
exteriores, gaiolas suspensas, gaiolas interiores e mesmo, para espécies
mais pequenas, aviários com plantas. Devido às suas fezes
liquidas que esguicham a alguma distancia, poucas pessoas mantêm
Loris dentro de casa, co excepção das espécies mais
pequenas que são alojadas em gaiolas especialmente desenhadas para
o efeito. As gaiolas exteriores suspensas são as que dão
menos trabalho, mas não propiciam o ambiente estimulante necessário
a estas aves brincalhonas, podendo no entanto ser modificadas pela introdução
regular de ramos frescos de árvores, especialmente se estes têm
rebentos ou bagas não venenosas (Espinheiro ou Sabugueiro). Os Loris
são essencialmente aves de árvores e arbustos que dão
flor, e nota-se bem como eles preferem empoleirar-se frequentemente em
pequenos ramos no fundo das gaiolas suspensas, em vez de optarem pelos
tradicionais poleiros duros e certinhos. Também gostam de debicar
as folhas e cascas de pinheiro e de àrvores de fruto, adorando sementes
das pequenas nozes ou frutos de casuarina e fazendo aquilo para que foram
predestinados: extrair o pólen de qualquer flor existente nos ramos.
Um ou dois ramos suspensos do tecto podem também servir de baloiço
irresistível para as aves jovens.
Os Loris possuem uma plumagem excepcionalmente brilhante, tendo necessidade de tomar banho frequentemente de modo a mantê-la em óptimas condições. Precisam para isso de um recipiente não muito fundo, onde chapinharão à vontade, e ao contrário da maioria dos Papagaios, batem as asas na àgua enquanto tomam banho. Para um Lori, ramos frescos são simultâneamente comida, brinquedo e tónico, devem ser considerados fundamentais e não apenas uma "guloseima" esporádica. Também uma dieta variada é essencial. Os pequenos e belos Loriquitos Charmosyna, como o Stella e o de flancos-vermelhos, consomem basicamente néctar e fruta e, em alguns casos, uma dieta seca, mas as espécies mais comuns, incluindo as acima mencionadas, desenvolvem-se melhor com uma comida mais variada. esta deverá incluir, diáriamente, um néctar líquido, uma dieta seca aos que dela gostam, e fruta. Adicionalmente poderão dar-se verduras várias vezes por semana bem como leguminosas demolhadas ou cozidas, mesmo massa cozida, sementes demolhadas e pão integral. Vegetais |
crus , como a cenoura e a abóbora são muito apreciados,
especialmente pelos jovens, que gostam imenso de "lutar" com uma cenoura
inteira antes de a comer. Muitas outras coisas lhes podem ser dadas. O
facto principal a ter presente é que os Loris não são
apenas nectarívoros e frugívoros. se domesticados ou ainda
jovens, escolherão uma grande variedade de alimentos, levando os
Loris de gaiolas próximas a imitá-los certamente.
O tipo de instalação parece não ter demasiada influencia no sucesso da reprodução. Todavia, em colónia nem sempre é aconselhável, excepto quando se tratem de algumas espécies mais pequenas e desde que alojadas em aviários bastante grandes. Com os Loris de maior porte isto seria meio caminho andado para um completo desastre, pois em tais circunstâncias, estes transformar-se-iam em verdadeiros assassinos. |
Na maioria dos Loris, as plumagens do macho e da fêmea são
idênticas. Apesar de um criador experiente conseguir destinguir o
macho da fêmea pela forma e tamanho das cabeças, bicos, e
pela postura que assumem no poleiro (as fêmeas mais agachadas que
os machos), há excepções que confundem qualquer um.
Portanto, recomenda-se a sexagem por um método eficaz (cirurgico,
ADN, etc) nas espécies (a maioria) que não são sexualmente
dimórficas.
A pergunta mais frequente dos menos experientes com Loris é: "Com que idade as aves atingem a maturidade sexual?". As espécies sexualmente mais precoces são algumas das Trichoglossus (Loriquitos de nuca verde e suas sub-espécies) das Charmosyna até ao tamanho de Josephine. Estes são capazes de fertilizar ou pôr ovos com apenas nove ou dez meses. Em contráste, poderá ter de esperar três anos para que os Loris de maior porte estejam aptos a reproduzir. |
É aconselhável ter os ninhos permanente e acessívelmente
colocados, de modo a que as aves neles se possam abrigar, pois quase todos
os Loris preferem pernoitar num qualquer refúgio. Nos aviários
exteriores eles estarão assim mais protegidos e mais quentes durante
a noite, embora possam surgir algumas desvantagens, nomeadamente "decidirem"
os Loris procriar durante o Inverno. Num clima quente, tal não tem
grande importância, mas em ambientes frios, isto obriga à
retirada dos filhotes para serem "criados à mão", ou estão
sugeitos a morrerem no ninho antes das duas semanas de vida, em virtude
de os pais os deixarem de alimentar.
Os avicultores de países mais frescos notarão que a maioria das espécies são resistentes e capazes de tolerar baixas temperaturas (exceptuando-se as pequenas Charmosina). |
No entanto, o eventual prazer em manter Loris nestas condições
desaparece quando a comida congela, havendo então que substítui-la
pelo menos 2 vezes ao dia. Na maioria do território Português
tais situações são raras podendo acontecer no interior
do país e durante curtos periodos em Invernos rigorosos.
Apesar de as aves tomarem banho, mesmo nos dias mais frios, geralmente sem que com isso demonstrem qualquer problema, eu não aconselharia continuar a mantê-los no exterior, a menos que disponham de um abrigo aquecido onde se possam refugiar e onde o nectar alimentar não congele. Uma luz eléctrica deverá providenciar um total de 12 horas de luminosidade diária, periodo durante o qual os Loris se possam alimentar, permitindo-se assim que mantenham a sua temperatura corporal. Se estas condições não puderem ser satisfeitas, penso ser preferível mantê-los num aviário aquecido ou num aviário interior durante os meses mais frios. Serão pois, acomodados em gaiolas mais pequenas durante este periodo, não tendo grande importãncia se durante o resto do ano tiveren acesso a voadeiras exteriores nas quais possam fazer bastante exercicio. Se privados de exercitarem as suas asas, correm o risco de se tornarem obesos, com consequências sérias e por vezes letais, já para não falar no prazer de voar, tão importante para estas aves, que na Natureza são, na sua maioria, nómadas. |
As caixas de nidificação para Loris deverão ser
em madeira dura e/ou terem ripas aparafusadas no interior, para permitirem
que elas trepem e as roam (não usar pregos para evitar lesões
quando a madeira for destruída). Também no interior deverão
colocar-se aparas de madeira não tratada, que as aves, quando estão
a preparar a postura, mascarão simultâneamente com as tiras
roídas do ninho, podendo também utilizar algumas penas para
o forrar.
Figura ao lado - Um ninho em L para Loris. |
Os loris aceitam normalmente qualquer caixa-ninho, a menos que o oríficio
de acesso seja muito grande. Este deverá ter apenas o diâmetro
necessário para permitir a sua entrada. Os ninhos em forma de L
(sendo a parte horizontal do L mais comprida do que a vertical) têm
vantagens pois providenciam uma maior àrea de postura. As aparas
colocadas no ninho deverão ser mudadas com alguma frequência
(dependendo esta do tipo de alimentação e da espécie)
quando já existam crias. Se o fundo do ninho fica muito húmido,
é quase certo que os pais começam a arrancar penas aos filhotes.
A postura normal de todas as espécies não-australianas
é de dois ovos, com excepção do Lori Perfeito (Trichoglossus
euteles), que põe 3 ovos. O periodo de incubação dura
normalmente 22 a 26 dias. as espécies Charmosina parecem ter um
periodo mais longo, mas acontece que muitas enterram os ovos nas aparas
ou ignoram-os durante uns dias antes de iniciarem o chôco.
Se a f~emea não quer afastar-se dos filhotes, respeite-a e feche a porta cautelosamente. algumas f~emeas saiem do ninho imediatamente, mas são relutantes quando com crias ainda pequenas. Sem tocar nos filhotes, verifique se estes estão de pé (ou de costas se a fêmea os estava a alimentar) e não debaixo das aparas, como poderá acontecer se estiverem com frio ou doentes; e então teria de os retirar para serem alimentados à mão e sobreviverem. Um filhote poderá estar de tal modo frio que fica sem forças para que os pais o alimentem (pois não pode levantar a cabeça) e, apesar da mãe tentar aquecê-lo, não sobreviverá. Imediatamente antes dos filhotes abrirem os olhos, deverá ser-lhes colocada uma anilha com as dimensões próprias para a espécie. É importante - ainda mais com as espécies raras - que a ave esteja identificada durante toda a vida, impedindo assim que seja cruzada com outra do mesmo sangue. Nunca conheci Loris que não aceitassem a colocação de anilhas nos seus filhotes, mas existe o risco de que elas possam ficar presas a um arame ou graveto. Não é demais referir que todas as aves, principalmente as mantidas em viveiros exteriores, devem ser inspeccionadas pelo menos duas vezes por dia, e sempre de manhãzinha e ao fim da tarde, pois deste modo evitar-se-ão eventuais acidentes sérios. Alguns casais têm o mau hábito de arrancar as penas ás crias, não sendo porém necessário retirá-las para alimentar à mão se o tempo estiver quente. tente colocar o ninho no chão, o que poderá desencorajar os pais a entrar nele, excepto para alimentar as crias, porque o arranque das penas pode estar directamente ligado com o facto dos pais permanecerem muito tempo no ninho, ou fruto de um entusiastico "pentear" da plumagem com o bico. Frequentemente, a causa deve-se ao facto do ninho estar molhado, pelo que, em algumas circunstancias é necessário mudar a cama de aparas de 2 em 2 dias, após as primeiras 2 semanas. Como a maioria dos Loris abandona o ninho quando têm entre 8 a 10 semanas, tal poderá dar algum trabalho, mas também prevenir-se-ão infecções bacterianas e, durante o tempo quente, infestações de piolhos vermelhos. A maioria dos Loris são bons pais (o arranque das penas é
o único problema comum), mas dê-lhes sempre uma alimentação
nutritiva e com níveis proteicos adequados. Alguns casais totalmente
inexperientes poderão matar o seu primeiro filho logo após
a eclosão, ou não saberem como o alimentar. Dê-lhes
uma segunda chance, pois precisam de uma oportunidade para aprender!
Enquanto as crias estão no ninho, se os pais forem alimentados
3 ou 4 vezes ao dia, tal irá estimulá-los a alimentar os
filhos mais frequentemente (como acontece com os outros psitacídeos).
Muitos pais alimentam tão bem os seus filhotes que os papos mais
parecem balões!... Mas geralmente, a partir do momento em que estão
totalmente emplumados e começam a subir pelo ninho, recebem menos
quantidade de alimento.
Os Loris domesticados são muito meigos e afectuosos para com o dono. Na maioria dos casais, o macho e a fêmea têm uma ligação bastante forte, passando horas a arranjar as penas ou a brincar um com o outro. No poleiro estão sempre a tocar-se mutuamente e ficam muito agitados se são separados mesmo por pouco tempo. |
Finalmente, uma alusão breve à ética. Apelaria aos criadores a não reproduzirem híbridos. Os Loris capturados na natureza já não são importados pelos E.U.A. . Quer isto dizer que os Loris disponíveis para as próximas gerações de avicultores são descendentes dos que actualmente possuimos e de alguns oriundos na natureza que já não se encontram vivos. Se se reproduzirem híbridos, estes poderão ser adquiridos por principiantes, que não se apercebem que não são puros. As crias daqui resultantes poderão ocultar genes, durante muitas gerações, vindo a revelar mais tarde características fenotípicas ou genotípicas de outras espécies. Antigamente praticou-se muita hibridização entre faisões ornamentais, e ainda hoje poderão ser vistos os resultados em aves que não são verdadeiras representantes das suas espécies. Tal situação poderá acontecer com os Loris. |
Durante a última década, estudos de campo revelaram pela
primeira vez que um elevado número de espécies de Loris está
já em perigo de extinção devido à destruição
de habitats, excesso de captura e introdução de ratos no
caso dos Loris endémicos para pequenas ilhas. Os avicultores possuem
um recurso potencial de enorme valor: aves poderão ser reintroduzidas
na vida selvagem quando esta já esteja extinta ou à beira
da extinção. Daí, deverem os avicultores consciencializarem-se
da responsabilidade de manterem "Stocks" puros, visual e geneticamente,
o mais próximos possivel dos exemplares ancestrais selvagens. A
domesticação produz alterações inevitaveis
após algumas gerações, mas tudo devemos fazer para
as minimizar.
Outra prática a evitar é a venda de aves consanguíneas
para fins de reprodução. Hoje em dia, quando é tão
fácil para um criador de Loris contactar outro através da
International Lorinae Society ou outras associações similares,
não há desculpa para tal. Com um pequeno esforço poderão
ser formados casais não aparentados ou prestada ajuda ao comprador,
de modo a que este encontre um(a) parceiro(a) para o seu Lori.
(*) N.T. "ligado mentalmente ao dono". Este fenómeno foi estudado em particular nos gansos pelo etólogo austríaco Konrad Lorenz |