Vida e Obra de Almeida Garrett
Nascido a 4 de Fevereiro de 1799 no Porto, João Baptista da
Silva Leitão que mais começa a usar o apelido de Almeida
Garrett. João Baptista da Silva Leitão de Ameida Garrett foi
uma das grandes figuras das letras portuguesas, revelando todo o
seu talento e mestria em qualquer dos géneros literários. Foi o
Poeta de Folhas Caídas, o prosador de Viagens na Minha Terra e o
dramaturgo de Frei Luís de Sousa, sendo ainda figura de alto
relevo no pensamento político e cultural da sua época.
Até 1808 vive na Quinta do Castelo, junto ao rio Douro ouvindo
desde muito novo histórias contadas por criadas da família de
avultada idade, este foi o primeiro contacto que Garrett teve com
o fantástico mundo da imaginação literária, ainda que de uma
forma muito rudimentar. Em 1809, vê-se obrigado a viajar
juntamente com a sua família para Angra do Heroísmo na ilha
Terceira devido à conturbada época que se vivia em Portugal
continental na altura. A invasão Francesa comandada por Soult
foi a principal causa para o refúgio nos Açores da família de
Garrett. É nos Açores que estuda as mais diversas disciplinas,
como geometria, latim e grego, com seu pai e estuda poética com
seu tio João Carlos Leitão que foi uma das pessoas que mais o
influenciou na sua escolha de vida já que foi quem deu a
conhecer a Garrett todo o fascínio da poesia.
Em 1811, ainda nos Açores Garrett reúne-se à família de seu
tio Frei Alexandre da Sagrada Família, sendo este quem se
encarrega de continuar a educação literária de seu sobrinho.
Embora este seu tio pretenda que Garrett siga uma vida eclesiástica
este apaixona-se por uma jovem inglesa que o vai inspirar a
escrever Odes Anacreônticas. Só em 1816 Almeida Garrett
regressa ao continente, vai para Coimbra onde se matricula no 1º
ano do curso de Direito. Em 1818, no final do ano lectivo é
representada a sua peça Xerxes que tinha escrito durante a sua
estadia na ilha terceira em 1816. Ao passar umas férias no Porto,
frequenta a praia de Póvoa de Varzim onde vê representar uma
comédia sobre Frei Luís de Sousa que o marcou de tal maneira
que mais tarde o própria Almeida Garrett vais escrever Frei Luís
de Sousa. É nesta altura que João Baptista começa a utilizar o
apelido de Almeida Garrett. Ainda em 1818 escreve a tragédia
Lucrécia que é representada um ano depois no tetro dos grilos,
em Coimbra, é também durante 1819 que escreve o Amor da Pátria.
Já no final da sua passagem por Coimbra , em 1820 Garrett chefia
o movimento da juventude universitária a favor de revolução
demonstrando desde esta altura que era uma pessoa insatisfeita e
capaz de lutar pelos seus ideais. Mas mesmo durante este
conturbado momento da sua vida Garrett escreve O Roubo das
Sabinas e publica o Hino Constitucional. Algum tempo mais tarde
recebe o grau de bacharel.
Já após a sua formatura, em 1821, representa a sua tragédia
Catão apaixonando-se na noite da representação por Luísa
Midosi, prima de um seu grande amigo. Durante este ano escreve
também O Corcunda por Amor em colaboração com Paulo Midosi.
Um ano depois é sujeito a concurso após o qual é nomeado para
oficial da Secretaria de Estado dos Negócios do Reino. Publica O
Retrato de Vénus e a 11 de Novembro deste ano (1822) casa-se com
Luísa Midosi em Lisboa.
A 9 de Junho 1823 Almeida Garrett parte pela primeira vez para o
exílio deixando a esposa em casa de seu sogro. Só cerca de um mês
mais tarde volta a Lisboa para buscar a sua esposa voltando a
embarcar logo de seguida para Inglaterra. Em 1825 depois de ser
despedido da casa onde trabalhava, Garrett parte para Paris onde
escreve os poemas Camões e D.Branca, mas cedo regressa a Londres
sendo readmitido no seu antigo emprego. Em 1826 é Luísa Midosi,
sua mulher, quem vem a Portugal pedir ao rei João VI perdão
para seu marido, mas o rei morre entretanto. Assim só a 3 de
Junho deste ano Garrett consegue ser libertado do exílio e á
readmitido no seu antigo cargo na Secretaria de Estado dos Negócios
do Reino.
Em 1827 é preso, sendo libertado alguns meses depois. Em 1828
parte de novo para Inglaterra regressando no mês seguinte,
entretanto publica em Londres Adosinda e Bernal Francês. A 27 de
Julho, já em Portugal, embarca na frota liberal depois de ter
assentado praça nos Açores. Quando as forças de D. Pedro IV
desembarcam no Mindelo regressa à sua cidade Natal. Nesta altura
é encarregado pelo ministro do reino de organizar a respectiva
secretaria trabalhando aqui como oficial maior durante quatro
meses.
Durante 1829 várias foram as publicações de Garrett em Londres,
em Abril publica a Lírica de João Mínimo, em Julho publica
Portugal na Balança da Europa e em Novembro publica Da educação
sendo esta ultima composta de cartas dirigidas a D. Leonor da Câmara.
Em 1833 viaja até Paris onde vive com bastantes dificuldades
financeiras, vendo-se obrigado a regressar a Portugal passado
pouco tempo. No ano seguinte foi nomeado cônsul geral de
Portugal na Bélgica e um ano depois é nomeado ministro
residente em Copenhaga.
Em 1836 é destituído das suas funções e regressa a Portugal
para ajudar a preparar a revolução de Setembro. Uma vez em
Portugal é encarregado por Passos Manuel de fundar um teatro
nacional. E é assim que neste mesmo ano Garrett cria o Teatro
Nacional D.MariaII e o conservatório de Arte Dramática sendo
nomeado para inspector-geral dos teatros e espectáculos.
Em 1837 Almeida Garrett volta a apaixonar-se desta vez por
Adelaide Pastor Deville e no ano seguinte escreve Um Auto de Gil
Vicente que vem a ser representado em Lisboa algum tempo mais
tarde. Em 1840 são os alunos do conservatório já criado por
Garrett quem estreia a sua peça D. Filipa de Vilhena no teatro
do Salitre.
E em 1841 Garrett é demitido dos importantes cargos que
desempenhava por motivos políticos. E neste mesmo ano após o
nascimento de sua filha Maria Adelaide Morre Adelaide Deville. É
então que Garrett publica a tragédia Mérope. No ano seguinte
publica O Alfageme de Santarém e dois anos depois publica Frei
Luís de Sousa.
Durante 1844 Garrett conhece a viscondessa da Luz que o vai
inspirar a compor Folhas Caídas. Ainda durante este ano passa
algum tempo no Brasil refugiado em casa do ministro deste país
devido ao regime imposto por Costa Cabral, e termina Viagens na
Minha Terra. No ano seguinte é publicado em Lisboa o 1º tomo de
Arco de Sant'Ana, Flores sem fruto, D. Filipa de Vilhena, Tio Símplicio,
e Falar Verdade a Mentir.
No ano de 1846 Garrett é reintegrado no cargo de cronista-mor do
reino, cargo para o qual já tinha sido nomeado anteriormente em
1839, por D. Maria II. Este é um ano marcado pela oposição de
Garrett ao governo de Costa Cabral. Entretanto escreve o Noivado
do Dafundo que foi escrito precisamente no Dafundo, na Quinta da
família Palha. É assim visível que o escritor é influenciado
por tudo o que o rodeia.
Em 1848 é representada pela primeira vez a comédia A Sobrinha
do Marquês no teatro D. Maria II . Passado um ano vai viver com
Alexandre Herculano durante alguns meses devido a problemas
pessoais.
Em 1850 Garrett publica o 2º tomo de Arco de Sant'Ana , e no ano
seguinte publica os tomos II e III de Romanceiro. Neste ano de
1851 é nomeado elemento da comissão para a reforma da Academia
Real das Ciências de Lisboa redigindo novos estatutos. Em junho
deste ano recebe da Rainha D.Maria II o título de visconde e
colabora em Bruxelas com o embaixador de Portugal. Em Janeiro de
1852 é nomeado par do reino e alguns meses depois chaga mesmo a
desempenhar o papel de ministro e secretário de estado dos Negócios
Estrangeiros. Mas passados cinco meses pede a demissão dos
Cargos que ocupava por motivos de saúde que o impediram de
continuar ima vida activa.
Em 1853 publica Folhas Caídas e, a 9 de Dezembro de 1854 ás 18h20m
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett morre após
alguns meses de doença.
Os factos relatados anteriormente permitem mais uma vez comprovar que um escritor, como ser humano que é, não vive isolado e por isso é fortemente influenciado na sua produção artística pelo ambiente e pelas pessoas que o rodeiam. Visto que não o pode evitar cabe ao artista aproveitar aquilo que o rodeia o melhor possível e é não só graças a Almeida Garrett mas também a todos aqueles que com ele conviveram que devemos o prazer que temos ao ler as suas obras.