Estudo das Fracções inorgânicas de um solo

 

Introdução

A Terra, na sua parte sólida, encontra-se em grande extensão coberta por uma camada móvel, constituída por substâncias minerais e orgânicas e por inúmeros seres vivos, a que se dá o nome genérico de solo.

O conceito solo como meio físico adequado ao desenvolvimento de plantas remonta, pelo menos, ao Neolítico quando o Homem introduziu na sua vivência quotidiana a agricultura.

A ciência do solo ou pedologia tem como objecto de estudo os "pedon", isto é, as mais pequenas porções de matéria que podem ser chamadas de solos. A pedologia, numa perspectiva biológica, procura conhecer a génese e as características físico-químicas que fazem dos solos meios naturais propícios para o estabelecimento de complexas comunidades bióticas.

O solo é essencial para muitos seres vivos, pois está na base da sua alimentação. As plantas encontram nele o substrato natural que protege alguns dos seus órgãos e dele retiram diversas substâncias indispensáveis ao seu desenvolvimento. Para outros seres vivos como fungos, bactérias e alguns animais, o solo constitui o seu habitat onde encontram todas as condições de sobrevivência e com o qual estabelecem inter-relações diversas. A maioria dos consumidores dos ecossistemas terrestres viva na dependência do solo, pois, directa ou indirectamente, são condicionados pelos recursos que nele têm origem.

Mas como é que se forma um solo? A o processo de formação do solo chama-se Pedogénese. Este processo é dinâmico e evolutivo envolvendo um conjunto de fenómenos.

As rocha superficiais da crosta terrestre desagregam-se e alteram-se , isto é, modificam-se física e quimicamente por acção de agentes de meteorização. Esses agentes de meteorização ou erosão distinguem-se em três grandes grupos:

 

Agentes Físicos

  1. Diminuição da pressão das rochas (exemplo: Afloramento)
  2.  
  3. Expansão provocada pela dilatação e contracção das rochas
  4.  
  5. Crescimento dos cristais
  6.  
  7. Acção dos colóides

 

Agentes Químicos

  1. Solubilização e formação de colóides
  2. Hidratação e hidrólise dos minerais
  3. Oxidação e redução
  4. Actividade de certos ácidos

 

Agentes Biológicos

  1. Pisoteio de animais
  2. Actividade exploratória humana
  3. Crescimento de raízes de plantas
  4. Formações de túneis, tocas, galerias
  5. Excreções de seres vivos

Observando uma secção vertical de solo, distingue-se uma sucessão de camadas bem definidas denominadas horizontes, cujo conjunto constitui o seu perfil Pedológico. Numa 1ª fase de formação do solo massas rochosas inalteradas ( rocha-mãe ) são atacadas pelos agentes acima referidos, que as fragmentam e alteram quimicamente, originando grânulos muito pequenos e provocando fracturas ou fendas superficiais dando origem ao horizonte C.

Por cima desta rocha fracturada podem desenvolver-se seres vivos capazes de viver directamente sobra a superfície de rochas pouco alteradas, em muitos casos são líquenes os primeiros seres que se instalam na superfície destas rochas.

As diferentes fases de decomposição da matéria orgânica origina a criação de um horizonte A rico em húmus, em organismos vivos e em raízes de plantas.

Nesta altura encontramos 4 horizontes perfeitamente definidos: O horizonte 0 que corresponde á camada superficial composta por manta morta, ou seja restos vegetais; O horizonte A, C e R. A um solo que apresente estes horizontes chama-se um solo jovem.

A formação do horizonte B, também chamado de horizonte de acumulação, que é o último horizonte a ser formado, é essencialmente caracterizada pelas migrações de substâncias. Os movimentos da água para baixo provocam a lixiviação, ou seja, as substâncias orgânicas do horizonte A descem a um nível inferior arrastadas pela água. Por outro lado os minerais secundários provenientes do horizonte C sofrem uma migração superior passando a um horizonte mais elevado, assim é formado o horizonte B.

Quando um solo se apresenta com estes cinco horizontes é denominado um solo maduro. Sendo um solo maduro distinguido de um solo jovem pela presença do horizonte B é pertinente afirmar que a maturidade de um solo é directamente proporcional ao grau de desenvolvimento deste horizonte.

Para podermos caracterizar um solo temos de ter em conta as suas propriedades, sendo as principais a textura, a estrutura, o PH, a permeabilidade e capacidade de retenção.

A textura de um solo é proporção relativa de partículas minerais de dimensão compreendida entre certos limites existentes num horizonte. A escala utilizada para a determinação da textura de um solo é a escala de Atterberg que se encontra representada no quadro abaixo.

Lotes

Diâmetro das Partículas (mm)

Areia Grossa

2 - 0,2

Areia Fina

0,2 - 0,02

Limos

0,02 - 0,002

Argilas

<0,002

Tabela 1 – Escala de Atterberg

Os elementos grosseiros superiores a 2 mm não são usualmente tidos em conta aquando a análise textural de um solo. A textura de um solo depende de vários factores sendo a rocha mãe, a topografia e o clima aqueles que mais condicionam esta característica dos solos.

A textura de um solo pode ser determinada utilizando como método a análise granulométrica, ou seja, a quantificação percentual das fracções minerais do solo. Esta análise granulométrica pode ser feita através de um método hidrométrico, de um método gravimétrico ou pela textura de campo. O método hidrométrico consiste na separação de todas as partículas de um solo através da água e na deposição das mesmas por ordem decrescente de densidade, ou seja, ao introduzir numa proveta com água uma porção de solo e agitar, os diferentes constituintes do solo vão se depositar por estratos, sendo as areis as primeiras a depositarem-se, seguidas dos limos e finalmente as argilas. O método gravimétrico baseia-se essencialmente na escala de Atterberg para obter um separação total dos vários constituintes do solo, neste caso, é o tamanho das partículas o factor responsável pela separação. Assim este método consiste em fazer passar uma porção de solo por uma coluna de peneiros, cuja malha é sucessivamente mais fina, obtendo no final as areis no peneiro de cima, os limos no peneiro do meio, e as argilas no peneiro de baixo. Já a textura de campo é um processo muito menos rigoroso que se baseia numa série de procedimentos que se podem realizar na ausência de um laboratório. No final da execução destes métodos é possível obter uma classificação textural do solo, assim pode-se classificar um solo como arenoso se neste predominam as argilas, argiloso se predominam as argilas e limoso se predominamos limos.

O solo pode ser também classificado quanto á sua estrutura sendo um solo grumoso se possuir complexos argilo-húmicos formando lacunas que se encontram essencialmente preenchidas por água, sendo reduzidas as quantidades de areias e limos. Um solo é considerado com textura granulosa caso este seja rico essencialmente em areias, formando lacunas que são preenchidas essencialmente por ar, nestes solos a quantidade de argilas e limos é pequena. Por último os solos de estrutura compacta são aqueles que sendo ricos em complexos argilo-húmicos, limos e areias finas não apresentam lacunas

Outra característica muito importante dos solos é o seu PH, este resulta da composição do solo e das reacções que nele ocorrem. O PH da maioria dos solos situa-se entre 4 e 8,5 , no entanto a grande maioria das plantas prefere um PH neutro, assim é num solo neutro que podemos encontrar um maior diversidade vegetal. Para determinar laboratorialmente o PH de um determinado solo utiliza-se uma tiara de papel indicador de PH que nos permite saber de imediato qual o PH daquele solo.

A permeabilidade de um solo é a facilidade com que este se deixa travessar pela água. Esta característica está intimamente ligada á porosidade apresentada pelo solo, ou seja, os tamanho e quantidade de lacunas presentes no solo, assim um solo poroso apresenta uma maior permeabilidade. Laboratorialmente a permeabilidade é testada pelo tempo que uma determinada quantidade de solo demora a ser atravessada por uma porção de água.

Outra característica dos solos que está intimamente ligada á permeabilidade de um solo é a sua capacidade de retenção de água, ou seja, o poder que um solo tem de reter humidade quando se deixa drenar livremente depois de saturado. Normalmente a permeabilidade de um solo e a sua capacidade de retenção variam inversamente, assim quanto maior for a capacidade de retenção de um solo menor é a sua permeabilidade.

Embora raramente seja referida como uma característica importante do solo, a consistência de um solo é significativa na sua caracterização e análise. A consistência de um solo determina a sua resistência à deformação e/ou rotura. A consistência é determinada por textura de campo, sendo neste processo analisadas a suavidade, a plasticidade e a adesividade do solo em questão. A suavidade caracteriza o solo como áspero ou macio consoante a presença fundamental de areias ou argilas respectivamente, isto porque devido ao seu tamanho as areias apresentam-se muito abrasivas que as argilas com um tamanho muito inferior. A plasticidade avalia a possibilidade de se formarem filamentos com o solo húmido, um solo que forme filamentos, como o barro é um solo plástico. Por fim a adesividade classifica o solo como pegajoso ou não pegajoso consoante este adere ou não aos dedos depois de ser apertado enquanto húmido.

Como já foi descrito o solo é um elemento fundamental no desenvolvimento equilibrado de todo o planeta e fonte de vida para todos os seres vivos, já que todos directa ou indirectamente dependem do solo, assim torna-se pertinente e necessário um estudo rigoroso e aprofundado das características de diferentes tipos de solos. Deste modo no decorrer deste relatório vão ser descritos processos, resultados e conclusões da análise de solos diferentes que foram recolhidos apenas para este propósito, tendo como objectivo final caracterizar o mais correctamente um amostra de solo compreendendo todos os processos que nos permitem tal caracterização.

Procedimentos Experimentais

Colheita de Amostras de Solo

Material:

Procedimento:

  1. Seleccionou-se e identificou-se uma área para recolha de uma amostra de solo.
  2. Removeu-se a manta morta com a pá e colocou-se a mesma num saco de plástico devidamente identificado.
  3. Colocou-se a lata no solo e pressionou-se até que a parte superior desta estivesse á altura da superfície do solo.
  4. Retirou-se o solo que estava á volta da lata com o auxilio da pá.
  5. Removeu-se a lata com cuidado para não perder grandes quantidades de solo.
  6. Colocou-se a mostra de solo num saco de plástico devidamente identificado.
  7. Escavou-se nas redondezas até encontrar uma camada com características diferentes da anterior.
  8. Procedeu-se á sua recolha conforme explicitado acima.

Resultados:

Solos

Recolhido 1

Recolhido 2

Recolhido *

Cor

Clara

Escura

Escura

Seres vivos

Nenhuns

Alguns

Alguns

Raízes

Nenhumas

Abundantes

Abundantes

Tabela 2 – Resultados obtidos na colheita de amostras de solos

Separação e identificação das fracções minerais de um solo

Pelo método hidrométrico

Material:

Procedimento:

  1. Pesaram-se 30g de solo e colocou-se o mesmo num almofariz.
  2. Com o pilão separaram-se os torrões sem no entanto destruir a estrutura individual das partículas.
  3. Introduziu-se a amostra de solo numa proveta graduada e identificou-se a mesma.
  4. Completou-se com água o volume da proveta.
  5. Agitou-se vigorosamente durante alguns segundos para provocar a dispersão das partículas na água.
  6. Deixou-se repousar durante 15 minutos.
  7. Observou-se a forma como as diferentes fracções do solo se depositaram.
  8. Registou-se o que se observou.

Resultados:

 

Barrento

Pinhal

Recolhido 1

Recolhido 2

Argilas

100%

Não mensurável

2 cm3

Muitas na coluna de água

Limos

0%

7 cm3

2 cm3

8 cm3

Areias finas

0%

20 cm3

20 cm3

10 cm3

Matéria Orgânica

Ausente

Muita

Muita

Pouca

Tabela 3 – Resultados obtidos na análise granulométrica pelo método hidrométrico

 

Pelo método gravimétrico

Material:

Procedimento:

  1. Colocou-se sobre a coluna de peneiros uma porção de solo.
  2. Tapou-se a coluna de peneiros.
  3. Agitou-se horizontalmente durante alguns minutos.
  4. Pesou-se cada um dos peneiros que continham fracções de solo.
  5. Deitou-se fora as porções de solo.
  6. Pesou-se individualmente cada um dos peneiros.
  7. Registaram-se os resultados obtidos.

 

Resultados:

Massa da amostra de solo = 74,25 g

Massa de areias = 67,1 g

Massa de limos = 6,4 g

Massa de argilas =0,72 g

% Areias = (m areias : m amostra) x 100

= (67,1 : 74,25) x 100

= 90,37%

% Limos = (m limos : m amostra) x 100

= (6,4 : 74,25) x 100

= 8,62 %

% argilas = (m argilas :m amostra) x 100

= (0,72 : 74,25) x100

= 0,97%

 

Pinhal

Argila

0,97%

Limos

8,62%

Areias finas

90,37%

Tabela 4 – Resultados obtidos na análise granulométrica pelo método gravimétrico

 

Textura de campo

Material:

Procedimento:

  1. Bafejou-se uma amostra de solo e descreveu-se o seu cheiro.
  2. Colocou-se uma amostra de solo numa lâmina e adicionou-se ácido clorídrico, registando-se o que se observou.
  3. Colocou-se entre duas lâminas uma pequena quantidade de solo e, pressionando as duas lâminas fez-se deslizar uma sobre a outra. Observou-se se as lâminas se apresentavam riscadas e registaram-se os resultados obtidos.
  4. Humedeceu-se uma porção de solo do tamanho de uma bola de golfe com alguma água, feito isto comprimiu-se esta porção de solo entre o polegar e o indicador. Comparou-se o comportamento do solo com uma tabela relativa á adesividade de um solo e registaram-se os resultados.
  5. Com uma porção de solo entre o polegar e o indicador, avaliou-se a possibilidade de formar um filamento ao afastar os dois dedos. Compararam-se os resultados obtidos com uma tabela relativa á plasticidade de um solo e registaram-se os resultados.
  6. Apertou-se entre os dedos, polegar e indicador, um porção seca de solo e consoante a percepção que se teve avaliou-se o solo quanto á sua suavidade.

Resultados:

Características / Solos

Barrento

Pinhal

Recolhido 1

Recolhido 2

Adesividade

3

2

2

2 a 3

Suavidade

Macio

Áspero

Áspero

Áspero / macio

Plasticidade

3

0

1 a 2

2

Cheiro

Suavemente a Barro

Suavemente a pó

Intenso e fresco

Intensamente

Reage ao HCl

Muito

Não

Não

Muito

Risca o vidro

Não risca

Muito , muito

Sim

Sim (algo)

Tabela 4 – Resultados obtidos na análise granulométrica pela textura de campo

Determinação do PH de uma amostra de solo

Material:

Procedimento:

  1. Misturou-se uma porção de solo para duas porções de água destilada, num almofariz.
  2. Com o auxílio do pilão, homogeneizou-se e deixou-se repousar durante 30 minutos.
  3. Decantou-se uma porção de líquido para um vidro de relógio com o auxílio de uma vare6ta de vidro.
  4. Pôs-se em contacto com o líquido a tira de papel indicador de PH e fez-se a leitura da mesma.
  5. Registaram-se os resultados obtidos.

Resultados:

Solos

Barrento

Pinhal

Recolhido 1

Recolhido 2

Recolhido *

PH

8

6,5

7

8

7,5

Classificação

Alcalino

Fracamente ácido

Neutro

Alcalino

Alcalino

Que iões atrai ?

K, Ca/Mg, N, S

K, Ca/Mg, N, S, P

K, Ca/Mg, N, S, B

K, Ca/Mg, N, S

K, Ca/Mg, N, S, P

Reage ao HCl

Muito

Não

Não

Muito

Sim

Cheiro

Suavemente a Barro

Suavemente a pó

Intenso e fresco

Intensamente

Intensamente

Tabela 5 – Resultados obtidos com o cálculo do ph

 

Determinação do teor em água de uma amostra de solo

Material:

Procedimento:

 

  1. Retiraram-se os fragmentos rochosos, raízes e restos de plantas e animais da amostra de solo.
  2. Pesou-se a caixa de Petri.
  3. Com uma colher colocou-se na caixa de Petri 20 g de solo pesadas na balança electrónica.
  4. Colocou-se a amostra de solo na estufa a uma temperatura de cerca de 100º - 105ºC durante 24 horas.
  5. Retirou-se a amostra de solo da estufa com o auxílio da pinça de madeira.
  6. Pesou-se a caixa de Petri com a amostra de solo seca.

Resultados:

Solos Barro Pinhal Recolhido1 Recolhido 2 Recolhido *
Caixa de Petri (g)

31,10

34,40

34,40

31,90

31,10

Solo húmido (g)

20,00

20,00

19,99

20,01

20,00

Caixa + solo seco (g)

49,10

54,14

53,50

49,48

48,20

Solo seco (g)

18,00

19,74

19,07

13,41

17,10

Solo húmido - solo seco (g)

2,00

0,36

0,92

6,60

2,90

Percentagem de água

10,00%

1,80%

4,60%

12,14%

14,50%

Tabela 6 – Cálculos da percentagem se água das várias amostras de solos

 

Determinação da quantidade de ar de uma amostra de solo

Material:

Procedimento

  1. Colocaram-se 50 ml da amostra de solo numa proveta graduada de 100 ml com a ajuda de uma colher.
  2. Adicionou-se água com o cuidado de a fazer escorrer pela parede da proveta até perfazer o volume de 100 ml.
  3. Com a vareta de vidro mexeu-se o solo e a água de modo a provocar a libertação do ar existente no solo.
  4. Deixou-se repousar durante algum tempo até o nível da água estabilizar.
  5. Anotou-se o nível final da água.

Resultados:

Solos

Pinhal

Recolhido 1

Recolhido 2

Recolhido *

Quantidade de Solo (cm3)

50

50

50

50

Quantidade de Água (cm3)

50

50

50

50

Nível inicial (A) (cm3)

100

100

100

100

Nível final (B) (cm3)

80

80

84

32

% de Ar

40%

40%

32%

50%

Tabela 8 – Cálculo da percentagem de ar das amostras de solo

 

Determinação da permeabilidade e da capacidade de retenção de uma amostra de solo

Material:

 

Procedimento:

  1. Tamponou-se o funil com um pouco de algodão.
  2. Colocou-se no funil uma amostra de solo.
  3. Colocou-se o funil sobre um copo de vidro.
  4. Verteram-se 50 ml de água para o funil e anotou-se o tempo em que se iniciou a experiência.
  5. Esperou-se que a água desaparecesse da superfície da amostra de solo e anotou-se o tempo em que tal aconteceu.
  6. Observou-se o volume de água recolhido no copo de vidro e registou-se o mesmo.

Resultados:

Solos

Barrento

Pinhal

Recolhido 1

Recolhido 2

Recolhido *

Quantidade de Solo da amostra (g)

30,01

30,00

30,00

30,00

30,01

Quantidade de Água da amostra (cm3)

10

50

41

50

50

Quantidade de Água recolhida(cm3)  

44

35

14,1

38

Tempo de Experiência (s)  

556

900

150

615

Permeabilidade do Solo (cm3s-1)

0,01

0,09

0,388

0,33

0,06

Capacidade de Retenção do solo

96%

20%

20%

30%

40%

Tabela 9 – Cálculos da permeabilidade e capacidade de retenção das diferentes amostras de solos

 

Discussão dos Resultados

A primeira actividade, recolha de uma amostra de solo, teve como objectivo a recolha de diferentes tipos de solos para posterior estudo dos mesmos. No entanto, tal como na maioria das actividades científicas, é necessário um ou mais termos de comparação para que se possam tirar as conclusões mais correctas e objectivas. Assim, embora tenham sido recolhidos três solos durante a primeira actividade, a que se deu o nome de solo recolhido 1, recolhido 2 e recolhido *, houve necessidade de comparar estes solos recolhidos com solos de características extremas, perante isto analisaram-se um solo barrento e um solo arenoso a que se chamou solo do pinhal.

Coube a este grupo de trabalho estudar o referido solo do pinhal, cuja origem é completamente desconhecida, sabe-se apenas que o solo foi recolhido no pinhal. Este solo apresentava uma quantidade de matéria orgânica significativa, isto deve-se ao facto de a manta morta, existente no horizonte 0 se ter misturado com a amostra de solo devido às características do mesmo.

Para estudar a textura deste solo procedeu-se a dois métodos granulométricos bastante distintos. O primeiro método executado serve-se da água como meio dispersante para separar as fracções do solo e assim se obter uma estratificação dos diferentes constituintes do solo, depositando-se estes por ordem de densidade sendo as areias as primeiras a depositarem-se e as argilas as ultimas, ficando a matéria orgânica como sobrenadante visto que esta tem uma densidade inferior à água. De realçar o uso de água da torneira o que não é muito costume em experiências que envolvam processos químicos. Neste caso foi usada água da torneira propositadamente com o objectivo de reduzir o tempo da experiência, isto é possível porque nesta região a água é bastante rica em carbonato de cálcio que tem tendência para reagir com os minerais de argila, que são carregados negativamente, e se ligam ao ião cálcio precipitando muito mais rapidamente, é necessário proceder desta forma para poder acabar a experiência num tempo útil, caso contrário a experiência demoraria muito mais tempo, sendo este tempo influenciado pela quantidade de argilas presentes no solo. A este método dá-se o nome de método hidrométrico, devido á grande importância da água em todo o processo. Pelos resultados obtidos este processo não se mostra muito fiável uma vez que as fracções minerais não se depositam em estratos regulares e por isso os resultados extraídos deste processo não são muito precisos

O segundo método utilizado foi o método gravimétrico. Este método revelou-se bastante mais fiável devido ao facto de tudo ser muito mais rigoroso ao logo de todo o processo. Só durante as transferencias de solos que se efectuam durante o processo é possível haver algumas perda de solo que possam inviabilizar o bom resultado de todo o processo. Assim visto que este é o processo mais fiável é nele que nos baseamos para a análise textural deste solo.

Depois de analisados os dados obtidos nestes dois métodos granulométricos os resultados obtidos para todos os solos estão apresentados na tabela seguinte:

Características / Solos

Barrento

Pinhal

Recolhido 1

Recolhido 2

Argila

Método Hidrométrico

100%

Não mensurável

2 cm3

Muitas na coluna de água

 

Método gravimétrico

 

0,97%

2,87%

 

Limos

Método Hidrométrico

0%

7 cm3

2 cm3

8 cm3

 

Método gravimétrico

 

8,62%

11,67%

 

Areias finas

Método Hidrométrico

0%

20 cm3

20 cm3

10 cm3

 

Método gravimétrico

 

90,37%

85,45%

 

Matéria Orgânica

Método Hidrométrico

Ausente

Muita

Muita

Pouca

Tabela 10: Resultados obtidos nos processos granulométricos

Ao analisar-mos esta tabela podemos retirar de imediato algumas conclusões quanto à textura de alguns dos solos analisados. Os resultados obtidos relativamente ao solo barrento, não deixam quaisquer dúvidas que se trata de um solo argiloso, visto que este possui apenas argilas (100%). Já o solo do pinhal é um solo de textura arenosa já que embora possua alguns limos e argilas possui essencialmente areias (90,37%). Estes são os dois solos cujas características se destacam mais, no entanto o solo recolhido 1 é também naturalmente um solo de textura arenosa já que possui 85,45% de areias. Só o solo recolhido 2 nos é mais difícil de caracterizar quanto à sua textura apenas pelos resultados desta tabela. Seria completamente imediata qualquer caracterização de qualquer um dos solos quanto á sua textura se utiliza-se um triângulo textural como aquele que de seguida se utiliza para determinar esquematicamente a textura do solo do pinhal.

Gráfico 1 - Representação gráfica do solo do pinhal no triângulo textural

Se dispusermos os dados obtidos na análise textural do solo do pinhal num gráfico circular podemos observar que o solo é essencialmente constituído por areias sendo as fracções respectivas às argilas e aos limos bastante mais pequenas.

Gráfico 2 –Representação gráfica dos constituintes do solo de pinhal

A textura arenosa do solo do pinhal foi também marcada pelos resultados obtidos na textura de campo já que tal como é característico de solos de textura arenosa este solo é áspero, não suja as mão depois de humedecido, não é pegajoso e não forma filamentos.

No que diz respeito ao PH este solo do pinhal pode caracterizar-se como sendo um solo fracamente ácido uma vez que este solo tem um PH de 6,5. Este resultado é pertinente se tivermos em conta que este solo não reage com p ácido clorídrico. Normalmente são os solos argilosos ou ricos em húmus os solos mais ácidos visto que tanto as argilas como o húmus têm tendência para atrair iões H+ e quanto maior for a presença destes iões maior é a acidez de um solo. É importante destacar o uso de material de vidro durante este trabalho experimental, isto acontece pois o vidro é um material inerte que não reage com substâncias de PH não neutro. Se fosse utilizado material que reagisse com ácidos, por exemplo, isso impediria que os resultados do trabalho fossem inviabilizados já que se o material reagisse isso iria alterar a concentração de iões H+ o que iria alterar o PH.

O procedimento que nos permitiu saber a percentagem de água de cada uma das amostras de solo não foi completamente regular no que diz respeito ao rigor que envolveu. A percentagem de água obtida experimentalmente para o solo barrento não corresponde com a realidade, isto porque, a amostra de solo barrento se encontrava extremamente seco, assim o valor obtido (10%) ficou muito longe do valor que é normal neste tipo de solo que é 30%. Outro aspecto digno de realce é o facto de que todas as amostras estiveram demasiado tempo, mais de 24 horas, o que não cumprindo com o procedimento pode de alguma forma ter influenciado os resultados obtidos. Além deste outro erro procedimental é digno de assinalar, é significante o facto de a amostra de solo poder Ter absorvido alguma humidade do ar enquanto a amostra saiu da estufa e foi pesada, isto é possível porque a amostra devia ter sido colocada num excicador quando foi retirada da estufa e tal não sucedeu. Analisando os resultados que se obtiveram podemos constatar que o solo do pinhal é aquele que apresenta o menor teor de água o que é perfeitamente normal já que este solo não retém água. Por outro lado, seria o solo barrento aquele que deveria ter apresentado maior teor de água visto que este possui uma grande quantidade de argilas que têm a capacidade de reter a água visto que ao serem carregadas negativamente têm tendência a ligar-se com o ião H+ da água ligando-se assim às moléculas de água. O solo recolhido * apresenta também uma elevada percentagem de água que certamente se deve à presença de húmus e de complexos argilo-húmicos, que tal como foi referido anteriormente têm a capacidade de se ligar à água. É no entanto necessário esquecer que estes resultados foram obtidos a partir de uma pequena amostra (20g), este facto é importante pois os resultados obtidos não podem ser generalizados a todo um solo visto que a amostra de solo podia conter mais, ou menos água que todo o restante solo de onde é oriunda a amostra.

A tabela representativa dos resultados do cálculo da percentagem do ar das amostras de solo não apresenta a devida coluna relativa à amostra do solo barrento, isto porque não foi feita a experiência com este solo pois era previsível um resultado não coerente devido ao estado seco da amostra de solo, se fosse levada a cabo a experiência com este solo o valor relativo à percentagem de ar seria muito abaixo do normal, por este facto optou-se por não realizar a experiência. Os resultados obtidos com este trabalho experimental permitem-nos duvidar do rigor do trabalho pois foram obtidos alguns valores inesperados que serão certamente fruto do pouco rigor do método utilizado. No caso do solo recolhido 3, que têm um valor de 50%, parece-nos um valor algo elevado para o solo em questão, este seria talvez um valor apropriado para o solo do pinhal que no entanto apresenta apenas 40% de ar.

A permeabilidade e a capacidade de retenção de água permitem-nos retirar algumas conclusões importantes, no entanto é importante justificar a ausência dos valores omitidos na tabela de resultados referente a este trabalho, não foram expressos todos os valores porque a experiência não foi completa devido ao excessivo tempo que esta demoraria devido à pequena permeabilidade do solo barrento (0,01). Apresentando este valor para permeabilidade este solo só podia ter uma valor elevado de capacidade de retenção da água (96%), isto significa que este solo é um solo muito pouco poroso, logo pode-se dizer que este solo tem uma estrutura compacta. Já o solo do pinhal apresenta um valor que não deve ser respeitado , 0,09 é um valor muito reduzido para um solo de porosidade 41,8% (% de ar + % de água), este valor é por certo o resultado de um funil tamponado excessivamente, ou seja, é provável que o algodão estivesse muito pressionado, de tal modo que foi o algodão quem ditou a permeabilidade e não o solo. Já o valor de capacidade de retenção (20%) é um valor perfeitamente normal.

Ao analisar-mos todo o conjunto de resultados relativos ao solo do pinhal é possível atribuir a este uma textura arenosa como já foi visto e uma textura granulosa visto que este solo é possuidor de uma elevada percentagem de lacunas a maior parte das mesmas preenchidas por ar. Pelos resultados obtido é possível afirmar que este solo não é ideal para a vida vegetal, o que justifica a pouca diversidade de matéria orgânica que se resumia a restos de folhas de pinheiros.

Gráfico 3- Relação percentual do Gráfico 4- Relação percentual dos constituintes constituintes de um solo fértil do solo do pinhal

Conclusão

No final de todos os trabalhos experimentais que nos permitiram analisar profundamente a parte inorgânica de várias amostras de solos e assim perceber as diferente constituições de diferentes solos e das reacções que nestes ocorrem podemos concluir que o solo sobre o qual incidiu a nossa especial atenção ao longo de todas as análises efectuadas é um solo de características extremas tal como era de esperar. Este solo tem uma textura arenosa e uma estrutura granulosa, não sendo por isso um solo propício ao desenvolvimento de espécies vegetais. A matéria orgânica que apresenta é proveniente da superfície e encontra-se misturada com o solo devido ao elevado número de lacunas do mesmo.

Pode-se então afirmar que os objectivos principais do trabalho foram cumpridos na sua quase totalidade, é no entanto de lastimar que todos os trabalhos experimentais não tenham corrido em condições perfeitas, pois só nesse caso se teriam obtidas as características reais dos solos analisados. No entanto os resultados obtidos são uma mais valia no decorrer do anos lectivo e de toda a vida pois esclarecem e anulam as dúvidas que haviam acerca dos solos analisados.

 

Bibliografia

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