o poema que existe e nunca li, como se alhures brotassem coisas que não vi e que distantes, carentes, dependessem de mim. Algo como se o intocado fosse a sinfonia inacabada, mais:rasgada como o quadro nunca esboçado, perdido na abatida mão do artista. O ausente é uma planta que na distância se arvora e é tão presente quando o passado que aflora. E a literatura, mais que avenida ou praça por onde cavalga a glória, é um monumento, sim, de dúbia estória: granito e rima, alegoria ao vento, lugar onde carentes e arrogantes cravamos nosso nome de turista: -estive aqui, desamado, riscando a pedra e o tempo expondo meu sangue e nome com o coração trespassado. |