jogado no chão da cela, o corpo conhece, nú, a primeira humilhação. Outras virão: o soco, o choque, a ameaça, o urro na escuridão. - Quantos volts suporta o corpo - em coação, até que dele escorra o fel da delação? - O que procura o torturador nas pedras do rim alheio como vil minera/dor? -O que ama esse ama/dor da morte? esse morcego suga/dor sob os porões da corte? esse joga/dor do jogo bruto? esse serviçal da morte e cria/dor - do luto? O torturador se julga, e acaso o é, um trabalha/dor diferente: seu trabalho é destruir o sonha/dor insistente como o médico que resolvesse matar de dor - o paciente. Mas sob a tortura o que há de melhor no homem. jamais se manifesta. Quando muito podeis catar pelo chão o pouco que dele resta. Mas soltai-o em festa, ao sol e vereis que a verdade de seus gestos se irradia. Livre vestindo a pele do dia, o torturado caminha com seu corpo tatuado de violência e poesia. Mas ele não marcha só. Apenas segue na frente na direção da utopia. |