Despedidas



    Começo a olhar as coisas
    como quem, se despedindo, se surpreende
    com a singularidade
    que cada coisa tem
    de ser e estar.

    Um beija-flor no entardecer desta montanha
    a meio metro de mim, tão íntimo,
    essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices,
    a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas
    daqui a pouco, que intimidade tenho com as estrelas
    quanto mais habito a noite!

    Nada mais é gratuito, tudo é ritual
    Começo a amar as coisas
    com o desprendimento que só têm
    os que amando tudo o que perderam
    já não mentem.


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