"Affonso Romano de Sant'Anna se abre à vida, em sua totalidade, do modo mais feroz, digamos assim, e longe de se situar " nos subúrbios do Velho Mundo", coloca-se em pleno continentalismo do Novo Mundo, com suas aspirações universais e suas frustrações patéticas(...)Depois de Basilio da Gama, de Santa Rita Durnao, de Gonçalves Dias,de Alencar, de Raul Bopp, de Cassiano Ricardo, de Mário de Andrade, de Darct Ribeiro,Affonso Romano de Sant'Anna retoma o tema indianista e o leva a um horizonte planetário, a que nenhum de seus predecessores o levou.Seu poema é um ponto alto em nossas letras. E até em nosso momento político, como reação contra sua mediocridade e conformismo"
"Romano de Sant'Anna conhece como poeta e como teórico a crise que afeta a poesia.Participou dos turbulentos movimentos de vanguarda que abalaram este país nos anos 50 e hoje cultiva o verso caudaloso, combatido então. Esta transformação não é, em Romano de Sant'Anna, ditado pela moda. Todos os passos do seu fazer poético são acompanhados por angústia e madura reflexão.
 "No todo, uma coisa alvissareira- a redescoberta do verso, o versejar sem complexo( e que se dane a beata pudicicia da vanguarda) da linha melódica, com ou sem estrofe e rima.Às vezxes o metro é regular; outras, refina esse tipo de versículo partido que o Pound dos "Cantos" consagrou, mas que Affonso soube tonar bem seu."
4."Contudo, o "modelo" da nova poesia brasileira está sendo proposto , depois de Ferreira Gullar, por Affonso Romano de Sant'Anna em "A grande fala do indio guarani perdido na história e outras derrotas"(Summus, 1978).Aí está a poesia brasileira e poesia de nosso tempo. Não se trata de uma nostalgia do passado, como poderia parecer à primeira leitura,mas de uma rearticulação com o passado, por meio do qual o poeta busca o sentido do tempo presente."
"Trata-se de um livro excepcional (A grande fala...) , que li dum fôlego e quero reler de quando em quando. Na minha opinião, com esse livro, V. coloca-se na primeira linha da poesia de língua portuguesa.A abundância , a força, a coragem, a largueza de visão, uma mapla cultura vivida e mobilizada conferem uma grandeza épica e trágica à denúncia do tmepo em que somos, divididos e ansiosos, vítimas de novas tiranias.Esta sua poética exprimi-nos a todos apesar de suas raízes latino-americanas, e toca-nos no mais fundo de nossas razões de revolta e também no clarão dum esperança a que nos apegamos"
"Poema da América toda que vai ser ouvido, em vaticínio, em toda parte. Esta bela fala, já está à espera dos " Englishers" e "Spanhisers" ( prá não dizer tradutores) que farão conhecer a corajosa mensagem. Como metáfora, mundo reversível, índios antigos e modernos.Conquistas e desafios".
"A poesia de Affonso Romano tem verdadeiro fascínio pela construção mítica da História(...) É o caso do longo poema "A Catedral de Colônia" que dá nome ao seu livro mais recente.A idéia de escrevê-lo foi inspirada pela conturbada história da construção da própria catedral, iniciada em 1248 e somente concluida seis séculos depois. Affonso lança mão de uma instigante meteafora, sabendo que os alemães associavam o fim do mundo à conclusão da catedral- e ao fato de ter sido o único monumento de Colônia que resistiu `as trepidações da II Guerra Mundial.À maneira de "A Grande fala do Indio Guarani(1978) trata-se de um poema cósmico no qual transitam os seres e suas guerras, simbolizados pelas pedras que constróem um destino:"Esta catedral é o copro vivo da História/e a história do próprio Eu"
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