ALÔ-MORCEGO PROJETO MORCEGOS URBANOS O papel da RIOZOO O Projeto Morcegos Urbanos, da Fundação RIOZOO, atende as solicitações de moradores da cidade concernentes aos problemas com morcegos, fornecendo orientação. Possuímos em nosso banco de dados catalogadas mais de 1500 reclamações oriundas do município (de 1989 a setembro de 1999). Calculamos a grosso modo, entretanto, que estas representem apenas 1/3 das ligações dirigidas ao zoo sobre este assunto, pois, (a) não consideramos ainda problemas observados em outros municípios, (b) não cadastramos aqueles solicitantes que não querem se identificar, (c) não consideramos solicitantes que retornam para esclarecimentos de dúvidas, (d) não estabelecemos contatos recebidos quando não há integrante da equipe disponível para atendimento e (e) descartamos dados incompletos. Este banco de dados está sendo motivo de georeferenciamento através de trabalho conjunto do Grupo de Trabalho em Geoprocessamento da SMAC, o IplanRIO e a RIOZOO. Figura - Retirada de morcegos em construção residencial empregando redes japonesas A RIOZOO não tem a obrigatoriedade de atender estas solicitações, mas desde a abertura da Casa Noturna tem sido "alvo" destas. Praticamente todos os órgãos envolvidos em meio ambiente já redirecionam parte destas solicitações ao PMU. Antes de 1989, a FEEMA manteve, até 1985, um atendimento similar. O QUE É RECOMENDADO PARA EVITAR MORCEGOS ? Não recomendamos a exclusão manual (Figura 1) pelo alto custo operacional desta e não impedir a imediata reocupação do local por outros morcegos. Dados de animais marcados por nossa equipe e capturados em outros locais do município demonstram que os morcegos deslocam-se a longas distâncias (até o momento até cerca de 20 km), fato que impossibilita, portanto, a remoção e soltura. A retirada dos morcegos por captura leva a outro problema onde introduzir os animais desalojados ? Figura 2 - Soltura de morcegos marcados para análise do tempo de retorno ao refúgio anterior. Por isso, atualmente, só orientamos os moradores. Não mais são realizadas vistorias e só realizamos coletas em locais onde o ataque de Morcego-Hematófago é evidenciado. HÁ REALMENTE A NECESSIDADE DE CONTROLE ? Não há como não considerar que os morcegos trazem problemas aos moradores do RJ. O refúgio de morcegos em forros é dos problemas mais relatados e o contato com fezes não é desejado, pois pode haver a transmissão da Histoplasmose. Não há como avaliarmos atualmente quantos casos de Histoplasmose podem ter sido ser causados pelo contato com fezes de morcegos no Município do Rio de Janeiro, mas tal dado seria de grande valia para uma melhor avaliação do problema. O ataque de Morcegos Hematófagos é outro fator a ser considerado, sendo reconhecidos pelo menos 5 casos confirmados neste Município a seres humanos e sabemos da existência de ataques a animais domésticos em 40 outras localidades. Uma análise com recursos de georeferenciamento está sendo iniciada e recebeu recursos financeiros, onde espera-se maior agilidade e apoio de outros órgãos municipais. Ainda não há solução que se aplique a todos problemas já relatados, sendo recomendado impedir o acesso dos animais refugiados, a ser efetuado pelos próprios moradores. No entanto, é necessário salientar que poucos moradores realizarão tal tarefa, que é por vezes complicada e necessita de equipamentos (escadas com mais de 3 m, máscaras de proteção, etc.). Não há recursos financeiros ou humanos em nenhuma prefeitura para manter um serviço para realizar este procedimento e sendo patrimônio particular, mostra-se ideal que os proprietários arquem com este ônus. É nossa suposição que, por não haver indicação de uma tecnologia eficaz e barata, que os moradores optem por chamar firmas detetizadoras ou conhecidos para aplicar métodos alternativos, como fumaça, enxofre, etc. QUANTO CUSTARIA MANTER UM SERVIÇO DE ATENDIMENTO ? Optamos por tal procedimento visto que, se em 10 anos foram atendidos cerca de 1000 ligações telefônicas "viáveis", pode-se estimar que a cada ano 100 solicitações são recebidas e estimando-se que em 50% destas seja necessária uma vistoria ao local, e das 50% vistoriadas sejam realizadas coleta de animais, ou seja, 25 noites de trabalho a cada ano, mostrar-se-ia necessária contratação de equipe especializada e destinada unicamente para tal fim, cujo custo pode ser orçado em cerca de R$ 15.000,00/ano (1 motorista, 2 auxiliares, 1 biólogo, veículo alugado, 350 litros de combustível, 30 redes japonesas, 400 pilhas, 4 lanternas, etc.). Recursos estes, ainda inexistentes, não permitindo, portanto, o atendimento satisfatório. A exclusão leva a outros problemas. Para onde irão os animais ? O uso de refúgios artificiais, como as Bat-box (ver em links) é prática freqüente no exterior, mas ainda inédito no Brasil e não testado em nossas espécies e condições climáticas. A prática sugerida de vedar os acessos com papel ou panos por duas ou mais noites consecutivas apresenta o inconveniente de supor que todos os animais abandonem o refúgio se não toda a noite, a cada duas noites. E a de que não retornem no final da tarde do segundo dia, quando a vedação é novamente retirada para permitir a saída dos animais restantes. O uso de produtos químicos além de proibido, não é recomendado, pois pode causar intoxicação dos animais e de pessoas e animais domésticos que os manipulem quando encontrados desorientados ou caídos se for usado veneno e apresentam pouca durabilidade se usados como repelentes líquidos (até o odor se dissipar) ou sólidos (durabilidade do produto à sublimação). AÇÕES IMEDIATAS Não há orgão municipal, estadual ou federal responsável de fato pelos morcegos em meio urbano. No entanto, sendo "fauna silvestre encontrada em seu habitat natural", pode-se afirmar que é "propriedade da união" (Lei de Proteção à Fauna # 5.197, IBDF, 1967). A partir disto entende-se que o IBAMA (ex-IBDF) torna-se responsável por tal jurisdição. Mas em meio urbano, onde pode apresentar-se como problema sanitário para a população residente, pode-se também entender a responsabilidade das secretarias municipais de saúde. Pretende-se em início de 2001 realizar contato com os órgãos envolvidos, sejam aqueles regimentalmente, como aqueles que recebem as solicitações RIOZOO, FEEMA, Secretaria Municipal de Saúde, FIOCRUZ, Defesa Civil, IBAMA e Corpo de Bombeiros para esclarecimento da situação atual no Município do Rio de Janeiro. Outras instituições poderão ser envolvidas, por terem interesse em desenvolver ou estarem desenvolvendo pesquisas com morcegos-hematófagos nos limites do Município do Rio de Janeiro, como é o caso da PESAGRO e Ministério da Agricultura. É de suma importância, mesmo que não haja soluções técnicas adequadas até o momento, que seja prestado um atendimento satisfatório e para tanto é sugestão nossa implantar o ALÔ-MORCEGOS. Com recursos mínimos (1 linha telefônica, 1 fax, 1 computador, 1-2 estagiários, etc.) espera-se o envolvimento dos demais órgãos envolvidos direta ou indiretamente, adotando um discurso único frente aos solicitantes e repassando o número de acesso do ALÔ-MORCEGOS aos solicitantes que os contatarem. Os recursos iniciais necessários serão fornecidos pela Fundação RIOZOO, esperando-se, portanto, apenas o apoio e envolvimento das demais instituições com sede no Município do Rio de Janeiro. |