MORCEGO-PESCADOR NASCE EM CATIVEIRO

Por : CARLOS ESBÉRARD, HELEONORA PICANÇO, ADRIANA CIFALI & ALESSANDRA SANTOS.

O Morcego-Pescador (Noctilio leporinus) foi capturado na Fazenda Santa Inês, em Magé, onde segundo o proprietário estavam causando prejuizos nos tanques de alevinos. Apenas um dos exemplares apresentou restos de peixes no conteúdo fecal, tendo os demais fragmentos de peixes.

Os animais foram mantidos em gaiola de arame com 1,0 x 0,3 x 0,3 m desde sua captura em grupo e alimentados com sardinhas picadas ou ração úmida para gatos (Whiskas®).

Este grupo, composto por quatro machos e duas fêmeas já tinha originado um filhote, em 27 de setembro de 1998, que viveu por 45 dias. A segunda fêmea abortou no mesmo mês e morreu logo em seguida. Os animais apresentam sinais de deficiência nutricional, apresentando alopécias, que foram solucionadas com a adição de complexos vitamínicos (Meritene®).

Observamos cópula nos meses de abril, maio e junho de 1999. Em 22 de setembro de 1999, entre 12 e 13 h nasceu o segundo filhote de Morcego-Pescador na Fundação RIOZOO. O filhote nasce desprovido de pelos e agarra-se imeditamente a um dos mamilos. Em nossas condições a fêmea assume continuamente a postura vertical invertida, fixando-se pelos menbros posteriores ao teto da gaiola, posição esta que pode variar no abrigo, como observado em um oco de Paineira (Chorisia speciosa, Município de Casimiro de Abreu, Rio de Janeiro), onde quatro animais adotavam posições próximas a 45°, apoiando-se tanto pelos menbros posteriores como pelos polegares dos menbros anteriores.

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Figura 1 - Filhote de Morcego-Pescador aos 25 dias de idade.

O filhote pendeu do mamilo esquerdo e a fêmea após alguns minutos ingeriu a placenta. Na maior parte das observações, restritas ao período diurno, o filhote pende do mamilo e após o terceiro dia observamos a troca para o mamilo direito. Após o sétimo dia de idade o filhote já assume com mais frequência a posição dos adultos, fixando-se pelos menbros posteriores ao teto da gaiola ou ao corpo da fêmea. Aos dez dias de idade o filhote já permanece em alguns momentos isolado da fêmea e a partir dos quinze dias já refugia-se entre os adultos. Aos dezoito dias notou-se apresença de pelo na região dorsal e a linha dorsal já é distinguível.

Aos vinte e cinco de idade (Figura 1) o filhote ainda apresenta a coloração rósea e permanece pendurado ao teto da gaiola junto ou entre o grupo. Os membros e a acabeça estão cobertos por grossa secreção de cor alaranjada.

A fêmea foi observada em cópula 6, 9 e 15 após o nascimento do filhote. Nenhuma interação direta foi observada entre os machos e o filhote. Após  a primeira semana observamos na fêmea a produção de abundante secreção de cor amarelada, que torna seu pelame diferente dos machos. Ambos os mamilos mostram túrgidos e observa-se a eliminação de leite.

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