NEM DRÁCULA, NEM LOBISOMEM: APENAS VAMPIRO ! A lenda de Drácula surgiu na Romênia, devido ao Conde Vlad, herói e tirano deste país. A história real não tem nada a ver com a biologia das espécies de vampiros que só existem nas Américas.A lenda do vampirismo remonta muitos séculos, muito antes do conhecimento pelos europeus da existência dos morcegos vampiros, que foram levados pelos primeiros navegantes. Antes disto, numerosos outros animais eram tidos como mortos-vivos, como cães, gatos, mariposas, além do próprio homem. A utilização do vampiro e associação de sua biologia à lenda de Drácula veio com o romance de Bram Stocker do século XVII e vivenciado no cinema em 1922. Hoje não há quem não associe imediatamente o morcego ao vampiro. No entanto, apenas 3 das 987 espécies conhecidas se alimentam de sangue de animais.Os vampiros, quando atacam animais domésticos para obter o único alimento que utilizam - o sangue dos mamíferos ou aves - não o realizam como perpetuado pela lenda, fazendo furos no pescoço da vítima e sugando o sangue. Aonde? Na verdade, os morcegos hematófagos (hemato = sangue, fago = alimento) realizam um corte na pele do animal, provocando ferida em forma elíptica com cerca de 0,5 cm2, com o auxílio dos afiados incisivos superiores e dos caninos. Com a remoção da pele e com ação da saliva, que contém substância anticoagulante, grande volume de sangue flui deste ferimento. Até 200 gramas de sangue podem ser perdidas por um animal atacado a cada noite. No entanto o morcego só ingere 15 gramas. Após realizar o ferimento, o morcego encosta o lábio inferior na borda do animal e com a ação da língua e o céu da boca lambe muito rapidamente o volume necessário. Assim, só é possível diagnosticar o ataque de hematófagos, seguramente, através da observação das feridas e das manchas de sangue escorridas. Em aves pode-se determinar o ataque através do sangue escorridas. Em aves pode-se determinar o ataque através do sangue encontrado sobre os poleiros, visto que são freqüentes os ataques em seus dedos. O que devo fazer? Dentre as doenças transmitidas pelo morcego hematófago, a raiva adquire a maior ênfase e, por não haver cura, mostra-se necessária a prevenção, consistindo na vacinação preventiva anualmente de seus animais. Os ferimento realizados pelos morcegos vampiros são freqüentemente utilizados por moscas para a postura - as miíases, cujas larvas devoram a musculatura, complicando seriamente a cicatrização. Estes ferimentos deve, portanto, ser lavados e inspecionados regularmente. Se seu animal não tiver sido vacinado preventivamente, procure auxílio veterinário, informando do ocorrido. Mantenha o animal isolado em observação e notifique qualquer alteração no comportamento e óbito. A raiva não acomete aves. No entanto para evitar novo ataque, que provavelmente resultará na morte do animal, mantenha-o em local protegido. Como se combate o vampiro? O método mais adequado para o controle de vampiros é o uso de pasta vampiricida. Este produto é um composto de warfarina, um poderoso anticoagulante, que é misturado a vaselina. O funcionamento deste produto baseia-se no hábito destes animais lamberem-se diariamente. Aqueles que lamberem os que contêm a pasta morrerão em curto período. Estima-se que até 20 morcegos morrem para cada exemplar que foi administrado o produto. Esta pasta é administrada de duas maneiras: (1) na ferida aberta pelo morcego, visto o hábito do morcego de retornar à mesma presa, utilizando a mesma abertura e (2) em morcegos capturados. No primeiro método a aplicação pode ser realizada pelo dono do animal e no segundo, depende-se de equipe para tal, visto a necessidade de identificar-se a espécie capturada, o uso das redes e a alta periculosidade no manuseio dos animais. É importante ressaltar que o uso das redes japonesas - constituídas de nylon extremamente fino, utilizada na captura de aves e morcegos, é regulamentada por legislação própria, não podendo ser usada sem conhecimento das autoridades. E o uso da pasta não é indicada em pequenos animais, pois a ingestão acidental pode causar intoxicação. Para animais menores, quando atacados pelo morcego vampiro, o único método é evitar o acesso a eles. Na cidade do Rio de Janeiro notamos com freqüência o ataque à cães, já tendo sido relatada a ocorrência de ferimentos nas almofadas plantares, dedos dos membros posteriores e até focinho. O uso da pasta não é indicado. Necessita-se evitar a aproximação do morcego, com luzes acesas a noite toda, tela nos orifícios de acesso e sua captura para controle. O dono deve manter rigoroso controle da vacinação anti-rábica do cão, realizada a intervalo mínimo de 12 meses. A ocorrência
do vampiro dentro do município do Rio de Janeiro, deve-se, primordialmente, à
existência de animais domésticos e de possíveis abrigos. A criação agropecuária
dentro dos limites urbanos é inadequada e a prática de caprinocultura e da suinocultura
um grande atrativo para os morcegos vampiros e, consequentemente, um empecilho para o
controle da raiva. |