Auto-estima: A
conquista do sucesso
Por: Osvaldo Shimoda - shimoda@vidanova.com
“A força do espírito é
sempre progressiva e
infindável. Sua expressão plena a torna
imbatível no mundo. Esta força reside em todos.”
(Mahatma Gandhi).
Antes de abordar o tema, gostaria de definir o que eu entendo por
auto-estima. Sua definição é muito simples. É o conhecimento da sua
própria beleza, da sua própria singularidade e de seu próprio valor.
A nossa cultura ocidental capitalista define o sucesso como
aquisição de bens, conhecimento, inteligência e beleza.
Em suma, seu valor pessoal é medido pelo “tamanho” da sua conta bancária,
cargo, títulos, status, inteligência e padrão de beleza física. Portanto,
se você não possuir esses atributos a vida não irá lhe sorrir, não terá
sucesso.
E através desses atributos, passamos a maior parte de nossas vidas nos
comparando o tempo todo com os outros. Desde criança fomos comparados e
ensinados a comparar com os outros. E quando você se compara raramente sai
dessa comparação se sentindo melhor.
Uma outra definição de auto-estima é “o quanto me sinto bem sobre mim
mesmo”.
Mas como dá para me sentir bem se eu vivo me comparando com os outros? Se
você pegar uma revista masculina ou feminina, encontrará ali um mito de
beleza. Se você não é muito bonito(a), se você não tiver uma aparência
extremamente elegante e atraente, se não possuir um corpo bem torneado, de
acordo com o padrão de beleza vigente, não terá sucesso.
Se você for obesa, aquela vaga de secretária não será sua. É a ditadura do
sucesso. Ou seja, você depende de alguma coisa externa para sentir-se bem
internamente. Foi desta forma que fomos ensinados neste mundo moderno.
O sucesso é medido na proporção do ganho externo, quer seja a posição
social que eu tenha, o carro novo que eu dirijo ou qualquer outro aspecto
externo.
“Ah, estou tão feliz porque esta casa é minha, este carro é meu”!
Portanto, se a minha identidade está investida na casa, no carro ou em
qualquer outra coisa externa, se eu perdê-las, minha auto-estima irá parar
debaixo da sola do meu sapato. A razão pela qual nós não somos felizes é
porque nós não somos livres, somos dependentes em dirigir um carro novo
para nos sentirmos bem, porque no momento em que eu estou dirigindo o
carro é como se eu fosse o carro.
E se qualquer pessoa arranhar levemente o meu carro novo, como vou me
sentir? Eu vou me sentir chateado e com muita raiva, como se alguém
tivesse me arranhado. Mas eu sou um carro? Então, quantas coisas nos fazem
perder a nossa identidade. Objetos, pessoas, idéias; todas estas coisas
podem mudar, podem desaparecer ou ficar velhas. Mas há um lugar, um espaço
dentro de cada um de nós que é livre de ter que identificar-se com
qualquer coisa externa. É o nosso espírito, é a nossa verdadeira natureza,
é o que somos de verdade.
Se eu me identifico com qualquer coisa que na verdade não seja eu, vou
viver no medo, medo da perda, do prejuízo. Vou ficar estressado, que é a
doença mais comum que existe no mundo moderno. As coisas externas vêm a
nós e como formas de energia, as usamos e depois de certo tempo,
eventualmente, as passamos para frente. Então, para ser livre, não se
prenda, não se identifique com nada.
Nem com uma idéia, nem uma filosofia, nem mesmo uma crença. Você é
católico? Espírita? Solteiro? Mãe? Filho? Psicólogo? Médico? Operário?
Empresário? Brasileiro? Japonês? Judeu? Palestino?
Quando você se prende a rótulos, papéis, isso vai gerar guerra, dor,
conflito. Quando seu Eu não se identifica com o dinheiro, nome, profissão,
religião, condição sócio-econômica, não será ameaçado. Então, não se
identifique com nada. Largue todas estas coisas mentalmente e se dê um
tempo para conhecer a si próprio.
Certa ocasião, um paciente ao se submeter à TVP (Terapia de Vida Passada),
descobriu que numa vida passada fora uma prostituta de rua. No final da
sessão de regressão, me confidenciou que estava se sentindo humilhado e
constrangido. Disse-me: “Descobrir que na vida passada fui mulher ainda
vai, mas uma prostituta de 5ª categoria é demais”. Saiu do meu consultório
com o ego ferido. Na consulta seguinte expliquei-lhe que todos nós em
muitas vidas passadas desempenhamos vários papéis sociais, fomos homens,
mulheres, pais, filhos, mendigos, nobres, militares, prostitutas,
religiosos, etc. mas que o nosso Eu verdadeiro não são esses
papéis. Da mesma forma, tivemos vários corpos físicos mas não somos esses
corpos. Em verdade, o homem na sua essência é espírito, eterno,
indestrutível e imortal. Do mesmo modo que o bicho-da-seda se aloja em
seu casulo, o espírito do homem se instala em seu corpo físico. E,
chegando a hora, assim como o bicho-da-seda rompe o casulo e alça vôo como
inseto adulto, o homem também rompe o seu casulo de carne (corpo físico) e
ascende ao mundo espiritual. Portanto, a essência do homem é vida e jamais
morre.
(Masaharu Taniguchi - Sutra Sagrada)
CASO CLÍNICO: Medo de ser atacado
Homem casado, 40 anos.
Veio ao meu consultório por conta de pesadelos constantes à noite e medo
de ser atacado e ser assaltado em sua casa. Apesar de sua casa oferecer
toda a segurança (guardas dentro e fora da casa, circuito interno de TV,
cães de guarda), nada o deixava tranqüilo e seguro.
De madrugada acordava sonâmbulo e colocava facas, espetos, machado ou
revólver debaixo de seu travesseiro. Ao acordar, de manhã, não se
recordava de ter colocado aquelas armas debaixo de seu travesseiro. Ao
deitar-se sempre tinha a impressão de ter deixado as portas abertas. Se
levantava para se certificar se elas estavam realmente fechadas.
Tinha um sonho recorrente (repetitivo) que o acompanhava desde sua
infância.
De que entravam homens em sua casa e matavam a sua família. Acordava suado
à noite gritando e não sabia se ainda estava sonhando, pois o pesadelo era
muito real. Após acordar se levantava para pegar uma arma e a colocava
debaixo de seu travesseiro.
Ao regredir se viu montado num cavalo, cavalgando num deserto. O paciente
relata: “Sou árabe, uso um roupão preto que cobre todo o meu corpo, calço
sandálias de couro, uso um turbante preto que cobre a minha cabeça e
carrego uma lança. O cavalo é branco, devo ter uns 30 anos, estou sozinho,
rangendo os dentes de ódio.
Estou procurando os assassinos que mataram a minha família (esposa e 3
filhos). Eles não vão descansar em paz enquanto eu não vingá-los”.
- Peço para o paciente que volte na cena do crime.
“Estava viajando a negócio nessa vida passada. Ao voltar para casa
estranhei porque estava tudo em silêncio e não tinha ninguém para me
receber. As crianças e a minha esposa costumavam me receber com muito
carinho e alegria. Éramos uma família muito feliz. Ao entrar em casa vi as
crianças caídas com os pescoços degolados, escorrendo sangue pelo chão
(paciente começa a gritar e chorar copiosamente). Vejo também a minha
querida esposa no fundo da casa. Esfaqueada, seus olhos claros bem
abertos. Sento na escada e choro muito; não tenho mais motivação para
viver.
A minha família está morta. Eu preciso enterrar os corpos. Eu os coloco
num lençol, sinto um vazio profundo. Coloco-os numa carroça. Antes de
enterrá-los, eu os abraço para dar o último adeus.
Agora estou subindo no meu cavalo com uma espada que peguei de casa. Eu
sei quem são os assassinos, são 2 homens. Eles fizeram isso por causa de
dinheiro. Eles deviam dinheiro para mim. Estou indo embora, vou matá-los.
Vejo agora uma velha me aconselhando, é a minha avó. Ela fala para eu não
ir atrás deles. Eu não tenho mais vontade de chorar, sinto um vazio muito
grande. Estou decidido a matá-los.
Estou numa vila, numa feira de rua. Estou vendo uma barraca que vende
plantas e ervas. Um dos assassinos, o mais baixo, está lá.
Ele me viu, tenta fugir mas eu o pego. Estou matando-o (fala com ódio).
Enfio a espada no seu estômago. Vejo os olhos esbugalhados dele e isso me
dá muito prazer. Falta ainda um. O que eu matei usava um turbante
listrado. Eles são de uma classe social de mercadores e comerciantes.
Eu sou nobre, tenho muitos cavalos. Em seguida, me vejo novamente naquelas
montanhas de areia no deserto cavalgando e rangendo os dentes de ódio. Eu
não consigo achar o outro assassino. Eu já o procurei em todos os lugares.
Descanso um pouco e fico lembrando da minha esposa e de meus filhos. Ela
me amava muito, era delicada, amorosa. Eu não me conformo que nunca mais
vou vê-los. Lembro de bons momentos em nossas vidas. Eles eram o que eu
tinha de melhor em minha vida. Eu me vejo agora conversando com um homem.
Ofereço-lhe trinta cavalos se ele me ajudar a encontrar o outro assassino.
Esse homem é um matador.
Eu moro sozinho em uma casa simples, passaram-se muito anos e reencontro o
matador. Ele me diz que matou o assassino, mas eu não acredito porque ele
não trouxe a cabeça dele. Mas agora já estou muito velho. As lembranças da
minha família ficam mais distantes, a dor já não é mais forte agora. Mas a
minha vida continua vazia. Minha aparência está bem acabada.
Estou esperando a morte. Eu não consigo acreditar que aquele matador matou
aquele assassino. Eu não queria mais sofrer, queria arrancar tudo isso do
meu coração. Estou velho, barba comprida e esbranquiçada, minha casa está
bem suja. Acho que fiquei louco. Falo sozinho, como com as mãos, não tomo
banho”.
- Em seguida, peço para o paciente ir no momento de sua morte nessa vida
passada.
Momento da morte: “Estava com fome, mas consegui dormir. Estava
magro, esquelético e acabei morrendo. Estou fora do meu corpo, flutuando,
estou bem tranqüilo. O lugar que eu estou é bem iluminado. Estou
reencontrando a minha esposa (ele começa a chorar). Estamos abraçados,
chorando. Peço perdão para ela. Ela me abraça e diz que não tem o que
perdoar. Quero ver meus filhos, mas não posso, tenho que me preparar para
vê-los. Ela me diz que não estou bem ainda, estou em recuperação. Tem duas
pessoas me ajudando, me apoiando. Minha esposa foi embora. Estou num
ambulatório, carrego ainda muito ódio. Sinto que estou ainda meio insano.
Vejo um homem, um médico, grande amigo meu na vida atual.
Ele está dando um passe na minha testa. Ele me aconselha a libertar o meu
coração. Depois de um certo tempo ele me leva para eu ver as crianças. Eu
reencontro os três, a minha esposa está junto também. Estamos todos
abraçados e emocionados! Um dos meus filhos fala que a gente vai voltar a
reencarnar juntos, mas que eu tenho que limpar o meu coração do ódio. Eu
não consigo parar de chorar. Após o reencontro, o meu coração fica mais
leve. Sinto cheiro de flores”.
Ao término dessa sessão de regressão, o paciente me disse que estava se
sentindo bem melhor. Sentia-se aliviado como se tivesse largado um grande
fardo de suas costas. Na verdade, ele identificou esse fardo como sendo a
culpa por ter causado a morte de sua família. Após ter passado por mais
quatro sessões de regressão, os pesadelos, bem como o medo de ser atacado
e assaltado, desapareceram por completo.
Obtido no site SOMOS TODOS UM.