A palavra sucesso
significa aquilo que sucede, acontecimento, resultado, conclusão, e
também, curiosamente, parto. Para os dicionários, sucesso pode ser algo
que alcança êxito, tanto quanto o que redunda em fracasso. Antigamente,
para complementar o sentido da palavra, usavam-se os adjetivos bom e mau
para qualificar sucesso. Havia o bom sucesso, a sorte – e o mau sucesso –
o azar.
É interessante constatar que ao longo dos anos, a palavra sucesso perdeu
seu significado ambivalente, de simples ocorrência, para o bem e para o
mal, para exprimir apenas a conquista de uma posição social destacada, a
posse de bens materiais, o reconhecimento profissional e a popularidade.
Mais interessante ainda é observar que a palavra se transformou num valor
fortemente ambicionado por organizações e pessoas, a ponto de obrigar
muitos pensadores a perderem seu precioso tempo pesquisando e
desenvolvendo fórmulas exorbitantes de alcançá-lo e conservá-lo, senão
para sempre, pelo menos temporariamente.
Não espere que eu seja mais uma dessas pessoas. Não pretendo lhe dizer
como obter fama, prestígio, boa vida e uma gorda conta bancária em dez
lições.
Não acredito em sucesso. Não o desejo, nem para mim nem para vocês. Pelo
menos não esse sucesso que magnetiza e vampiriza as energias das
multidões. Considero a busca pelo sucesso - pelo menos no sentido como ele
é quotidianamente entendido - como uma doença. Uma espécie de desvio
comportamental.
Porque ser bem sucedido, hoje, não significa simplesmente obter êxito em
alguma coisa que se empreendeu, mas, alcançar uma posição social na qual é
possível oprimir os semelhantes, e pensar a si mesmo como alguém mais
capaz, mais inteligente, mas rico ou mais bonito que os demais, e,
exatamente por causa disso, merecedor de privilégios.
Agora você deve estar se perguntando: mas que mal há em querer o melhor?
Vou ter que lhe dizer que não há nada demais, desde que você não queira o
melhor apenas para você, e, desde que isso que você considera o melhor,
possa ser compartilhado com todos os seres do Universo.
Quando uma idéia ou conceito nos coloca fora, ao lado, acima, abaixo,
aquém ou além do comum dos mortais, imediatamente se torna algo tóxico e
negativo. Tóxico porque corrompe nossa natureza, e negativo, porque produz
separatividade. Nos leva a crer que há uma distinção qualquer entre o eu e
o outro, entre o eu e o mundo, entre o eu e a divindade. Nos faz pensar
que não somos, nunca fomos, nem nunca seremos todos um.
O sucesso, tal como eu o entendo, nada tem a ver com essa desenfreada sede
por notoriedade e privilégio.
Ele é uma sucessão de pequenas vitórias pessoais sobre nossas próprias
limitações. Uma intrincada rede de sim e de nãos que dizemos, a nós
mesmos, às solicitações do mundo e aos outros, em nossa busca de
autoconhecimento, tendo como meta o bem comum.
Ele é medido pelo grau de dificuldade que encontramos quando encaramos
nossos conflitos internos e nos responsabilizamos pelo nosso próprio
crescimento. Ele é tanto maior quanto maiores forem os efeitos benéficos
que esse simples enfrentamento pode trazer ao todo.
Sob esse ponto de vista é maior o sucesso do alcoólatra que completa vinte
e quatro horas sem beber, do que o do executivo que fecha mais um “grande
negócio”.
O homem bem sucedido não é aquele que vence uma disputa judicial, mas o
que é capaz de romper o círculo vicioso da mágoa e da culpa, com a
iniciativa de perdoar e de pedir perdão.
O sucesso da mulher que aceita o bebê não-desejado em seu ventre, ou do
homem que retém um gesto de cólera no ar, não é capa de revista, nem
manchete de jornal, mas acrescenta uma grande dose de amor e paz ao nosso
conturbado cotidiano.
Sucessos assim diluem a separatividade, constróem pontes invisíveis sobre
intransponíveis abismos, cavam poços de prosperidade no pó da
desesperança, matam a fome das multidões com um único pão e um peixe só.
Sucessos assim são produzidos por empreendedores anônimos, muitos deles
desprovidos de uma crença clássica, seres humanos, que, na grande maioria
das vezes, se perguntados, nada teriam a declarar.
Suas escolhas silenciosas pela vida, pela beleza, pela harmonia, são
movidas pelo amor incondicional, esse mesmo que parece apanágio dos
Mestres Ascensos, e que a gente pensa que raríssimos seres humanos são
capazes de praticar.
Engano nosso! O sucesso acontece todos os dias, entre os humildes. Aqueles
que se conectam com a Divindade e têm olhos para ver o milagre da Criação.
Só acredito nesse sucesso. E o desejo ardentemente para mim e para vocês.
Mas não esperem que alguém lhes conte como alcançá-lo em dez lições.
Guiem-se pela Lei, a única, inscrita desde sempre, em seus corações.
Ela diz que só há sucesso possível se for possível compartilhar.
O sucesso de um é o sucesso de todos.
Porque somos todos um.
Obtido no site SOMOS TODOS UM.