Yoga é uma palavra de origem sânscrita, e seu significado literal pode ser expresso como "união". Entretanto, para mim, esta palavra está muito mais próxima do significado ocidental de religião (re-ligare, 'reunir-se'), remetendo-nos à.idéia de re-união com Deus, O Absoluto, nossa Essência primeira, da qual fomos separados no momento do nosso nascimento, e a qual anseamos poder reencontrar. Porém, diferentemente das religiões ocidentais que pregam uma expiação constante para alcancar a união divina, penso que a religião verdadeira ocorre apenas em um instante da vida de cada pessoa, quando esta se torna consciente de sua Unidade com tudo o que é vivo; dai por diante, existem duas atitudes possíveis: ou esta revelação não consegue tocar o indivíduo, que se deixa esquecer, prendendo-se novamente no perpetuo mobile de sua vida, ou ela é aceita e compreendida, e então esta pessoa se liberta das atribulações diárias e passa a assumir uma vida verdadeiramente Espiritual, vivenciando uma Realidade Una, enxergando em tudo o que vê e sente a Unidade e Perfeição Do Absoluto. Esta segunda atitude é a que se aproxima da Yoga a que me refiro. Longe da imagem habitual de um monge isolado de tudo e todos, um yogi autêntico tem uma vida como de qualquer humano, com os mesmos prazeres e tristezas, porém com a diferença que vivencia sua existência como uma contínua harmonia, um estado de constante oração.
Esta página é baseada em minha experiência pessoal, e pelos textos que tive acesso, principalmente os trabalhos doYogi Ramacharaka. A seguir farei um pequena exposição de alguns dos melhores pensamentos e idéias que fluem por mim.
Esta é para mim a melhor maneira de se referir a Deus, pois contribui para a idéia de um Deus impessoal e que possui três atributos principais:
Onisciência
Onipotência
Onipresença
Se meditarmos nas consequências que estes atributos implicam, chegaremos a algumas profundas conclusões. Iniciando pela Onipresença, Aquele que está em todo lugar a todo tempo, evidentemente não pode estar confinado ao tempo e espaço; logo, tempo e espaço são conceitos relativos que possuem significado apenas para nós, humanos, seres limitados; para O Absoluto, tais conceitos não existem e não têm significado. O segundo atributo - Onisciência - indica que para O Absoluto tudo é conhecido, não havendo nada para ser descoberto; logo, todo nosso desenvolvimento científico e tecnológico é também apenas relativo; por último, a Onipotência Divina implica que toda força e poder no universo provêem Do Absoluto, a única fonte autêntica. Portanto, através destes três atributos, concluímos que para O Absoluto não existe "causa e efeito": Aquele que É eterno, sem origem ou fim; Sua existência não está vinculada ao ciclo de causas e efeitos, ao qual estamos todos sujeitos, logo, este ciclo também é relativo...
Não nos confundamos pensando que os atributos Divinos implicam em uma falta de livre arbítrio para o indivíduo; exatamente por eles é que o livre arbítrio é possível, já que está no âmbito "relativo": cada ato humano é livre, e desencadea uma reação no ciclo Vital, reação esta governada por leis que somente nas últimas décadas têm sido compreendidas - as leis do Caos e Atratores Estranhos (Efeito Borboleta). Já para O Absoluto, todo o ciclo Vital é concebido de maneira integral, não havendo causa e efeito, portanto não é razoável pensar que O Absoluto interfira em qualquer decisão humana. É difícil para nossas mentes limitadas e relativas poder idealizar algo ilimitado e absoluto, e dessa forma dificilmente as palavras podem expressar as idéias de Deus; mas para que algumas destas idéias fossem conhecidas por nós, algumas almas Iluminadas, os Avatares, vieram ao nosso mundo, divulgando-as; entre todos os Avatares, somente um único procedeu diretamente do Pai, e Ele nos trouxe a idéia suprema do Amor Universal - Ágape: Aquele que é verdadeiramente o Filho de Deus, O Filho do Homem, Jesus Christo.
O Christo
A história da humanidade apresenta de tempos em tempos, grandes Consciências, conhecidas como Avatares, que atingem um alto grau de Iluminação e podem manifestar diretamente as idéias Divinas; um estudo cativante da vida destes Avatares pode ser encontrado no livro: "Os Grandes Iniciados" , de Edouard Schuré, que conta a trajetória dos Iluminados que fizeram surgir as grandes religiões da Terra. O único dentre todos estes que afirmou descender diretamente dO Absoluto foi Jesus Christo, e seus ensinamentos são verdadeiramente a expressão direta dos desígnios Divinos.
Compreender e aceitar esta Verdade pode ser algo difícil para aqueles que não A vivenciam; porém, acredito que todo aquele que se dispor a procurar pelo Christo o encontrará, e nesse momento toda Bem-Aventurança que acompanha esta Consciência irá aflorar em seu ser. Saiba entretanto que, apesar de toda a literatura existente, de todas as agremiações que afirmam representar o Templo do Christo, a melhor maneira de contactá-Lo é buscar em seu Coração - não o orgão fisiológico - mas na parte de sua existência que corresponde à sua Essência (Chitta); porque o verdadeiro Templo Christão, a morada do Christo, é o seu Coração. Busque-O, e você O achará.! Evidentemente, a leitura e a participação em agremiações podem ser muito úteis na sua senda, mas sua verdadeira Iluminação só irá ocorrer a partir de você mesmo! Como estava escrito no Oráculo de Delfos, muito antes da chegada Dele, o caminho é: "Conhece a ti mesmo".
E para que possamos nos conhecer melhor, temos de ter consciência de que não somos somente matéria; temos outras estruturas, outros estados, que em conjunto formam nosso ser. Conhecer estes Estados é essencial para o auto-conhecimento.
Segundo a Filosofia Yogi, a Vida é algo presente em toda parte do universo. A base para esta afirmação pode ser experimentada racionalmente; acompanhe a seguinte lógica: pode alguma coisa surgir do nada ? E razoável admitir que a Vida apareça de algo inanimado ? A resposta, na Filosofia Yogi, é formulada a partir dos quatro estados, que formam todo o universo:
Akasa Prana Chitta Atman
A posição de cada elemento na linha acima denota o grau de materialidade do estado; desse modo, Akasa corresponde à matéria bruta, a parte corpuscular que participa de todos objetos e seres; mais especificamente, os elementos químicos e as partículas fundamentais (que possuem massa!), que constituem todo o nosso universo físico, estão incluídos neste estado, denominado por esta palavra de origem sânscrita. A seguir, temos o Prana, um Estado mais leve, que pode ser associado à energia em si mesma - quantizada (fótons, fonons, etc) ou contínua (campos). Tal como Akasa, o Prana esta presente em toda parte do universo, pondo em vibração e movimento tudo que existe! O próximo Estado é ainda mais etéreo, e até hoje não foi cientificamente constatado, mas é plenamente perceptível: Chitta, a parte sensorial e mental que acompanha estruturas mais complexas no universo. Chitta corresponde à essência, ao pensamento, à alma. Aqui cabe um comentário para evitar um preconceito com o que será dito adiante. Como afirmei na primeira seção, estas informações são em parte baseadas no obra do Yogi Ramacharaka, em particular na Ciência Hindu-Yogi da Respiração e no Curso Avançado de Filosofia Yogui, que foram escritos no início do século XX, onde não se conhecia nada a respeito da natureza quântica da realidade. No entanto, muitas informações dessas obras, que eram tidas como "ocultistas" pela ciência, como por exemplo a existência do Prana como uma parte mais etérea, mais fundamental que o Akasa, foram "reveladas" mais tarde pelos cientistas do nosso século, na constatação da existência do fóton, uma partícula sem massa, apesar da dificuldade de se imaginar o que seja isto, que é absorvido e emitido pelos elétrons. Portanto não se assuste com as próximas palavras se elas parecerem demasiado "místicas" ou "ocultistas", pois, particularmente, eu sou bastante racional, e realmente não enxergo nada de ilógico no que irei expor.
Ao contrário do que possa parecer, diversas estruturas tidas como inanimadas por nós possuem na realidade Chitta; desde estruturas muito simples quimicamente, como a água, percebemos que certas propriedades físicas transmitem-nos a impressão de uma "consciência" primitiva: a dilatação irregular da água ou seus estados meta-estáveis de super-resfriamento, indicam a existência de correlações de longo alcance entre as moléculas que constituem o líquido, e que contribuem sinergeticamente para a existência de toda vida orgânica, haja visto que graças a essas propriedades a vida orgânica teve início e se perpetuou na água; propriedades físicas, elétricas, ópticas e eletrõnicas de cristais são outros exemplos onde as correlações aparecem como uma consciência primitiva - dopagem de semicondutores, supercondutores, crescimento e formação de cristais, são tópicos de pesquisa que lidam com estas correlações. Poderia gastar algumas páginas de exemplos, porém acredito que não seja necessário, pois basta o fato evidente de que quanto maior o grau de complexidade, maior o nível de consciência, para compreendermos que em níveis primários de complexidade deve haver também uma consciência primitiva. Deste modo, devemos lançar uma nova visão sobre o universo; este não deve mais ser visto como separado em inanimado e animado, pois na verdade todo ele é constituído da mesma forma: Chitta, Prana e Akasa, os três constituintes da Vida, que estão presentes em todas as estruturas!
Mas ainda não falamos do Atman: o quarto estado é o mais etéreo de todos, e, na realidade, constitui a própria essência dO Absoluto; Atman corresponde ao Espírito, e em nossa realidade, só é evidente nas estruturas mais complexas que conhecemos - nós, humanos ! Esta Centelha Divina brilha em cada um de nós, mas não nos enganemos: tal como o sol brilha em uma gota de orvalho, e podemos até enxergá-lo nela, sabemos que na realidade ele não está na gota! Do mesmo modo, em cada um de nós existe uma Centelha, mas a Luz está em toda parte!
Espero que estas palavras possam frutificar, e que tornem a sua existência mais justificada; sinta-se a vontade para escrever-me, enviar comentários ou pedir informações, ou mesmo apenas para dividir impressões.
A Paz esteja convosco!
[volta]
