PARGO |
Os pargos (Sparidae) caracterizam-se por seu corpo alto, bem escamado e com nadadeiras espinhosas proeminentes, mas, acima de tudo, pelo desenvolvimento de seus dentes (Cooper, 1969).
A primeira tentativa em cultivar o pargo (neste caso, Chrysophrys major) foi feita em um laboratório localizado na Costa do mar de Seto Island em 1902 (Kajiyama, 1937). O laboratório foi logo fechado devido às dificuldades em se cultivar a larva. O cultivo de pargo não progrediu até 1970. Em 1967, Noguchi observou desova natural de pargo em tanques grandes no Aquário Naruto, Tokushima, Japão (Noguchi, 1968).
CICLO DE VIDA E ECOLOGIA
De acordo com Ikenoue & Kafuku (1992), o pargo Pagrus major é carnívoro e demersal, distribuído em águas costeiras sobre a plataforma continental influenciada pelas correntes oceânicas quentes. Segundo os mesmos autores, a estação de desova do peixe é de março a maio em Kyushu e de abril a junho no mar de Seto Island com pico em maio. A temperatura da água durante a estação de desova varia de 15 a 22°C.
O Pargo pode atingir a maturidade sexual com 3 anos. Quando o período de desova aproxima, o peixe migra para áreas costeiras rasas para desovar. A cor do corpo dos machos torna-se mais escura do que a das fêmeas nesta estação. O macho persegue a fêmea na superfície e eles desovam e secretam juntos. A fêmea com peso de 1,5 kg desova aproximadamente 300.000 a 400.000 ovos em uma estação e a temperatura ótima para incubação varia de 15,0 a 17,5ºC (Ikenoue & Kafuku, 1992). Os ovos são pelágicos e flutuam na superfície da água (Kittaka, 1977). Eclodem 50 hs após a fertilização a 18°C (Kuronuma & Fukusho, 1984).
O alevino recente planctônico chega ao estágio juvenil, 17 a 18 mm em comprimento total, 30 a 40 dias após a eclosão e começa uma vida demersal em mares mais rasos nas baías interiores. Como a temperatura da água cai após setembro, o peixe migra para o mar a profundidade de 10 a 100 m onde passa o inverno (Ikenoue & Kafuku, 1992).
Durante o estágio planctônico, os alevinos recentes se alimentam de zooplancton tais como náuplios e copépodas adultos, os juvenis de poliquetas e pequenos crustáceos e os adultos de uma ampla variedade de animais tais como camarões, caranguejos, moluscos e peixes demersais (Ikenoue & Kafuku, 1992). Sua atividade alimentar depende da temperatura (Kittaka, 1977).
CAPTURA DE SEMENTES NA NATUREZA
O cultivo de Pargo ainda depende das sementes coletadas do mar. Peixes juvenis, de 30 a 100 mm de comprimento, são procurados e usados como sementes (Ikenoue & Kafuku, 1992). As sementes coletadas do mar são temporariamente estocadas em tanques ou gaiolas até serem embarcadas para os criadores.
PRODUÇÃO ARTIFICIAL DE SEMENTES
Segundo Kuronuma & Fukusho (1984), os peixes são alimentados com rações formuladas, peixe moído, mistura de peixe moído com ração formulada e não se usam alimentos vivos. De acordo com o mesmo autor, justamente antes da desova, os peixes maturos são transferidos do tanque rede de 3 x 3 x 3 m com taxa de estocagem de 5 a 7 kg/tonelada de água ou, segundo Kittaka (1977), para o tanque de desova de concreto que pode ter as seguintes dimensões: volume de água de aproximadamente 100 - 1.000 m3, profundidade de aproximadamente 2 a 5 m. Aproximadamente 100 a 300 pargos maduros são introduzidos nos tanques com números iguais de fêmeas e machos. Segundo Ikenoue & Kafuku (1992), os peixes maturam nos tanques-rede quando a temperatura da água aumenta para 14 - 18°C. Nas fêmeas, a maturação é manifestada pelo ventre inchado devido ao inchaço do ovário e nos machos pela coloração nupcial (escurecimento da cabeça ao ventre) ou pela quantidade de esperma expelida. O peixe desova no tanque e os ovos normais fertilizados flutuam na superfície da água, enquanto os ovos mortos vão para o fundo do tanque. Desde que a água do mar é continuamente bombeada para o tanque, os ovos que transbordam com a água do tanque são coletados com rede de malha de 0,5 mm (Ikenoue & Kafuku, 1992).
PROCEDIMENTOS PARA ENGORDA
Os ovos coletados são colocados em tanques de cultivo de 20 a 200 m3 em volume. A água no tanque deve ser mantida em 16 a 20 °C. Cuidados devem ser tomados para manter o pH abaixo de 8,6. O nível de Oxigênio dissolvido deve ser mantido acima de 4,0 mg/l e a larva possui 2,0 mm justamente após a eclosão (Ikenoue & Kafuku, 1992).
A quantidade de rotíferos consumidos por dia medidos por um período de 24 horas varia com o tamanho da larva (Kuronuma & Fukusho, 1984). Segundo Ikenoue & Kafuku, (1992) para produzir um alevino de 10 mm de comprimento, 40.000 rotíferos são necessários. A partir de 4 mm de comprimento, os alevinos podem se alimentar de náuplios de copépodas e, a partir de 6 mm copépodas adultos. Quando o peixe cresce 15 mm em comprimento, o alimento é trocado de organismo vivo para material não vivo tal como peixe moído. A taxa de sobrevivência de alevinos do ovo para o estágio 10 mm é de 60 a 70 % em média e a densidade de cultivo no tanque de produção de semente é de 30.000 a 60.000 ovos por m3 (Ikenoue & Kafuku, 1992)
Durante os primeiros 6 a 10 dias de cultivo, o alevino é conservado em água calma com a taxa de troca de água no tanque de cultivo aumentada gradualmente de 30 a 100 a 200 % por dia de acordo com o crescimento do peixe (Ikenoue & Kafuku, 1992)
O cultivo primário termina com os peixes transferidos para ambientes de cultivo secundário. Na fase secundária, as dimensões dos tanques-rede são ajustadas de acordo com o tamanho do jovem. Se este apresenta tamanho de 10 a 20 mm, utiliza-se tanques-rede de 2 x 2 x 1,5 m com o tamanho da malha de 2,2 mm (Kuronuma & Fukusho, 1984).
As pós-larvas são cultivadas até o comprimento total de 20 a 30 mm em tanques-rede por aproximadamente 10 a 40 dias com a densidade inicial de aproximadamente 2.000 peixes/m3 em tanques rede. A sobrevivência durante o estágio de tanque-rede pode ser de aproximadamente 30% (Kittaka, 1977).
Normalmente, 4.000 a 5.000 alevinos de 10 mm de comprimento total podem ser cultivados por m3 em gaiolas flutuantes de redes com a taxa de sobrevivência de alevinos até eles atingirem 30 a 40 mm em comprimento de 40 a 50 % em média. Os peixes são alimentados principalmente com alimentos não vivos, tal como peixe e camarão moído e alimento formulado (Ikenoue & Kafuku, 1992).
DENSIDADE DE CULTIVO
A densidade de cultivo de peixes em tanques redes deve ser mais baixa que 4 kg/m3 no primeiro inverno. Após o dito, a densidade pode ser aumentada de 15 para 20 kg/m3 (Ikenoue & Kafuku, 1992).