PÉROLA |
De acordo com Nomura (1984), há cerca de 600 anos as pérolas fazem
parte do mundo das gemas preciosas e somente os membros da realeza é que possuíam
tal jóia, representando uma espécie de barômetro de prestígio e poder.
Segundo o mesmo autor, há vários relatos sobre a ocorrência das pérolas
como: os brâmanes do Rio Indo mencionaram
as pérolas no clássico livro religioso "Rig - Veda", 3.300 a.
C.; documentos chineses de 2.200 a. C. também mencionam que as pérolas foram
utilizadas como ornamento pessoal; no Iraque foi encontrado um colar de pérolas
que pertencera à Rainha Achaemenid, que viveu há cerca de 2.300 a.C., estando
hoje depositado no Museu do Cairo; na Pérsia era a pátria das mais famosas pérolas
naturais, e o Ceilão, uma famosa fonte dessas gemas.
Segundo Fassler (1995), 32 nações estão em
algum estágio de cultivo da pérola, da escala-piloto de pesquisa para uma
produção maior.
Os maiores produtores de pérola estão no Japão,
China, Sul do Pacífico e Sudeste da Ásia.
PAÍSES
PRODUTORES DE PÉROLAS
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JAPÃO
Mikimoto cultivou as primeiras pérolas no Japão
no ano de 1883 (Iversen, 1982). Por outro lado, os chineses haviam praticado a
indústria da pérola no século XIV (Fassler, 1995). No entanto, as técnicas
de produzir pérolas completamente esféricas usando pequenos pedaços de manto
da ostra produtora de pérola e o núcleo esférico feito de concha de água
doce foi estabelecido comercialmente a mais de 70 anos, sendo que, desde esta época,
os cultivos de pérola japonesa têm mostrado grande progresso e conseqüentemente
tornando o cultivo destas pérolas mais famoso no mundo. Por outro lado Nomura
(1984) relata que a produção industrial de pérolas no Japão foi iniciada com
o molusco Pinctada fucata, em 1926, no entanto outro molusco usado é o Hyriopsis
schlegeli, o terceiro molusco bivalvo utilizado é a Pinctada
maxima, das 3 espécies a que mais produz pérolas é a primeira. A produção
japonesa de pérolas de água salgada ostra akoya atingiu o pico em 1966, e em
1993 sua produção caiu para 72,7 toneladas (Fassler, 1995).
-
AUTRÁLIA
No ano de 1956 foi introduzido o cultivo de pérolas
na Austrália, sendo que a pérola australiana é de crescimento lento e seu
tamanho é maior, algumas delas
chegando a alcançar 17 milímetros de diâmetro (Iversen, 1982). A Austrália
produziu 1,2 toneladas no valor de US$ 158 a $ 168 milhões em 1994 (Joll citado
por Fassler, 1995)
-
POLINÉSIA FRANCESA
A Polinésia Francesa produziu 2.094 kg em
1993, no valor de US$ 77 milhões (Fassler, 1995). Assim, a indústria da pérola
gera US$ 140 milhões de dólares por ano em divisas (Hein, 1998). As
ostras-dos-lábios-negros Pinctada
margaritifera existem em algumas partes do Mar Vermelho, certas áreas da
Micronésia e em estreitas faixas da costa que vão do México ao Peru. Só as
da Polinésia, porém, geram pérolas negras (Hein, 1998). Assim, a ilha das pérolas
negras na imensidão da Polinésia Francesa, o atol de Manihi, é o maior
produtor mundial destas pérolas.
No processo de produção as ostras de Manihi
quando são enxertadas com um corpo estranho que são esferas produzidas por
moluscos do Rio Missipi, as ostras costumam secretar a substância que dá cor a
pérola negra, mas nem sempre isso acontece: de cada cem ostras, só 35 geram
pedras anacaradas, e apenas 3 delas adquirem a cor, o brilho e o formato que as
torna comercializáveis por valores que variam de US$ 50 a US$ 5,000.00 a
unidade (Hein, 1998).
-
OUTROS
Na ilha de Cook coletou-se 150 kg em 1993, no
valor de US$ 4,5 milhões e em 1994 Indonésia e as Filipinas cada um produziram
375 kg no valor de US$ 50 milhões, no mesmo ano os Chineses produziram 10
toneladas de pérolas de água salgada com valor desconhecido (Fassler, 1995).
De acordo com
Nomura (1984), em 1957, Kichiro Takashima, então o maior cultivador de pérolas
do mundo, esteve no Brasil, a fim de estudar as possibilidades de alguns
moluscos de água doce, notadamente dos rios Tefé e Araguaia, e das ostras de
Angra dos Reis e Cananéia, produzirem pérolas. Segundo o mesmo autor em 1924
falava-se em pérolas do Rio Tocantins, em Goiás em que uma índia possuia 3 pérolas
e o Dr. Lélio Favareto, coletou
uma pequena pérola no Rio Pardo, São Paulo.
CICLO
DE CULTIVO
De acordo com Nomura (1984), a pérola forma-se ao natural quando um grão
de areia, o esqueleto de um pequeno organismo planctônico, um parasito, um
pequeno caranguejo, etc., penetram no corpo da ostra. Segundo o mesmo autor a pérola
cultivada, por sua vez, provém de uma pequena esfera de concha de molusco,
introduzida no corpo da ostra pelas mãos humanas. Como esse corpo é
arredondado, as camadas de substância nacarada envolvem essa estrutura, dando
origem a pérolas com aquele formato.
Por outro lado, em áreas onde há ostras
insuficientes para coletar spat, as ostras devem ser produzidas em um laboratório,
mas o custo de um laboratório parece ser proibitivo (Fassler, 1995)
De acordo com Ikenoue
& Kafuku ( 1992),
as larvas naturais de ostras produtoras de pérola no Japão
são coletadas como sementes, a desova das ostras ocorre quando a
temperatura da água aumenta acima de 20°C
com o pico a 25 °C,
nesta variação da temperatura da água, as pequenas mudanças em outras condições
ambientais tal como no pH também estimulam a desova. Segundo o mesmo autor, as
folhas da árvore cedar japonesa, fibras sintéticas ou conchas são utilizadas
como coletores de sementes, quando as conchas atingirem 5 a 10 mm, após 3
semanas da coleta, eles são removidos dos coletores e colocados para engordar,
e após atingirem mais de 30 g no peso total em 2 anos de cultivo. Além disso,
o mesmo autor cita que as pérolas cultivadas são produzidas colocando-se um núcleo
esférico feito de normalmente de concha de molusco de água doce dentro da
ostra na parte da gônada, junto com o núcleo se coloca um pedaço do tecido do
manto, porém se as gônadas da ostra (ostra produtora de pérola) está matura
e inchada, a operação se torna tecnicamente difícil. Também a qualidade da pérola
será pobre se este é produzido. O conteúdo das gônadas, ovos ou espérmatozóide
deveria portanto ser artificialmente removido da ostra.
Portanto, antes da inserção do núcleo é
necessário colocar um pedaço de bambu entre as valvas abertas da ostra, sem
danificar o animal e, para que ela abra as valvas, é necessário colocá-las
numa bandeja rasa, com a parte dorsal das valvas para baixo, sendo imediatamente
coberta com água do mar e, dentro de alguns minutos, ela começa a se abrir
(Nomura, 1984).
As ostras enxertadas ou operadas com o corpos
estranhos são colocadas nos sistemas de cultivo especialmente designada para
esta proposta, isto é, podendo ser em gaiolas onde cabem aproximadamente 50 a
60 ostras. Elas ficam em observação por um período de 4 a 6 semanas até se
recuperarem, quando as ostras mortas são retiradas (Nomura, 1984). Este sistema
fica suspenso por bóias. As estruturas com as ostras podem ser observadas
diariamente e realizadas a limpeza quando necessário.
PERÍODO
DE FORMAÇÃO DA PÉROLA DO ENXERTO A COLETA
Na Polinésia Francesa, P. margaritífera
são coletadas 18 a 24 meses após o enxerto. Aproximadamente 40 % das ostras
enxertadas produzirão pérolas. Destes 7,5 % não é comercializável, 77,5 % são
disformes, e somente 15 % serão redondos ou semi-redondos (Coeroli, 1994).
Na Índia, utilizando a P.
fucata em águas mornas, a despesca leva 15 a 18 meses após a implantação
com núcleos de 6 a 7 mm, no entanto em um estudo, de um total de 9.414 ostras
implantadas com núcleos de 3 a 5 mm, 2108 morreram (22 %) e na coleta das 7.306
ostras produziram 1849 pérolas (25
%) (James, 1994).
PROSPÉCTOS
FUTUROS
No Rio Iangtsé, em Cantão, China, as pérolas são retiradas do molusco
Cristaria plicata desde o século
XIII, Neste molusco, os chineses introduzem imagens diminutas de Buda, entre a
concha e o manto, e tais imagens são envolvidas pelo nácar (Nomura, 1984). No
entanto, se a China aumentar a produção dramáticamente e continuar a vender
sua produção independentemente, os preços poderão cair (Ward, 1995). Além
disso, a indústria da pérola cultivada na Ásia será afetada pelo declínio
na população de mexilhões nos Estados Unidos ( Neves & Williams, 1994
citado por Fassler, 1995). Assim, a crise tem aumentado a procura pelo subtituto
do núcleo. Os japoneses, por exemplo, têm relatado o uso do núcleo sintético
(Fassler, 1995).
CONSIDERAÇÕES
A tecnologia do cultivo de pérola dominada pelos japoneses teve conseqüencias
importantes como a conservação da qualidade e o alto valor do produto. Por
outro lado uma conseqüencia negativa foram as oportunidades limitadas fora do
Japão para a expansão do cultivo de pérolas. Embora o cultivo de pérolas está
se expandindo para vários países fora do Japão, os japoneses estão
envolvidos na indústria global e parecem que permanecerão por vários anos.
Por outro lado necessita-se de estudos
principalmente básicos para conhecer as possibilidades de moluscos nativos do
Brasil produzirem pérolas. Alguns pesquisadores acreditam que os moluscos do
Nordeste brasileiro por serem de clima tropical produzem pérolas em um período
menor. Estas espécies em pesquisa pode servir como experiência pioneira na
obtenção de pérolas de moluscos.