NEUROANATOMIA – CASOS CLÍNICOS

 

Caso 1

Um menino de 5 anos queixava-se de dor nas costas e pernas e tinha febre de 38 0C. Na manhã seguinte, não pôde levantar-se da cama nem mover o membro inferior direito. Ao exame não se detectou transtorno dos movimentos da cabeça, pescoço, membros superiores nem membro inferior esquerdo, porém havia paralisia total da coxa, perna e pé direitos. O tônus muscular estava muito diminuído e os reflexos tendinosos (proprioceptivos), tais como o patelar e o aquileu estavam abolidos no membro inferior direito. Ao final de três semanas, podia fletir e aproximar a coxa e estender o joelho, porém não recuperou nenhum outro movimento do membro inferior direito, e, após um mês, os músculos do pé, perna e parte posterior da coxa encontravam-se flácidos e mostravam reação de degeneração e intensa atrofia. Além da dor do início da doença, não havia nenhum outro transtorno sensitivo.

 

Questões Para Discussão:

  1. A lesão é de neurônio motor, sensitivo ou de ambos?
  2. Se for do neurônio motor, é do superior ou do inferior? Em que nível?
  3. Como explicar os sinais – paralisia, atrofia, hipotonia e arreflexia?
  4. ONDE ESTÁ A LESÃO (Diagnóstico Topográfico)?

 

 

Caso 2

Um homem de 34 anos, com antecedentes de infeccção sifilítica, queixou-se de uma sensação de formigamento nos pés e, mais adiante, dores fulgurantes nas pernas. Depois de vários meses começou a notar dificuldade de caminhar no escuro e, na presença da luz, sentia necessidade de verificar o solo para evitar a queda. Embora as pernas estivessem fortes como sempre, vacilava e oscilava de um lado para o outro ao andar. A exploração não descobriu paresia nem atrofia dos músculos, porém o tônus estava diminuído. Havia desaparecido o reflexo patelar. Havia abolição completa do sentido postural e dos movimentos passivos e da sensibilidade vibratória nos membros inferiores. Ao tocar a pele dos membros inferiores com as pontas de um compasso aberto, não podia reconhecer o duplo contato nem localizar com exatidão a área estimulada. Salvo por essa perda da localização e da discriminação táteis, não havia muita perturbação da sensibilidade exteroceptiva.

 

Questões Para Discussão: Como explicar

  1. A incoordenação dos movimentos das pernas ao andar?
  2. A abolição do reflexo patelar?
  3. A abolição da proprioceptividade (sentido postural e dos movimentos passivos)?
  4. ONDE ESTÁ A LESÃO (diagnóstico topográfico)?

 

 

Caso 3

Um taberneiro de 46 anos recebeu uma punhalada nas costas. Dois anos depois da lesão, subsistiam sinais da lesão medular. No membro inferior direito havia paralisia espástica, com exaltação do reflexo patelar, bem como abolição do sentido postural e dos movimentos passivos. No lado esquerdo não havia paralisia nem atrofia muscular, e os reflexos eram normais. Encontrou-se abolição da sensibilidade à dor, ao calor e ao frio na metade esquerda do corpo até o nível da terceira costela, porém sem transtorno da sensibilidade proprioceptiva. Estava abolida toda a sensibilidade cutânea ao longo de uma faixa que corria pela face medial do membro superior direito, porém à exceção dessa região a sensibilidade tátil era normal em todo o corpo.

 

Questões Para Discussão:

  1. De que lado da medula está a lesão e quais segmentos participam?
  2. Levando-se em conta que nas lesões medulares unilaterais o limite superior de analgesia pode ser encontrado um ou dois segmentos abaixo da lesão, qual era o nível desta?
  3. Todos os sintomas podem ser explicação com fundamento em uma lesão unilateral? Como se explicaria a abolição da sensibilidade proprioceptiva de um lado do corpo e da dolorosa e térmica no lado oposto? Que vias estariam afetadas? Por que a sensibilidade tátil não foi perdida?
  4. ONDE ESTÁ A LESÃO (diagnóstico topográfico)?

 

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