"Superar
a identificação do corpo físico é o trampolim
rumo à
Consciência Cósmica." Daran
"Ser completamente honesto consigo próprio é o melhor esforço
que um
ser humano pode realizar". Freud
O CONCEITO DE CONSCIÊNCIA QUE ADOTAMOS AQUI:
Antes de mais nada, é importante distinguir
conhecimento de consciência. Estar consciente de algo é vivenciar
determinado conhecimento. Consciência é o conhecimento
internalizado, digerido. Desta forma, o simples acúmulo de conhecimento
não se traduz em consciência.
Tomar consciência de algo é envolver-se
com o fruto do conhecimento, é ser transformado pelo processo
de conhecer. Outro ponto importante: costumamos identificar consciência
com o ego-consciência. Ora, existem níveis de consciência
além do estado de vigília comum, do estado de consciência
ordinário. O ego-consciência é apenas uma parcela
da nossa consciência. Melhor dizendo, o ego não é o
centro da consciência e nem seu estágio último de desenvolvimento.
Ao contrário do que a maioria das escolas ocidentais de psicologia
afirma, o ego é apenas instrumento da consciência.
"Estes são tempos históricos. Uma
grande transformação está ocorrendo na mente humana.
Idéias antigas estão morrendo e novas estão nascendo.
Nós estamos começando a constatar que nossa identidade básica
não é a mente nem o corpo, limitados pelo nascimento e morte,
tempo e espaço - mas, fundamentalmente, ela é espírito:
uma consciência infinita que é universal e eterna. Está
se revelando que a consciência não é função
da mente, centrada no cérebro físico. (...)A consciência
está além do tempo e não é afetada pela morte.(...)
O cosmos e tudo nele está começando a ser reconhecido como
sendo uma entidade: um todo inseparável e consciente, uma manifestação
do Um, da Consciência Universal - permeada de amor. A singularidade
do universo está sendo reconhecida como a expressão material
da singularidade da consciência - que é reconhecida no coração
como amor." (Samuel Sandweiss in Spirit and Mind.Sri Sathya Sai Books.
Índia - traduzido por Daran)
Podemos também verificar dois
níveis distintos de consciência: o imanente e o transcendente.
O imanente traduz-se em autoconsciência (ontologia) e o transcendente
como ciência de algo externo a si-mesmo.
"Na psicologia da yoga, consciência é
o fenômeno básico. É a realidade subjacente. Ela é
o foco central ao redor do qual todo o esquema conceitual da yoga está
organizado. O desenvolvimento (consciencial) humano não é
visto meramente como a elaboração de uma estrutura mental
como o ego. Ao invés disto, ele é visto como o desvelar gradual
de uma já presente e subjacente consciência. Esta consciência
manifesta a si mesmo através de formas como as das estruturas mentais,
mas possui o potencial de libertar-se destas mesmas estruturas. Com a progressiva
perda de apegos, ela gradualmente se desembaraça das formas mentais
e físicas, as quais ambas a expressam, e, ao mesmo tempo, a obscurecem
e contaminam." (Swami Rama e outros. Yoga and Psychotherapy-The Evolution
of Consciousness. The Himalayan Institute. EUA. - trecho traduzido e sublinhado
por Daran)
Estamos aqui previlegiando as idéias
relacionadas à consciência do mundo interior...dimensão
esta muito negligenciada nos dias de hoje. O ritmo acelerado de nossas
vidas tende a nos impor uma alienação de nossas necessidades
mais íntimas, de nossos sonhos e sentimentos mais nobres.
"Podemos começar dizendo que, embora pense
estar acordada, a pessoa comum, na verdade, está meio adormecida
(...)seu contato com a realidade é parcialíssimo; quase tudo
que ela julga ser realidade (dentro e fora de si mesma) é um conjunto
de ficções construídas por sua mente. (...) Tem percepção
da realidade até ao ponto em que a meta das sobrevivência
torna necessária essa percepção. A consciência
da pessoa comum é principalmente uma falsa consciência, feitas
de ficções e ilusões, e é precisamente da
realidade que ela não tem percepção. (...) eu, a pessoa
acidental, social, estou separado de mim, a pessoa humana total.
Sou um estranho para mim mesmo e, nesse grau, todas as outras pessoas me
são estranhas. Estou isolado da vasta área de experiência
humana e sou um fragmento de homem, um aleijado que experimenta apenas
uma pequena parte do que nela é real e do que é real nos
outros." (Erich Fromm in Zen Budismo e Psicanálise. Ed. Cultrix)
Ao redirecionarmos um pouco mais de nossa atenção
para o Ser que existe através de nós, podemos reconstruir
a ponte (re-ligare=religião) que nos liga ao restante do Universo.
E podemos resgatar a dimensão sagrada da vida, que está
muito além da esfera de autômatos consumidores de mercadorias.
Nós possuímos um potencial de Ser
muito mais amplo que o cotidiano desta sociedade materialista nos oferece.
" O aspecto negativo do gosto pela novidade é a busca vã
e frustrante da mudança a qualquer preço. Com muita frequência,
a fascinação pelo novo, pelo diferente, reflete uma pobreza
interior. Incapazes de encontrar a felicidade em nós mesmos, nós
a procuramos desesperadamente do lado de fora, em objetos, experiências,
maneiras de pensar ou de se comportar cada vez mais estranhas. Em suma,
afastamo-nos da felicidade procurando-a onde ela não está.
(...) A fascinação por ter sempre mais e a dispersão
horizontal dos conhecimentos nos distanciam da transformação
interior. Como só se pode transformar o mundo transformando a si
mesmo, pouco importa ter sempre mais.(...) À primeira vista,
os prazeres do mundo são muito sedutores porque convidam ao
gozo, parecem só doçura, e é muito fácil a
pessoa se envolver. Começam trazendo uma satisfação
efêmera e superficial, mas aos poucos a gente percebe que eles não
cumprem suas promessas e terminam por amargas desilusões. Na busca
espiritual, dá-se exatamente o contrário. No começo,
ela é austera (...) Mas, à medida que se persevera nesse
processo de transformação interior, vê-se despontar
uma sabedoria, uma serenidade e uma felicidade que impregnam o ser
inteiro e que, ao contrário daqueles prazeres, são invulneráveis
às circunstâncias exteriores." (Matthieu Ricard. O Monge
e o Filósofo.Ed. Mandarim).
O nosso potencial de Ser é do tamanho de
nossa imaginação.
Quem sabe poderíamos até nos reconectar
com consciências de outras dimensões... "O Self é o
Arquétipo da ordem e do sentido no universo. Ele é o centro
unificador de toda a psiquê e é idêntico ao Deus interno.
Ele é o Conhecimento autoluminoso, ou Luz, e revela-se a si mesmo
através da remoção da ignorância. Ele nunca
pode ser o objeto do seu conhecimento porque ele é a subjetividade
que conhece. A grande falácia da busca espiritual é que o
ato de buscar esconde o Self do Self. Você é exatamente aquilo
que você busca. O objetivo final não é a aquisição
de alguma coisa nova, mas o desapego da percepção egóica
dos conteúdos da consciência. Autorealização
(Self-realização) é o despertar para o fato de que
somos ligados e totalmente dependente desta luz interna." (Robert Wilkinson-
trecho traduzido por Daran).
Observe que o conceito de Self do psicólogo
Jung se derivou do Hinduísmo, embora tendo sido bastante restringido
face ao seu sentido original.Segundo uma paciente de Jung (conforme exposto
no livro O Segredo da Flor de Ouro-Um Livro de Vida Chinês.Ed.Vozes):
"Do mal muito me veio de bem. Conservar a calma, nada reprimir, permanecendo
atenta e aceitando a realidade - tomando as coisas como são, e não
como eu queria que fossem - tudo isso me trouxe um saber e poder singulares,
como nunca havia imaginado. Sempre pensara que, ao aceitar as coisas,
elas me dominariam de um modo ou de outro; mas não foi assim, pois
só aceitando as coisas poderemos assumir uma atitude perante elas.
Agora jogarei o jogo da vida, aceitando aquilo que me trazem o dia e a
vida, o bem e o mal, o sol e a sombra, que mudam constantemente. Desta
forma, estarei aceitando meu próprio ser, com seu lado positivo
e seu lado negativo. Tudo se tornará mais vivo. Como fui tola!
Eu pretendia forçar todas as coisas, segundo minhas idéias!"
Daran
Texto compilado de: http://geocities.datacellar.net /athens /styx / 7809/ conscien.htm