A DISSEMINAÇÃO DAS CALCULADORAS HP
Na década de 80 a HP perdia muito feio para outras marcas de calculadoras como a CASIO e a TEXAS em vendas no brasil - "A HP é muito complicada, deveria vir com um professor para ensinar a usar" - Diziam os usuários, principalmente estudantes de engenharia. Isto tudo era apenas por um motivo muito simples, a lógica RPL ou polonesa. Aquela velha história de ter que apertar a tecla ENTER e só no final a tecla de operação.
Apesar do uso restrito as poucas pessoas que usavam a HP e se davam ao trabalho de se "acostumar" com a lógica RPL diziam que não a trocavam por nenhuma outra calculadora, eram vistos como excêntricos ou até gênios, provavelmente pelo que eram capazes de fazer com aquele instrumento tão complexo.
Uma inovação interessante que trouxe um pouco mais de usuários e olhos à HP foi a introdução da lente de infravermelho para transmissão de dados à uma impressora. No entanto ainda era muito mais caro adquirir uma calculadora HP e mais caro ainda a impressora. Surgiam os primeiros aficionados com aquelas HPs que abriam em duas partes, que traçavam gráficos, resolviam equações inseridas pelo usuário... era a HP 28S.
Mas a linguagem de programação da HP, uma linguagem toda própria, ainda barrava usuários interessados em calculadoras programáveis. Era mais fácil usar uma CASIO PB alguma coisa que podia ser programada facilmente em BASIC, impressora para que ? Alegavam os programadores.
Em dado momento a HP lança a HP 48S, com 32 Kbytes de memória, uma tela gigantesca, em comparação com suas rivais, e com uma novidade determinante para sua disseminação: a lente receptora de infravermelho. Agora era possível não apenas imprimir dados como também transferir informação entre calculadoras. O número de apaixonados começou a aumentar exponencialmente, porém continuava muito "complicado" usar a HP. Apareceram os primeiros games, nossa é possível jogar na HP! E com uma vantagem, não é preciso saber programar para fazer os jogos, basta copiá-los da calculadora de alguém. Quem comprava uma HP por estes motivos e acabava se adaptando à sua lógica começou a perceber que não eram estas as suas principais virtudes. A sua grande capacidade gráfica, a facilidade de programação, o solucionador de equações, "da até para ligar no computador !".
Por fim veio o golpe de misericórdia: a HP 48G. Poucas mudanças em relação à série S, porém uma também fundamental: a interatividade entre máquina e usuário. Estava resolvida e liquidada a terrível sentença: -"A HP é muito complicada, deveria vir com um professor para ensinar a usar"
Para fazer um gráfico bastava inserir a função no campo especificado, escolher a variável e pimba, estava traçado.
Conquistado o mercado a propaganda ficou por conta dos usuários, programadores fazem programas para todas as áreas e os distribuem pela internet, páginas e mais páginas são criadas na WEB dedicadas ao assunto. Cansei de ouvir pessoas dizerem: Nossa, ela faz isso !! e aparecerem na semana seguinte com uma GX exclamando: Comprei no Paraguai, me passa aquele programa ?
Antes mesmo de entrar no curso de engenharia o aluno já escuta falar da HP e de todas as suas virtudes. A HP até lançou uma calculadora específica para o segundo grau, a 38G, os adolescentes já entram na universidade ambientados com a lógica RPL e principalmente viciados em HP.
Atualmente a HP 48G e a HP 48GX dominam totalmente o mercado, seu preço baixou consideravelmente e mais de 99% dos estudantes de engenharia a tem por obrigação e paixão. É interessante fazer um bom programa, como um jogo, e vê-lo disseminado pela universidade em questão de dias, é uma verdadeira rede de infravermelho. Os professores já abriram os olhos para as colas de alta tecnologia, digitadas no computador e passadas para a calculadora via cabo de transmissão.
O mais relevante de tudo, sem estar ganhando nada com isso, é que a HP sempre primou pela qualidade do seu produto, ela se preocupou primeiro em desenvolver uma calculadora realmente boa e encarregou o tempo pelo marketing, funcionou.
http://sites.uol.com.br/sidney_pacheco
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