LEO CLUBE DE ARCOS |
Em 1996, o município de Arcos contava, segundo estimativas, com 38.000 habitantes, com uma densidade de 76 pessoas por km2.
No que se refere à distribuição da população por zona urbana e rural, verifica-se que Arcos, nos últimos vinte e cinco anos, teve um processo intensivo de êxodo rural e conseqüente processo de urbanização.
A estrutura fundiária de Arcos, a partir dos anos 70, sofreu alterações, acompanhando as mudanças ocorridas na estrutura urbana, incluindo as condições sociais e econômica do município.
Em 1970, havia 840 estabelecimentos rurais, ocupando uma área total de 42.122 ha, ao passo que, em 1980, o total de estabelecimento sofreu uma diminuição para 516, com área de 37.340 ha neste período, essa redução, tanto do número de fazendas quanto da área total se deu, principalmente, em função do processo de urbanização, que se consolidou de forma intensa no período. Em 1985, temos um aumento do número total de estabelecimentos rurais (672) contra uma redução do número total de hectares ocupados. Cabe observar, aqui, que esse aumento do número absoluto de fazendas, entre 1980 e 1985 contra uma diminuição da área ocupada, demostra uma divisão natural de terras (sobretudo por herança), processo esse já conhecido na realidade brasileira. Ainda no período entre 1970 e1985, tem-se que a utilização das terras arcoense foi destinada especialmente à atividade pecuária sendo que, em 1970, cerca de 78.0% das terras cabiam às pastagem e apenas 13.4% eram destinadas à lavoura.
Ao final desta década, percebe-se um aumento do percentual de terras utilizadas para agricultura (24.1%) com conseqüente queda na pecuária (63.5%). Já em 1985, houve novamente uma inversão do processo, com uma elevação, ainda que pequena, do percentual referente à pecuária (66.4%), o que demonstra que o assentamento industrial de empresas do ramo alimentício de laticínios no município promoveu um incentivo à destinação de terras à atividade pecuária.
É notório, pois, que a atividade agrícola nas últimas décadas foi subestinada dentro da economia municipal e que a dependência quase que exclusiva do setor primário em relação à pecuária pode significar um ponto de estrangulamento no caso de uma crise no setor industrial demandante.
A produção leiteira tem-se mostrado, no município de Arcos, como a principal atividade pecuária, sobretudo em função da demanda existente por partes da indústria de laticínios, como já fora salientado.
Como relação ao total do rebanho bovino, houve um considerável aumento entre os anos 70 e 80, com queda bastante expressiva entre 1980 e 1985, voltando a apresentar uma pequena elevação em 1989 e subsequente queda em 1993. Essa inconstância verificada demostra que, a despeito da demanda garantida, o setor não está livre das oscilações e crises que se verificam na economia brasileira de modo geral, sendo, portanto, necessária uma maior diversificação da produção agropecuária, voltada, sobretudo, para suprir o mercado interno (hortifrutigranjeiro).
Através de uma análise da produção leiteira, é importante observar que, a despeito de uma queda do efetivo rebanho bovino entre 1985 e 1993, a produção de leite aumentou, o que provavelmente indica um incremento da produtividade.
Conforme já se mencionou, a agricultura em Arcos não se tem mostrado expressiva, uma vez que a maior parte da produção é feita para atender às
necessidades de substência .
Os principais produtos são arroz, feijão e milho, sendo que a produção tem-se mantido basicamente constante.
Desde o início do século XX, o município de Arcos vem desenvolvendo o setor industrial, sobretudo graças às atividades extrativas, uma vez que a região possui uma das maiores reservas de calcário do mundo.
Tal concentração propiciou o acelerado crescimento da produção extrativa e de transformação, de maneira mais acentuada, especialmente após a segunda guerra mundial, período no qual toda a economia brasileira sofreu um surto de crescimento industrial.
Arcos desenvolve, hoje, e intensamente, a exploração de calcário, em unidade de porte variável. O município é rico em pedreiras com essa formação, que transforma em cimento, pó calcário, cal virgem e hidratado e carbonato de cálcio precipitado, mantendo deste ultimo, a maior indústria em operação de todo o mundo, desde 1970.
No entanto, foi a partir de 1985 que a cidade de Arcos veio a se consolidar como um centro importante de concentração industrial, uma vez que , nos dez anos anteriores, a economia local sofrera com o processo recessivo verificado no Brasil, que mostra uma diminuição no numero de estabelecimento industriais.
Atualmente, o setor industrial em Arcos e o ,mais expressivo e dinâmico, onde se destacam os estabelecimentos de grande porte. Segundo dados da prefeitura municipal, em1994 havia 127 estabelecimento industriais, sendo os ramos mais importantes:
O setor de comércio e serviços, vem-se confirmando, em Arcos, ao longo das últimas décadas, como atividades de suporte ao setor industrial, com sensível melhoria em termos quantitativos, sobretudo a partir de 1980.
O comércio local, de maneira especial, apresentou uma considerável elevação em termos de número total de estabelecimento.
Nos últimos 5 anos, contudo, o setor comercial tomou maior expressividade locais, e vem acompanhando a tendência de crescimento e desenvolvimento local.
Quanto ao setor de serviços, a maior expressão concentra-se no ramo de transporte, que atende à atividade industrial e que se consolida como o alicerce da economia em termos de prestação de serviços.
A maior carência verifica-se no ramo de alojamento e alimentação, que deixa a desejar quando se analisa o porte da cidade e o grande trâmite de pessoas e negócios.
Serviços de terceirização nas áreas de caldeiraria, construção e limpeza têm-se despontado, também, como oportunidade de negócios, para atendimento das grandes e médias empresas.
Os demais serviços de caráter tradicional básico, como serviços pessoais, bancários, contábeis, etc. são oferecidos e têm atendido de forma satisfatória.
Distancia de Arcos entre às capitais:
Arcos | Belo Horizonte | = |
210 Km |
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Arcos | São Paulo | = |
495 km |
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Arcos | Rio de Janeiro | = |
570 km |
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Arcos | Vitória | = |
750 km |
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Arcos | Goiânia | = |
980 km |
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Arcos | Brasília | = |
928 km |
Distancia de Arcos entre os municípios vizinhos:
Arcos | Iguatama | = |
24 km |
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Arcos | Bambuí | = |
60 km |
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Arcos | Lagoa da Prata | = |
30 km |
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Arcos | Japaraiba | = |
27 km |
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Arcos | Santo Antônio do Monte | = |
77 km |
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Arcos | Pedra do Indaiá | = |
21 km |
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Arcos | Luz | = |
77 km |
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Arcos | Formiga | = |
25 km |
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Arcos | Pains | = |
25 km |
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Arcos | Divinópolis | = |
95 km |
As rodovias de acesso ao município são:
BR 354, BR 262, MG 170, MG 050, MG 439.
Histórico
Colonizadores e Desenvolvimento.
Em 1764, o governador da província, Luiz Diogo Lobo da Silva, excursionou em caravana oficial ( da qual o poeta Cláudio Manuel da Costa era secretário) pelo sertão de Campo Grande, pousando em Tamanduá, vila que polarizava a região entre os Rios Grande, Pará, São Francisco e o Chapadão do Triângulo. Na viagem, sentiu a necessidade de colonizar o sertão e apliar os povoados. Como faze-lo? A quem encarregar a tarefa? Era preciso formar uma companhia de homens audazes, espertos e ambiciosos. Convidou o mestre de campo Inácio Corrêa Pamplona, que já tinha experiência colonizadora no Arquipélago dos Açores e que liderava uma equipe de aventureiros, também egressos de Portugal e de suas colônias ultramarinas, nomeando-o Regente do Distrito de Piumhi, Bambuí, Campo Grande e Picada de Goiás. Nota-se que esses distritos , com seu habitantes, já existiam antes de 1764, naturalmente desestruturados e dispersivos. Era necessário desbaratar os indesejáveis, ou seja, os quilombos e os índios indomáveis, e estruturar uma espécie de fixação dos elementos humanos afinado com o poder.
Esse Inácio era dos quintos. Foi tropeiro, comerciante, depois capitão do mato, caçando negros fugitivos, em seguida explorador dos sertões, combatendo índios ate chegar ao cargo de regente, através do qual dominava a si mesmo , aos filhos e amigos. Conseguiu, ainda, o cargo de escrivão de órfão de Mariana . É o terceiro denunciante da conjuração mineira, integrante com Joaquim Silvério dos Reis e Basílio de Brito malheiros ( todos portugueses) "o ignóbil triunvirato da infame e pervesa delação", na expressão de Xavier Vieira. Era destemido e cruel. Em 1769, com 120 homens armados, 40 bestas de cargas e 30 transportes, estabeleceu uma companhia em Oliveira, de onde partia em incursões guerreiras os quilombos e índios.
A sua delação visava recompensas materiais ( o perdão de dívidas, inclusive)e foi movida também pelo temor de perder privilégios, no caso de uma vitória dos conjurados. Valeu-se da amizade do padre Carlos Toledo, da vila de São José, para fingir adesão e inteirar-se dos fatos. Nos Autos da Devassa consta que sua atuação "a sua atuação fez secar sua mina de mercês, que antes jorrava". Em 1802 ele pediu que a propriedade do ofício de escrivão de órfão de Mariana passasse a seus filhos e o despacho do governo foi um indeferimento puro e simples. Morreu em 1810, não sem antes pedir às autoridades "uma torrente de graça variadas, que ia desde o hábito de Cristão até o usufruto da passagem do São Francisco (em Porto Real) mas o governador só lhe deu o hábito de cristão.
Em 1767 ele realizava a primeira entrada pela chamada Passagem das Perdizes, próximo à foz do rio Bambuí, justamente a passagem da Picada de Goiás. Ao longo dos sertões ele concede sesmarias a si mesmo e a José Alvares Diniz, Antônio Afonso, João Rodrigues de Souza, José Antônio Basto, Antônio José Bento, José Fernandes de Lima, Manoel Coelho Pereira, Simão Rodrigues de Souza, Jacinto de Medeiros, Domingos Antônio da Silveira, Leonardo Lopes, Pedro Vieira de Faria. Bambuí tornou-se o centro em torno do qual os outros núcleos foram surgindo: Desempenhados Pains , Iguatama, Arcos, Japaraiba, Córrego Danta, Luz, Lagoa da Prata, Tapiraí, Esteios, Baú, Campos Altos, Serra da Canastra, São Roque de Minas, Vargem Bonita, Perobas, Pimenta, Pratinha, Medeiros, Vila Costina, Babilônia, etc. Para a própria família ele extraiu oito cartas de sesmarias, todas de três léguas em quadra, e quase todos fazendo pião no rio São Francisco e na Serra do Desempenho ( é a mesma que teve outros nomes como geral, da Formiga, da loca e que hoje é mais conhecida como a Serra de Pains), na extensão de Arcos/ Bambuí/ Serra da Marcela. Elas ficaram conhecidas como as Sesmarias do desempenho, de São Simão, Santo Estevão, Perdizes, Tapada, São Julião, Arcos, Lagoa dos Servos, e são as seguintes:
Na mata da Serra da Bocaina foram concedidas as seguintes sesmarias: a de Antônio Rodrigues da Costa, na Fazenda São Miguel e Almas, em 25/06/1785, conforme SC 234, pág. 128v (este mesmo senhor era possuidor de mais duas em Carandaí e Paragem da Lagoa dos Coches e ganhou mais uma na mata do São Francisco, em 1794, conforme SC 265, pág. 02v); a de Joaquim Teixeira Alves, que confrontava com as terras do guarda mor Antônio Rodrigues da Costa(citado), do furriel Antônio Luiz Teixeira Alves, Antônio Luiz Teixeira, a Serra da Bocaina e terras incultas, conforme SC 265, pág. 134v a 136, de 15/09/1796; a de Antônio Luiz Teixeira Alves, que confrontava com as terras do citado Antônio Rodrigues da Costa, a Serra da Bocaina e terras devolutas, conforme SC 265, pág. 133 a 134v, de 15/09/1796; a de Antônio Luiz Mendes, que confrontava com as terras de Domingos Antônio da Silva e a Fazenda Capetinga, conforme SC 289,págs. 120v e 122, de 10/03/1800; a de Antônio Joaquim Mendes, que confrontava pela nascente com as terras de Domingos Antônio da Silveira, conforme SC 289, págs. 118v a 120, de 10/02/1800.
São dezenas de sesmeiros na região de Arcos. As terras eram de boa qualidade para a plantação e pastos, o paisagismo era aprazível, o clima muito salubre. A partir de 1800 outros Colonizadores ocuparam o território, comprando fazendas e glebas dos sesmeiros ou de seus descendentes. Os próprios doadores do patrimônio da Capela, Manuel Ribeiro de Moraes, que deve ser filho ou neto de Antônio Ribeiro de Moraes, (já citado) e Antônio Joaquim da Silva, não eram sesmeiros, mas proprietários de Segunda mão. Nas primeiras décadas do século XIX, novos Colonizadores aparecem nos sertões da região e também nas área em que hoje se situa o perímetro urbano. Podemos acrescentar aos já citados os nomes de José Garcia de Castro, Cândido José da Silva Guimarães (egresso de Cláudio), Venâncio Dias, Antônio Felipe Arantes, João Francisco da Silva, João Forte da Costa, Antônio Thomas da Fonseca, Jacinto Misael de Carvalho, Manoel Antônio de Barros, João Ferreira Rodrigues, Joaquim Veloso da Silva, José Joaquim da Santana, etc., como pioneiros da colonização arcoense.
Antônio Ribeiro de Moraes, considerados um dos patronos da localidade, não possuía, como já notamos, sesmeiros na região. A que localizava-se na Torquilha (Carmo da Mata), conseguida em 1752, que confrontava com as de Manuel Pires Bragança, Inácio Afonso de Bragança (parente consangüíneo de D. João V) e Antônio Machado Borges, em 1769 ele obteve, ainda, a sesmaria do Ribeirão do Pouso Alegre, situada entre Tamanduá e Formiga, cujas terras dividiam com as de Braz Lopes, João Lopes, Domingos Antônio da Silveira (outro português de Angra componente de uma equipe relacionada com os Pamplonas e Ferreira Fontes) e Custódio de Torres Lima, que também veio de Carmo da Mata. As terras que Antônio Ribeiro de Moraes possuía aqui deviam ser devolutas ou compradas de outros sesmeiros. A procedência lusa dos Colonizadores arcoense é, pois evidentíssima. Saint-Hilaire encontrou placas das armas de Portugal até nos anúncios do lado de fora das lojas de Formiga. Dijalma Garcia Campos afirma que "dificilmente haverá em minas uma população tão acentuadamente de origem açorianas como acontece em Iguatama", e também em Arcos, Pains e Formiga, municípios que completam o campo de ação dos Colonizadores açorianos, como se vê no conteúdo das cartas de sesmarias expedidas em 1767 (através do códice 156 do Arquivo Público Mineiro).
O Arquipélago dos Açores (cujo o primeiro nome era justamente Arquipélago das Formigas) foi colonizado por Portugal a partir do século XV, antes do descobrimento do Brasil e intensamente habitado no século XVI, no século XVIII, a população era tão densa nas ilhas que a coroa portuguesa promoveu a emigração para o Brasil, facilitando a vinda de grandes contigentes para a capitania de Minas, a partir de 1730. Esses açorianos traziam "características peculiares que os distinguiam do português do continente", como observa Gilberto Freyre, "nos seus hábitos, costumes e maneiras próprias"(é mais liberal e independente, mais dinâmico e perspicaz, mais organizado e sóbrio, traços ainda hoje encontráveis nos descendentes dos velhos troncos familiares radicados na região).
Arcos, que por volta de 1823 se chamava São Julião (em 1833 passou a denominar-se Arcos), era o distrito mais distante de Tamanduá, é possuía 1175 habitantes. Em 1839, o distrito de Formiga é elevado à categoria de vila e à de cidade em 1858. Arcos passou, assim, a pertencer à vila de Formiga, juntamente com os distritos de São João da Glória, Abadia do Porto, além dos de Estiva, Aterrado e Bambuí.
Por volta do ano de 1829, inicia-se a construção da primeira capela da localidade, a partir da qual o arraial foi crescendo, vindo a ser elevado a distrito em 30 de novembro de 1842. A 17 de dezembro de 1938, foi criado o município de Arcos, ficando este com o distrito de Porto Real (hoje Iguatama), que perdeu em 1943.
Com a decadência das minas de ouro, ocorreu a ocupação gradativa das extensas regiões, antes praticamente inabitados das minas gerais, como o Alto São Francisco, Sul e Norte de minas, Triângulo Mineiro e Zona da Mata. Desta forma, estamos as minas exauridas, os mineiros passaram a buscar terras para a prática da lavoura e pecuária. Em minas, então, a mineração foi a origem da maioria das localidades, mas, a partir de sua gradativa exaustão, foi as margens das estradas e ao redor das vendas que os povoados foram florescendo. Arcos teve, assim, seu crescimento inicial alicerçado também pelas atividades religiosas que atraíam os forasteiros.
No entanto, além de tal processo Ter ocorrido, promoveu-se, ainda, sobretudo a partir do começo deste século, o início de atividades mineradoras de calcário, dada a existência de rochas de cal na Serras das Locas (Pains), principalmente. A descoberta de grandes carradas de calcário em toda a região do povoado de Arcos se dera nas últimas décadas de século XIX, por técnicos da Escola de Minas de Ouro Preto.
Em 1907, chega a ferrovia e, a partir daí, o progresso do município é contínuo. Cabe salientar, no entanto, que tal processo poderia ter ocorrido de maneira ainda mais intensa, se não fosse o fato de ter sido, de certa forma, retardado pelo atraso na emancipação política, que ocorreu em 1938.
Já na década de 30, a Empresa Força e Luz de Arcos torna-se realidade, a partir da qual o parque industrial, obviamente ainda incipiente, vai tomando forma.
Nos anos 40, Arcos ganha uma fábrica de manteiga, uma outra de farinha de milho e de mandioca, uma cerâmica e, ainda, fábrica de gordura de porco (já nesta época verifica-se o desenvolvimento da suinocultura que na década de 60 alcança elevado nível de produção). Na fase do pós-guerra, Arcos era um foco de desenvolvimento em todo o estado de Minas Gerais. As atividades de extração de minerais já se desenvolvia plenamente e, em 1958, torna-se o sétimo município brasileiro em produção de mármore.
Nas décadas seguintes, sobretudo a partir dos anos 70, o município se consolida como pólo industrial, grandes empresas vêm promovendo o crescimento industrial da cidade e o desenvolvimento de um elenco de atividades.
No folclore político da cidade, consta uma indagação do presidente Getúlio Vargas, na estação ferroviária, quando passava em Arcos na década de 40, rumo a Cruzeiro (SP). Ele teria abordado um dos recepcionistas com a pergunta: "Qual é a origem deste condado?" verdadeira ou não, a pergunta, em si, revela a semelhança, mesmo tênue e distante, do lugar com algum condado europeu, possivelmente português.
A origem do nome já mereceu nada menos cinco versões. Primeira: os tropeiros deixavam os arcos de barril na passagem do córrego para indicarem o rumo da estrada boiadeira que seguia para o sertão da Farinha Podre (Triângulo Mineiro). Esta e a versão mais corrente. Segunda: a abundância das palmerinhas, uma planta semelhante ao bambuzinho, com lasca apropriada à confecção de arco de peneiras. Terceira: O córrego do Gracindo fazia barra com o dos Cristais em forma de forquilha, no lugar onde nasce o Rio dos Arcos, que banha a região, fazendo uma curva semi circular. Quarta: havia uma trilha que perlongava o riacho à margem do qual se encontra a cidade, cujo caminho era o utilizado pelos valentes bandeirantes rumo a Goiás. Certos tropeiros, vindos de longa viagem resolveram pernoitar no local. Alguns arcos foram deixados de lado ao desprenderem de uma barrica. No dia seguinte, ao seguir viagem, a tal comitiva encontra-se com outra que se dirigia para o interior da Minas Gerais. Interpelado pelo chefe da expedição que seguia para o interior sobre o local da pernoite anterior, o responsável pela tropa respondeu: à margem de um córrego, onde deixamos alguns arcos. Tal pergunta se repetira algumas vezes e, pouco depois, o local era conhecido como Córrego dos Arcos ou simplesmente Arcos. Quinta: (a versão mais crível) a procedência lusitana de nossos colonizadores, egresso do Arquipélago do Açores (que se chamava Arquipélago das Formigas), possessão portuguesa. O nome Arcos, afirma Xavier Fernandes, no livro "Topônimos e Gentílicos" é comuníssimo na toponímia portuguesa, onde aparece espalhado por cerca de vinte conselhos. Também o Lello Universal relaciona sete localidades portuguesas com o nome de Arcos. Outro que avaliza esta versão é o historiador Waldemar de Almeida Barbosa, ao afirmar que "antes de existir qualquer povoação, a fazenda onde a mesma surgiu, já se chamava dos Arcos". Foi professor esportista e músico, além de ativista político no melhor sentido.
Com o passar do tempo, outros nomes sobrevieram. De Arcos simplesmente passou a chamar-se São Julião, como consta em mapas e alfarrábios do termo da Tamanduá. O povoado de São Julião ainda existe nas imediações, hoje restrito a algumas fazendas (inclusive a antiga e famosa, hoje especializada em criar cavalos de raça) e a capela , reconstruída e muito bem conservada na solidão de uma planura descampada de um lado e cercada de poeira de outro lado. O lugar, depois, recebeu o nome de Carmo dos Arcos, por inspiração religiosa, readquirindo, posteriormente, o nome primitivo.
O município de Arcos situa-se na mesorregião Oeste de Minas, na microrregião de Formiga, da qual também fazem parte os municípios de Camacho, Formiga, Itapecerica Pains, Pedra do Indaiá e Pimenta. Pertence, ainda, à região geopolítica do Alto São Francisco e à Associação dos municípios do Vale do Itapecerica.
Tem como municípios limítrofes: Formiga, Iguatama, Japaraíba, Lagoa da Prata, Luz, Pains e Santo Antônio do Monte, possuindo uma área total de 497 km2.
É banhado pelo Rio São Francisco na região de Itaoca (zona rural), bem como pelo Rio São Miguel e pelos seus afluentes São Domingos, Santana e Arcos, e ainda pelos rios Candongas, e Preto, o qual possui a várzea mais fértil da região.
Possui, também, os córregos: Jatobá, Da Prata, Do Barreiro, Das Tabocas, Da tapera, Do retiro, Dos Varões, Das Almas, Santo Antônio, Das Palmeiras, Da Estiva, Da Raiz, Dos Correias, Do Morro Alto, Do Sobradinho.
O Rio Candongas tem como tributários, entre outros, o Córrego das Almas e Córrego Santo Antônio e deságua no Rio São Miguel, que constitui, na região, o principal afluente do Rio São Francisco. Rio São Miguel atravessa, com seus afluentes (São Domingos, Santana, Arcos) terrenos alagadiços e tinha, em 1837, a fama de ser um dos rios mais insalubres do Brasil. Suas águas grossas corriam turvas e carregadas lado até a barra do São Francisco e suas várzeas margeiam as terras das fazendas, desde a fazenda São Miguel até emendarem-se com as várzeas do São Francisco.
O Rio Arcos forma duas ilhas, uma no povoado de Boa Vista e outra no Paus Secos, com as águas emendadas de São Domingos. O Rio Preto tem a várzea mais fértil da região, grandes dimensões de terra escura, repartidas para plantações e pastagens. O Santana é atualmente largo e raso, em conseqüência do desmatamento de uma área de 15 mil alqueires, que Agora está sendo refloretada.
As lagoas do município são bonitas e numerosas. A das Piranhas comunica com dois olhos dágua através de lençol subterrâneo. Mas muito exposta, sem arborização circular, está reduzida a um decimo do volume de 30 anos atrás.
De acordo com a classificação de Koepper, adaptando-se às condições brasileira, no município de Arcos constata-se o clima mesotérmico, que apresenta temperatura mdia anual de 200C, com média máxima anual de 28,480C e mínima de 14,680C. O índice pluviométrico anual fica em torno de 1.812mm.
A altitude da cidade é de 741 metros, sendo que a máxima chega a 923 metros (morro do café), enquanto a mínima é de 630 metros (foz do Rio Preto); a altitude média é de 750 metros.
Possui a coordenada geográficas 200 19 45" de latitude sul e 450 32 15"de longitude oeste.
O município apresenta topografia plana em 20% de seu território, mesmo percentual de topografia montanhosa e em sua maior parte apresenta-se ondulada (60%)
Possui as seguintes serras:
As beleza naturais do município são pródigas. A flora e a fauna, os relevos e as planuras, a fartura das nascente e das várzeas e dos cerrados, são aquarelas componentes de uma espécie de exposição permanente de artes da natureza. A Serra de Pains (que ao longo do tempo é chamada por outros nomes) produz paisagens maravilhosas, os penedos recobertos de musgo e vegetação, os pontoes e seixos de forma rústicas e esmerados. As regiões da Bocaina e da Bocaininha, a de Cazanga, a de Corumbá, cujas paredes calcárias no fundo dos quintais, com antenas de tevê e chiqueiros de porcos nas locas ao nível do chão são visões naturalmente surrealista, se assim podemos dizer. Várias inscrições rupestres foram encontradas nesses locais e também na superfície das formações rochosas da Boca da Mata e da Posse Grande, inclusive, de acordo com a crendice popular, os rastros do menino Jesus e de São José estão na superfície da laje. Um bloco de calcário na região de Paus Secos forma uma imagem impressionante de floresta petrificada. A região de Itaoca, nas margens do Rio São Francisco, reflete em sua terra escura e vegetação de verde sempre vivo, o permanente vigor da fertilidade. O Rio Santana, formado de vários ribeirões, alguns nascido na Serra das Locas, produz uma cachoeira espetacular, que alimentava a usina que durante muitos anos forneceu energia elétrica à toda região. A Serra da Locas (Pains) contém cerca de 300 grutas com estalactites, em algumas das quais foram encontrados restos mortais de índios envolvidos em folhagens e cascas de árvores, conservados com materiais resinosos em grandes vasos de barro (urna funerárias chamadas camucis).
Em 1931 (conforme conta o livro "As grutas de mina gerais") o engenheiro Alacrino Monteiro afirma que as rochas de cal referidas serra (onde já existiam careiras na época)são capazes de abastecer todo o país.
"As águas" ele diz, "além de fortemente salobras, são subterrâneas e estão em contínuo movimento". Até hoje os olhos de água (pequenas lagoas) afloram à superfície dos lugares baixos, apesar de esforço errôneo de desavisados fazendeiros de evapora-los através de abertura de regos e de desmatamento nas adjacências. "Ao lado desses poços", ele acrescenta, lagoas e curiosas grutas, escavadas quer no sentido vertical quer no horizontal, em cujo interior a água também aparece nas pedras, às vezes formando verdadeiras cachoeiras".
As grutas de vastos salões e enormes colunas de estalactites e estalagmites, exibem aspectos bizanos, verdadeiras obras de artes esculpida pela natureza: "umas são minaretes ou caprichadas cimalhas de casas, quando não tomam as formas de torres, arquitraves, frontispícios de igrejas, nichos etc. Algumas, vista de longe, dão a impressão de batalhões de cossacos, mostram as figuras de monges em meditação ou de freiras em penitencia, lembrando esculturas de paredes dos antigos templos egípcios e singulares figuras de estranhas mitologia."
O Barão Schwege, sábio alemão, em seu "Pluto Brasiliensis", faz repetidas referências às visões distorcidas da paisagem como "as pontas em forma de animais ou de estátuas, as saliências cúbicas que lembram os sacrifícios dos pagãos". Ele descreve também o pequeno ribeirão da águas salinas que se dirige ao longo dos rochedos ao Ribeirão da Mata, que corre para o São Miguel, ambos desembocando no São Francisco: uma das grutas é das mais belas que já viu. A pequena saliência sustenta-a horizontalmente como um friso, toda coberta de estalactites níveas que formam verdadeiras coroas de flores: "largura e abertura de 15 a 20 palmos, estende-se a um comprimento de 286 passos, plana e seca, com paredes lisas e uma abóbada formada de calcário azul celeste. A gruta , no começo um corredor, forma um salão de 40 palmos, em cujo meio uma estalactite de 19 palmos de comprimento e 1 e meio de diâmetro produz, se tocada, um de sino. Do salão partem dois braços principais um deles forma um belo corredor arqueado, de 50 passos, se fecha numa gruta, cuja abóbada repousa em colunas(...) dez escravos fazem aqui (secunda década do séc. XIX) o serviço de extração e de transporte de terras através de carrosmatos pequeno, até a saída da gruta e dali e diante num carro de bois até a casa de ebulição distante cerca de 100 passos (as terras extraídas eram salitrosas)... (...). Os ossos fósseis que vi eram fragmento de tíbia de veado ... e grande número de ossos não-fósseis, de animais que ali se refugiaram ou que devoraram suas presas. Crânio e ossos humanos também foram encontrados nesta caverna e pertencem provavelmente a infeliz ou a índios que pousavam."
Também o engenheiro Francisco de Paula Oliveira publicou um estudo nos "Anais da Escola de Minas de Ouro Preto", em 1881 do qual pinçamos os seguintes trechos: "nas margens do São Francisco notam-se grandes camadas de calcário, que têm uma extensão considerável. As águas cavaram profundas e compridas grutas que foram depois cheias de terra argilosa e de limo. São as grutas de salitre onde a Dr. Iund tem feito estudos paleontológicos importantes e retirado grandes número de fósseis. Além de muitas outras, existem duas importantes nas vizinhanças do arraial de Arcos, a quatro léguas e meia da cidade de Formiga. Uma denominada Loca Grande fica a uma légua e meia ao sudoeste do arraial. Tem uma largura média de sete metros, a extensão aproximada de 800 metros e uma altura superior a cinco metros. É uma galeria perfeita e das mas belas possíveis. A sua abóbada semi-cilíndrica é ordinariamente lisa demonstrando assim a grande ação que tiveram as águas nas sua formação. Em alguns lugares formam-se fendas no calcário e as águas, infiltrando-se por elas, foram pouco a pouco depositando estalactites, que apresentam por vezes um volume considerável. Suas paredes e mesmo o céu da galeria, acham se cobertos de inscrições feitas a carvão, fumo dos archotes, etc. das quais algumas têm a data do século passado. A galeria é fechada no meio por um véu de estalactites que dá passagem para outro salão, por uma pequena abertura. Os fios deste véu são tão tênues que uma luz colocada do lado oposto dá-lhe o aspecto de rendado natural. A galeria continua estão até esbarrar em um obstáculo formado pelo próprio calcário, onde só existe um pequeno canal que faz comunicar o ar interior com o exterior. Parece-me que e outro tempo esta galeria era aberta de um lado a outro. Foi então que formaram as abundantes jazidas de salitres que aí existem. Este sal é encontrado às vezes de mistura com uma terra argilosa, outra vezes quase puro, já cristalizado, em pequenos filamentos, opacos, reunidos em feixes uns aos outros . Até uma grande extensão foi explorada a loca por um processo de rotineiro, imperfeito e improdutivo, que Escwege descreve. Existem outras locas de salitres nos arredores de Formiga e de Arcos e margem do São Francisco". Em 1917 o professor Castilho que assinava artigos nos jornais "O Echo", afirma: "a famosa loca d Serra da Cazanga tem sido muito visitada por sacerdotes, engenheiros, etc... Lá se encontram vários compartimentos com formações, por efeito geológico, de castiçais, altares, pias batismais, sinos, etc." Em 1978, a professora e espeleóloga Zulmira Rolin de Mendonça Lins, da Universidade Federal de Minas Gerais, confirmou a existência de pinturas rupestres na loca de Posse Grande, a 10km de Arcos. No paredão, intactos, cerca de 20 desenhos antropomórficos "em fase soberba de desenvolvimento plástico", que pode Ter de 2 a 4 mil anos. Grande parte das gravações foi destruída por incêndio na matas.
O descobrimento das gravuras parientais se deu através do fazendeiro Antônio Cunha Macedo, que levou-o ao conhecimento do prefeito Paulo Marques de Oliveira e de sua esposa Leopoldina Ribeiro de Oliveira e do engenheiro francês Pierre Latow Gobinelli, que constatou a semelhança das pinturas com as existentes em grutas do sul da França e norte da Espanha na mesma pedreira, a professora Zulmira encontrou uma gruta ao nível do solo e, nas imediações, um arador desenterrou panelas de barro com machados de pedra e ossos humanos
A equipe arqueológica da UFMG, formada pelos professores André Prous (francês), Carlos Magno Guimarães, Ione Mendes malta e outros recolheram em Posse Grande o seguinte material: cerâmica (vasilhames, fusos), material lítico lascado (raspador, lascas de quartzo, sílex e dolomita), material lítico picotedo e polido (mão de pilão, machados objetos não identificados, quebra cocôs), material ósseo, inclusive ossos humanos. A equipe constata que o sítio das pinturas se enquadra no estilo da região do São Francisco (como aliás não podia deixar de ser, pois pertence à região), diferente estilisticamente da região de Lagoa Santa. Os sítios cerâmicos foram atribuídos pela equipe às tradições Aratu e Una, sem evidência da cultura tupi-guarani; os sítios pré-ceramico localizados em abrigos e casas subterrâneas, supostamente e existente na região, ficaram para posterior verificação (o que não aconteceu). A equipe recomenda prospecção, escavação e exploração através de pessoal especializado e autorizado pelo setor de arqueologia da UFMG ou do IPHAN. E uma grande urna funerária foi encontrada na Fazenda Paraíso.
As jazidas de calcário a Arcos, estão inseridas em uma formação geológica denominada Bambuí, conhecida mundialmente por sua homogeneidade e pureza, apresentado teores médios de 97% de Carbonato de Cálcio.
O Município de Arcos possui ainda três serras. A Serra do Café, que se localiza entre Arcos, Formiga e Pains; Serra do Ambrósio, também localizada entre Arcos e Formiga e Serra da Mandioca, entre Arcos e Pains.
O Município faz parte do embasamento rochoso do Grupo Bambuí, grupo este, formado pelo complexo migmatito-granulítico de Minas Gerais.
"Os constituintes primários predominantes dessa região são migmatitos com estrutura dobrada, schlierem, estromática, nebulítica e ptigmática entre outras, e gnaisses metálicos. Menos freqüentes são rochas de composição sensu lato granítica mais homogêneas, fracamente ou não orientadas que cortam em poucos casos comprovados, os migmatitos com contatos intrusivos. Ainda menos freqüentes são anfibolitos de máfica a ultramáfica que formam corpos irregulares, níveis ou lentes. Nessa região não foi encontrado ainda granulitos. Entretanto mais a leste rochas de fáceis granulito-polimetamorfícas foram detectadas.
O complexo foi sujeito a retrabalhamentos metamórficos e geoquímicos de intensidade crescentes para leste. As rochas destas áreas são produtos de processos Arqueanos e Proterozoícos superimpostos, e serviram para elucidar aspectos de retrabalhamento crustal.
A bacia hidrográfica de Arcos é a bacia do São Francisco. Esta bacia ocupa uma área de 21.000 hm?, tendo como limite a Serra Geral, de Goiás a oeste, o Rio São Francisco a leste, o arco do Alto Paranaíba a sul, e a borda sul da bacia do Paranaíba a norte.
As unidades que compoêm são, a partir da base, as formações Areado, Mata da Borda e Urucuia. Estas duas últimas sendo consideradas contemporâneas. Sua área de exposição ocupa grande parte da porção oeste da Bahia, Minas Gerais e a parte sul do Piauí.
A formação Areado depositou-se durante o período butáceo inferior na bacia do São Francisco, adelgaçando-se no flanco ocidental do planalto da Mata da Borda, desaparecendo para oeste, sudoeste e sul, o que atesta o caráter ascensional do arco do Alto Paranaíba, divisor das bacias do São Francisco e Paraná. Ao mesmo tempo que se depositava a formação Uberaba na bacia do Paraná, a bacia do São Francisco no butáceo foi sede de extenso processo vulcânico de natureza ultrabásica-alcalina, com caráter explosivo e de derrame, gerando a formação Mata da borda, constituída pêlos membros Patos e Capacete. A formação Urucuia, a de maior extensão geográfica da bacia, depositou-se em um ambiente desértico, na parte sul da bacia, tendendo a fluvial, na sua região central, e finalmente fluvial com contribuição eólica, na porção setentrional. Sua idade mais provável é Albiano-cenomaniano representando os registros mais distais da sedimentação clássica contemporânea do vulcanizo Mata da borda".
Parte das camadas calcárias encontradas no vale do Rio do Salitre têm idade miocênica e parte são recentes. Em 1959 estes calcários foram mapeados com o nome de Calcário das Vazantes e em 1965 encontraram rochas semelhantes nos vales dos Rios Verde e Jacaré.
A formação da caatinga é composta de calcário de coloração esbranquiçada, estrutura fragmentária, pouco argiloso, estratificação maciça, localmente com variações argilosas, pulverilentas e, excepcionalmente conglomeráticas, com seixos de quartzo e quartzitos do grupo Chapada Diamantina e blocos de calcário Bambuí. Resulta da dissolução, recombinação e precipitação dos calcários Bambuí, sendo, portanto,de origem fluvial. Sua espessura é em torno de 10 a 15 m e se situa nos fundos dos vales.
A idade destes calcários é plistocênica inferior a holocênica.
"As pedreiras com formação calcária de Arcos produzem em transformação: cimento, pó calcário, cal virgem e hidratado, carbonato de cálcio precipitado. O Município concentra uma das maiores reservas calcárias do mundo, as suas imensas reservas com afloramento de até 120 metros acima do solo, possuem uma pureza comprovada de 98?. Essa concentração propicia grande de atividades extrativas e de transformação para acionar o comércio exportador não só do calcário, como da dolomita,do carbureto e do cimento. Outras riquezas naturais reservam-se nas jazidas de grafite, de caulim, de cristal de rocha e de argila, apropriada para a composição do cimento e a fabricação de tijolos, telhas e vasos".(BARRETO, Lázaro- História de Arcos).
As grutas do município, muitas vezes extensas e curiosas, apresentam em seu interior água que mina das pedras, às vezes formando cachoeiras. Nelas já foram encontrados ossos fósseis de animais, crânios e ossos provavelmente de índios que ali viveram.
As águas cavaram profundas e compridas grutas que foram depois cheias de uma terra argilosa e de limo. São as grutas de salitre, onde foram feitos estudos paleontológicos importantes e retirado grande número de fósseis.Além de muitas outras, existem duas importantes grutas nas vizinhanças de Arcos. Uma, denominada Loca Grande, tem uma largura média de sete metros, extensão aproximadamente de 800 metros e uma altura superior a 5 metros. É uma galeria perfeita e das mais belas possíveis. A sua abóbada semi-cilindríca é ordinariamente lisa demonstrando assim a grande que tiveram as águas na sua formação. Em alguns lugares formaram-se fendas no calcário e as águas, infiltrando-se por elas, foram, pouco a pouco, depositando estalactites, que apresentam por vezes um volume considerado grande. Suas paredes e mesmo o céu da galeria acham-se cobertos de inscrições feitas a carvão, fumos dos archotes, etc., das quais algumas têm a data do século passado. A galeria é fechada no meio por um véu de estalactites que dá passagem para outro salão, por uma pequena abertura . Os fios deste véu são tão tênues que uma luz colocada do lado oposto dá-lhe o aspecto de rendado natural. A galeria continua então até esbarrar em um obstáculo formado pelo próprio calcário, onde só existe um pequeno que faz comunicar o ar interior com o exterior. Parece que noutro tempo esta galeria era aberta de um lado a outro. Foi então que formaram-se as abundantes jazidas de salitre que aí existem. Este sal é encontrado às vezes de mistura com uma terra argilosa, outras vezes quase puro, já cristalizado, em pequenos filamentos opacos, reunidos em feixes um aos outros. Existem outras locas de salitre nos arredores de Arcos e margens do São Francisco.
Outra gruta famosa é a Loca da Serra da Cazanga, onde se encontram vários compartimentos que, por efeitos geológicos, castiçais, altares, pias batismais, sinos, etc.
Além de apresentar vários aspectos políticos culturais, geográficos e históricos, Arcos traz em sua história fatos e acontecimentos curiosos. Entre eles estão:
Arcos é extremamente ciosa da preservação de suas tradições culturais. Grupo de e danças são mantidos em permanente atividade, e a cidade oficializa, regularmente, um concurso literário, onde é estimulada a participação da juventude local.
Essas manifestações tendem a ganhar em importância com a conclusão, em 1987, da Casa de Cultura, prédio municipal de construção ampla, com instalações para biblioteca, salas de leitura, auditório e salões para teatro e exposições diversas.
Janeiro:
Fevereiro:
Abril:
Maio:
Junho:
Julho:
Setembro:
Outubro:
Novembro
Dezembro:
Mesmo sem alardear suas belezas naturais, Arcos tem muito a oferecer aos visitantes, em termo de lazer e atrações turísticas; como, por exemplo:
Clube Campestre:
Parque municipal de esporte:
Pedreiras
Pinturas Rupestres:
Como nas grutas da cazanga, em que a ação do tempo construiu ornatos singulares, em que os primitivos habitantes do lugar, indígenas da tribo cazanga, deixaram curiosas pinturas, ainda hoje admiradas.
A figuração surrealista é tão aguda que moradores supersticiosos viam à noite, ao meio dia e três horas da semana santa os duendes peregrinando nas cumiadas, vigiando os tesouros ocultos nas furnas das escapas. "Alguns moradores têm visto a mãe do Ouro descer das nuvens, sob a forma de uma grande estrela em chamas, indo pousar nas pontas aguçadas das pirâmides e dos cones que se alteiam na rocha calcária da serra, antes de se enfurnar nos esconderijos inacessíveis ao homem".