Eneumeração

 

Velhos amores imcompletos

no gelo seco passado,

velhos furores demenciais

esmigslhados no mutismo

de demônios crepusculares,

velhas traições a doer sempre

na anestesia do presente,

velhas jogadas de prazer

sem a menor deleitação,

velhos signos de santidade

atravessando a selva negra

como cervos escorraçados,

velhos gozos de torva índole,

velhas volúpias estagnadas,

velhos braços e mãos e pés

em transtornada oscilação

logo detida, velhos choros

qu não puderam ser chorados,

velhos issos, velhos aquilos

dos quais sequer me lembro mais...

 

Carlos Drumond de Andrade

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