- A noite está fria de uma forma estranha, daquele jeito que o gelo penetra nos ossos, sem que a temperatura esteja baixa.
Ela caminha devagar, o silêncio reina, pode ouvir até as batidas de seu coração. Escuta as gotas de sereno caindo das folhas, o vento movendo as nuvens. Está escuro, só existe a luz débil da lua. Um arrepio percorre seu corpo. Sente que está sendo observada, sente medo, aperta o passo. Não há barulho, mas sente a presença forte de algo, está apavorada, caminha a passos largos.
Ah, que alívio! Está tão perto agora, mais alguns passos e entra em casa, respira fundo. Ela anda devagar, fechando a porta atrás de si, seus pés deixam marcas no tapete antigo, cheirando a mofo: a casa é antiga, escura, mas ela a adora, sente-se segura ali.
A sala é fria, apenas um quadro na parede, poucos móveis, um sofá já gasto pelo tempo, nenhuma foto, nenhuma cor, nada, apenas cortinas brancas. Já era assim quando veio e não tinha plano de mudar. Chegou até a escada que leva a seu quarto, uma escada estreita para o tamanho do cômodo, mas
tudo bem, não precisava de pompa, apenas tranqüilidade.
- O corredor está escuro, mas não acende a luz. Entra direto no quarto, não tão simples como o resto da casa, o armário é grande, a cama bem arrumada, almofadas brancas, lá no canto o espelho onde se olha toda a manhã e acima dele um quadro belo, um nu, ela olha para ele e pensa no quanto é bonito, talvez sejam os olhos da mulher, mas sempre vê a beleza ali. Tira a roupa e nua segue para o banheiro, a toalha no ombro, entra, olha-se no espelho, sente-se bonita e tola por ter sentido medo quando vinha para casa. Abre o chuveiro e entra, a água está morna, é tão relaxante, o corpo se arrepia, o toque é bom, lava os cabelos e está pronta, seca o corpo com a toalha macia e enrola no cabelo, volta ao quarto ainda nua, veste a camisola, está com sono.
Agora, os sonhos a aguardam. Afasta as almofadas e deita na cama. Seus cabelos longos cobrem o travesseiro, tenta dormir e esvazia a mente. Mas o medo volta, algo está errado. Sente-se como se não estivesse só, há algo muito estranho, uma presença muito forte....
Ah meu Deus.... Seu corpo está tremendo, mas os olhos vão fechando aos poucos e adormece. Materializo-me da fumaça então, arredo a cortina, como ela é bela, posso ver todo o contorno de seu corpo sob a camisola, o rosto está de lado, deixando a mostra aquele lindo pescoço....
E eu.... O vampiro, sinto sede, quero beijá-la e beber seu sangue. Quero possui-la totalmente, tudo, seu corpo, sua alma, sua vida.
Aproximo-me lentamente, minhas mãos passam pelo seu corpo, sem tocá-la, tem lábios divinos, preciso decidir se simplesmente a tomo ou se a levo comigo, fazendo dela uma igual, uma imortal sedenta de sangue. Não resisto e toco de leve seus ombros. Ela se mexe, mas só um pouco, toco meus lábios em seu pescoço.
O medo que crescia a acorda, abre os olhos e tenta gritar, mas não consegue: estou mordendo-a, a voz não sai, o pavor dela cresce, mas é bom, o que está acontecendo? Mordo, o sangue é quente e chega rápido; o prazer é enorme, mas paro, solto-a e me afasto um pouco: tenho o rosto dela entre as mãos. Os olhos grandes estão assustados, mas parecem não me repelir totalmente, a pergunta é uma só, vem comigo para a vida eterna, ou vai morrer e deixar que te esqueçam? Os olhos dela brilharam e suas mãos envolveram o pescoço, meu pescoço, escorregam dali para meu peito inerte; a camisa é muito fina, ela pode sentir-me, ela quer, quer vir comigo para sempre, seu corpo está frio e quente ao mesmo tempo, sente um desejo ardente de ser possuída, de entregar sua alma a eternidade. Eu entendo, minhas mãos escorregam pelo seu corpo, a camisola some, está novamente nua e macia. Minhas roupas rolam para o chão, nossos corpos tocam-se, unem-se, descobrem-se; toco seu sexo quente e úmido com o meu sexo, penetro fundo e mordo seu pescoço mais uma vez, a última vez. Ela geme, seu corpo estremece, remexe, eu bebo o sangue e sinto o prazer ardente da última gota do sangue e de meu jorro quente. Ela grita, seus olhos são a alma pura que agora me pertence. Seu olhar será eterno. É preciso fugir: o nascer do sol se aproxima. Saímos de mãos dadas para deitarmos em minha cama de vampiro, o caixão escuro que vai guardar-nos até que surja a lua no céu e esta paixão desperte novamente em busca de mais sangue. Antes, porém, vamos nos amar novamente, pois até nós, vampiros, precisamos de amor.
 

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- ©imagem - cedida por Alisson Gothz A modelo eh a Claudia Prahwn , o Styling eh do Victor Piercing , e a maquiagem especial eh do Alisson Gothz

 

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